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An Extraordinary Love por Jules_Mari

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Palavras: 7433
Acessos: 2178   |  Postado em: 02/12/2018

Notas iniciais:

Boa noite a todxs. 

Mais um capítulo para vocês. Hoje consegui retomar um pouco o nosso tamanho usual rs. Espero muitíssimo que gostem. 
Muito obrigada pelo carinho nos comentários e sempre que der os responderei. 

Uma ótima leitura e uma excelente semana. 

Ps: As correções estão sendo feitas enquanto vocês leem. rs

Capítulo 74 Estranha Conexão

“Manu!” O grito de Siobhan se repetiu e alertou todas as mulheres presentes e atraiu a atenção por onde ela passava com a menina em seus braços. Essa oscilava entre a consciência e o delírio, e não durou nem cinco minutos para que Delphine apontasse no topo da escadaria completamente atenta, como se algo houvesse chamado a sua atenção. Foi a vez dela gritar o nome da criança e praticamente saltar os degraus até alcançar Siobhan e tomar a menina nos braços.

- O que aconteceu S? – O desespero era visto em sua face e a angustia era partilhada por todas.

- Del... Está doendo... – Manu gemia e falava sem muita coordenação enquanto Delphine a abraçava com força, buscando trazer a consciência da pequena de volta.

- Manu?! – Foi a vez de Helena literalmente correr até elas com o olhar atônito, inquerir as mulheres diante dela.

- Eu não sei ao certo... Estávamos na copa, tomando café da manhã... – S balbuciava sem segurança, denotando que estava consternada e confusa.

- Ele é... Ele... – Manu voltou a gem*r.

- Ele quem? – Delphine desesperou-se ainda mais, já antevendo, de alguma forma o que seria dito.

- Lamartine! – Siobhan suspirou apreensiva e encarou suas irmãs demonstrando o seu temor. Ainda estava aturdida pelo que acabara de acontecer.

- O que ele fez Siobhan? – Delphine berrou.

- Ele... É mau! – A criança disse por fim e mergulhou na inconsciência, apavorando as mulheres. Sem mais esperar, Delphine correu em direção ao subterrâneo da Fundação e foi seguida por S e Helena. O clima abafado e denso daqueles tuneis ficou ainda mais pesado com o desespero exalado por aquelas mulheres. 

Sem cerimônias ou reservas, Delphine adentrou no recinto ocupado pelos aposentos e laboratório da Sacerdotisa assustando as ocupantes dele.

- Delphine? – Cosima exasperou-se. – Manu!! – O desespero agora era compartilhado por ela também.

- Coloque-a na mesa. – A velha senhora, que estava preparando Cosima para dar inicio aos ritos de Purificação deu as ordens.

- O que aconteceu com ela Del? – Cosima tocou o ombro de sua amada e teve sua mão apertada pela mulher.

- Tem alguma coisa a ver com o Lamartine. – Disse sem tirar o olhos da menina e assim que aquele nome foi pronunciando, a senhora ergueu os olhos e encarou sua Mestra visivelmente apreensiva.

- Preciso saber exatamente o que aconteceu para deixar essa menina dessa maneira. – A Sacerdotisa exigiu respostas enquanto baixava sua cabeça até encosta-la no peito da criança.

- Ela simplesmente o viu na TV. Em uma entrevista onde ele inaugurava uma exposição em Paris. – Siobhan respondeu.

- Como assim? – Helena questionou atordoada. – S, você está dizendo que o Lamartine causou isso em Manu através da TV? De tão longe? – Disse incrédula. A ruiva trocou um significativo olhar com Delphine que fechou os olhos, ergueu um pouco a cabeça e soltou o ar em seguida.

- Eu diria que foi o contrário! – Siobhan sussurrou, fazendo com que todas as mulheres ali presentes olhassem para ela incrédulas e depois focassem na menina desacordada sobre a pedra.

- Mas isso não é possível... – A incredulidade foi verbalizada por Helena.

- Ou é? – Cosima complementou a dúvida que pairava no ar.

- Se é possível ou não ainda não sabemos. – A velha mulher falou solenemente. – Mas o fato é que não sabemos absolutamente nada sobre essa menina. Não existem registros de bruxas ou bruxos interferindo tão longe assim. – Ficou pensativa e sumiu por trás de suas prateleiras enquanto permanecia falando. – Mas até onde sabemos, a cada dia essa criança nos surpreende. – Retornou quase correndo e abriu um frasco pequeno próximo ao nariz dela, levando-a despertar logo em seguida, buscando ar, como se tivesse se afogando. – Mas a questão é que seja lá do que ela é capaz... Tem um preço muito alto para ela.

Manu tossiu e foi abraçada por Delphine e Cosima que a amparavam e tentavam tranquiliza-la para que respirasse com mais calma.

- O que você quer dizer com isso? – Cosima desesperou-se.

- Se vocês não tivessem trazido ela tão rapidamente... – A Sacerdotisa pausou sua fala e fitou Delphine firmemente, depois alternou seu olhar para Cosima. – Ela não teria sobrevivido. – As duas mulheres estremeceram, assim como as demais. – Na verdade... – Aproximou-se e acariciou a testa suada de Manu. – Ela chegou aqui quase sem vida! – Cosima sentiu como se todo o sangue em seu corpo fosse congelado e percebeu, pelo tremer das mãos de sua amada, que ela também experimentava a mesma sensação desagradável.

- Cos? Del? Onde estou? – Manu questionou após estreitar seus olhos e coça-los.

- Oi meu amor... Você nos deu um pequeno susto. – Cosima tentava conter as lágrimas, mas o embargar de sua voz indicava seu fracasso. – Mas já está tudo bem.

- Eu apaguei de novo não foi? – A pequena perguntou um tanto envergonhada.

- Sim... Mas foi bem rapidinho dessa vez. – Delphine beijou a testa da criança e sentiu o aperto dela em seu braço, da mesma forma que viu a menina se agarrar a Cosima. Inconscientemente ela estava buscando o apoio nas duas mulheres.

- Quem é ele? – A pergunta saiu um pouco abafada, pois Manu estava com a cabeça mergulhada no peito de Cosima. Todas trocaram olhares receosos a respeito do que deveriam ou não contar para a menina. – Eu só sei que ele é mau... Muito mau. Eu senti uma coisa tão ruim quando eu o vi na TV. – Começou a se explicar – Como se alguém tivesse roubado a... – Estalou os dedinhos no ar, buscando as palavras em seu infantil vocabulário. – A minha felicidade... E eu estava super feliz mesmo... – Arregalou os grandes e redondos olhos azuis. – Com o casamento... Vocês se tornando minhas mães... – Helena, Siobhan e até mesmo a Sacerdotisa se comoveram com aquela ultima informação da menina. – E de repente tudo sumiu... Assim que eu o vi.

- Mas Manu... Você... Fez alguma coisa? Pensou em alguma coisa naquele momento? – S tentou buscar respostas, mas o que a menina pode lhes oferecer foi o erguer de seus ombrinhos e um aceno negativo de cabeça. Se ela tivesse feito algo, ela não possuía a consciência disso. 

- Me desculpe Sra. S. Me desculpem. – Baixou a cabeça e não conseguiu conter as lágrimas que deram inicio a um choro copioso.

- Ei meu amor... Não precisas chorar. – Cosima a confortou ainda mais.

- E se eu o machuquei? – Ela disse entre soluços. – Eu não quero machucar ninguém.

- Manu? – Delphine aproximou-se dela e segurou seu rostinho entre as mãos. – Você não machucou ninguém e... – Olhou para as demais firmemente. – Embora aquele homem mau merecesse muito ser machucado... – Manu arregalou os olhos. – Eu duvido que tenha sido você a fazê-lo sofrer. – Piscou um dos olhos para a menina enquanto enxugava as lágrimas dela com as próprias mãos. – Ela já pode ir? – Voltou-se para a Sacerdotisa. Detestava aquele lugar e ele certamente não era o melhor ambiente para aquela menina estar.

- Sim... Só recomendo que ela repouse pelo resto do dia e se alimente de coisas leves. – Respondeu a velha senhora.

- Cos, você fica com ela?

- Claro que sim. Não desgrudarei de você nunca mais! – Finalmente a menina abriu um largo sorriso e foi erguida da pedra e aninhou-se nos braços de Cosima afundando sua cabeça no pescoço dela.

- Del, você não vem? – A pequena a chamou.

- Vou daqui a pouco meu amor. Tenho um assusto para resolver com a Tia Helena e a S. – Sorriu para a menina que pensou em protestar, mas conformou-se sob a oferta de passar o dia assistindo todos os programas e desenhos que ela quisesse.

Assim que as duas saíram das catacumbas daquele castelo, Helena puxou a fala sobre o crucial momento que se aproximava.

- Delphine, por que você disse a Manu que não havia sido ela a provocar o machucado naquele canalha? – Sempre sem papas na língua.

- Porque não foi ela. – Disse secamente. – Pelo menos não diretamente. – As demais deixaram claro que não haviam compreendido de imediato o que ela queria dizer e afim de explica-las mais enfaticamente, Delphine pegou um pequeno punhal que era da Sacerdotisa e rapidamente o usou para fazer um talho em sua mão esquerda, alertando a todas. – E por causa disso! – Ergueu a mão e deixou que o sangue escorresse por seu antebraço e o ferimento não cicatrizou com a brevidade que deveria e, certamente deixaria uma cicatriz. As três se olharam espantadas, mas cientes do que ela estava querendo lhes dizer.

- A imortalidade! – Helena sussurrou.

- Mas Delphine... Eu estava vendo a entrevista, era ao vivo. E nada foi feito contra ele. Apenas começou a se contorcer como se estivesse com dor e em seguida viu-se um pouco de sangue escorrer de seus ouvidos, mas a reportagem foi interrompida. – Siobhan narrou o ocorrido. – Então ele berrou de lá e Manu de cá. – Delphine ficou bastante pensativa. Algo lhe dizia que, por mais que Manu pudesse ser poderosa era praticamente impossível que tenha sido ela. Porém, de alguma forma ela também foi afetada.

- Então ele sangrou espontaneamente, não foi? – A velha senhora interveio, parecendo que ela havia percebido algo. – A Profecia! – Continuou. – Ela está se realizando bem debaixo de nossos olhos. – Segurou a mão machucada de Delphine enquanto limpava o ferimento. – Vocês dois estão sangrando.

- Mas a Delphine, até onde sabemos, não está tendo a mesma reação que Lamartine. – Helena destacou.

- Minha Senhora... Como tens se sentido? – A Sacerdotisa a indagou.

- Fisicamente falando eu estou ótima... Apenas preocupada com tudo isso que está acontecendo, especialmente com a Manu.

- Pensemos sobre a Profecia... – A mulher continuou com seu raciocínio.

- Lamartine e Delphine passaram pelo mesmo ritual... Então, seria de se esperar que ambos tivessem as mesmas reações. – Siobhan concluiu.

- Sim! Mas existe uma grande diferença entre ambos. – A Sacerdotisa fez uma ressalva. Mas aparentemente não perceberam a que ela queria se referia.

- Ele sempre buscou essa maldição. – Delphine chegou onde a Sacerdotisa queria e ela sorriu. – Ele sempre quis ser imortal. Tanto que nem se quer pensou duas vezes em sacrificar a própria filha.

- E você jamais desejou isso! – Helena concluiu e Delphine concordou com ela apenas anuindo com a cabeça.

- De alguma maneira quem nem mesmo ele poderia prever, a perda da imortalidade o está fazendo adoecer. – Delphine concluiu com certo ar de triunfo em sua voz.

- Bem merecido! – Helena cruzou os braços, bastante satisfeita.

- Sim... Porém isso o deixará ainda mais perigoso. – Siobhan sempre pensando além.

- Exato! Temos de nos preparar para um ataque a qualquer momento. – Delphine as alertou. – E algo me diz que esse será o derradeiro. – Foi a vez dela cruzar os braços e resignar-se.

- Certo... Vamos acionar todas as nossas irmãs e deixa-las alerta para qualquer mobilização do Martelo. – Helena já estava sendo pragmática e objetiva.

- Concordo. Acionarei meus informantes também e vamos reformular os nossos treinos aqui.

- E devemos continuar com nossos planos. – A Sacerdotisa informou. Delphine voltou-se para ela e, em uma rara ocasião, a velha mulher sorria para sua Mestra e, numa breve viagem no tempo, Delphine lembrou-se de quando conheceu aquela mulher quando ainda era uma jovem órfã e vivia em condições desumanas num manicômio escocês. Ela fora jogada lá, pois era tida como louca, já que falava de visões e outras coisas nada convencionais. Lembrou-se também que foi sob os terríveis tratamentos que recebera que a levaram a perder um dos olhos.

- Sim... Devemos! Nada nem ninguém... Muito menos Lamartine vai interferir em meus planos. Em minha união com a Cosima. – Anunciou e o sorriso da mulher se ampliou ainda mais.

- Muito bem... Temos muito o que fazer. Vocês preparam tudo lá encima e mandem a Srta. Niehaus aqui para baixo. – A mulher disse já se dirigindo até suas prateleiras. – E mantenha-se longe dela viu minha senhora? – Fez a ressalva pouco antes que as mulheres saíssem de lá. Helena precisou conter o riso quando viu a reação de Delphine ao alerta da Sacerdotisa. A loira bufou.

- Faltam quantos dias mesmo?

 

______

 

A tensão podia ser sentida no ar! Todos os presentes naquela impressionante sala compartilhavam de uma ansiedade crescente a medida em que o relógio se aproximava da hora marcada em forma decrescente. As inúmeras telas de computadores processavam centenas de informações que eram projetadas, de tempos em tempos nas imensas TVs que ficavam na parede mais a frente, exceto aquela que ficava no centro. Nessa a imagem mostrada era a da conhecida logomarca da Central Intelligence Agency.

Dezenas de agentes e técnicos da CIA estavam concentrados em suas respectivas funções, preparando-se para a ação que estava prestes a acontecer. O desfecho de uma longa operação, que mobilizou agentes em três continentes e contou com a parceria de várias agências de inteligências pelo mundo. E toda essa gigantesca operação estava sob o comando da prestigiada e competente Stella Gibson. O peso do sucesso daquela operação estava diretamente ligado ao processo de promoção dela a diretora da Agência. Aquela era uma informação que apenas estava sendo ventilada nos bastidores e estava dividindo opiniões, pois as camadas mais conservadoras da agência se mostravam contrários a direção ser dada a uma mulher. Algo inédito até então. Porém o prestigio que Gibson tinha com o alto escalão de Washington, aliado a sua sucessão de resultados positivos em suas missões, lhe gabaritavam para aquela importantíssima posição.

E contando com o respeito e o entusiasmo de todos os agentes presentes naquela sala tática, Stella entrou seguida por outros quatro agentes.

- Boa noite a todos e todas. – Elas cumprimentou os presentes e já foi recebendo o equipamento de comunicação que lhe permitiria comandar toda aquela complicada operação. Sua blusa social de seda bege estava amassada e mal enfiada em sua saia. Seus cabelos, apesar de bem organizados, dava indícios de que fazia um certo tempo que haviam sido penteados. Tudo indicava que, assim como muitos ali, estava trabalhando a várias horas direto. Em uma das mãos segurava uma caneca branca com café, o seu combustível naquele dia.

- Srta. Gibson, o link de satélite estará ao vivo em dois minutos. – Um jovem técnico negro lhe informava.

- Perfeito Steve. – Sorriu e passou a receber todas as atualizações da equipe que estava em terra, esperando as ordens para agirem. – Bom... – Stella atraiu a atenção de todos para ela. – Estamos prestes a dar um passo gigantesco na guerra contra o terrorismo, pois se conseguirmos desmantelar essa célula, o ISIS perderá muito de sua força na Síria e com isso daremos um duro golpe no comando Iraquiano. – Começou sua fala destacando o peso daquela operação. – E sei o quanto cada um de vocês aqui dedicou tempo e energia para que chegássemos a esse momento. Confio cegamente na competência de cada homem e mulher nessa sala e sei também que estamos todos bastante cansados, afinal estamos ativos a mais de vinte horas, mas estamos a poucos segundos da culminância de nossos esforços. – Stella fez questão de fitar nos olhos, cada um dos presentes e todos, sem exceção lhe sorriram de volta confiantes.

- Estaremos online em 5, 4, 3, 2 e 1... – Uma mulher anunciou e todos voltaram sua atenção para a tela principal. A logo da CIA deu lugar a uma imagem chuviscada e aos poucos uma imagem esverdeada se materializou. Era a transmissão da câmera do líder da equipe tática. Nas demais telas, imagens semelhantes aquela apareceram. Cada uma delas correspondia a câmera de um dos soldados.

- Boa noite Agente Stevenson. – Setella o saudou e após uns três segundos de delay, ele a respondeu.

- Boa noite Agente Gibson. Estamos a postos e esperando as suas ordens... – O agente lhe passou em seguida todas as informações que obteve da movimentação do grupo ao qual pretendia capturar. Após ouvir atentamente, ponderou por alguns instante.

- Steve, seu pessoal confirma a presença do nosso “pacote” no templo?

- Positivo Gibson! Ele chegou no início da noite e não saiu mais.

- Pois bem! Estão todos prontos ai? – Questionou o comandante e as imagens nas TVs mostraram o sinal de positivo de cada agente.

- Então... – Olhou ao redor, reunindo a confiança necessária. – Podem agir!

A ação toda não durou mais do que quinze minutos e foi extremamente bem sucedida, pois os lideres daquele grupo terrorista foram capturados e as baixas foram as menores possíveis. E um dos agentes levou apenas um tiro de raspão. O que poderia ter sido uma catástrofe total, saiu ainda melhor do que planejado. E com a confirmação da captura do principal representante do Estado Islâmico na Síria, a sala de operações táticas de Langley entrou em puro êxtase. As pessoas se abraçavam, outras choravam e finalmente, em mais de uma semana, Stella conseguiu respirar aliviada. Logo todos viraram em direção a ela e passaram a aplaudi-la. Num comportamento estranho para si, ficou constrangida com toda aquele reconhecimento e esse atingiu seu apogeu quando um dos técnicos anunciou que o presidente estava na linha para falar com ela.

- Alô, Sr. Presidente? – Disse com forçada segurança.

- Boa noite Ag. Gibson! Gostaria de lhe parabenizar e a toda a sua equipe pelo sucesso da operação e a srta, pela brilhante condução de tudo. Hoje, os EUA e o mundo dormirão mais seguros graças a sua ação. – Uma voz solene lhe parabenizou.

- Muitíssimo obrigada senhor. Mas sem o apoio de cada um dos presentes daqui e da Casa Branca, não teríamos conseguido. – Foi diplomaticamente sincera.

- Muito bem! Não vejo a hora de recebê-la no Salão Oval... E de tê-la na sala da direção! Uma excelente noite. – Ele não esperou pela despedida dela, que ainda estava boquiaberta com a informação final. Era praticamente certa a promoção dela, mas Stella não era o tipo de pessoa que comemorava as coisas antes do tempo. Aprendeu a prever e se planejar para vários resultados possíveis e estava prestes a alcançar o máximo em sua carreira.

Mas, o que ninguém ali sabia, nem mesmo o presidente é que o golpe dado contra o ISIS naquela noite atingia muito mais pessoas, tão ou até mais perigosas que aquele grupo terrorista.

O terrorismo moderno era um dos principais braços do Martelo e grupos como o Estado Islâmico estavam apinhados de homens do Lamartine e eram os principais compradores das armas produzidas por algumas das empresas do Martelo. E aquela vitória lhe deixava ainda mais satisfeita com seu resultado.

Parabenizou cada um dos técnicos e agentes envolvidos. Fez questão de chamar a todos pelo nome e dispensá-los para um merecido descanso. Esperou e viu até que o ultimo deles saiu da sala, deixando-a em total silêncio. Caminhou por entre as mesas e foi desligando os poucos monitores que permaneciam ligados e sentou-se num birô, bem diante da imensa tela que trazia a imagem pausada do exato momento em que Omar Al-Ziri estava sendo rendido. Deu um zoom e focou a imagem levemente distorcida de uma pequena cicatriz no pescoço do homem. Era a marca deixada a ferro quente de um pequeno e característico martelo.

- Você os marca como animais, não é seu cretino? – Falou sozinha e com tremendo desdém. Levou a mão até a nuca e a massageou, sentindo a tensão acumulada naquele ponto. Pensou no quanto desejava estar em sua casa, em sua banheira, na companhia de uma bela taça de vinho... E imediatamente sua mente viajou até aquela a quem adoraria estar ao lado. Sacou seu celular do bolso e já havia selecionado o número de Helena, mas antes de discar fez as contas mentalmente do fuso e pensou que a mulher certamente estaria dormindo. Ela teria de esperar para contar as boas notícias e decidiu, intimamente que a daria pessoalmente. Sorriu largamente com as possibilidades implícitas naquela decisão e desligou a luz da sala assim que saiu.

Havia pouca movimentação nos corredores da sede da CIA devido ao avançar das horas e os poucos que cruzavam o seu caminho lhe parabenizavam pelo sucesso. Chegou até a antessala da sua e viu que sua secretária já havia ido embora, seguindo as suas ordens. Fez uma nota mental de avisar a jovem que ela poderia tirar uns dias de folga, já que também havia feito muitas horas extras na ultima semana. Pegou uma pequena pilha de recados deixados por ela e entrou em sua sala de cabeça baixa enquanto lia as mensagens.

- Parabéns Gibson! – Uma voz feminina saída das sombras da sala a alertou e assustou.

- O que porr* você está fazendo aqui? – Ascendeu a luz que revelou a presença de Joana, sentada em um sofá. – Como você conseguiu entrar aqui?

- Não se esqueça que já pertenci a esse lugar. – Levantou um crachá antigo e que fora adulterado por ela.

- Preciso mudar esse sistema de segurança! – Falou para si mesma. – Mas... O que aconteceu com você? – Indicou um machucado mal escondido sob os óculos escuros que ela usava.

- Precisei me entender com alguns dos cretinos do Lamartine para vir até aqui.

- E? – Stella fez questão de demonstrar sua impaciência com a presença insuportável da mulher que desprezava com todas as suas forças.

- Alguma coisa muito grande está acontecendo Gibson. – Iniciou. – Nunca vi uma mobilização tão grande do Martelo. – Stella jogou-se numa poltrona e ficou analisando a mulher diante dela com a sua costumeira desconfiança. Se dependesse dela, Joana já estaria morta há muito tempo, mas Siobhan a havia proibido de tentar qualquer coisa.

- E porque você não avisou a S? – Carregou sua voz de desconfiança. – Não é a ela que você costuma se reportar?

- Normalmente sim. Mas eles estão desconfiados de mim. Certamente o meu celular está grampeado, assim como todo o meu apartamento. E vivo diariamente com homens na minha cola.

- Então como conseguiu vir até aqui?

- Vim sob o pretexto de sabotar a ação dessa noite. – Stella arregalou os olhos. Não tinha como aquela mulher saber o que ocorreria naquele dia. – Eu não tinha a certeza exata do que você estava tramando, mas dei informações erradas a eles. Não se preocupe.

- Que tipo de mobilização você está falando? – Stella recostou-se, fingindo relaxar.

- Cada grupo, cada líder importante do Martelo foi convocado para uma reunião de emergência. – Anunciou. – E algo está acontecendo ao Lamartine. – Stella ficou alerta. – Você viu o que aconteceu com ele ontem? – A expressão de surpresa na loira indicava que ela não sabia. – Do nada ele passou mal... Um de seus ouvidos explodiu sem motivo algum, bem em frente as câmeras quando ele inaugurava uma exposição sobre a inquisição.

- O Lamartine? Doente? – Stella saltou do sofá e já foi buscando o numero de Siobhan em seu celular. – Levante-se. – Ordenou e deu início a uma inspeção minuciosa nas roupas e corpo de Joana.

- Eu estou limpa! – Anunciou, mas pareceu não ser ouvida. Teve sua bolsa revirada e o forro da mesma rasgado. Depois que se certificou que a mulher estava sem escuta alguma, discou. Mas antes que a ligação fosse completada, desistiu.

- Aqui está um breve relatório de tudo que pude apurar nas ultimas horas. – Entregou um pen drive cinza a Stella. – Não posso demorar mais. – Joana levantou-se e recolheu seus pertences da mesa.

- Você não tem medo do que possa lhe acontecer quando retornares para eles? – Stella a questionou pouco antes dela sair da sala.

- A todo minuto. Mas eu mereço isso e merecerei qualquer que venha a ser meu fim. Nada pagará a minha traição com a Helena... Nem com Delphine. – Baixou a cabeça e Stella, pela primeira vez, teve algum tipo de empatia por ela. – Leve essas informações para a Siobhan e... Proteja a Helena. – Virou o rosto e saiu em seguida.

Stella ficou parada, em meio a sua sala pensando em tudo o que havia acontecido e o que estava prestes a acontecer. Havia decidido que não ligaria para ninguém da Ordem. Se eles estavam desconfiados da Joana, certamente estariam de olho nela. Achou melhor e mais seguro ir até a Irlanda e passar todas as informações pessoalmente.

Foi até a sua mesa e abriu a segunda gaveta da direita. Retirou algumas pastas de arquivo e quando estava vazia, pressionou a base e um compartimento secreto foi aberto revelando alguns envelopes pardos. Escolheu um deles e de lá retirou um passaporte canadense que continha sua foto, mas o nome era outro. Iria viajar para a Irlanda, mas não queria que soubessem, caso estivesse realmente sendo seguida.

Recostou-se mais uma vez em sua cadeira e se permitiu respirar por alguns segundos. Sentia em seu intimo que o final daquela batalha estava se aproximando. E, ao mesmo tempo que ansiava por aquilo, temia o que de ruim poderia acontecer.

 

______

 

Delphine ficou parada por um longo tempo sob a soleira do quarto de Manu. Passou o dia em reuniões intermináveis com todas as irmãs da Ordem que estavam espalhadas pelo mundo. Só lamentou não ter conseguido falar com Stella, mas conhecendo aquela mulher, sabia que ela deveria estar imersa em alguma ação muito séria e ultra secreta, se não teria atendido suas ligações.

Parou na porta apenas para observar encantada a forma espontânea que Cosima e Manu interagiam tendo Andromeda se metendo no meio o tempo inteiro. As três estavam na cama da menina e Cosima lia para a pequena uma versão infantil do livro sobre a garota paquistanesa Malala. Divertia-se com as perspicazes perguntas da menina. E quando ela se posicionou dizendo que também queria ganhar um prêmio “Noel”, Delphine não conseguiu mais se conter e gargalhou alto enquanto caminhava até a cama e via o bico crescente de Manu.

- Para com isso Delphine. – Foi repreendida por Cosima que estava lutando com todas as forças para não gargalhar também.

- Desculpe Manu. Mas você poderia sim ganhar um Prêmio “Noel” ou Nobel. Você pode alcançar coisas incríveis e já estamos vendo um pouco disso. – A loira sentou-se próxima a elas e pegou Manu em seu colo. – Mas para isso, temos de juntas... – Segurou na mão de Cosima. – Aprender a controlar o seus poderes.

- É... Eu sei. Não seria nada legal se eu mexesse na cabeça das pessoas para elas me darem o que eu quisesse. – Cosima e Delphine se entreolharam e riram, mas muito mais de nervoso, já que sabiam que aquela menina poderia realmente fazer muitas coisas e para o bem dela e dos outros, precisava aprender a se conter. E quando deveria ou não usar seus dons. E as duas tiveram a certeza de que aquela não seria uma tarefa nada fácil. E estavam certas!

- Agora eu também quero ouvir um pouco dessa história fascinante. – Delphine aninhou-se a elas, deixando Manu no meio. Assim que terminou de se deitar, Andromeda subiu em sua barriga e deitou no peito dela, ronronando de forma relaxada. As três riram e voltaram a se concentrar na leitura e, uma a uma, foram caindo num sono tranquilo e merecido.

Pouco depois do nascer do sol, Cosima acordou sentindo o peso dos pés de Manu em sua barriga enquanto a cabeça dela estava sobre o ombro de Delphine que estava literalmente na beira da cama, já que além da menina estar atravessada na cama, a gata estava toda espalhada demandando quase todo o espaço no centro.

- Não estou sentindo o meu braço! – Delphine cochichou assim que viu Cosima acordada e essa sorriu largamente diante do “sofrimento” da outra.

- Ser mãe é padecer no paraíso. – Cosima divertiu-se e, com cuidado afastou os pés de Manu e saiu da cama, mas não antes de “salvar” Delphine que protestou com as severas dores em sua coluna e ombros.

- Estou toda quebrada! – Disse enquanto se espreguiçava e se afastavam da cama. Cosima não compreendeu o largo sorriso de Delphine após aquela afirmação.

- O que foi?

- Eu estou TODA QUEBRADA! – Abriu os braços. Cosima insistiu dizendo que não compreendia o porque ela estar tão feliz com aquilo. – Dor Cosima... Dor!

- Não sabia que eras masoquista Delphine. – Brincou.

- Eu praticamente nunca sinto dor... E sabe o que significa eu a estar sentindo? – Fitou a outra com expectativa.

- Sua imortalidade... – Cosima finalmente alcançou onde Delphine quis chegar.

- Está acontecendo! – Delphine não se conteve e abraçou sua amada, erguendo-a do chão e a girando no ar já no corredor.

- Realmente meu amor... Jamais vi alguém tão feliz com uma crise de coluna. – Arrancou gargalhadas de Delphine e pensou que jamais a havia visto tão radiante como naquela manhã. Com os cabelos desgrenhados, o rosto amaçado, mas ainda assim linda. – Eu te amo. – Tentou verbalizar o que sentia. Delphine parou o rodopio e devolveu o olhar apaixonado para ela.

Em seu intimo sabia todas as implicações que aquele fato significava. Os perigos inimagináveis que estavam prestes a enfrentar, mas naquele instante fez questão de deixar tudo de lado, para tão somente se permitir ser feliz e plena. Estava vivenciando algo que esperou por incontáveis dias, meses, anos... E por mais que tivesse tempo para tentar imaginar como seria viver tudo aquilo, nada que imaginou conseguia se quer aproximar de como estava. Mergulhou nos olhos de Cosima e percebeu o quanto amava aquela mulher e concluiu que realmente era um amor completamente diferente do que viveu com Melanie e teve a certeza disso, pois ela era uma pessoa bastante diferente e Cosima era outra pessoa... Completamente diferente da jovem Melanie, apesar de traços em comum. E o tempo era outro, as implicações completamente diferentes.

Simplesmente um amor diferente. Nem maior, nem menor.

E com o coração repleto daquela emoção, tomou os lábios da amada nos seus e chocou seus corpos grudados contra a parede. Pega de surpresa, Cosima não teve como – ou não quis – resistir aquela primeira investida. Todo o seu ser clamava desesperado por sua amada. Assim como seu coração, seu corpo pulsava pelos exímios toques da outra.

Pouco se  importando de onde estavam, Delphine meteu sua mão por sob a leve blusa que Cosima usava, enquanto sua outra mão desceu até a bunda dela, exigindo que ela erguesse uma das pernas afim de se encaixar bem ali.

Delphine descolou suas bocas tão somente afim de buscar folego e Cosima sentiu sua cabeça girar ao ver a alucinante expressão de tesão contida no rosto tão amado. Delphine estava literalmente sedenta por ela e o morder de lábios só potencializava sua leitura.

Quando viu a pontinha da língua dela dançar entre os próprios lábios, sentiu seu sex* explodir em excitação e iniciar um pulsar doloroso e que só poderia ser aplacado por uma única pessoa. E ansiando por aquilo e sem ter muita clareza em seus pensamentos, Cosima as guiou para o quarto de Delphine, pois se demorassem mais, iriam se devorar ali mesmo, no corredor da Fundação.
           Em um lampejo de razão, Cosima as parou e trancou a porta logo após passarem por ela. Não estava disposta a serem novamente interrompidas ou surpreendidas por Manu.

Enquanto caminhava para trás, Cosima foi literalmente arrancando a blusa de Delphine, deixando-a apenas de sutiã. A loira, por sua vez, desabotoou a própria calça e a deixou escorrer por suas pernas, e em seguida a chutou longe. Quando tentou fazer o mesmo com as roupas de Cosima foi interrompida por ela que se afastou um pouco com a mais safada das expressões.

O afastamento foi proposital, pois o que Cosima desejava era contemplar o desaforo de mulher que era Delphine e seminua daquele jeito e com um ar de quase desespero estava ainda mais deliciosa.

A breve interrupção potencializou ainda mais o desejo de Delphine que percebeu qual era a intenção de sua amada pois os olhos dela eram duas bolas de chamas sob os óculos e quase os sentia inspecionando cada centímetro de seu corpo.

- É tudo seu... – Delphine provocou.

- Meu?

- Uhum... Vem pegar! – Não foi nem um pedido nem uma ordem, foi uma entrega. E como era bastante obediente, Cosima lançou-se ao encontro dos braços de Delphine e ambas gem*ram desesperadas assim que suas peles extremamente quentes se encontraram novamente.

Porém, em meio a um alucinado beijo, Delphine segurou o rosto de Cosima em suas mãos e teve de ceder a um lampejo de lucidez. Recostou sua testa na dela enquanto tentava, sem muito sucesso, baixar o ritmo de seu coração. A morena pensou em protestar, mas compreendeu o motivo da interrupção brusca do que estavam prestes a fazer.

- Eu sei... Eu sei... – Cosima sussurrou para Delphine que tentava se justificar. – O ritual. – Disse enquanto acariciava os cabelos dela e sentiu um crescente tremor no corpo dela e esse culminou num grito raivoso de frustração. – Falta pouco meu amor! – Cosima tentou abraça-la, mas foi repelida por Delphine.

- Por favor Cos... Fica longe de mim. Não sei se conseguirei parar mais uma vez.

- Está certo meu amor. Vou para o meu quarto então... Tomar um banho bem gelado. E sugiro que faças o mesmo. – Brincou com Delphine para tentar suavizar o clima.

- Há-há... – Foi a resposta que teve.

- Tenho que continuar com os preparativos... – Baixou a cabeça. – Devo passar todo o dia enfurnada nas catacumbas. – Suspirou derrotada.

- Também tenho muito o que fazer... Se cuida tá bom?

- Amo você! – Foi a resposta de Cosima antes de sair do quarto.

Delphine a viu sair e caminhou lentamente para o banheiro e enfiou-se no box.

- Faça o seu melhor! – Disse para o chuveiro antes de liga-lo e receber um jato gelado que bem poderia causar um choque térmico com a pele fervente dela.

 

______

 

- Você está com uma expressão terrível! – Helena disse bem próxima a Delphine. As duas estavam encerrando mais uma reunião de uma série que aconteceram naquele dia.

- Não dormi muito bem! – Mentiu.

- Sei... Isso nada tem a ver com teres de ficar longe da Cosima até o próximo sábado? – A provocou e recebeu um fuzilante olhar que causaria pavor em qualquer um. - Já estamos na quinta-feira... Falta pouco agora.

- Obrigada a todas pela presença. – Desviou o foco da conversa e despediu-se das presentes naquela reunião. – Todas já sabem o que devem fazer. – Helena permaneceu observando a amiga de longe e lendo suas expressões.

- Delphine, o que pretendes fazer agora?

- Tentar descansar um pouco...

- Porcaria nenhuma! Vamos comigo. – Helena a puxou pela mão.

- Para onde Helena?

- Espere e verás!

Saíram da sala de reuniões e seguiram em direção a garagem. Lá Helena pegou as chaves de uma Mercedes grafite e arrancaram saindo da Fundação.

- Helena Katz, o que tens em mente? – Delphine indagou quando percebeu que estavam indo em direção ao Centro da cidade.

- Vamos aproveitar o que de melhor essa cidade tem a oferecer. – Piscou um dos olhos para ela.

- Mas... – Olhou para trás e viu que não estavam sendo seguidas.

- Não se preocupe. Nossos celulares estão sendo rastreados. S sempre saberá onde estaremos.

- Algo me diz que suas intenções não são nada boas...

- O que é isso Delphine, não confia mais em mim? – Brincou. Poucos minutos depois estavam parando diante do O´Donoghues Bar.

- Um pub? – Delphine a questionou e pensou que não seria uma má ideia.

- Cura etílica minha amiga. E nós duas estamos precisando. – Desceu do carro e Delphine percebeu que sua amiga também não estava muito bem.

Assim que as duas entraram num bar que era majoritariamente frequentado por homens naquela hora, atraíram todas as atenções além de olhares cobiçosos. Caminharam até o balcão e olhando para Delphine, Helena decidiu pedir duas tulipas grandes de Guinness.

Delphine provou a cerveja que não era a sua bebida favorita e assistiu impressionada Helena virar 500 ml de uma única vez. Sentindo-se desafiada, decidiu entrar naquela dança e fazer o mesmo. Estranhamente a bebida desceu arranhando sua garganta, mas a leveza ao final foi mais agradável e deixou um sorriso bobo em seu rosto.

- Mais dois! – Solicitou ao barman e aquele pedido foi repetido várias vezes naquela noite.

- Que tal uma partida de sinuca? – Delphine sugeriu falando um pouco mais alto do que o necessário indicando que, estranhamente estava sendo afetada pelo poder do álcool.

- Ah sim... Você quer a sua revanche? – Helena aceitou o desafio de forma provocativa. Olhou para a outra também meio débil devido a quantidade de álcool que bebera. Pegaram suas canecas e caminharam esbarrando e desviando de homens que soltavam gracinhas que ambas faziam questão de ignorar. Pelo bem deles.

A partida teve início e demorou uma eternidade para que uma das duas acertasse a primeira bola na caçapa. O álcool estava fazendo um estrago nelas, e no caso de Delphine era algo que ela há muito tempo não lembrava a sensação. Naquele momento estava adorando o entorpecer de sua mente, que a levava a rir dos trejeitos forçados de Helena, simulando que era uma jogadora profissional.

- Mas me diga... O que está afligindo esse seu coração? – Delphine aproveitou um momento de descontração e um resquício de lucidez. Helena a olhou se apoiando em seu taco e passou o giz na ponta do mesmo. – Não pode ser apenas as preocupações com nossos inimigos. – Delphine disse soltando o primeiro soluço.

- É a Stella!

- Sabia! – Comemorou a loira. – O que a Gibson lhe fez? Até onde vejo, ela me parece gostar demais de você.

- E eu dela... – Confessou. – Mas não sei se nossa história terá futuro. – Acertou mais uma bola.

- Por quê? – Errou mais uma tacada e deu o segundo soluço.

- Ela está indo muito bem na CIA... Certamente será diretora... E eu não sei onde eu me encaixaria nisso tudo... Até porque tem você.

- Eu? – Novo soluço.

- Não posso deixa-la Delphine. É meu trabalho. Meu compromisso. – Delphine a fitou e contornou a mesa até parar bem diante dela.

- Minha amiga... Eu quero a sua felicidade... E você vai tê-la... Acredite! – Ergueu um dedo bambo diante do rosto dela. – Anote o que eu digo. – O soluço agora era mais constante. – Além do que, essa droga de guerra está prestes a acabar! – Quase berrou essa ultima frase atraindo a atenção de algumas pessoas na mesa ao lado da delas.

- Vejo que as moças estão bastante animadas! – Um infeliz se intrometeu entre elas. Delphine sorriu enquanto Helena anuía negativamente com a cabeça, reprovando o que quer que Delphine estivesse planejando.

- Eu gostaria muitíssimo de saber... – Virou-se para o homem, desobedecendo o pedido de sua Protetora.

- O quê delicia? – O homem aproximou-se quase colando seu corpo no dela.

- Por quê duas mulheres não podem se divertir sozinhas sem que um homem idiota queira se meter no meio. – Disse com ironia.

- Isso não é possível... Vocês sempre precisam de um homem... Para não ficarem indefesas num lugar como esse. – Ele sorriu e gesticulou para que dois de seus amigos também se aproximassem. Delphine teve de se concentrar ao máximo para não vomitar todo o conteúdo de seu estômago na cara dele devido ao hálito terrível que ele exalava.

- Tudo bem... Qual o seu nome?

- Pode me chamar de Bobby!

- Bobby! – Anunciou. – Que tal uma partida? Se ganharem, vocês podem ter sorte essa noite. – Piscou um dos olhos para ele. – Mas, se vencermos, vocês nos deixam em paz, ok? – Ele olhou para os amigos que o instigaram ainda mais. O três consideravam que aquela seria uma barbada, pois eles acreditavam que as duas estavam bêbadas demais para jogar com alguma qualidade.

- Primeiro as damas. – O homem anunciou e Delphine caminhou até Helena.

- O que você está tramando? – A morena cochichou ao ouvido dela.

- Uma pequena lição! – E virou o resto de sua caneca de chopp. Um dos homens tratou de buscar uma nova rodada para elas.

Delphine posicionou-se, debruçando sobre a mesa, fazendo questão de empinar a bunda em direção a Bobby que a devorou com os olhos. Deu a tacada inicial, e propositalmente errou, mal espalhando as bolas.

- Ops! – Ela disse e os três gargalharam. Inicialmente os homens conseguiram encaçapar duas bolas e Helena, que já havia compreendido a estratégia dela, errou algumas. Chegou novamente a vez de Delphine e os homens faziam bastante algazarra, e quando ela se baixou para a tacada, percebeu que um deles soltava um pequeno comprimido na caneca de Helena. Deu sua tacada e errou mais uma vez. Quando levantou-se, sua amiga também havia percebido o truque malicioso daqueles homens.

Eles erraram a tacada seguinte e a vez voltou para Helena que logo após se posicionar, recebeu um significativo olhar de Delphine. Então, numa sequência espetacular, encaçapou todas as bolas restantes, não só virando a partida, mas conferindo uma derrota dolorosa para os homens que assistiam aquela cena estarrecidos.

- Vitória! – Delphine comemorou. – Terão de nos deixar em paz... Por favor? – Indicou o caminho por onde eles deveriam seguir. Com o orgulho ferido, Bobby segurou o dedo de Delphine e soltou um sorriso asqueroso para ela.

- Não vai ser tão fácil assim gracinha...

- Eu não faria isso se fosse você. – Helena alertou tranquilamente com o taco apoiando nos ombros.

- Faço o que eu bem quiser. Essa noite vocês serão nossas. – Apertou violentamente o pulso de Delphine e tentou puxá-la, mas ela permaneceu imóvel como uma rocha e o único sinal de fraqueza foi um novo soluço que ela soltou. – Sua cretina... – Ameaçou lhe puxar os cabelos, mas ela abaixou-se rapidamente e o homem mal viu o que lhe acertou.

Com o mesmo taco que atingiu Bobby, Helena desferiu golpes contra os outros dois. Mais alguns resolveram se meter naquela peleja, tão somente para serem humilhados por elas.

Quando Helena estava de costas, Bobby se levantou com um talho na testa. Pegou outro taco e quando ergueu a mão para desferir um golpe pelas costas de Helena, teve sua mão segurada por Delphine que no segundo seguinte e jogou sobre a mesa com a mão no pescoço dele. Sua cara confiante deu lugar ao pânico de ter Delphine em sua mente.

E como um cão acuado, saiu do pub sendo amparado por seus amigos, que também fugiram apavorados.

- Acho que já deu por hoje! – Helena disse conferindo o punho com um pequeno corte sofrido durante um golpe dado num dos homens.

Delphine concordou com um largo e débil sorriso e sacou de seu bolso a carteira e deixou vários euros sobre o balcão e ambas saíram sob olhares atônitos com o que acabara de acontecer ali. Duas mulheres deram conta de pelo menos seis homens grandalhões.

E ambas tropeçavam nos próprios pés devido ao nível de embriaguez que estavam e já na calçada, Helena tentava, sem muito sucesso chamar um uber, já que estavam bêbadas demais para dirigir e Delphine lutava para permanecer de pé sem precisar se segurar em nada. Não perceberam a aproximação de alguém.

- Que bonito Cormier!

- Gibson! – Delphine anunciou e festejou a presença de Stella que estava parada diante delas com as mãos na cintura. - Estávamos falando sobre você! Seja muito bem vind... – Delphine não conseguiu concluir sua frase e fez uma careta estranha, que foi seguida por um volumoso e quase incontrolável vômito sobre os sapatos de Stella.

- Porr* Delphine!

 


Fim do capítulo


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Comentários para 74 - Capítulo 74 Estranha Conexão:
patty-321
patty-321

Em: 10/12/2018

Del bêbada. Bem vinda mortalidade. Massa.

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keique
keique

Em: 08/12/2018

Muito bom, não demore muito por favor...ansiosa. Abraço

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AMANDA
AMANDA

Em: 03/12/2018

Final maravilhoso! Quem nunca! Ansiosíssima para o casamento delas!

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