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An Extraordinary Love por Jules_Mari

Ver comentários: 3

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Palavras: 5329
Acessos: 3642   |  Postado em: 25/11/2018

Notas iniciais: Boa noite a todxs. 

Antes de mais nada eu gostaria de agradecer muitíssimo a disposição das pessoas que se mostraram e se colocaram a disposição para ajudar no Projeto de levar AEL para muito mais pessoas. Vocês me enchem de alegria e energia para prosseguir. 

E aqui temos mais um capítulo, não tão grande como gostaria, mas mesmo assim, espero que vocês curtam. 

Tenham uma excelente semana e uma ótima leitura. 

Ps: Desculpe não ter conseguido responder os comentários da semana passada. O farei, prometo!

Capítulo 73 As Cinzas da Inquisição

Nenhuma outra palavra reverberava na mente de Cosima que não fosse o “sim” dito sem nenhuma hesitação ou dúvida. Alguém poderia lhe dizer que a resposta foi precipitada ou causada pela intensidade do momento que vivia, mas ela estava muito mais do que certa do que desejava. E contradizendo a si mesma, que jurava que casamento não seria algo com o que ela planejava ou sonhava. Porém, tudo que pensava ser o certo para ela, todo o seu mundo foi solapado quando Delphine entrou em sua vida.

E agora, sabendo de tudo que sabia... Mediante as tantas descobertas surreais que fez nos últimos dias e de tudo o que sentia por aquela mulher, teve a certeza de que aquela estranha sensação que a acompanhou toda a sua vida, aquela espécie de falta, como se fosse incompleta fez sentido. Algo nela faltava. A sua outra metade. Aquela que em muitos aspectos diferia dela, mas todas essas diferencias lhe completavam... Preenchiam todos as faltas, todos os espaços em seu ser.

Era a certeza de ter encontrado o que tanto buscava, mesmo não tendo a clareza da busca!

Sempre se considerou uma pessoa de bem com a vida, feliz e plena. Mas nada dessas emoções poderia ser comparada ao que experimentava quando estava perto daquela mulher fantástica, quando a ouvia dizer que a amava, que por ela era capaz dos mais inimagináveis sacrifícios. Que daria sua vida por ela. Era o tipo de entrega que poucos tiveram o privilégio de provar e exatamente por isso, sentia-se a pessoa mais feliz do mundo naquele momento e encontrar no sorriso maravilhado da mulher ajoelhada diante dela. E a emoção que sentia transbordando em seu ser era refletido no choro misturado com sorrisos de Delphine. Aquela mesma emoção reverberava naquela sala e as mulheres presentes ali estavam cientes que testemunhavam um momento muito mais do que especial.

Todas elas tinham a certeza que estavam sendo testemunhas vivas da história da Ordem sendo escrita. Siobhan e Helena, as únicas ali, além das duas noivas, que tiveram acesso aos detalhes assombrosos da Profecia de Emanuelle, estavam em estase por poderem vivenciar aquilo em sua geração. Ambas compartilharam o pensamento acerca de suas antecessoras, as antigas Protetoras que sonharam que aquele evento acontecesse em suas épocas. Então consideraram-se privilegiadas.

- A gente vai ter uma festa de casamento? – Manu, em toda a sua espontaneidade, “quebrou” o encantamento e atraiu a atenção para ela, pois estava de pé em sua cadeira com a expressão curiosa.

- Sim Manu. Eu e Cosima vamos nos casar! – Delphine levantou-se sem soltar a mão de sua amada que sorria bobamente.

- Eba!!! – A menina saiu pulando nas cadeiras até alcançar as duas mulheres e sem aviso algum, jogou-se nos braços delas que a receberam num apertado abraço. Reestabelecendo um laço ancestral e que também estava predestinado para acontecer. As três estavam exalando amor em meio aquele abraço apertado e nenhuma delas conseguia mais imaginar sua vida sem as outras. E aquela era a mais perfeita definição de família. - Mas como funciona um casamento? – Manu se afastou com uma expressão curiosa, mais uma vez arrancando risos de todas.

- Bom... – Siobhan pigarreou, piscando um dos olhos para Delphine, indicando que ela já sabia de alguma coisa. – Estamos nos referindo a uma cerimônia de união da Ordem. – Anunciou, mas a dúvida na menina só aumentou enquanto Cosina arregalou os olhos e imediatamente lembrou-se do que leu no Diário da Melanie e sentiu uma pontada de preocupação.

- Mas... – Tentou se colocar.

- Você está preocupada com o fato de não seres da Ordem ainda, não é? – Delphine a complementou de forma certeira e nem se quer precisou entrar na mente dela para isso. Cosima anuiu lentamente fazendo uma cara receosa.

- Isso a gente resolve rapidinho. Basta uma cerimônia e tá tudo certo. – Helena e sua praticidade falando mais alto e o leve tom embargado em sua voz alertou a todas.

- Você está chorando Helena? – Delphine a provocou, obrigando sua amiga a buscar recompor-se rapidamente.

- Do que você está falando? – Disfarçou.

- Tá sim! – Manu quase berrou. – Mas a Tia Helena é chorona... Pelo menos ela sempre está assim quando assiste as séries dela. – A menina entregava a mulher tranquilamente, causando novas gargalhadas em todas.

- Mas... Pera um instante... - Cosima ficou séria repentinamente. – Para que eu tenha a minha iniciação na Ordem... Precisarei passar pelo ritual de purificação? Vocês ainda fazem isso? – Olhou para todas, fixando seu olhar em Delphine que retorceu sua boca um pouco para o lado, tentando conter o riso.

- Sim! – Helena bufou, jogando os ombros pra baixo.

- Helena! – Siobhan a repreendeu. – As tradições da Ordem são extremamente importantes e ajudam a preservar os nossos costumes e valorizam o significado do que é ser uma irmã-membro.

- Sim... Mas... – Olhou ao redor e viu algumas das demais irmãs que jantavam em mesas próximas. – Todas aqui... Todas essas funcionárias da Fundação fazem parte da Ordem? – Siobhan pensou em responder, mas percebeu que sua Mestra preparava-se para tecer o seu discurso, aquela que só ela era capaz de carregar do sentido e poderes certos.

- Cosima... – Delphine solicitou a palavra. – Todas as mulheres... Meninas, jovens, mais velhas... Todas sem exceção fazem parte da Ordem. Elas são a Ordem! – Gesticulava solenemente e seus olhos brilhavam divinamente.  - Pois essa só existe por causa de cada uma delas. Mesmo que a desconheçam... Mas foi por elas, por nós... Que nossas antepassadas criaram essa irmandade capaz de nos fortalecer em meio a uma cultura que insiste em nos distanciar, inflamando uma competição entre nós sem sentindo algum. Mesmo aquelas que pensam não precisarem de nós... É por essas que devemos lutar ainda mais.

- Então eu faço parte da Ordem também? – Manu novamente roubou a cena.

- Não foi você mesma que disse, certa vez, que havia nascido já fazendo parte dela? – Delphine a segurou no colo e por alguns instantes pensou que aquele seria o momento ideal para mergulhar na mente inconsciente dela e buscar as respostas que precisava. Mas desistiu, pois nem ela mesma saberia medir as extensões do que uma ação como aquela poderia atingir uma mente tão jovem.

- Sim... Foi! – Manu vibrava com aquela informação.

- Mas... Respondendo a sua pergunta... Nem todas elas fazem parte da cúpula da Ordem, ou seja, não passaram pela iniciação. Temos certos hábitos que devem ser respeitados e algumas poucas, dentre muitas são escolhidas para fazer parte e saber nossos segredos. Além de dividir o fardo e lutar contra nossos inimigos. – Cosima sentiu-se preencher pela responsabilidade e grandiosidade que aquele privilégio poderia significar.

- Como sabem aquelas que serão escolhidas? – A morena questionou e dessa vez Delphine sorriu docemente e olhou ternamente para Siobhan.

- Essa não é uma tarefa fácil. – A loira continuou. – Muitas de nós são descobertas ou... Encontradas – Olhou para Manu – Ainda muito pequenas.

- Ou já nascem dentro dela... – Cosima lhe lançou um olhar significativo e  Delphine apenas concordou com um aceno de cabeça, sabendo que sua amada referia-se a ela.

- E quando isso acontece, podemos preparar as jovens para assumirem seus lugares... Sejam eles quais forem.

- Você está falando daquela escola especial para meninas da Ordem? – Manu disse ao ser colocada no chão.

- Isso mesmo.

- Vocês estão falando do... Instituto Chermont? – Cosima lembrou-se de algumas das imagens que encontrou no quarto secreto sobre Evelyne.

- Exatamente. – Helena adiantou-se.

- Então essa escola é para meninas “diferentes”? Que possuem algum poder especial?

- Não Cos... – Delphine lhe segurou as mãos. – Só poucas de nós possuímos dons e menos ainda tem essa consciência. Ainda mais nos dias de hoje onde tais coisas soam tão absurdas. Afinal de contas... O que achas que o mundo diria se soubesse que existem pessoas imortais... – Baixou o tom de voz, confirmando o que Cosima já sabia que poucas na Ordem conheciam esse fato. – Ou que são capazes de brincar com sua mente e consequentemente com as vontades das pessoas? – Inclinou a cabeça em direção a única criança naquela mesa e a menina pareceu não compreender as implicações contidas na fala da mulher.

- É, você tem razão. – Respondeu levemente encabulada.

- O Instituto tem o intuito de preparar as meninas e jovens para serem grandes... Atingirem todas as suas potencialidades. Um excelente exemplo disso é a Stella. – Olhou para Helena que assim como ela, não conseguia esconder o orgulho. – A Srta. Gibson está prestes a se tornar a primeira diretora mulher da Cia.

- E mais jovem também! – S também se orgulhava de sua mais extraordinária pupila.

- Algum dos recordes dela já foi quebrado? – A loira quis saber.

- Nenhum deles. Outra igual à Stella, eu acho que não existe nem existirá mais. – S espreguiçou-se em sua cadeira.

- Mas muitas das nossas mais sensacionais irmãs são descobertas bem mais tarde. – Delphine repousou a mão sobre os ombros de Helena, que estremeceu levemente com o toque e sorriu em retribuição ao elogio rasgado que acabara de receber.

- São realmente mulheres fantásticas. – Cosima disse meio cabisbaixa. – Não sei se mereço estar ao lado de tais mulheres.

- Do que você está falando Cos? És uma mulher extraordinária! Tens uma mente brilhante e com incríveis possibilidades. – Delphine sentou-se ao seu lado.

- A Melanie tem ou tinha tudo isso... Não eu! – Baixou os olhos.

- Bom, acho que já está tarde. – S percebeu a situação incomoda que estava se formando ali e quis deixa-las a sós. – Sem contar que temos dias cheios pela frente, para preparar toda a cerimônia até domingo.

- DOMINGO? – Cosima realmente berrou.

- Sim meu amor... Sua iniciação e a nossa união irão acontecer no próximo domingo.

- Mas é daqui a cinco dias! – Informou o que todas sabiam. – Como assim?

- Quero me unir a você sob a lua cheia... Para que Ártemis e todas as deusas abençoem nossa união. – A voz de Delphine foi baixando de volume aos poucos. – Ou você não quer mais a... Nossa união? – Havia temor verdadeiro naquela pergunta.

- NÃO! De jeito nenhum! Claro que quero! – Delphine suspirou visivelmente aliviada. – É só que... Não pensei que seria tão... – Viu uma ruga de preocupação se formar na testa de sua amada. – Que se dane! Eu casaria com você amanhã mesmo! – Afastou todo e qualquer resquício de dúvida que pudesse ainda existir e abraçou sua amada novamente.

- Está tudo muito lindo, mas já passou da hora de alguém ir para a cama. – Helena ergueu Manu do chão que acabara de soltar um largo e demorado bocejo.

- Mas eu não estou com sono tia Helena. – Disse de forma lerda.

- Sei bem. – Helena duvidou dela.

- Venha cá! – Delphine a retirou do colo de Helena. – Eu e a Cos lhe colocamos na cama.

- Oba! – A menina forçou suas energias e soltou mais um longo bocejo. Todas se despediram e Cosima saiu na frente caminhando com Manu agora em seu colo. Delphine as alcançou um pouco depois, pois estava dando mais algumas instruções a Siobhan.

- O que vocês duas estão conversando? – Delphine abraçou Cosima e percebeu que ela tinha os olhos marejados. – Está tudo bem? – Preocupou-se um pouco.

- Está tudo maravilhoso. – Respondeu sob a emoção que tomava conta de seu ser. – Vocês duas tiraram o dia para arrasar meu coração de tanto amor.

- O que foi? – Interessou-se.

- Eu perguntei a ela... Se vocês duas poderiam ser minhas mães. – Foi Manu quem respondeu e atingiu Delphine em cheio. Se aquela mulher já exalava amor por todos os seus poros, sentiu seu coração explodir numa felicidade que ela realmente não se recordava ter vivido. E quando encarou Cosima, percebeu que ela estava experimentando a mesma felicidade.

- Manu? – Segurou o rosto da menina entre suas mãos. – Eu não consigo mais imaginar a minha vida sem você nela.

- Nem eu Manu. – Cosima segurou o queixo da criança com gentileza. – E para mim seria um enorme privilégio tê-la como... – Sua voz embargou, obrigando-a a engolir um choro poderoso que queria atrapalhar suas palavras. – Minha filha... – Olhou novamente para Delphine. – Nossa filha!

Mesmo sonolenta a menina esticou-se envolveu as duas em seus bracinhos e as três ficaram ali, num canto do corredor, compartilhando aquele mais sincero e poderoso sentimento. Mas, um novo bocejo e o cocegar de olhos da pequena, as lembrou que aquele serzinho precisava descansar. Assim como as outras, havia vivido um dia extremamente intenso emocionalmente falando, sem contar que ela deveria desprender muita energia para mexer com a mente da toda poderosa mestra da Ordem.

Gentilmente e em silêncio as duas trocaram a roupa de Manu, que já havia mergulhando num sono sereno e presado. Com cuidado a colocaram no quarto que pertencia a menina e que ficava duas portas após o de Delphine e ao lado do de Siobhan.

Paradas, lado a lado contemplando o sono de Manu, cada uma a sua maneira, repensaram tudo o que haviam enfrentado para chegar aquele momento de plenitude.

- Sabe o que é mais curioso? – Era basicamente uma pergunta retórica, mas atraiu a atenção de Delphine. – Nada disso fazia parte de meus planos. – A loira permaneceu em silêncio, sabendo que a mulher pretendia se explicar. – Entenda... Nunca sonhei ou planejei casar... Muito menos com a maternidade. Mas a vida é fantástica exatamente por isso, nos mostra que aprendemos e reaprendemos a todo instante. E hoje, eu recebi tantos presentes lindos. Olha essa pessoinha Del! Eu não consigo explicar o porquê, mas seria capaz de fazer qualquer coisa por ela. E eu mal a conheço.

Delphine a olhou com uma expressão atenta e bastante significativa. Em seu olhar estava o que desejava passar. E, de uma forma só delas, Cosima compreendeu o que ela queria dizer. As suas almas se conheciam e se amavam e não era daquela vida. Assim como Delphine que havia vivido cada momento, ela havia lido os detalhes da história e sabia de toda a entrega e de todos os sacrifícios realizados por Manu no passado. Ambas possuíam uma dívida verdadeiramente eterna para com aquela alma, mas o amor que sentiam ia muito além do que esse sentimento de dívida. A menina as havia conquistado simplesmente por quem era. Por sua doçura e personalidade fortíssima. E a prova disso era a de que qualquer pessoa que se aproximasse dela se encantava.

- E como eu devo chama-la daqui pra frente? – Cosima surpreendeu Delphine com aquela pergunta em meio aquele momento tão terno.

- Como assim? – Perguntou, na tentativa de ganhar algum tempo para processar a situação.

- Você entendeu. Como devo chama-la? Delphine ou... – A loira fechou os olhos, pois sabia que aquela conversa era inevitável e necessária. - Evelyne? – Havia uma certa aflição no olhar suplicante dela.

- Meu amor... Eu sou essa pessoa que você está vendo diante de você. Sei que, por muito tempo, lhe escondi várias coisas e muitas delas são extremamente sérias. – Iniciou a conversa saindo do quarto e as levando em direção ao dela. – Mas eu acredito que a essa altura você compreendeu o porque tomei... Tomamos essas decisões.

- Sim... É muito maior do que você. É a Ordem! – Cosima demonstrou que já havia compreendido e aceitado todos os caminhos tomados e que as levaram até aquele momento. – Mas é que... A mulher que conheci... Por quem me apaixonei foi a Delphine... Só que essa não é você.

- Como não meu amor? – Sentou ao lado dela na cama. – Você acha que Delphine Cormier não existe? – A olhou intensamente nos olhos e viu a confusão nos dela. – Você estava naquele quarto não foi? – Recebeu a resposta positiva. – Todas aquelas pessoas... Você acha que elas não existiram? Antoine Gailard, Chloe Stein ou a Aurora Huet não existiram? – Cosima não soube o que responder. – Eu nasci Evelyne Chermont, mas tenho a certeza que naquela terrível noite, quando me trouxeram de volta... – Baixou os olhos e Cosima pode ter a certeza de que aquela não era um assunto fácil para sua amada e chegou a se arrepender de ter tocado naquele assunto.

- Me desculpe! – Baixou a cabeça.

- Desculpa-la pelo o que? – Delphine surpreendeu-se com atitude da outra.

- Imagino que não deva ser fácil para você falar sobre isso... Sobre seu passado.

- Cos... Minha história é minha. Ela aconteceu como você pode ver um pouco. E eu tive muito tempo para me lamentar por tudo, e muito mais tempo ainda para me conformar e aprender a lidar com todas as minhas angustias. – Sorriu docemente, segurando a mão dela, para tranquiliza-la. – Há muito tempo que aceitei que muito do que me aconteceu independeu de mim e que eu precisava aprender a lidar. Foi fácil? Claro que não. Mas algo muito mais importante e poderoso me matinha firme. Persistindo. Mesmo quando eu sentia minhas forças fraquejando. Era exatamente o que me fazia não desistir. – Cosima ergueu a cabeça a encarando.

- O que? – Perguntou com o coração acelerado e repleto de expectativa, embora soubesse qual seria a resposta.

- Você! – Foi a resposta direta e que Cosima sabia que viria. A felicidade que sentia com aquela afirmação dividia espaço com o peso da responsabilidade envolvida. – Esperá-la... Saber que você retornaria para mim me mantinha firme nessa luta que, por muitas vezes, parecia impossível de ser vencida. Sofri terríveis derrotas... Mas também vencemos em muitas outras ocasiões.

- Então você esperava o retorno da... Melanie. – Voltou a demonstrar aquela estranha atitude. – Não a mim.

- Cos... – Delphine saiu da cama e voltou a se ajoelhar aos pés dela. – Eu amei a Melanie com todas as minhas forças. Ela teria sido o meu amor definitivo. Eu tenho a certeza que viveria toda a minha vida ao lado dela. – Cosima arregalou os olhos e abriu a boca, demonstrando que estava sendo doloroso ouvir tudo aquilo e Delphine soube o que estava fazendo, mas sabia que precisava esclarecer tudo. Não deixar mais brechas. – Mas não foi o que aconteceu. Outras pessoas se envolveram em nossa história... E a carregaram de um peso inimaginável. Mas a Profecia de Manu foi bem clara... Eu precisava esperar o retorno do meu amor... Cosima... Ela estava se referindo ao meu sentimento! – A morena a olhou surpresa... Como se estivesse descobrindo algo que jamais havia pensado.

- Do que você está falando? A Profecia aconteceria quando a alma da Melanie voltasse para a da Evelyne.

- Mas uma pessoa é muito mais do que sua alma... Cos... – Apertou ainda mais as mãos dela. – Em todos esses anos eu ficava imaginando como seria você... A cor do cabelo... Dos olhos... O que você gostaria... Eu sempre estive esperando aquela que traria o amor de volta para mim. – Lágrimas caiam de seus olhos. – E eis que veio você! Essa mulher encantadora, forte e doce ao mesmo tempo. Segura e frágil na mesma intensidade. De uma inteligência que me faz apaixonar a cada conversa. Alguém capaz de cativar todos que se aproximam de você.

- Mas a profecia... – Insistiu.

- Ela está se concretizando, por que você está me devolvendo a minha vida. Não percebes? Eu apenas sobrevivi ao longo desses séculos e ao seu lado eu estou experimentando a vida novamente. Essa mortalidade que nos faz valorizar cada instante. Cada mera respiração é única. – Cosima já não mais segurava a emoção que transbordava. – E isso só está sendo possível por sua causa. Não pela Melanie ou sua alma... Mas eu me apaixonei... E estou amando Cosima Nienaus! – Disse com o rosto bem próximo ao dela. Eu amo VOCÊ! – Deu ênfase na ultima palavra para não deixar mais dúvidas.

Cosima não foi capaz de dizer mais nada, apenas pode jogar-se e abraçou Delphine para em seguida enchê-la de beijos em meio as lagrimas e ambas riam de felicidade.

- Então eu posso continuar chamando-a de Delphine? Foi por ela quem me apaixonei. – A olhou de baixo para cima.

- Claro meu amor! Como eu disse, eu sou Delphine Cormier. – Sorriu lindamente e com um brilho surreal em seus olhos.

- Nossa, como eu a amo! – Puxou-a contra si, exigindo que Delphine levanta-se tão somente para deitar-se sobre ela.

Ambas estremeceram e soltaram gemidos baixinhos ao sentirem a pressão do encontro de seus corpos. Instintivamente Cosima abriu suas pernas para receber sua amada bem ali e com perfeição, Delphine ocupou o espaço que era só seu. Não interromperam o beijo enquanto suas mãos deram início a deliciosa tarefa de se explorarem e irem retirando suas roupas nesse processo. Porém, batidas na porta soaram como o pior dos sons que poderiam ouvir naquele momento.

- Não vai! – Cosima sussurrou quase implorando. – Vamos fingir que não estamos aqui. – Pausaram o que faziam e concentrou-se em ouvir, para ver se a pessoa desistia. Poucos segundos depois as batidas se repetiram.

- Merde! – Delphine praguejou. – Deixa eu ver do que se trata, para que eu possa despachar a pessoa o mais rápido possível. – Cosima riu baixinho e quase teve pena da pobre infeliz que estivesse do outro lado da porta. Seria alvo da ira da Toda Poderosa Mestra da Ordem, que naquele instante caminhava firmemente enquanto ajustava a calça que já estava desabotoada.

- O que é? – Não fez questão de esconder seu descontentamento ao abrir a porta.

- Desculpe interromper algo... – Siobhan enrijeceu sua postura. – Mas estou procurando a Cosima. – Delphine ergueu uma das sobrancelhas e na cama Cosima sentou-se curiosa.

- S... Já estávamos indo “dormir”. – Deixou claro o sentido contido na frase.

- Imagino que sim... – S lançou um olhar intenso para sua Mestra. – E é justamente por isso que vim. Preciso levar a Srta. Niehaus para o quarto dela. – Delphine a olhou incrédula e nesse interim, Cosima já havia se aproximado delas.

- Siobhan? Está tudo bem?

- Tudo ótimo minha criança... Mas, como ambas devem saber, estás prestes a passar pelo ritual de iniciação da Ordem e para isso...

- A porr* do ritual de purificação! – Delphine bufou visivelmente aborrecida.

- As anciãs adorariam a ouvir falando assim. – S debochou. – Mas sim, a Cosima precisa passar pelo ritual de purificação e isso significa purificar-se de todas as maneiras. – S usou de toda a sua artimanha para deixar nas entrelinhas o que queria dizer.

- Espera ai... Quer dizer que... Até a noite da iniciação eu e a Delphine não poderemos... – Fez um gesto curioso de entrelaçar suas mãos, deixando as três levemente desconfortáveis. A ruiva apenas anuiu positivamente com a cabeça enquanto mordia os lábios e evitava, a todo custo o olhar furioso de sua mestra.

- Eu revogo essa bosta de tradição. Pronto! – Delphine anunciou.

- Delphine... Você sabe que não é assim que funciona.

- Mas S... Isso não é justo. – A ira deu lugar ao apelo e aquela poderosa mulher choramingava igual uma criança que tinha o doce tirado de sua boca. Cosima, mesmo frustrada, achou encantadora a agonia que Delphine estava passando.

Lembrou-se que aqueles eram os ritos certos, os quais havia lido no diário de Melanie e, apesar de saber que seria torturante para ela passar os próximos dias longe de Delphine, sabia que para ela seria ainda pior. Chegou a quase se divertir com aquilo.

- Tudo bem meu amor. Serão só alguns dias. – Cosima passou por ela, colocando-se ao lado de S.

- Exato. Pense... O que são cinco dias, para quem esperou trezentos anos? – Parecia que Siobhan também iria se divertir com aquilo.

- Merde! – Delphine praguejou novamente e chutou a porta, sucumbindo a dor em seu dedinho.

- Vai ficar tudo bem Del...Logo logo estaremos ligada para sempre. – Cosima adiantou-se e beijou na testa, frustrando mais uma expectativa da mulher que esperava um selinho em seus lábios.

- Vamos criança. Vou lhe mostrar o quarto onde ficarás nas próximas noites.

Delphine as viu caminhando em direção a escada e sumirem em meio a escuridão. Bateu a porta com toda a força, pouca se importando com a hora e com quem mais estivesse dormindo. Jogou-se em sua cama, e com a cabeça afundada em meio aos seus travesseiros gritou todos os palavrões que conhecia em todos os idiomas que sabia.

 

______

 

No salão principal do Musée du Grand Palais, uma seleta multidão de especialistas e jornalistas assistia a inauguração da exposição “As Cinzas da Inquisição” e o discurso que abriria aquela impressionante mostra seria ninguém menos que o Ministro da Cultura, John Lamartine que já posava para os fotógrafos demonstrando toda a sua satisfação com sua tarefa ali.

O largo sorriso que aquele homem oferecia para todos parecia ser motivado por algo mais do que a sua usual e, por vezes, forçada simpatia. Causando um estranho mal-estar compartilhado por vários dos presentes, que comentavam um com os outros aquela desagradável sensação.

O ministro havia optado em fazer o seu discurso de abertura enquanto transitava com sua planteia pela mostra que ocupava cinco amplas salas e traziam listas com os nomes de centenas de pessoas que passaram pelos julgamentos do Santo Ofício na França, assim como ilustrações terríveis que mostravam cenas agonizantes de tortura.

- Sejam todos muito bem-vindos a essa importante e necessária exposição. – Ele finalmente deu início a sua fala após posar ao lado do curador da mostra e do diretor do museu que ostentavam um orgulho diferente da do ministro que parecia imensamente feliz. – A inquisição foi uma página importantíssima da nossa história e precisa ser resgatada sempre, pois mostra a atuação de uma grande instituição que... – Pausou sua fala ao constatar que estava causando o efeito desejado nos presentes e, embora soubesse que devesse disfarçar, aquele era um momento extremamente prazeroso para ele para não deixar transparecer um pouco. – Atuou firmemente no que acreditava ser uma ameaça aos seus preceitos. Sendo assim, declaro aberta essa belíssima exposição e me coloco a disposição para as suas perguntas.

- Claire De Lune, do Currier Internacional. – Apresentou-se uma jovem repórter morena. – É realmente uma bastante relevante, mas eu não sei se meus colegas perceberam, mas a imensa maioria dos nomes nessa lista são de mulheres. O que o senhor tem a dizer sobre isso? – Havia um certo tom de desafio na voz da repórter e Lamartine adorou a observação feita por ela, pois lhe possibilitaria realizar a provocação que tanto desejava.

- De fato Srta. De Lune. Muito bem observado. Temos muito mais mulheres nessas listas, pois elas foram aquelas que mais desafiaram a Santa Igreja. E perceba que muitas delas tiveram o devido castigo que... Cabia naquela época. – Ele mudou um pouco o seu tom ao perceber o desconforto demonstrando principalmente pelas mulheres presentes, quando ele apontou uma das ilustrações que retratava a chamada “Pera da Angustia”, um instrumento que era inserido nas vagin*s das torturadas e aberto até causar excruciantes dores e muitas vezes levar a morte.

- Gisel Frevre, Canal +. De fato, os estudos históricos indicam que mais de 80% das pessoas julgadas na Inquisição foram mulheres. As chamadas bruxas. Não sei se o Sr. Está familiarizado com a interessantíssima obra da historiada norte-americana Cosima Niehaus? – De súbito o sorriso no rosto do ministro se desfez, dando lugar a uma expressão carrancuda, mas logo a sua engenhosa mente processou aquela informação e preparou a resposta adequada a ousada pergunta.

- Sim, conheço o trabalho dessa jovem. É uma pena o que aconteceu com ela. – Ironizou.

- Muito bem, nele ela evidencia que havia uma perseguição muito mais intensa as mulheres que na verdade eram apenas aquelas que não se contentavam com o seu lugar e ousavam estudar ou coisas assim. O senhor concorda com isso?

- Muitos poderiam dizer que a Igreja perseguia as mulheres por ser uma instituição machista. Afinal de contas tudo é machismo hoje em dia, não é mesmo? – Todas as mulheres presentes, sem exceção fecharam suas caras diante da brincadeira de Lamartine. – Mas mencionando exatamente a obra da falecida Srta Niehaus... – Ele caminhou firmemente pelo salão e foi até uma lista que estava protegida por um expeço vidro. – Aqui está! – Achou o que procurava após correr o dedo sobre os nomes contidos ali. – Vejam o caso exatamente da Srta. Melanie Verger... – Era quase orgástico para ele voltar a citar o nome de sua filha mediante uma situação como aquela. – Que é citada nesse livro que você mencionou... – Fez questão de demonstrar o desdém pela obra de Cosima. – Uma das mais perigosas “bruxas” e que encontrou o seu fim justamente no fogo que gerou as Cinzas da Inquisição... – Fez alusão ao nome da exposição e apenas ele riu.

Um zumbido que se iniciou baixo foi aumentando de intensidade, como se um inseto estivesse zanzando ao redor de seu ouvido. Com um gesto de mão, tentou afastar o suposto inseto, mas o zumbido não diminuiu, pelo contrário. Foi aumentando cada vez mais e seu incomodo não passou desapercebido pelos jornalistas.

- O senhor está bem? – Alguém perguntou, mas ele nem se ateve a pergunta, pois o zumbido começava a lhe machucar o ouvido e o fez a levar a mão até lá. Algo levemente pegajoso e espesso parecia escorrer de dentro de seu ouvido direito. Tocou naquela substância e trouxe os dedos melados até seus olhos. Com estarrecimento John Lamartine viu o que parecia ser impossível. Sangue! Seu Sangue novamente jorrando e com pavor, sucumbiu a insuportável dor, como se seu cérebro estivesse sendo perfurado. Berrou!

 

______

 

Naquele mesmo instante, e bem distante dali, uma pequena menina tomava o seu café da manhã tardio.

- Você hoje acordou faminta hein menina? – Siobhan observava a gana com que Manu devorava o seu cereal e tomava o seu suco.

- Eu tô feliz Sra. S. – Falou de boca cheia. – E quando tô feliz eu como muito. – Arrancou risadas da mulher mais velha e daquelas que estavam próximas a elas.

- Muito bem, mas nada de falar com a boca cheia de comida mocinha. – A repreendeu e iria continuar com a sua educação à menina, quando algo que passava na TV lhe chamou a atenção. – Aumenta o um pouco. – Ordenou. Levantou-se e ficou de pé enquanto Manu se desculpava sem ser ouvida por Siobhan.

- Eu sei que estou errada Sra. S... Mas é que tô muito... – A menina virou-se para tentar chamar a atenção da mulher e percebeu que ela olhava extremamente concentrada para a TV. – O que a Sra. tá vendo? – A menina olhou para o aparelho que mostrava uma reportagem ao vivo sobre a inauguração de uma mostra de museu e trazia a imagem de um homem que parecia extremamente asqueroso, na cabecinha da menina. Porém, á medida que ela ouvia a voz daquele homem, algum muito ruim começou a corroê-la por dentro, como se alguém estivesse apertando o seu pequeno coração. E sem mais aguentar aquela terrível sensação, soltou um berro quase simultâneo com o berro dado pelo homem do outro lado daquela transmissão.

- Manu? – Siobhan alertou-se e olhou para aquela cena estarrecida.

 

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 73 - Capítulo 73 As Cinzas da Inquisição :
patty-321
patty-321

Em: 09/12/2018

Atrasadissima com a leitura. O q ocorreu com Manu?

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Isabella Nunes
Isabella Nunes

Em: 28/11/2018

Entendo a confusão de Cos, porém para mim Delphine e Evelyne são a mesma mulher. Nos primeiros capítulos a forma como a Cos descreveu a sua professora, demonstraram para mim uma paixão tão avassaladora, tão fora do nosso tempo, tão surreal, que ela não pode ter se apaixonado apenas por um dos inúmeros personagens que Evelyne criou durante sua existência. Tenho medo que a profecia seja muito específica e não se realize por essas confusões, a Cos (apesar de tudo que viu) ainda pensa muito como a cientista brilhante que ela é.

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AMANDA
AMANDA

Em: 25/11/2018

Esse capítulo foi da imensa alegria, a frustação e agora angústia por Manu!!! Tenso!!!

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