Aqui está mais um capítulo de AEL e isso me deixa imensamente feliz e ao mesmo tempo triste, pois o fim se aproxima.
Porém, existe um projeto rolando nos bastidores para tirar essa belezura do papel (tela) e transformá-la em algo concreto.
E essa semana quero pedir a atenção de vocês!
Se houver por aqui alguém que trabalhe em editora, ou ainda, que tenha conhecimentos em revisão e edição de livros, por favor entre em contato pelo email operacaolabrys@gmail.com
Lá, conversamos melhor a respeito das novidades que vem por aí
Ah sim, e se alguém por aqui puder nos ajudar com a tradução para o inglês, será muito bem-vinda também.
Pensamos em pedir a vocês pois o ideal é que as pessoas envolvidas nesse projeto sejam aquelas que realmente se identifiquem com ele e com a mensagem da estória, ou seja a sororidade que nos irmana.
Agradeço desde já a atenção e o carinho de vocês.
Uma ótima leitura e uma excelente semana.
Capítulo 72 A Profecia
O vento lhe acertava com intensidade no rosto, balançando seus cachos que estavam perfeitamente presos em um rabo de cavalo. A cada passada larga e vigorosa daquela égua o coração de sua amazona parecia ganhar uma antiga e quase esquecida força.
Seria verdade o que havia sentido?
Era uma sensação forte demais, como se de fato a brisa ganhasse forma e lhe tocasse. Mas um toque que ultrapassava os limites da pele e a atingiu direto em sua alma. Apenas ela seria capaz de sentir aquilo, pois a conexão que possuía com aquela alma era única.
Sua racionalidade prática e toda cautela edificada em séculos de experiência lhe diziam que tal sensação era impossível, que não passava de um delírio gerado pela necessidade extremamente dolorosa que sentia de seu amor. Ela estava morta... Fora cremada. Ela estava lá nesse momento. Todos estavam. Mas então como explicar aquela energia que percorria todo o seu corpo, espalhando uma deliciosa sensação de expectativa. Uma vontade imensurável de sorrir... Uma alegria a muito esquecida se apossando dela.
Não podes ser leviana Evelyne! Repetia em sua mente enquanto a égua se aproximava do imponente labirinto vivo que aquele castelo também possuía. Um muito maior e mais antigo que o de seu castelo. Numa fração de segundos, sua mente fez o cálculo e lhe disse que o mais rápido seria atravessá-lo por dentro. Levaria muito mais tempo o contornando e sua urgência era gritante demais. Além disso, aquela energia, aquele cheiro, aquela sensação lhe conduziam por ali.
Diminuiu a velocidade assim que se aproximou dele e assustou-se com a altura de suas paredes e a cor da maioria das folhas já alaranjadas e outras em um tom marrom sombrio, o que indicava a chegada do outono. A respiração ofegante sua e do animal lhe deixaram alerta. Ela detestava aquele lugar, pois ele lhe trazia lembranças ruins, já que foi em meio aquelas paredes que ela, ainda uma menina beirando pouco mais treze anos, encontrou com seu arqui-inimigo pela primeira vez. Lembrou-se do medo e do ódio que sentiu quando o viu e de como aquele encontro quase lhe custou à vida.
Naquela tarde também de outono, há mais de trezentos anos ele a convidou até lá. Uma criança impulsiva e preenchida de ódio pelo homem que matara seu pai, descoberta que acabara de fazer, e a impeliu a imprudência.
Delphine fechou os olhos e permitiu que aquela lembrança viesse a sua mente. Soube com seus muitos anos de vida que deveria aprender com seus erros e aquele poderia ter sido o seu ultimo.
A voz sibilante dele, lembrando a de uma serpente à espreita de sua presa a chamava pelo nome e ela, tola e insolente, achava que seria páreo para ele. Poderia até ser se ele estivesse sozinho. Mas como um covarde que sempre fora, levou vários de seus seguidores que a cercaram. Para cada corredor que ela tentasse fugir apareciam um ou dois homens encapuzados e com aterradoras máscaras.
O medo que congelava suas entranhas lhe impedia de concentrar seus dons e se defender. Era a armadilha perfeita e aquela certamente era a vingança fatal que ele teria contra a Ordem e sua Mestra. Ele pretendia tirar o que era de mais precioso para Emanuelle Chermont. Sua filha... sua futura sucessora. Ele colocaria assim um fim na descendência da Ordem.
Delphine apertou ainda mais forte as rédeas que trazia nas mãos.
“Imprudente!” Disse a si mesma e sentiu, em meio as terríveis lembranças, aquela mesma sensação acolhedora e que lhe enchia de força e coragem.
- Cosima! – Verbalizou o que sentia e com um leve toque de seus calcanhares nas laterais da égua, a fez voltar a cavalgar e ir acelerando o trote. Parecia que estava perseguindo algo invisível, mas intensamente palpável. Instintivamente sabia o caminho que deveria percorrer naquelas curvas sinuosas, a poderosa sensação e as duras lembranças parecia que estavam lhe pregando uma peça e em um determinado momento pensou ter visto a ponta de um tecido branco passando logo após a curva seguinte.
Soube em seu intimo que deveria seguir aquele sinal. E o fez. E por mais que acelerasse a corrida o quanto fosse possível entre as curvas, não conseguia alcançar aquilo que corria em sua frente, tendo apenas rápidos vislumbres daquele tecido.
- Cosima? – falou ainda mais alto tentando chamar aquela que corria a sua frente, mas pareceu que não fora ouvida e um freio brusco do animal que se empinou por pouco não lhe derrubou, Delphine se viu bem no centro do labirinto em meio aos totens antigos e monumentos de pedras desgastados pelos anos. Um calafrio percorreu seu corpo e se viu sozinha e não havia sinal da pessoa que perseguia.
Cuidadosamente desmontou de sua égua e como se tivesse hipnotizada caminhou até um dos totens e assim que o tocou, levou a outra mão até sua testa onde deveria existir uma expressiva cicatriz, mas que sua imortalidade a havia levado. A imagem da forma violenta como sua cabeça atingiu aquela construção veio a sua mente.
Uma menina acuada, com o vestido rasgado e um profundo corte em sua testa. Todos aqueles homens rindo e vindo em sua direção, pararam para abrir caminho e seu líder passar.
Delphine recostou a cabeça na pedra fria e poderia jurar que ouviu novamente as palavras asquerosas que Armand lhe dissera naquela ocasião.
- Realmente meus homens não mentiram... És uma vadiazinha bem bonita. – Os dedos gelados e suados dele percorreram o rosto dela e desceram pelo pescoço parando entre os seios que ainda desabrochavam tão somente para rasgar o vestido. E antes que ela pudesse usar as mãos para escondê-los teve os braços segurados pelos homens dele. Novos risos e Evelyne lembrou-se do gosto ácido do arrependimento que sentiu naquele instante em ter saído escondida de suas guardas, desobedecendo a sua mãe.
- Me soltem! – Ela disse, mas a voz não saiu com a força que ela desejava, pois estava apavorada demais. Eles eram muitos e alguma coisa naquele homem parecia lhe afetar profundamente, ao ponto de impedir que pudesse usar qualquer um de seus dons para revidar.
- Isso mesmo! Lute! É mais saboroso assim! – Ele disse bem próximo ao rosto dela. – Vou arrancar o que sua mãe mais ama... – Desceu sua mão pela barriga dela anunciando o que pretendia. – Mas não antes de mandar uma mensagem sobre o que pensamos sobre mulheres como vocês...
Um estrondoso trovão irrompeu os céus naquele dia a centenas de anos e o mesmo aconteceu no presente assim que Delphine lembrou-se da dor e do nojo que sentiu ao ter sua intimidade invadida pelos dedos de Armand.
E seu grito foi tão aterrador que vários dos homens que assistiam aquela cena inexplicavelmente caíram mortos. Ainda dentro dela, aquele homem lhe questionou.
- O que você fez sua puta?
- Tire suas mãos dela! – Uma poderosa onda de energia varreu aquele ambiente e Armand estremeceu ao som daquela voz. Ele não precisou levantar os olhos para saber quem havia chegado.
- Peguem-na! – Ele ordenou com a voz tremula e receosa e dessa mesma maneira seus homens reagiram tão somente para serem aniquilados por Emanuelle, Izabelle e outras mulheres que foram ao socorro de Evelyne.
A própria Manu deu cabo da vida de vários deles com as próprias mãos torcendo pescoços e outros membros daqueles infelizes. Valendo-se de toda a sua destreza que evitava ao máximo utilizar, pois abominava violência, mas aqueles homens pareciam que só compreendiam aquela linguagem.
- Não dê mais um passo! – Armand berrou e mostrou que estava com Evelyne presa e com uma adaga contra seu pescoço.
- Armand... – Manu disse em tom ameaçador, mas estava evidentemente apavorada com aquela possibilidade.
- Não penses que eu não o farei Emanuelle. Nem que eu morra depois... – Usou todo o seu tom ameaçador. - Mas ela vai comi... – Ele não teve tempo de concluir a fala, pois ela foi roubada pelo pavor que sentiu ao ver a sua mão que segurava a adaga ir de encontro ao seu próprio rosto. E por mais que relutasse, não conseguia mais ter controle do próprio corpo. Só então percebeu que era a menina em seus braços que fazia aquilo. E num movimento brusco de seus braços, ela os abriu, desvencilhando-se dele e o jogou para longe.
Evelyne caiu ao chão e foi amparada por Manu, que ordenou que suas irmãs fossem atrás de Armand e dos poucos que haviam restado.
- Eve... Você está bem? – Manu lhe segurou o rosto e a menina o tinha lavado em lágrimas e apertava o vestido na altura da cintura e quando a mulher mais velha prestou mais atenção, havia sangue ali. Porém não era proveniente de ferimento algum e sim que havia sido o primeiro ciclo dela que veio após uma impressionante demonstração de seu poder. Ambas choraram e Manu envolveu sua filha em um terno e protetor abraço.
- Del? Tá tudo bem? – A loira ergueu a cabeça e fitou o rosto da menina que lhe tocava o braço e percebeu que sua mente havia voltado para o local onde tinha sido levada e as lembranças voltaram para as profundezas de sua mente.
- Manu? – Reconheceu quem a chamava e foi profundamente tocada pelo que estava acontecendo. Algo mágico e inexplicável acontecia ali... Parada, logo atrás da menina, vestida com um longo e delicado vestido branco, trazendo uma expressão serena e segura no rosto e com as mãos repousadas nos ombros da criança estava sua mãe lhe olhando com o mesmo olhar da menina.
- Vá encontra-la... – A inconfundível voz da grande Manu se fez ouvir e soou como uma melodia quase angelical.
- Cosima está te esperando. – A voz agora era da pequena Manu e em uma batida de coração depois a mulher atrás dela já não estava mais lá. Delphine viu apenas a pontinha de seu vestido sumindo numa das curvas do labirinto. Sorriu assim que uma lágrima caiu de seu rosto e piscou um dos olhos para a menina que lhe sorriu largamente, como se de alguma forma soubesse o que acabara de acontecer ali. Correu em direção a sua égua e montou-a com impressionante destreza já sentando enquanto o animal corria sob suas ordens.
Agarrou-se ao que a criança lhe disse mais certa do que nunca de que alguma coisa estava acontecendo e que ela não sabia. Tudo e todos indicavam que seu grande amor havia morrido, contudo era forte demais, verdadeira demais a certeza que sentia de que sua amada estava viva. Sentia sob a sua pele, por trás de seus olhos, nas profundezas de sua mente. Essa era uma ligação ancestral, e fora estabelecida ainda antes dela ter sido amaldiçoada, quando seus corpos se uniram e seus corações e almas fizeram o mesmo.
E era justamente a certeza dessa ligação que fez com que Evelyne esperasse por tanto tempo. À medida que se aproximava do castelo e de que aquela sensação se tornava ainda mais poderosa, relembrou brevemente muitos dos melhores e dos piores momentos que passou ao longo de toda sua solitária espera. Essas lembranças culminaram com o dia em que seu olhar cruzou com o de Cosima pela primeira vez, exatamente naquele instante suas almas se reconheceram, mas muito precisava ser feito, aprendido e descoberto, para que finalmente ambas estivessem prontas.
E quando Delphine achou que esse momento havia finalmente chegado, sua amada foi tirada dela mais uma vez. Toda a espera, toda a esperança e a luta de gerações de mulheres pareceram perder a sua importância. Ela realmente pensou em desistir. Porém, algo a impediu de fazê-lo. Teria sido a sua missão? Sua dívida com a sua mãe e as demais irmãs que deram suas vidas para que ela permanecesse e tivesse condições de lutar por elas? Certamente tudo isso pesava em seu coração, mas acima de tudo estava à certeza nas palavras proferidas por sua mãe assim que a lançou naquela desoladora maldição. Sabia que Manu não a castigaria daquela maneira se não houvesse uma maneira de escapar... De por fim a sua agonia. E essa certeza, que por vezes vacilou, estava mais forte que nunca naquele momento.
Os cascos da égua atingiram o caminho de pedras fazendo um alto barulho que chamou a atenção das guardas e demais funcionários da Fundação que trabalhavam ou treinavam nos arredores do castelo. Ela ignorava os gestos de saudação que eram lançados para ela, pois todo o seu foco estava em saber de onde vinha aquela energia, aquela certeza inumana de que sua amada estava viva. E essa constatação se tornou ainda mais intensa assim que freou o galope e saltou de sua montaria aos pés da entrada principal.
Subiu os degraus saltando vários deles e antes mesmo de mergulhar no interior daquela imponente construção a ouviu. Parou de súbito e se permitiu ser presenteada pela voz dela.
- Não Siobhan... Não posso mais me esconder.
- Mas ainda não é tempo! – A mulher a repreendeu com bastante intensidade e antes que pudesse continuar com sua argumentação parou assustada, com o olhar alternando entre a jovem diante de si e algum ponto atrás dessa.
- Cosima? – A voz baixa e tremula de Delphine fez com que a morena estremecesse e fechasse os olhos. Ela estava bem ali, atrás dela e a via. Certamente a influência de Manu na mente dela havia sido encerrada também.
Teve a certeza de que, assim que se virasse para ela não haveria mais volta. Agora sabia quem aquela impressionante mulher era, assim como também sabia e, mais, aceitava quem ela mesma era e o seu papel. Hesitou por mais alguns instantes, se permitindo sentir aquela deliciosa ansiedade, mas não foi mais capaz de evitar o olhar dela nem mais um instante. Virou-se.
Novamente e definitivamente seus olhos se (re) encontraram e suas almas se reconheceram.
Nenhuma das duas foi capaz de dizer uma palavra se quer tamanha a emoção que partilhavam e emanavam, fazendo com que as pessoas que estavam ali naquele momento fossem capturadas pela emoção extrema que aquelas duas mulheres lhes proporcionavam.
Delphine não sabia se ria ou se chorava. Deixou suas dúvidas e desconfianças momentaneamente de lado, pois o que mais queria era simplesmente existir naquele momento perfeito. Todo o seu corpo tremia e parecia que uma dor urgente crescia em seu peito. A urgência em tocar Cosima mais uma vez.
Deu o primeiro passo temeroso em direção a ela. E esse temor devia-se ao absurdo que representava ela estar ali, parada a poucos metros dela. Como era possível? Mas se havia algo que poderia definir a Ordem era o impossível.
Cosima não conseguia conter o sorriso que iluminava seu rosto e as lágrimas que caiam de seus olhos fugindo ao seu controle. Era bom demais experimentar aquela ansiedade e tudo o que mais queria era jogar-se nos braços de Delphine e isso estava na iminência de acontecer, pois a loira finalmente veio em sua direção e a morena só pode espera-la de braços, coração e alma abertos.
À medida que Delphine se aproximava o coração de Cosima batia cada vez mais acelerado e a alegria ia tomando conta de cada pedacinho seu. O calor emanado pela loira assim como seu perfume chegaram poucos instantes antes dela, contudo ela parou a poucos centímetros e analisou cada detalhe do rosto da morena que a viu erguer a mão e só então percebeu o quanto ela estava afetada pelo que estava acontecendo.
Como se quisesse se certificar de que aquilo não passava de mais de uma ilusão que frustraria ainda mais seu pobre e sofrido ser esticou lentamente seus longos dedos e a pequena descarga elétrica que sacudiu ambos os corpos antes mesmo do toque quase imperceptível foi à gota final para que toda a emoção represada no peito de Delphine transbordasse e para o estarrecimento de todas, inclusive de Manu e Helena que acabaram de chegar, Delphine arriou diante de Cosima e recostou sua testa nas pernas dela enquanto um doloroso choro lhe fazia tremer.
Em total devoção, Delphine subiu suas mãos pelas panturrilhas de Cosima e lá se sustentaram, como se delas dependesse a sua vida. Foi impossível para qualquer uma que estivesse testemunhando aquela cena não se comover e lágrimas caíram assim que Cosima baixou-se para tomar a sua amada nos braços.
Com delicadeza e ternura, lhe tocou o queixo, demandando que ela erguesse a cabeça.
- Oi meu amor... – Disse baixinho, causando um tremor mais intenso dela que se perdia mergulhando nos olhos da morena.
- Você está mesmo aqui? – Questionou com um filete de voz ainda mal acreditando no que estava acontecendo.
- Sempre estive com você, meu amor. – E essa foi à frase derradeira. Aquela que bastou para afastar toda a dor, toda a espera, toda a luta, todos os sacrifícios feitos e, como se correntes invisíveis fossem partidas, Delphine lançou-se para receber Cosima em seus braços.
E naquele abraço se perderam.
Ignorando tudo e todos ao seu redor. Apenas a presença da outra bastava para que pudessem ser plenas e na plenitude do amor que sentiam, eram fortes.
Ambas choravam copiosamente num abraço desesperado, ansioso e até mesmo um pouco desajeitado devido à posição em que se encontravam, o que as obrigou a sentarem no chão. Uma de frente para a outra.
- Por favor... Voltem as suas funções. – Siobhan tratou de providenciar que as duas pudessem ter um pouco de privacidade e a voz dela fez com que o breve encanto que envolveu as duas se desfizesse, fazendo com que Delphine erguesse a cabeça e encarasse a sua irmã que estava a alguns metros mais atrás.
- Por favor, meu amor... – Cosima a chamou assim que percebeu a dureza se formar na face de sua amada. Recebeu apenas uma rápida olhada de canto de olho, mas Delphine optou por se desvencilhar dos braços da morena que tentou inutilmente contê-la.
Ambas se ergueram e Delphine olhava fixamente para S que tentava manter a sua usual firmeza, mas que por dentro estava temendo o pior. Ela, assim como Helena sabia o quão imprevisível e intempestiva a sua Mestra poderia ser, e o quão perigoso isso seria caso ela perdesse o controle.
Siobhan procurava resignar-se e se apoiar na máxima de que havia feito o que fez por um bem maior e de que estava disposta a pagar o preço que fosse preciso por suas ações.
- Delphine? – Cosima insistiu e foi seguida por Manu e Helena que também tentaram chamar seu nome em vão. Ela continuou caminhando em direção a S com o mais duro e cruel dos olhares, mas parou a poucos passos dela e, quebrando uma das suas promessas mais sagradas, mergulhou na mente dela, buscando em cada recanto a compreensão do que tudo aquilo significava. E encontrou.
Como se um filme passasse em sua mente viu a conversa entre S e Genevieve... Shay sendo convencida a juntar-se aquela farsa, até mesmo Sally. Imagens do Milah sendo confeccionado, o transporte de Cosima... Helena ao lado dela... A sacerdotisa salvando a vida de Cosima assim como fizera com ela mesma. E viu também... Manu! Virou-se em direção a menina arregalando os olhos para o impressionante feito que aquela pequena criatura havia conseguido.
Cambaleou levemente diante do plano brilhantemente engendrado por Siobhan e voltou sua atenção para ela. O olhar firme, o maxilar travado, os lábios retos e a respiração levemente descompassada. Foi a vez de S cambalear e recuar visivelmente assustada e quando Delphine venceu os últimos passos que as separavam, a ruiva segurou o ar, certa da rebordosa que viria a seguir e tal tensão a levou a fechar os olhos e ser completamente surpreendida com o que aconteceu.
Estarrecida e completamente comovida, acolheu Delphine em seus braços num abraço entregue.
- Obrigada! – Ela disse bem próxima ao ouvido de Siobhan que não teve a menor condição de dizer nada. – Obrigada a todas vocês... – Virou-se para Helena que já estava bem próxima a elas, pois havia ido até lá também temendo a reação de sua amiga. E teve sua mão segurada por ela. – Cuidaram, protegeram... Mantiveram segura a minha amada Cosima. – Olhou ternamente para Cosima que tinha Manu agarrada a suas pernas.
- Nós precisamos fazer isso Delphine... Para que Cosima pudesse saber de tudo. – Helena, sendo direta como sempre.
- Como assim tudo? – A loira arregalou os enormes olhos verdes brilhantes e encarou a todas.
- Tudinho Del... A Cos sabe de tudo sobre a Ordem... Sobre você ter tido vários nomes... – Manu contava nos dedinhos a que se referia. – Se bem que eu não sei muito bem porque você fez isso. – E fez uma careta encantadora e que arrancou risos de todas elas.
- Isso mesmo meu amor. Eu sei de tudo. – Cosima disse com firmeza. – Sei de seus diários... Li um pouco deles, confesso e também li... Os pergaminhos secretos da Ordem.
Foi a vez de Delphine ficar sem fala. Sempre esperou por esse exato momento e ele finalmente estava acontecendo. Sua amada lhe reencontrando e lhe reconhecendo como a outra metade daquela secular profecia.
- Bom... – Siobhan pigarreou, buscando sua voz. – Eu acredito que vocês tem muito o que conversar, e a sós. Venha Manu! – Esticou a mão para a menina que fez um biquinho em protesto a ordem que recebera e só foi depois que Cosima prometeu que a levaria para passear junto com Delphine.
Aos poucos todas foram seguindo seus caminhos até mesmo Helena que saiu guiando Manu e assim que passou por Delphine lhe tocou o braço e sorriu levemente. Com um suave aceno de cabeça, cumprimentou Cosima e seguiu junto a Siobhan.
- Vem comigo! – Cosima segurou a mão de Delphine que ainda estava anestesiada com tudo o que estava acontecendo e se permitiu ser levada até o quarto dela. Parecia que estava flutuando, tamanha era a sua felicidade e tudo o que conseguia pensar era na deliciosa sensação do toque da pele macia e quente de sua amada. Subiu os degraus atrás dela e admirou a beleza natural da mulher que tanto amava, atentou-se um pouco em suas curvas, no balançar dos cabelos bagunçados e na leveza das roupas que usava. Um movimento mais brusco revelou a bandagem que envolvia o abdômen dela e sentiu uma pontada em seu coração.
Tudo aquilo havia realmente acontecido. O que viu na mente de Siobhan voltou a lhe assombrar. Por mais de uma vez Cosima esteve entre a vida e a morte. Precisou ser trazida de volta repetidas vezes. Por Shay ainda na mesa de cirurgia, reanimada no jato que a levou para Dublin e finalmente pela Sacerdotisa que precisou lançar mão de todo o seu conhecimento para reanima-la.
Sim, quase a perdeu de verdade e aquela constatação a fez estremecer e apertar a mão de Cosima com suas duas mãos. Recebeu em troca um significativo sorriso e apressaram o passo, partilhando a urgência que tinham uma da outra.
Com certa violência, Cosima abriu a porta do quarto e puxou Delphine para dentro dele, fechando a porta atrás delas. Ficaram paradas uma de frente para outra se olhando numa verdadeira contemplação que beirava a adoração mais espontânea, como se estivessem diante daquilo que mais buscaram em suas vidas e de todas as maneiras possíveis, era exatamente isso o que uma representava para a outra. Suas respirações ofegantes nada tinham a ver com a subida apressada dos degraus. Era o descompasso de seus corações que transbordavam de felicidade.
O que seus olhares refletiam era o mais puro e verdadeiro amor, aquele que as impelia... Aquele capaz de vencer qualquer obstáculo... Aquele poderoso e avassalador sentimento que seria capaz de quebrar maldições e realizar profecias.
- Me desculpe...
- Senti tanto a sua falta... – Ambas se atropelaram nas falas, tamanha era a ansiedade que partilhavam. Riram uma da outra e Cosima fez menção a tomar a palavra, mas com um gesto delicado Delphine levou dois dedos a boca da morena, pedindo que ela esperasse um pouco, pois era ela quem gostaria de falar. – Cos... – Desviou os olhos para as mãos dela que buscou com as suas e depois tornou a encará-la. – Queria lhe pedir perdão... – E antes que Cosima protestasse, ela continuou. – Por ter escondido tantas coisas de você... Sobre a Ordem... Sobre mim. – A olhou de baixo para cima, com a cabeça levemente inclinada.
- Del... – Desobedeceu ao pedido da loira em permanecer em silêncio. – Não me deves desculpa alguma. Se tem alguém aqui que precisa pedir perdão sou eu. – A loira arregalou os olhos em dúvida. – Peço perdão por ter demorado tanto... – Ergueu as mãos entrelaçadas e depositou leves beijos nas de Delphine que literalmente se arrepiou por inteira. – Demorado em perceber e aceitar quem eu realmente era, quem eu realmente sou e... – Lágrimas escorreram da face da loira. – Por ter demorado em retornar pra você!
Delphine sorriu e chorou ao mesmo tempo. Cada dia, cada hora e cada segundo de espera finalmente valeram a pena. E por mais que tivesse sonhado com esse momento, nada a preparou para a enxurrada de sensações que experimentou naquele instante. E, sem mais suportar esperar, envolveu Cosima com seus braços a ergueu do chão rodopiando com ela em um abraço devotado entregue e quando pararam o pequeno giro e após um intenso olhar, se perderam num beijo que não havia como ser descrito, apenas sentido.
Era reencontro... Era entrega... Era promessa... Era amor!
Assim como suas almas se buscaram, seus corpos logo seguiram e cederam as mais alucinantes sensações e responderam ao calor daquele beijo e ao atrito de suas peles quase instintivamente suas mãos percorreram caminhos já conhecidos, mas saudosos e o desejo as consumiu por inteiro.
De volta, com os pés tocando o chão, Cosima as conduziu até a mesa de estudos e só pararam quando as coxas de Delphine toparam contra a madeira. A loira tentou mudar as posições delas, mas obteve a resistência de sua amada. Lhe lançou um olhar curioso e recebeu em troca um levantar de sobrancelha provocador, mas não conseguiu manter os olhos abertos, pois as alucinantes sensações causadas pelas mãos de Cosima que lhe apertavam as coxas não permitiram.
Sem reserva alguma, a morena puxou a blusa de seda cor de perola que a outra vestia a fim de desensaca-la da justíssima calça de montaria que ela vestia. A loira tentou abrir os botões, mas foi novamente impedida de tomar as rédeas. Teve seus braços segurados e abertos e voltou a receber o mesmo olhar carregado de desafio e impertinência. Sorriu deliciosamente e assistiu a torturante lentidão com que sua amada desabotoava cada um deles. Até que revelasse o delicado sutiã preto que ela vestia.
Desceu os dedos a partir do pescoço dela mal deixando sua pele tocar na dela e com extrema satisfação viu o efeito que causou ao perceber o arrepiar dos bicos dos seios de Delphine por sob o tecido preto. Quase agradeceu as deusas pelo fecho daquela peça ser ali na frente e com um olhar atrevido o abriu, levando a loira a buscar o ar com mais dificuldade.
Mas aquele não seria o “pior” momento de tortura, pois logo em seguida a morena enfiou suas mãos por baixo do sutiã e encheu-as com os macios e firmes seios dela. Delphine literalmente urrou, mas não teve tempo de se recuperar e gem*u quase em suplica quando percebeu que a morena se abaixava deixando claro qual era a sua intenção. Delphine engoliu em seco e estremeceu assim que o botão de sua calça foi solto.
- Vocês estão demorando muito! – A porta do quarto foi bruscamente aberta causando um tremendo susto em ambas. Num movimento desajeitado, Cosima afastou-se de Delphine e fingiu procurar alguma coisa no chão enquanto a loira virou de costas tentando, sem muito sucesso, fechar suas roupas. – Tá tudo bem com vocês? – Manu questionou, com ambas as mãos na cintura, parada no meio do quarto.
- Manu?... O que... Você está fazendo aqui? – Delphine tentou recriminar a criança, mas o atropelar de suas palavras não atribuía a severidade necessária que aquela repreensão deveria ter.
- Eu não tava me aguentando de esperar! – A menina respondeu. – O que você perdeu Cos? – Caminhou em direção a morena. – Vocês fizeram as pazes não é? Del, você me perdoa por ter escondido a Cosima de você? – A ansiedade infantil mostrava que a menina estava nervosa e que, aparentemente, não havia conseguido perceber ou compreender o que ela quase flagrou.
- Sim Manu... Nós fizemos as pazes. Ou quase isso – Cosima se recuperou um pouco mais rápido que Delphine que ainda estava de costas, e quando virou-se para a menina revelou um tom rosado na face que a morena jamais havia visto e que ela achou encantador. – Mas eu gostaria de pedir um favor pra você, ok? – A menina anuiu positivamente com a cabeça. – Bata nas portas antes de entrar em um quarto, está bem?
- Mas é que esse é meu quarto também! – Levantou os ombrinhos e derrubou o argumento da mulher. Delphine teve de segurar o riso, mas foi infeliz em sua tentativa.
- Manu... Agora que a Cosima voltou, teremos de rever onde cada uma de nós vai dormir, está bem? – Delphine pareceu que havia de restabelecido do susto. A cara da menina não foi muito amigável e ela baixou os olhinhos e entrelaçou os dedos.
- Tudo bem Del... Mas só se você me prometer que não vai brigar comigo por eu ter escondido a Cosima. – Havia suplica na face da criança.
- Eu não poderia brigar com você por isso... – Abaixou-se diante de Manu e segurou o rosto dela. – Mas vamos precisar conversar sobre isso também. Não podes sair por ai mexendo assim com a mente das pessoas.
- Tá... Eu prometo... Mas é tão legal... – Um olhar duro de Delphine fez com que a pequena baixasse os olhos novamente. – Tá certo Del...
- Manu, sabe o que eu gostaria agora? – Cosima interveio.
- De quê?
- De um pedaço daquele bolo incrível com sorvete! – Cosima piscou um dos olhos para ela.
- Isso! Vamos logo antes que acabem... – Puxou Cosima pela mão. – Você também quer Del?
-Podem ir na frente... Desço já. – Sorriu e assistiu as duas saindo do quarto, mas antes que a porta fosse fechada, Cosima colocou a cabeça ali e cochichou algo para ela.
- Abotoe direito a blusa antes de descer. – E sorriu deliciada com a cara que Delphine fez ao perceber que a pressa a levou a trocar as casas dos botões de sua blusa.
A loira ouviu a gargalhada de Cosima se afastar e percebeu o quanto aquele som lhe fazia bem. Enquanto corrigia o erro em sua roupa, pensou finalmente no que a “volta” de sua amada poderia representar e de que, ela ainda corria bastante perigo. E era justamente por isso que compreendia o plano de Siobhan em mantê-la em segredo. Certamente precisaria fazer o mesmo e pensar em como deveria usar aquele fato a seu favor e da Ordem. Batidas na porta a trouxeram de volta.
- Pode entrar! – Respondeu após verificar que estava tudo certo com suas roupas.
- Delphine... – Siobhan entrou no quarto. – Você viu a Manu?
- Vi sim... Ela acabou de sair daqui com a Cosima.
- Essa menina é impossível. – Revirou os olhos e ambas riram, mas também partilharam de certa preocupação.
- Quem é ela S? – Repetiu mais uma vez aquela questão que já fizera tantas vezes a si e a ela. A ruiva negou com um aceno de cabeça e um profundo suspiro. – Você tem noção do que ela conseguiu fazer comigo?
- Sei exatamente qual o seu medo. Mas, alguém já conseguiu algo assim com você, certo?
- Não Siobhan. Ninguém é forte o suficiente para isso. Nem minha mãe, nem o próprio Lamartine. Bom... Quando eu era bem pequena, a Manu conseguia me conter... Mas a medida que eu cresci ela não conseguiu mais controlar minha mente. O mesmo com aquele cretino, embora ele também conseguia me afetar quando era criança. Mas tudo isso foi antes da maldição. Quando eu ainda não tinha todos esses dons. – A ruiva arregalou os olhos e deixou sua boca entreabrir em total estarrecimento com aquela confissão.
- Mais do que nunca precisamos saber quem ela é... – S ponderou.
- Sim... Mas também precisamos treiná-la e... Protegê-la. – Delphine ergueu os olhos e os focou em Siobhan. – E o Martelo não pode saber dela... Pelo menos enquanto ela não conseguir se controlar...
- Estou aguardando informações da Turquia, para saber mais dela. – A ruiva anunciou. – Se foi lá onde a encontramos, devemos partir desse ponto. – Delphine concordou com um aceno de cabeça, mas depois ficou pensativa e a expressão tensa no rosto da loira preocupou S. – O que foi?
- Existe uma outra maneira de sabermos mais sobre ela... – A encarou fixamente.
- O que você quer dizer? – Havia uma forte tensão no ar.
- Eu poderia entrar na mente dela... Em seu subconsciente... Mas isso poderia ser perigoso para nós duas... – S ficou chocada com aquela informação.
- Perigoso para você que agora é quase mortal, certo? – A loira não precisou responder. – Calma... Vamos tentar os caminhos mais convencionais. Pelo menos por enquanto. – Siobhan sorriu, na tentativa de tranquilizar Delphine.
- Mas... – Empertigou-se. – Sobre a Cosima... – S ficou alerta e ainda mais atenta. – Precisamos mantê-la escondida ainda... – Caminhou pelo quarto enquanto pensava em algo. – E eu tenho que descobrir agora como usar esse fato a nosso favor. Ela agora sabe quem é. – Seus olhos verdes brilharam assim como ela também, causando uma enorme admiração em S. – Vocês fizeram um excelente trabalho.
- Você entendeu a necessidade não foi Del? Agradeça a Sra Niehaus e a Srta Davydov. Sem elas nada disso teria sido possível.
-Como vocês conseguiram convencer a Sally? – Exasperou-se. – O que você contou a ela?
- Não muito. Apenas o suficiente acerca da Ordem e dos inimigos que temos e de como eles pretendiam atingir você através de Cosima e justamente por isso deveríamos mantê-la em segurança por um tempo. Até que as coisas esfriassem.
- E ela aceitou assim tão facilmente?
- Não exatamente... – S titubeou em toda a sua segurança. – Prometi a ela que você lhe contaria tudo quando chegasse a hora. – Foi baixando o tom de voz, temendo a reação de sua Mestra. Delphine abriu a boca algumas vezes, mas não disse nada. Resignou-se com as escolhas feitas por S num momento de extrema tensão.
- E a Shay?
- Basicamente o mesmo, embora ela tenha sido mais resistente. Contudo... – Analisou a expressão da loira. – Os sentimentos dela por Cosima falaram mais alto. – Delphine arregalou os olhos. – Para ela bastou saber que Cosima ficaria bem e protegida.
- Entendo... – Baixou a cabeça.
- Mas nada nem ninguém foi tão difícil quanto a Helena! – S bufou após aquela informação. – Você sabe que ela é muito cabeça dura. – Delphine sorriu sentindo-se intimamente querida e protegida por sua amiga, a quem dedicava um carinho imenso. – Ela sempre achou desumano o que estávamos fazendo com você. Mas no final, a Stella conseguiu convencê-la.
- Então todas estavam envolvidas não é mesmo? – Cruzou os braços.
- Foi preciso Delphine!
- Sim, eu entendo... Eu sei minha amiga! – Repousou a mão sobre o ombro dela e o apertou levemente. – E sempre lhe serei extremamente grata. Por tê-la mantido em segurança e... Acima de tudo com vida. – Suspirou profundamente. – Além de ter mostrado tudo a ela.
- Mas não fui eu! Não fazia ideia de como fazê-lo sem assustá-la.
- Já sei... Manu! – Delphine disse já sabendo a resposta.
- Essa garota ainda nem faz parte da Ordem e já devemos tanto a ela... – S disse de forma divertida.
- Quem sabe ela também me ajude a descobrir como por um fim definitivo a essa maldição.
- As respostas que você busca estão aqui... – S tocou o peito de sua Mestra. – E aqui. – Fez o mesmo com a testa dela. A loira a encarou, mas de fato não a estava enxergando, pois algo havia lhe ocorrido.
- Obrigada S! – A abraçou mais uma vez, certa do que precisava fazer. – Peça que preparem o meu avião. Viajarei em breve! – Sorriu largamente e aquele sorriso iluminou todo o quarto que já mostrava indícios da noite que caia. Siobhan a contemplou e percebeu que jamais havia visto a sua Mestra daquela maneira. Lindamente radiante.
______
A grande e farta mesa de jantar estava pronta e nela Siobhan, Helena, Manu e Cosima já estavam sentadas, mas esperavam por mais alguém.
- Alguém sabe onde a Delphine está? Eu estou faminta! – A espontaneidade de Manu divertiu a todas, mas de fato Cosima estava intrigada, pois não a via desde a tarde quando quase foram flagradas pela menina. Sempre que lembrava daquela cena ria um pouco ruborizada da situação.
- Manu... A Delphine precisou se ocupar um pouco. – Olhou rapidamente para Cosima, mas desviou o olhar e focou na menina. – Então podemos jantar.
Cosima ficou olhando Siobhan por alguns instantes enquanto ela servia o prato de Manu e se perguntava o que ela estava escondendo. De fato estava um pouco incomodada com o breve sumiço de sua amada. Achava que assim que descobrisse que ela estava viva, não iria querer ficar longe dela. Mas sabia que, antes dela ser a mulher da sua vida, ela era a líder de uma das maiores organizações secretas do mundo e certamente tinha coisas importantes que demandavam a atenção.
- Eu vou querer o mesmo que a Cosima. – Manu valeu-se de seu gênio tão somente para provocar Siobhan.
- Tudo bem S... Venha Manu, esses legumes cozidos estão deliciosos. – Piscou um dos olhos para a ruiva e a menina começou a se arrepender da breve provocação que iniciou.
- Finalmente! – Manu ficou de pé na cadeira e saldou a chegada de Delphine.
- Me esperavam para o jantar? – Aproximou-se de Cosima e depositou um leve beijo nos lábios dela e outro na testa de Manu.
- Onde a Srta estava hein? – A pequena a questionou e Delphine respondeu com uma erguida de sobrancelha, diante da ousadia de uma criatura tão pequena. Aquele olhar atingiu seu objetivo e intimidou a criança que sentou-se de imediato.
- Eu precisava fazer um negocio muito importante antes de qualquer coisa. – Disse com certo ar misterioso e se dirigiu até a cabeceira da mesa, onde era o seu lugar. Helena e Siobhan trocaram olhares curiosos e nem mesmo a mulher mais velha sabia exatamente o que sua Mestra estava planejando.
- Fiz o que me pediu Delphine. – S anunciou, atraindo o olhar de todas.
- Muito bem minhas irmãs... – Ficou de pé, anunciando que o que estava prestes a dizer era de extrema importância. – Eu queria agradecer pelo esforço de todas vocês em proteger a minha amada Cosima... – Olhou ternamente para a morena que sentiu a emoção lhe atingir. – E com ela, vocês protegeram o legado da Ordem. Os sacrifícios daquelas que vieram antes de nós e a possibilidade das gerações futuras. – Fixou seu olhar em Manu que estufou o peito orgulhosa com a mensagem implícita no que fora dito. Estamos nos aproximando de um momento crucial em nossa existência e hoje, mais do que nunca, as palavras de Manu... Da grande Emanuelle Chermont – Corrigiu-se com um sorriso de canto de boca. – O que nos une é justamente o mais puro e nobre dos sentimentos. – Respirou fundo, fechou os olhos e quando os abriu olhava diretamente para Cosima. – O que nos une... – Contornou a mesa e caminhou resoluta e repleta de esperança em direção a ela... – É o... Amor. – Parou diante da morena e para o espanto de todas as presentes, ajoelhou-se diante dela.
- Delphine... – Cosima calou-se após um gesto delicado.
- Cosima Niehaus... – Tomou a mão dela entre as suas. – Você desejaria se unir a mim perante as nossas irmãs e perante as deusas? – A morena pode sentir seu coração vibrar em cada pedacinho do seu corpo e imediatamente percebeu o que Delphine pretendia e entendeu que a resposta para um dos mais antigos mistérios da Ordem era algo tão simples e puro. E teve a certeza do que deveria fazer.
- Sim... Eu aceito.
Fim do capítulo
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Karla Medeiros
Em: 18/11/2018
Ai ai ai .... Sem palavras....
Querida autora,tocada,emocionada e simplesmente maravilhada com esse reencontro,tadinha da del rsrs...
Que a semana passe rapidinho e que o domingo chegue brevemente,com mais um capítulo... Bjs bjs bjs
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