Capítulo 7
Valentina saiu da casa de Mel pensativa, a mulher estava diferente, não só esteticamente falando, ela parecia mais leve e de certa forma mais encantadora. O que será que estava acontecendo? E que conversa de namorada foi aquela? Será que o interesse nela realmente existia...
Olivia achou que passaria o dia de bobeira em casa, mas Rafaela saiu para almoçar e retornou com o irmão da sua melhor amiga. Como estava chovendo resolveram passar o resto do domingo por ali mesmo, assistindo filmes.
– Então, pipoca e filme?
– Espera, temos uma convidada atrasada.
– Quem vocês chamaram? Não vão me dizer que foi a Tina!?
– Sim! Algum problema?
– A tapada está a caminho, não é?
– Liv, não precisa chamar minha irmã pelo nome assim. – sorriu, motivando as meninas a fazerem o mesmo. – Falei pra Rafa não ligar, ela tinha um compromisso hoje e não queria atrapalhar. Mas você conhece sua prima.
– O que a Tina teria de tão importante para fazer em um domingo chuvoso, gente? – Claudio e Olivia se olharam e pensaram a mesma coisa, não tinham motivos para dizerem a Rafaela onde Valentina estava. – Ninguém vai falar nada? – o interfone tocou e ela disse animada – Salvos pelo gongo – saiu correndo para liberar a entrada da médica no prédio, e correu para a porta.
Valentina entrou sorridente e Rafa se jogou em seus braços. No outro canto da sala estavam Olivia e Claudio de braços cruzados, o segundo balançou a cabeça em reprovação. Não entendendo a cara deles, perguntou:
– O que houve aqui?
– Nada! Eles fizeram essa cara feia desde que falei que você estava a caminho daqui. – segurou a mão da outra puxando – Senta aqui, estávamos escolhendo o filme, até eles ficarem com essas caras.
– Valentina, você não tinha um compromisso hoje?
– Sim, estava lá quando a Rafa ligou.
– Entendi, minha prima ligou e você veio ao socorro dela!
– Não estou gostando do seu tom, Liv, tá com algum problema? Quer me dizer algo?
– Deixa ela, tá pensando que vou roubar a amiga dela. Relaxa priminha, isso não vai acontecer, ou melhor, se a Tina quiser, eu topo – piscou para Valentina mordendo os lábios.
– Vocês estão bem estranhos hoje, licença. – seguiu para o banheiro, lavou o rosto e ficou alguns minutos olhando para o espelho e repassando as conversas que teve com seu irmão no dia anterior, e com Melissa mais cedo, sobre Rafaela.
Quando saiu aproveitou que seu irmão já estava no mesmo sofá que Rafa, e deitou no colo da amiga, dizendo baixinho: – preciso conversar com você!
– Agora?
– Não, janta comigo hoje, daí conversamos, pode ser?
– Tudo bem!
O filme começou, e Olivia ficou enrolando os pequenos cachos de Tina nos dedos. O que ela queria conversar, será que enfim Melissa conseguiu dar ao menos um beijo nela? Sorriu com esse pensamento e voltou sua atenção para a TV, não que gostasse de animações como Os Incríveis 2, mas a prima e o irmão da amiga o tinham escolhido e não tinha porquê brigar por isso.
Na metade do filme Valentina acabou adormecendo, suas noites mal dormidas durante a semana estavam pesando. Deu graças a Deus por estar de folga esse final de semana, assim poderia descansar. Coisa que não conseguiu fazer, já que passou pouquíssimo tempo em sua casa.
– Ei, acorda!
– Me deixa dormir só mais um pouquinho... – tirou a mão da amiga do seu rosto – só mais cinco minutinhos.
– Que vozinha mais fofa! – brincou com Tina – Agora é sério, acorda. Tá tarde já, temos um jantar, esqueceu?
Abriu os olhos resmungando: – Já acabou o filme? Deveriam proibir filmes com menos de duas horas e meia de duração.
– Quando a senhorita abrir uma produtora faça contratos desse tipo. Agora vamos, levanta. Ou então vai sair de cara amassada.
– Vamos mesmo? – perguntou desanimada.
– Claro! Já fiz reserva e tudo mais. Levanta mulher.
– Tá, tá! – levantou desanimada, passando a mão no cabelo – Cadê suas visitas?
– Fiz a Rafaela ir levar o Claudio. Assim ela não inventa de ir conosco. Imagino que seja uma conversa apenas entre nós.
Balançou a cabeça em sinal afirmativo, foi ao banheiro lavar o rosto, e tentar dar um jeito no cabelo. Quando voltou a amiga já estava com a porta aberta.
– Que demora, assim chegaremos lá as 22h.
– Exagerada – beijou o rosto dela, e saíram de braços dados.
No caminho até o restaurante foram escutando e cantando músicas de Nando Reis, cantor favorito de Valentina. Como tinha acabado de acordar, pediu para que a amiga fosse dirigindo. Ficou surpresa ao vê-la entrar na rua do restaurante da família de Melissa, não conseguindo disfarçar a surpresa, perguntou:
– Falou com a Mel hoje?
– Não! O que é um verdadeiro milagre, já que no final de semana ela fica pegando no meu pé pra não sair da dieta.
– Entendi. Ao menos até eu dormir você não estava comendo pipoca com leite condensado, já é um avanço.
– Cara, para vai. Eu sou controlada. Tenho que perder 5kg pra atingir minha meta final, e farei isso!
No restaurante foram recebidos por Silvana, que Tina fez questão de apresentar a Olivia. Ela indicou a mesa delas e seguiu para a recepção.
– Você conhece a família toda?
– Sim! Se tivesse ido ao aniversário dela, teria conhecido também.
– Boa noite, senhoras! Tudo bem Tina? – deu dois beijinhos no rosto da médica, que foram retribuídos.
– Oi Moni, essa é Olivia, minha amiga e da sua irmã também! – sorriu.
– Ahh, a famosa ginecologista. – beijou o rosto da outra – É um prazer conhece-la. Fiquem a vontade, licença.
– Gente, mas essa mulher é linda! – Tina a olhou surpresa – Para vai, não me olha assim. Não que a Mel não seja linda, mas a Moni tem um rosto angelical e muito fofo. É a cara da mãe, só tem mulher bonita nessa família. – Gargalhou – Se eu gostasse de mulher, com certeza faria promessa para os pais da Mel virarem meus sogros.
– Besta – deu um tapinha no braço da amiga.
Durante o jantar Valentina contou a amiga tudo o que aconteceu com ela nos últimos dias, inclusive a conversa que teve com o irmão sobre Rafaela, e a insistência de Melissa em saber se elas tinham um relacionamento. Liv escutou tudo atentamente, e só quando viu a amiga apoiar as costas na cadeira, comentou:
– Sabe que todo mundo pensa como seu irmão, não é! Apenas não falamos.
– Vai me dizer que você pensa a mesma coisa?
– Claro! Inclusive, sempre que me perguntam, eu mando perguntarem a uma de vocês duas.
– Não tenho nada com a Rafa, somos apenas boas amigas. Além do mais, ela tá tentando voltar com a ex.
– Qual? A que ela mandou partir a mil há meses, – gargalhou – você precisa se atualizar.
– Eu não. Estou muito bem assim, sem falar que não estou pronta para relacionamentos no momento.
– Você já tentou? É sério. Já chega desse luto, não é porque alguém que você amava morreu no dia que você se declarou pra ela, que isso vai acontecer novamente. – segurou a mão dela – Você é linda, independente e merece muito ser feliz. Deixa alguém entrar na sua vida, Tina.
– Cadê a minha amiga? Quem é você? – sorriu – Seu namorado lhe dobrou mesmo. Tá muito defensora do amor você.
– Quero ver você fazer essa brincadeirinha quando estiver por ai apaixonadinha.
– Isso é uma praga? – bateu na mesa – Que coisa mais feia, Dra.
– Você vai me entender melhor quando o cupido te flechar!
Estavam rindo quando Mel chegou a mesa: – Boa noite, meninas! Posso sentar com vocês?
– Claro, fica a vontade, prof. E então, como foi o almoço de vocês?
– Muito bom. A Tina é uma companhia incrível. Ah, e cozinha divinamente.
– A salada da Mel também é maravilhosa.
– Uma mulher nessa idade não saber cozinhar, é no mínimo vergonhoso. Com tantos cursos na internet, e você nem para aprender, hein. Dessa forma não conquista ninguém pelo estômago.
– Acho que não preciso saber cozinhar para conquistar alguém, – olhou para Tina e piscou – sua amiga acabou de dizer que minha salada é maravilhosa. Além do mais, eu tenho os meus dotes.
– Uau. Tá se garantindo bastante prof.
– É um bem necessário.
Valentina observava a conversa das duas sorrindo. Realmente, Melissa estava diferente, ou era ela que a estava enxergando dessa forma?
– Tina, – Olivia sacudiu seu braço – ei, terra chamando!
– Desculpa. Não ouvi.
– Percebi. Podemos dar uma carona pra Mel?
– Ah, claro. Já vamos?
– Sim. Eu preciso ver meu namorado ainda, ou então em breve serei como você, solteira – pronunciou a última palavra olhando para Mel, que estava de pernas cruzadas degustando seu vinho. – Quando a prof. terminar o vinho dela, nós vamos.
– Não tem necessidade. Eu levo!
– Vai sair com uma garrafa aberta na mão?
– Não, exagerada. Existem tampas para esses tipos de garrafas. Além do mais, não quero ser culpada se você ficar solteira. – recebeu um tapa de Olivia – Ai, que mão pesada. Ela pediu a tampa ao garçom e as meninas levantaram para fechar a conta. Logo estavam de volta, e seguiram as três para a casa do namorado de Olivia, onde ela passaria a noite.
Valentina parou o carro na porta de Mel, estava pronta para se despedir quando a professora perguntou:
– Entra comigo? Te preparo um café e me acompanha – mostrou a garrafa de vinho.
– Desculpa, mas é seguro aceitar um café preparado por você? – concluiu a frase sorrindo.
– Aceita, e em seguida me responderá essa pergunta.
Preferiu não rebater, sem falar que Melissa estava começando a deixa-la intrigada. Entraram e logo o café estava sendo servido.
– Olha, seu café é realmente muito bom, admito!
– Quanta honra, – falava colocando a taça sobre a mesa – é sempre difícil para todos conseguir um elogio seu, ou só comigo que é dessa forma?
– Te elogio sempre, para de brincadeira. – o olhar que recebeu de Mel a fez questionar: – Não? Achei que sim, me desculpe por essa falha.
– Tudo bem, – pôs a mão sobre a de Tina na tentativa de “acalmá-la” – já me acostumei, foram quase seis meses vendo você no mínimo duas vezes por semana, para que aceitasse um convite meu.
– Seis? – perguntou surpresa. – Mas tem só três meses que comecei a treinar contigo, no primeiro mês treinei com a Larissa, acho que é esse o nome dela.
– É esse sim, ela pediu para trocar de horário por conta do mestrado. E caso não lembre, te conheci antes de começar a dar aula a sua turma. Não me olha assim, vai dizer que não lembra da Liv ter apresentado a gente num barzinho?
– Bom, é, naquele dia, né... – envergonhada levou as mãos ao rosto – sinceramente, não lembro.
– Nossa! Estou admirada contigo. Nem de mim você lembra – gargalhou – e olha que você nem bebe para dizer que estava bêbada naquele dia. Não tem problema não lembrar, eu sou forte, vou superar esse trauma.
– Não conhecia esse seu lado humorista.
– A julgar pelas circunstancias, você não sabe muita coisa de mim. – olhou nos olhos da médica, ainda alisando sua mão – Mas posso te ajudar nesse quesito.
Valentina correspondeu ao olhar e se deixou viajar nas palavras de Melissa, olhando bem, a mulher a sua frente era muito sedutora, se o que ela queria era um momento apenas, estava investindo alto e pesado.
– Tudo bem, me tire apenas uma dúvida, como faria isso?
Sem que esperasse, Melissa tomou seus lábios de forma rápida, no início a médica não correspondeu ao beijo, mas logo se deixou levar com a mão da professora acariciando seu rosto. O beijo começou calmo, elas estavam com medo que em algum momento uma das duas o interrompesse, só não sabiam disso. Por alguns minutos elas apenas se deixaram levar por aquele momento. Quando o beijo terminou Mel encostou sua testa na de Tina, dizendo baixinho:
– Desculpa, mas eu precisava fazer isso!
Fim do capítulo
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Regoulart
Em: 29/11/2018
Autora, pelo amor da Deusa, não nos abandone! Não demora tanto pra voltar aqui e contar o que vai rolar depois desse beijo, pleeeeease!
Adorando a história e teu retorno <3
Resposta do autor:
Boa tarde, Re!
Desculpa a demora, final de ano é meio agitado, rs'. Tem cap novo já, acabei de atualizar.
Obrigada por acompanhar a história e me dizer o que está achando dela, até mais.
Bjs querida, se cuida.

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