• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • A garota favorita
  • Capítulo 10

Info

Membros ativos: 9525
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,495
Palavras: 51,977,381
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Azra

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Entrelinhas da Diferença
    Entrelinhas da Diferença
    Por MalluBlues
  • A CUIDADORA
    A CUIDADORA
    Por Solitudine

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • Amor
    Amor Platônico
    Por danshin
  • Nas brumas do Pico
    Nas brumas do Pico
    Por Nadine Helgenberger

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

A garota favorita por leoniramirez

Ver comentários: 1

Ver lista de capítulos

Palavras: 4914
Acessos: 1367   |  Postado em: 29/11/2018

Capítulo 10

Natal

Pov Enya

O mês de dezembro havia chegado. A cidade estava sobre o brilho das luzes, dos enfeites de Natal e de toda a harmonia e paz que essa data inspirava em tantos corações. Essa data sempre me deixava carregada de emoção e nostalgia também. Olhando para alacridade do dia que começava, passei a mão na cama sentindo falta do calor do corpo de Ingrid. Recordei-me que Analu nunca havia deitado ali, nunca tinha passado um Natal comigo, nem Ano Novo, dia dos namorados, meu Deus! Ela nunca tinha passado ao meu lado nenhuma data festiva, nem sequer dormido uma noite ao meu lado em seis anos de relacionamento. Ser amante era algo que sempre me incomodou, porque por mais que eu a amasse eu desejava uma família, alguém que eu pudesse contar para os dias de desafios, de tristeza, um ombro onde eu pudesse recostar a minha cabeça e sentir que tudo iria passar porque eu não estava sozinha. Essas coisas pequenas e que são tão valiosas, uma amante não tem. Se você ficar doente, sendo amante, não terá nunca a presença dela velando por você na cama fria de um hospital, não mesmo. Se for a sua formatura, uma noite de festa, ela talvez esteja, mas na postura de amiga e quiçá ao lado de sua esposa. O seu aniversário? A data mais importante da sua vida, ela também não estará por inteira, quem sabe encontre uma ou duas horas do dia para o sex*, nomeado de amor. Não existe cumplicidade numa relação onde você é amante, não tem parceria real e entrar na vida de alguém que já tem outra pessoa, talvez fosse um ato de desamor por si mesmo, eu entendia isso depois de ter conhecido Ingrid. E deitada, imersa numa nostalgia eu recordei-me que o Natal no Morro era alegre apesar de toda a dificuldade financeira que vivíamos. Minha mãe nunca me deixou sozinha na noite de Natal e sempre fazia rabanadas e acho que eram as melhores do Morro. O barraco onde morávamos era pequeno, dois quartos minúsculos, uma cozinha, sala e uma área menor ainda, onde minha mãe estendia as roupas. O pequeno espaço que havia no aglomerado de casas era usado para a noite natalina e os vizinhos se reuniam, depositando numa mesa grande os pratos que faziam para a ceia. O último natal que compartilhei com minha mãe e com Lizandra foi talvez o mais bonito de todos, apesar do medo que vez ou outra me assolava. Na favela aprendíamos a conviver com o medo, que era do bandido ou da polícia que vez ou outra invadia o Morro e suas armas faziam vítimas, muitas vezes inocentes. O espaço que era destinado a mesa estava rodeado de luzes pequenas e coloridas, uma árvore grande no canto em cima de uma mesa de madeira e por baixo dela, presentes!!! Lizandra fazia uma campanha um mês antes do Natal e todos os vizinhos que confraternizavam, compravam presentes para o amigo natalino, que era um pouco diferente do amigo oculto comum. O amigo natalino era assim, a pessoa ia pontuando como conheceu o amigo, em que situação ele o tinha ajudado e ia dando detalhes dos laços que os envolviam, até o amigo natalino se identificar, era um momento carregado de muita emoção e muitos choravam. Nesse natal eu chorei muito, Lizandra tinha me tirado como amiga natalina. Seu corpo lindo vestia uma calça jeans, uma blusa branca de meia manga e calçava um tênis azul marinho. Seu cabelo enrolado erguido para o alto da cabeça circulado por uma tira de pano colorida. Seus olhos grandes e cintilantes corriam por todas as pessoas enquanto ia falando sobre o que a unia ao seu amigo. Meu coração estava impregnado de emoção quando me identifiquei sendo a sua amiga. Foi o nosso último abraço de natal, no dia seguinte Lizandra seguiu para a casa de sua tia. Dois meses depois foi assassinada. Minha primeira perca e minha primeira dor, meu primeiro amor. Depois que minha mãe morreu eu vim morar com meu pai, que fez tudo para que eu sentisse o amor que ele devotava a mim. E eu que nunca o tinha visto, comecei a ama-lo no primeiro momento. Ele era um homem encantador. O último dia de natal que passei com meu pai, eu chorei muito e ele também chorou. Ele estava muito debilitado, o câncer era avassalador e não havia mais o que ser feito. E ele esperava por ela, a morte, em nossa casa. Eu estava quase ficando familiarizada com ela, sua voz me rondava numa cantiga fúnebre todos os dias que meus olhos cobriam os do meu pai. E eu recordava a minha mãe sangrando com uma bala nas costas, deitada em meu colo, lutando para me dizer que eu ia ficar bem, que ele, meu pai chegaria logo. Recordava-me de Lizandra sem vida, atingida por uma bala perdida e ainda assim eu que tinha que evitar a avalanche de lágrimas que me acometia cada vez que eu via meu pai à espera dela. Havia sido seu último natal comigo. Dois dias depois ele partia para sempre. Era sábado e eu estava ao seu lado, pensando em como seria difícil minha vida sem aquele homem. Os seus olhos estavam perdendo o brilho, o viço da vida. A chama da vida esvaía-se lentamente. E uma membrana esbranquiçada ia cobrindo aquele olhar antes tão brilhante. Sua voz era arrastada e fraca quando ele me chamou para um abraço, demorado.

   — Filha eu preciso confessar uma coisa antes de partir, nunca amei ninguém como amo você. Conheci sua mãe na noite e sei que você sabe de toda essa história, mas não sabe de um detalhe, eu me apaixonei por ela. – nesse instante, duas lágrimas molharam meu rosto sem que eu conseguisse impedir.

   — Eu me apaixonei por ela, mas o meu orgulho venceu a dor da saudade que eu sentia e a vergonha por ter sido fraco e me envolver emocionalmente com uma garota de programa e despareci. Mas nunca deixei de saber o paradeiro dela, deixei com ela um número caso ela estivesse precisando de alguma coisa. Sua mãe também era orgulhosa, assim como eu, talvez mais, - ele limpou uma lágrima. — Ela nunca me procurou para nada e escondeu de mim a sua vinda ao mundo, acho que temia que eu lhe tirasse dela. Somente quatorze anos depois, ela estava desesperada e me ligou. Disse que corria risco, que estava ameaçada de morte, mas que nada poderia ser feito. Falou de você, pediu que eu lhe protegesse. Nesse mesmo dia eu fui ao Morro, eu queria lhe conhecer e foi quando vi a cena, ela morta... – duas lágrimas rolaram pelo rosto dele, que parou um pouco, cansado e emocionado por recordações tão dolorosas. — Paguei um preço muito alto, meu amor, só eu sei o quanto me custou o orgulho que eu carregava aqui, - e ele apontou para o seu coração, que anunciava para a qualquer momento. — Enya... querida, foi ela que me deu você, a única luz para essa vida tão nublada, foi ela que me fez viver os melhores momentos, através da convivência com você, mesmo não sendo tão merecedor. Eu fiz tudo filha para conquistar o seu amor, porque o dela eu tinha sido covarde demais.

   — Pai... meu amor, eu te amo, muito... amei você no primeiro olhar...

   — Eu sei meu amor e isso é que me faz sentir mais em paz comigo. Enya assim como a sua mãe, eu também vou partir, não quero, mas preciso, meu corpo não aguenta mais. Ouça filha e grave o que vou lhe falar, nunca deixe que o dinheiro, que a fortuna que vou lhe deixar corrompa o que sua mãe lhe deu de melhor, que foi o aprendizado do valor do amor. Não deixe meu amor que a vaidade e o orgulho façam morada em seu coração e feito traça corroam o que você tem de mais bonito. Ame filha, se permita amar, ser feliz e lembre-se não levamos nada, quando a morte vem ao nosso encontro, nada que seja material, que seja feito do ouro; mas uma coisa nós levaremos, a paz e a alegria que tivemos e que proporcionamos aos outros. Seus olhos se fecharam lentamente, enquanto a sua voz ia sumindo. Ela havia chegado definitivamente, a morte, ela estava de novo na minha vida, me tirando mais um amor e num abraço o tinha tomado. Edson estava ali comigo e me abraçou. Eu experimentava mais uma vez a dor e chorei muito. Uma saudade me envolveu e eu beijei o rosto dele que logo estaria gelado. Falei do meu amor por ele, do quanto ele tinha sido importante para mim, ele sabia disso tudo, mas eu falei, eu precisava falar. Estava envolta numa completa nostalgia e chorava a saudade que me macerava quando Ingrid chegou.

   — O que houve meu amor?!... – ela indagou ao adentrar meu quarto. Estendi os braços para ela que veio e deitou-se ao meu lado, trazendo a minha cabeça ao seu peito e me acolheu num abraço carinhoso que dizia assim, eu estou aqui, estou com você. Isso não tinha preço e ser amante, eu nunca tive e nunca teria isso. Havia um preço, acho que tudo na vida tinha um preço, meu pai tinha me ensinado isso nos últimos anos, o preço de ser amante, era a solidão. Meu Deus era a solidão. Ali aquecida no amor e no aconchego do colo de Ingrid eu entendia isso. E entendia ainda mais, que era ela o amor que eu queria ter para sempre. Era com ela que eu queria viver, até que um dia, ela, a morte viesse nos visitar e eu pedi a Deus silenciosamente que demorasse muito. Fiquei ali naquele colo quentinho por mais algum tempo. As mãos macias de Ingrid tomaram meu rosto.

   — Por que está chorando?...

   — Recordações meu amor, nada demais, o Natal faz isso comigo, mas estou bem, agora com você. – ela beijou meus lábios e saiu. Eu levantei-me e fui tomar banho quando meu celular tocou, era um número estranho. Eu atendi e de imediato reconheci a voz de Analu pedindo que eu não desligasse.

   — Enya me perdoa, eu estava ensandecida. Está chegando o Natal e não quero adentrar esse dia sabendo que você está com raiva de mim, perdoa-me, por favor. Eu vou seguir meu caminho, quero que você seja feliz com ela. Eu amei você e ainda amo, mas desejo que seja feliz e que me perdoe, não abusei de você, não pense isso, por Deus. Eu estava desesperada e unida ao desespero de Suzane fiz coisa que nunca devia ter feito, sabe que não sou uma pessoa má.

Sua voz era embargada pelas lágrimas que ela impedia de verter. E ela finalizou:

   — Estou fora do Brasil, uma exposição com Marília, não sei quando volto, mas peço em nome do amor que me dedicou, um dia, que me perdoe.

   — Eu lhe perdoo, sei que estava desnorteada, lhe tenho carinho Analu, você foi muito importante na minha vida, eu nunca vou negar isso e desejo que seja feliz também. Adeus.

E desligamos. Um peso enorme tinha saído do meu coração que agora amava Ingrid, mas nunca teria condições de negar o amor que tinha nutrido por Analu. E eu sabia que do seu jeito, com todas as suas limitações, ela também tinha me amado. Eu estava em paz e desejava que ela ficasse. Tomei banho. A água morna ia descendo sobre meu corpo e me causando uma sensação benfazeja e agradeci por ter um chuveiro e por ter água morna e cantarolei uma canção natalina que minha mãe amava cantar nessa época. Ingrid me esperava na sala e saímos em direção ao restaurante. A decoração estava simplesmente perfeita, Audrey Ramos estava no Brasil tinha vindo passar o Natal com o seu noivo e encontrou um espaço na sua agenda tão disputada para o Sapporito, era o nome do restaurante. Eu olhava embevecida cada detalhe. Estava quase tudo pronto para a inauguração. Voltamos para casa depois que Ingrid e Enzo olharam várias vezes cada mínimo detalhe.

   — Eu vou para casa meu amor, - disse Ingrid beijando-me suavemente nos lábios.

   — Você tem ir?... – eu a enlacei pela cintura.

   — Não... acho que não, se a proposta que me fizer for melhor...

   — Ahhh que delícia... acho que podemos comer uma massa, tomar um vinho, dançar um jazz coladinhas, depois fazer...

   — Eu fico claro se é para fazer tudo isso ao seu lado, eu fico.

A brisa da noite ia adentrando a janela do meu quarto enquanto eu me vestia. Ingrid tomava banho e depois de se vestir seguimos para a cozinha e abrimos uma garrafa de vinho, juntas fizemos um fettuccine ao molho branco enquanto tomávamos o vinho. Comemos. Depois dançamos.

   — Ao seu lado eu me sinto muito feliz meu amor, - ela disse acariciando meus cabelos, enquanto uma mão enlaçava a minha cintura ao som de uma música suave. — Ninguém nunca vai nos separar, somente a morte e que ela demore bastante, - ela riu baixinho. Ficamos assim por algum tempo, dançando, tomando vinho e depois seguimos para o quarto. Deitei minha cabeça sobre o seu ombro e fechei os olhos sentindo sua mão macia caminhar lentamente sobre as minhas costas, sentindo uma adorável sensação de paz, de pertencimento. Meu coração estava preenchido de companhia, de entrega e eu agradeci a Deus por ter conhecido Ingrid. Ergui minha cabeça devagar e cobri o olhar dela com o meu.

   — Você quer se casar comigo Ingrid?

Ela beijou meus lábios e respondeu.

   — Quero muito. – voltei ao seu ombro e adormecemos enlevadas no amor que nos unia.

Uma nova manhã nascia. Era sábado e o dia da inauguração do restaurante. Ingrid levantou cedo, tomou banho. Eu fiz o mesmo, tinha que ir para a loja e depois seguir para o restaurante. O dia foi cheio de trabalho, a loja estava movimentada e tive que ligar para Ingrid cancelando o almoço com ela, ia comer algo por ali mesmo no Shopping. Segui com Esmeralda para conversarmos um pouco.

   — Estou feliz com o movimento da loja Enya e acho que esse ano será ainda melhor que o ano passado...

   — Ah sim, já estamos vendo a diferença. A noite será a inauguração do restaurante, eu faço questão da sua presença e de Marisa também. Estava pensando em algo e quero que me diga o que acha. Pensei em presentear os funcionários da Maison com uma noite especial de jantar no Sapporito. Hoje o pessoal que sairá às dezesseis horas vai e semana que vem invertemos o horário para que o outro grupo possa ir, o que acha disso?

   — Eu acho maravilhoso!!! E tenho certeza que eles vão gostar muito.

   — Então faça, por favor, um convite para cada um para que eu possa assinar e carimbar. Eu vou sair agora porque quero ir ao cabeleireiro e comprar algo bonito para vestir a noite.

   — Está bem, fique tranquila.

Encerrado o almoço voltamos para a loja, reuni os funcionários por alguns minutos e falei do presente para a noite de jantar, todos adoraram a ideia e entreguei a cada um o seu convite.

   — Escolham o que desejarem para comer e se deliciem com o melhor vinho ou espumante ou a bebida que for do agrado de cada um. Não deixem de ir, será uma honra para o restaurante e eu ficarei feliz com a presença de vocês. – despedi-me de todos e segui.

Ingrid havia chegado, quando eu adentrei a porta do quarto. Ela estava fascinante.

   — Meu Deus!!! Você está maravilhosa meu amor! – ela me beijou e disse:

   — Eu preciso ir minha amada, espero por você lá, está bem?

Ela seguiu e eu fui tomar banho. Vesti-me e segui. O restaurante estava belíssimo com o toque de Audrey Ramos que levantou-se quando eu me aproximei da mesa que ela estava com seu noivo, um homem alto, esguio e elegante.

   — Sua presença aqui muito nos honra, - eu disse depois que a abracei e ela me apresentou seu noivo. Pedi licença e segui ao encontro de Ingrid e Enzo que ao lado de Edson iam cumprimentando as pessoas. O restaurante lotava a cada minuto e quase não acreditei quando Suzane adentrou o espaço de mãos dadas com uma loira exuberante. Cumprimentou a todos e seguiu para uma mesa de onde podia ser vista em sinais de intimidade com a loira. Confesso que isso me tranquilizou, entendi que ela tinha desistido de Ingrid. A noite foi perfeita e era quase duas horas da madrugada quando seguimos de volta para casa, Ingrid estava radiante e óbvio eu também. Ao chegarmos em casa adormecemos logo após um banho. A manhã surgiu clara e linda! Ingrid abriu os olhos e depois de me cobrir de beijos me amou com carinho. Seguiu para o banho e depois para o restaurante. O Natal estava mais próximo e as vendas na loja aumentavam a cada dia e as visitas ao restaurante também, deixando Enzo e Ingrid certos do sucesso do Sapporito. Era noite quando ela chegou em casa.

   — Cansada meu amor?... eu indaguei roçando meu corpo nu ao dela que sorriu me tomando o rosto entre suas mãos e me beijando.

   — Um pouco, mas nada que esse roçar gostoso do seu corpo no meu, não me anime.... – nós nos amamos e adormecemos.

A cidade maravilhosa estava toda envolvida em luzes, pisca-pisca e muitos enfeites de Natal por todo lugar. Eu olhava pela janela do quarto que Edmundo sempre reservava para Ingrid depois de cobrir meu corpo com um vestido amarelo de seda. Penteei meu cabelo o deixando solto, cobrindo parte do decote que em V que o vestido trazia. Calcei um Christian Louboutin preto que Audrey tinha trazido para mim de Milão, que custava menos da metade do preço que no Brasil. Usei um perfume suave e fui ao encontro de Ingrid que conversava animada com Edmundo.

   — Eu atrapalho? – questionei a abraçando por trás quando ela se virou e me beijou os lábios.

   — Nunca meu amor. Eu estava aqui dizendo para Edi o quanto a decoração natalina está maravilhosa! Não é verdade?

   — Sim, meu amor, verdade!

Edmundo convidou mais alguns amigos que chegavam com presentes e os colocavam ao redor da imensa árvore que estava montada ao lado do jardim num espaço coberto por grama. A mesa imensa de vidro portava os pratos que faziam parte da ceia. Frutas, castanhas, pernil assado na cachaça, arroz a grega, rabanadas e tantas outras iguarias que exalavam um aroma delicioso. Edmundo estava radiante no seu terno branco de linho ao lado de Moisés quando começou a falar, após o silêncio de todos os convidados.

   — O meu coração está em festa mais uma vez... ter a companhia de cada um de vocês nos faz sentir honrados e nossa casa se abre em alegria. Meu desejo é que seja uma noite belíssima, repleta de harmonia, e que esse Natal, assim como todos os outros, seja comemorado com amor e que cada um aqui presente sinta o quanto é importante para nós, - disse isso e pegou na mão de Moisés que tomou a palavra.

   — Que cada um de vocês possa saborear da ceia lembrando-se que tudo aqui foi feito pensando em cada um. Vamos agora revelar o nosso amigo natalino, esse ano mudamos o nome, depois de aprender com uma amiga. Enya vai explicar como acontece a revelação do amigo natalino.

E eu comecei falando do meu amigo natalino. Edmundo estava em lágrimas quando se identificou sendo o meu amigo. Um abraço demorado uniu nossos corpos e nos sentimos extasiado pelo amor que nos arrebatou desde primeiro dia. Cada um falava de seu amigo natalino carregado visivelmente de emoção e já era quase a hora da ceia quando acabou a brincadeira recheada de risos e lágrimas. Garçons serviam vinho, champanhe enquanto seguíamos para a mesa com o prato depois de nos servirmos. Natacha e Vera sentaram-se conosco, enquanto Enzo e Edson sentaram-se com outros amigos. A ceia estava perfeita e acho que exagerei. Depois tomei vinho e segui para o espaço de dança segura pela mão de Ingrid. Terminamos a dança. Eu a chamei e comecei a falar depois que todos voltavam o olhar para nós.

   — Meu amor... depois que conheci você eu conheci o verdadeiro sentido do amor, da cumplicidade, da parceria e desejo passar o restante dos meus dia ao seu lado. -abri a caixinha que estava em minha mão e continuei depois de um gole de vinho. Depositei a taça novamente sobre a mesa que tinha ao lado de onde eu a tinha pegado e continuei. — Você quer se casar comigo?

Ingrid estendeu-me a mão e eu coloquei a aliança de ouro no dedo ao mesmo tempo em que ela dizia.

   — Sim meu amor, eu quero me casar com você. – e logo em seguida colocou a aliança em meu dedo e nos beijamos suavemente nos lábios quando uma chuva de palmas ecoava no ar. E seguimos de volta ao espaço para dançarmos nossa primeira música enquanto noivas. Ingrid estava linda e seu sorriso me encantava cada vez que ela olhava para seu dedo e beijava a aliança.

   — Eu vou lhe fazer feliz meu amor, eu prometo.

A noite ia deixando o universo. E o sol já dava sinais de mais um parto quando segui com Ingrid para o quarto. Estávamos felizes e adormecemos abraçadas, quando a manhã quase nascia. Eu queria somente ficar assim, abraçada a ela vendo o sol entrar em contrações para dar a luz ao novo dia, até meus olhos cansarem e serem vencidos pelo sono, o que não demorou. A manhã já tinha nascido. O barulho dos bichos parecia entoar uma canção natalina e eu me enrosquei no corpo dela, de Ingrid que exalava um cheiro delicioso de sex*. E nos amamos.

   — Você é uma tarada... gostosa... – Ingrid disse sorrindo.

   — E você gosta?!

   — Demais! Adoro fazer amor com você...

Tomamos banho juntas e eu fui testar se era real o que ela acabava de me dizer e fizemos amor de novo. O café exalava um aroma saboroso quando adentramos a sala de refeições onde uma senhora arrumava a mesa. Eu acrescentei ao café da manhã, uma rabanada. Comendo lentamente, sentindo o sabor da guloseima eu me recordei da minha mãe. Sempre um dia após a noite natalina o nosso café da manhã era com rabanada e com o restante de coisas que sobravam da ceia. E muitos dos vizinhos comiam arroz, pernil e tudo o que cabia no prato para diminuir a ressaca, diziam. Eu adorava comer as rabanadas geladas com um copo com suco ou refrigerante. E ali naquele espaço pequeno, mas tão cheio de amor nós tomávamos o primeiro café da manhã do Natal. E a festa continuava. Minha mãe estava linda naquele dia, ainda mais linda, mas eu podia sentir um brilho estranho em seu olhar e nele eu podia ver a presença do medo. O cheiro da fumaça do charuto que ele, o medo portava parecia inundar o espaço e eu sentia que ele ameaçava a nossa felicidade. O vestido azul celeste que ela usava modelava seu corpo perfeito, seu cabelo preto e comprido descia pelas costas, um batom vermelho cobria perfeitamente seus lábios quando ela notou-me sobre meu olhar.

   — Vem cá meu amor, - ela me chamou. Eu sentei-me ao seu lado e ela me abraçou dizendo, — está tudo bem, você não tem o que temer. Vá se divertir com Lizandra que a noitinha seguirá para a casa de sua tia, então aproveite.

Eu sentia que não estava tudo bem, eu sentia o gosto rançoso do charuto do medo na boca e uma vontade imensa de chorar, temendo o que estava para acontecer. Passei o restante do dia com Lizandra na casa dela e fizemos amor. Ela seguiu para a casa de sua tia. A noite estava carregada de estrelas e eu olhava pela janela de madeira do meu quarto. Uma tristeza me dominava por mais que eu tentasse me desvencilhar daquilo. Minha mãe adentrou meu quarto.

   — Filha que olhar mais triste é esse? Já com saudades de Lizandra? Venha cá, - ela pegou a minha mão e seguimos para a minha cama e nos sentamos. — Enya você sabe que eu te amo, não sabe filha? Eu te amo mais do que tudo nesse mundo e no dia em que faltar, seu pai vai vim lhe buscar, não tema.

Eu chorei abraçada a ela. E dias depois eu me via com meu pai nessa casa que mais parecia um palácio aos meus olhos de menina do Morro. Aprendi muito com meu pai, que assim como a minha mãe, me amou mais do que tudo nesse mundo.

   — Recordações?... – era Ingrid que voltava o seu olhar terno para mim.

   — Sim, mas já passou, - eu disse isso e sorri. Deixei de lado aquelas lembranças que tanto me traziam alegria e saudade. Terminamos o café e fomos andar um pouco pela cidade.

Já era final de tarde quando seguimos de volta para a capital, depois de deixarmos confirmado a nossa presença para o evento de Ano Novo. Edmundo reunia amigos para essas datas e Ingrid sempre que podia participava, quando ela não estava em trabalho. O dia ia se despedindo e o sol ia deitando sua majestade em descanso deixando o universo mesclado das cores mais esplendorosas. Eu seguia ao lado de Ingrid e Edson e Enzo no banco traseiro entretidos numa conversa. Eu ouvia uma música suave e sentia que dali em diante seriam dias de paz. Adentrei a porta quando e Maria já estava em casa fazendo o jantar.

   — Maria como foi de passeio? – eu a indaguei depois de dar-lhe um abraço carregado de carinho.

   — Foi maravilhoso Enya e você como foi?

   — Tudo em paz minha querida. Humm que cheiro bom... vou tomar um banho.

Segui para meu quarto. Ingrid tinha seguido para sua casa depois de cumprimentar Maria. A água morna desceu sobre meu corpo e eu fiquei devaneando ali, sentindo o quanto era maravilhoso tudo o que Deus havia me dado, mas tinha algo que era muito maior, era o amor que fazia parte da minha vida. Era o que meus pais haviam me ensinado. E nada era mais importante do que o amor e do que ser feliz, nada, nem mesmo a fortuna que meu pai tinha me deixado e eu agradeci mais uma vez. Desliguei o chuveiro. Sequei meu corpo e vesti uma camisola verde mar de seda. Jantei com Maria que contava-me sobre os sobrinhos e a alegria que tinha sido a noite de Natal ao lado de sua irmã mais nova. Após o jantar segui para meu quarto, Ingrid me ligou e ficamos conversando um pouco. E eu adormeci logo após desligar o celular.

A manhã tinha chegado e Enzo adentrou a sala quando Maria abiu a porta e eu estranhei sua visita aquela hora.

   — Não se assuste prima, não é nada demais, - ele me disse me beijando no rosto e dando-me bom dia.

   — Venha tomar café comigo. – ele sentou-se ao meu lado e comemos em silêncio.

   — Eu quero muito lhe falar prima, - e dizendo isso tomou a minha mão e fomos para o sofá, ele sentou-se introspectivo, senti que o assunto era sério.

   — Fale Enzo que já estou começando a ficar preocupada.

   — Eu... bem nós dois alguma vez falamos do desejo de ter filhos, você lembra? Eu... prima eu quero muito ser pai, mas não quero adotar, não quero passar por essa burocracia de adoção nessa condição homossexual. Então... você deseja ser mãe, eu pensei que talvez pudéssemos, nós dois...

   — Nós somos primos em primeiro grau Enzo, eu temo algum problema para o bebê, mas espere... se falarmos com Ingrid e Edson, podemos fazer isso de maneira que você seja pai do filho de Ingrid e Edson do meu filho, o que acha?

   — Eu acho uma ideia perfeita, resta saber se Ingrid vai querer essa experiência...

   — Eu vou conversar com ela e depois voltamos a falar do assunto. Agora vamos que eu preciso ir para a loja.

   — Sim. Eu preciso ir para o restaurante, Ingrid deve está chegando.

Adentrei o espaço da loja e percebi que o movimento continuava intenso e isso me alegrou. Esmeralda seguiu comigo para o escritório.

   — E Felipe?! – eu indaguei.

   — Está bem. Disse que segue essa semana para um apartamento nosso que estava alugado. Está mais sereno, Cesar é um cara despachado e tem o ajudado entender que o amor é importante.

   — E você com Marisa?

   — Estamos bem. – ela sorriu e voltamos ao trabalho.

A semana havia passado com rapidez e logo estávamos seguindo para a chácara de Edmundo em comemoração ao Ano Novo.

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 10 - Capítulo 10:
Brucourt
Brucourt

Em: 29/11/2018

Momento de nostalgia, fiquei emocionada,  aliás a cada capítulo você surpreende. Parabéns por isso!.

A tua história é  tão envolvente, sem falar que você consegue abordar tantos assuntos, isso é bem legal...

E parece que a família vai crescer hahaha :-D S2. Filhos, com certeza um passo bem importante em um relacionamento... Bem que poderia vir um casal, né autora queridona ? heuheu :-D 

Abraço

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web