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A garota favorita por leoniramirez

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Palavras: 4617
Acessos: 1471   |  Postado em: 27/11/2018

Capítulo 9

Desenvolvendo a confiança

Pov Enya

O dia avançava e meu estômago avisava que estava na hora de almoçar. Peguei minha bolsa quando meu celular tocou. Analu me ligava depois de mandar uma mensagem desesperada me pedindo para atender a ligação.

   — O que aconteceu?

   — Enya pelo amor de Deus eu preciso falar com você, por favor, é urgente. Eu te espero no hotel, é a última vez, por favor.

Eu senti compaixão por aquele pedido tão desesperado e segui para lá.

   — O que houve Analu? Porque esse desespero?!

   — Sente-se aqui, - e apontou para a cama. — Você quer um vinho, uma cerveja?

   — Não obrigada, uma água eu aceito. – ela seguiu para o frigobar que tinha ali e trouxe um copo com água e eu sorvi. Analu começou a falar que iria embora do país... que me amava... e sua imagem foi ficando distorcida, eu tinha a impressão que ela havia se dividido em duas e eu não sabia em qual fixar os meus olhos. A fala dela ia sumindo e meus olhos iam pesando...

Minha cabeça parecia um buraco. Oco...escuro... um vazio imenso tomou conta de mim quando eu acordei estanhando tudo aquilo. Abri os olhos, fechei novamente. Um gosto ruim de jornal velho tomou conta da minha boca. Respirei profundamente, uma tontura esquisita tomava conta de mim. Minha cabeça anunciou uma banda musical desordenada e eu tive a impressão que ia explodir. Eu abri os olhos de novo com dificuldade, cobrindo todo o espaço pequeno do quarto. Analu não estava mais ali e eu olhei tudo em volta. Olhei para meu celular e quase tive uma síncope quando vi a hora. O dia já tinha acabado e a noite chegava me dizendo que algo estava muito errado. Liguei para Ingrid, seu celular dava sinal de desligado. Insisti. Mais uma vez. Nada. Liguei para Edson. Meia hora depois ele adentrava a porta do quarto que eu fui abrir cambaleante.

   — O que diabo você faz aqui Eny? – indagou isso e me apoiou na volta para a cama.

   — Bicha por Deus, eu estou tonta... com vontade de vomitar, parece que bebi um barril de chope, - dizendo isso segui com a ajuda dele para o banheiro. Fechei a porta e vomitei muito, um líquido amarelado e amargo ia invadindo a minha boca e eu sentia meu corpo trêmulo pela fraqueza que o dominava. Abri a porta, estava pálida. Edson me apoiou e eu voltei para a cama. Minhas pernas tremiam como folhas açoitadas pelo vendaval.

   — Você comeu alguma coisa Eny?

   — Não.

Edson pediu pelo interfone um caldo verde com torradas e eu comi devagar sentindo meu estômago revirar. Tomei um suco de acerola. Levei a mão a minha cabeça e gemi de dor.

   — Uma sinfonia desordenada impera aqui dentro, Bicha, como se eu estivesse de ressaca.

   — O que foi que você bebeu?!

   — Água e nada mais. Analu me ligou desesperada, pedindo pelo amor de Deus que precisava me falar, eu vim. Ela me ofereceu vinho, cerveja e eu pedi água. Eu tomei e não me lembro de mais nada.

   — Eny como isso pode ser possível? O que ela queria? O que ela disse? Onde Analu está?

   — Ela começou a me dizer que ia embora, que ia viajar para fora do país... depois eu não escutei mais nada. Eu não sei o que ela queria e também não sei onde ela está.

Edson pegou meu celular e ligou para ela. Desligado. Insistiu. Caixa de mensagem. E ligou para Ingrid, desligado novamente. Isso ia aumentando ainda mais o gosto amargo na minha boca e a angústia em meu coração.

   — Edson por Deus, acredite em mim, eu não sei o que aconteceu aqui. E porque o celular de Ingrid está desligado? Ela nunca fez isso. O que estará acontecendo?! – eu indagava tudo isso com uma avalanche de lágrimas que iam inundando meu rosto, enquanto Edson ainda insistia em ligar para Ingrid, depois para Analu que também não respondia. Uma hora depois eu adentrava a minha casa. Uma solidão imensa anunciava a sua presença na casa que antes era tão preenchida com o corpo e alma da mulher que eu amava. Ingrid não estava na sua casa e nem na minha que agora era o retrato da tristeza. Edson me ajudou a sentar e logo Enzo chegou. Sentou-se ao meu lado e me abraçou.

   — Edmundo... – era Edson ligando. — Não está aí? Minha nossa senhora das bichas, eu não posso imaginar onde ela esteja. Sim, já fomos lá. Está desligado. Um minuto de silêncio e Edson narra o fato ocorrido comigo para Edmundo. E depois de mais algum tempo de conversa desliga o celular.

Peguei meu celular e liguei para Vard.

   — Não, ela não apareceu aqui, mas se quiser posso lhe mandar outra garota, Ingrid não trabalha mais comigo.

   — Obrigada, não, eu não quero outra, somente ela. Ela é a minha garota favorita... – e desliguei ainda mais entristecida. Ingrid havia desaparecido. Liguei para Natacha. Nada. Ela não sabia o paradeiro de Ingrid. A noite avançava e a dor que me assolava era lancinante. Um vazio... um escuro... um ranço amargo espalhava-se pela minha boca... uma dor quase física tomava meu coração por inteiro e eu chorei. Não sabia como agir diante todo aquele mistério. “O que Analu teria feito? Porque Ingrid havia sumido daquele jeito? Teria se arrependido do nosso compromisso? Ou teria voltado para Suzane? Seria verdade tudo o que ela me falou sobre a perseguição de Suzane e que ela nunca teria cedido aos seus encantos?” Um tsunami avassalador de indagações tomou conta de mim e não havia uma única resposta para todo aquele terremoto que eu estava sendo acometida. A madrugada adentrava, um novo dia ia nascer e o sol já dava sinais de mais um parto. Levantei-me. O sono não tinha feito amor comigo a noite e nem Ingrid e isso me remetia a um passado de solidão. E eu podia sentir a presença dela, era quase física, era feia, triste, mas ria de mim, a maldita solidão. Segui para a janela e me debrucei sobre ela tentando alcançar com a visão do amor, onde Ingrid estaria naquela cidade maravilhosa, que naquele amanhecer para mim, estava imersa em sombras. O útero solar ia dando passagem para o nascimento de mais um dia, as cores iam se misturando na imensidão e um quadro celestial ia se fazendo diante aos meus olhos nublados pelas lágrimas que eu insistia em privar de molhar meu rosto macerado pela incerteza do amor que Ingrid havia jurado sentir. Ela não estava ali para fazer amor comigo, talvez nunca mais estivesse. Inundada pelo medo e uma solidão desumana eu voltei para a cama. Peguei meu celular, liguei. Desligado. Chorei. Chorei a dor de um amor e jurei para mim que nunca mais sentiria por outra pessoa. Liguei novamente. Nada. A cama parecia ter espinhos, as rosas haviam desaparecido e nem sequer o aroma delas que vinha do jardim grande e bem cuidado do prédio, adentrava a janela do meu quarto. O som do mar também tinha desaparecido, as ondas quebravam-se silenciosas nas pedras ou eu estava surda para todo e qualquer som que me lembrasse do amor que Ingrid havia me dado dias antes ali diante a janela ou em minha cama. Eu estava imersa num buraco... vazio... e sozinha e ela não viria para me tirar dali. Meus olhos se fecharam e eu pedi a Deus que ele me ouvisse e que me mostrasse o que estava acontecendo. Encolhi meu corpo em posição fetal e me imaginei no útero da minha mãe, a garota de programa do Morro da Rocinha que havia decidido por mim e que tanto tinha me amado. Um calor acalentador me envolveu, senti uma brisa suave adentrar pela minha janela. Imaginei meu pai ali me abraçando, chorei silenciosamente. O calor aumentou em meu corpo e eu pedi a ele, que voltasse seus olhos de amor lá do céu para mim, falei da minha dor, do medo que me inundava...da saudade que eu sentia e do vazio que estava a minha vida sem Ingrid. O barulho suave das ondas chegava lentamente aos meus ouvidos. Era como se uma canção de ninar que minha mãe amava cantar para mim quando criança, estivesse pairando no ar, trazido pelas ondas lá fora. Meu ser foi inundado de um amor que somente ela e meu pai haviam me dedicado. Uma serenidade foi me envolvendo e fui sentindo que havia algo ou alguém que meus olhos não identificavam, ali comigo. Adormeci... Já era meio dia quando eu acordei. Edson estava ao meu lado.

   — Bicha... que bom você aqui... – eu levantei meu corpo da cama e ele abriu seus braços me abrigando num abraço que me comoveu as fibras mais sensíveis. Eu não estava sozinha. Meu pai e minha mãe, em algum lugar no céu me mandavam dizer isso com a presença de Edson ali. Depois de algum tempo acolhida naquele amor fraterno, eu me desvencilhei e segui para o banheiro. A água morna me renovava lentamente à força e o ânimo perdido o dia anterior. Fiquei assim por algum tempo, sentindo a água, e tinha a impressão que ela ia levando, conduzida por uma força divina, o medo e a tristeza que tinham me habitado. Respirei profundamente, uma... duas... três vezes... uma sensação de amor celestial me invadia ali debaixo do chuveiro, que por algum momento me fazia confundir o seu barulho suave, com a queda d’água de uma cachoeira. E me permitir aquele devaneio. Desliguei o chuveiro depois de mais algum tempo. Sequei meu corpo. Vesti-me e segui com Edson para a sala de refeições, quando Enzo adentrou a porta.

   — Notícias dela Enzo? Apareceu no restaurante?

   — Não.

Comi mais por necessidade do que por prazer. A comida tão bem preparada por Maria estava desprovida de sabor naquele dia. Ergui a mão para levar o garfo de comida até a boca e o parei a meio do caminho. Um surto de luz adentrou a minha mente e eu quase gritei.

   — Meu Deus do céu... Bicha... Enzo, eu havia me esquecido, - levantei-me da mesa e peguei meu celular, segui para a sala e sentei-me. O celular foi acionado no item câmera, quando Edson e Enzo sentavam-se cada um de um lado com os olhos vidrados nas imagens que surgiam. Analu abriu a porta e Suzane apareceu.

   — Que demora infernal! Venha logo. Sua empreitada com a caminhoneira não deu certo, mas essa não vai falhar.

   — Não a chame assim, eu odeio. Não deu certo, é verdade. Enya é uma idiota apaixonada, e confesso que a entendo, Ingrid é maravilhosa quando está apaixonada por alguém...

   — Não seja idiota, você também. Agora preste atenção, eu vou atrair Enya para cá, você vem para me ajudar, aguarde no hall do hotel, quando ela estiver dopada eu a chamo. Você me ajuda a despi-la. Eu tiro as fotos. E depois você me ajuda vesti-la novamente, tem que dar certo.

   — E se ela não aceitar beber com você?

   — Enya sempre toma água, mesmo que não tome vinho ou cerveja.

Eu estava perplexa diante ao que via. Edson e Enzo não estavam menos que eu e continuamos a assistir, quando meu celular tocou.

   — Oi Edmundo?! Minha nossa! Eu preciso lhe mostrar algo. Ingrid deu notícias?!

   — Sim. Está aqui, com ressaca do porre que tomou, mas está viva.

   — Estou indo, obrigada meu amigo!

Fechei a janela que nos dava acesso à filmagem. Segui para meu quarto e fiz uma maleta com roupa e outros itens. Seguimos até o apartamento de Enzo, onde ele e Edson fizeram uma maleta e seguimos para Arraial do Cabo. Ao chegar Edmundo me abraçou e eu segui para o quarto onde Ingrid estava deitada. Seu olhar perdido e um cheiro horrível de bebida ainda invadia o quarto. Ela me olhou e virou o rosto evitando que eu visse a lágrima que descia pelo seu rosto visivelmente vincado pelo sofrimento experimentado.

   — Deixe-me ver a imagens... – Ingrid ligou o celular e me entregou. Eu olhava e imaginava o quanto a minha garota favorita havia sofrido com tudo aquilo. Depois abri meu celular e mostrei a ela como tudo tinha acontecido. Ingrid ia assistindo o filme da calúnia que Analu e Suzane haviam enredado para nós e lágrimas torrenciais desciam pelo seu rosto. Depois pediu que eu saísse do quarto por alguns minutos. Eu não questionei e saí. Imaginei que para ela era muito difícil ser vista no estado que ela estava cheirando a bebida e com a feição tão deprimida.

Enzo e Edson aproveitavam a piscina e eu os admirava. Edmundo abriu uma cerveja e me ofertou. Moisés sorriu em direção a Ingrid quando ela apareceu na porta, linda! Seu perfume amadeirado adentrou meu nariz e eu me levantei indo ao seu encontro. Um abraço uniu nossos corpos e choramos. Um choro de saudade... e o ranço do charuto do medo havia desaparecido junto com a dor da solidão que tinha jurado ser nossa companheira para sempre. Um beijo suave... um gosto de vida... um prazer imenso... um orgasmo na alma nos assolou e rimos, olhando uma para outra, com as lágrimas descendo em nossas faces, lágrimas de alegria, quando uma chuva de palmas irrompeu no ar. Seguimos de mãos dadas para onde estavam os outros e comemoramos com brindes a alegria que retornava para nós.

   — Edi, obrigada por tudo, - era a voz maravilhosa de Ingrid enchendo meus ouvidos, — me aturar não é nada fácil, eu sei disso.

   — Os amigos são para esses momentos... também, minha cara Maralha.

A noite ia chegando.  O céu estava carregado do brilho das estrelas que pareciam dar crias. Meu corpo envolto nos braços de Ingrid deslizava suavemente ao som de um jazz antigo. O cheiro do corpo dela invadia meu nariz e eu respirei aquele aroma, impregnada de prazer.

   — Eu nunca mais vou te perder, meu amor, - ela sussurrou em me ouvido.

   — Você nunca me perdeu... – rimos e nos beijamos ainda ao som do jazz. À noite nos convidava ao amor e seguimos para o quarto após nos despedirmos. O destino protegia o nosso amor, eu sentia isso e agradeci a Deus, ao meu pai e a minha mãe que com certeza lá do céu estavam felizes por mim e por Ingrid. A manhã anunciou a sua chegada com o cântico dos pássaros que pulavam de galho em galho como se estivesse também a comemorar o meu reencontro com Ingrid. Abri meus olhos, depois os fechei novamente enroscando meu corpo ainda mais ao dela que me enlaçou, acariciando meus seios. Suspirei. Eu adorava fazer amor pela manhã e tomei sua mão a levando a minha intimidade, gemi baixinho.

   — Sou tarada por você...

Ela passeou seu dedo em toda a minha cavidade e depois penetrou-me com firmeza e eu deixei meu corpo iniciar um bailado suave... e fui aumentando o cadenciado, sentindo que uma avalanche de prazer me dominava, quando explodi num gozo delicioso. Ingrid me levou para o seu corpo, nossas intimidades adoravam aquela dança e depois de mais algum tempo em uníssono nós nos entregamos a um orgasmo quase inacreditável.

   — Hummm eu adoro isso... e com você é tão perfeito.

Ingrid me beijou e seguimos para o banheiro. Terminado o banho fomos para a sala de refeições onde Moisés já servia a mesa com a ajuda de Edmundo. Comemos em conversa alegre falando sobre o evento que seria na semana seguinte. Ingrid e eu havíamos tentando ligar para Suzane e Analu, mas sem sucesso. Os celulares de ambas estavam desligados e desistimos. Após o café da manhã seguimos de volta para a capital. Eu desejava que dali em diante a minha relação com Ingrid Maralha fosse menos conturbada e que Suzane e Analu entendessem que o tempo delas havia acabado. Uma semana havia se passado. Seguimos para a chácara na sexta-feira à tardinha quando o sol ia deixando o universo divinamente desenhado por cores diversas e deslumbrantes. A chácara já estava decorada e não tinha quase mais nada para fazer nesse item. Edmundo e Moisés tinham um gosto apurado para decoração e estava tudo muito lindo. Ingrid estava radiante também. O jantar foi servido após algumas taças de vinho. A noite chegou e Ingrid e eu seguimos para o quarto.

   — Eu queria lhe falar uma coisa meu amor, - ela disse, tomando minha mão entre a dela. — Eu quero lhe pedir desculpas por ter duvidado de você... eu fiquei enlouquecida de ciúmes... perdi o chão, você me entende?

   — Claro que sim meu amor, eu senti isso quando lhe vi com Suzane em seu apartamento. E é muito difícil acreditar na inocência de uma pessoa quando as provas contra ela são tão contundentes. Eu entendo você...

   — Eu perdi o sentido da crença, mas depois fui me recordando o que Edi me disse na última vez que tínhamos vindo aqui, ele disse: “Maralha, ouça o que eu vou lhe falar, Analu não aceitará isso com tanta facilidade como demonstra. Então cuide-se e cuide de Enya, fortaleçam a confiança em vocês e no amor que as une.” Essa frase ribombou na minha mente mesmo encharcada pelo uísque. Segui rumo para cá e me senti muito mal, sentia um vazio imenso e pedi para Deus que tudo isso fosse esclarecido. E Ele me ouviu, venha cá, - ela me puxou para mais perto de si e me abraçou. Eu senti que o céu descia e fazia morada em mim. Não fizemos amor nos corpos, mas as almas regozijavam num prazer indecifrável.

   — Nunca houve ninguém assim, meu amor, - ela me dizia acariciando suavemente meus cabelos. E depois de mais algum tempo adormecemos. O sol ia despontando no universo moroso e eu me recordei de dona Sebastiana, era esse o nome da senhora gorda e cansada que eu via subir o Morro da Rocinha com um tabuleiro de doce na cabeça, todas as tardes. Recordei-me saudosa da minha mãe e senti que ela em algum lugar no infinito torcia por mim. E ali abraçada a minha amada, relembrei-me do rosto lindo da minha mãe e de como ela me amava. “— Você será feliz filha, eu prometo, nunca será como eu, uma prostituta barata...” – e as lágrimas marejavam seus olhos grandes e lindos e eu chorava abraçada a ela. Suas mãos grandes e macias envolviam meus ombros e ela me fazia olhar em seus olhos. “— Prometa Enya que será feliz, que você fará tudo para ser feliz. Ouça meu amor, eu sei que em breve não estarei mais ao seu lado, filha. Eu sei que você irá sofrer a minha ausência, mas me prometa que ainda assim você lutará para ser feliz, que isso filha será a sua meta. E que nada, nem dinheiro, nem nada será mais valioso para você do que amor e a felicidade. Olha meu amor, olhe para mim, eu sei que não estarei por perto para lhe proteger, mas não se preocupe, eu conheço alguém que vai cuidar de você e que vai lhe proteger melhor do que eu. Eu sei que você será uma mulher de bem.” E se calava, limpava as lágrimas e saía. Ali sentindo o calor corpo de Ingrid que ainda dormia eu continuei silenciosa e recordando, o dia tinha amanhecido nublado. O sol não tinha aparecido e minha mãe também não tinha vindo dormir em casa. Um aperto quase mortal atingia meu coração. Deitada na minha cama pobre e nada macia, eu podia vislumbrar uma imagem estranha, era o medo que tomava forma de homem, um charuto sendo baforado em sua boca e eu podia sentia o ranço dele na minha também. Era o medo. Um barulho de passos em correria me fez levantar sobressaltada e abrir a porta da sala quando ela caiu antes que eu pudesse salvá-la daquele homem.

“— Enya... ele vai vim.. fi...lha... segue com ele e confia... ele é seu pa...i...” E seus olhos fecharam para sempre, mas o seu amor permaneceria comigo. Minha mãe estava morta. Uma dor crucial me invadiu e nada era igual aquilo. A cabeça dela em meu colo e uma bala nas suas costas e meu coração dilacerado e ali diante aquela visão, desejei também ter sido atingida. Uma mão tocou em mim. Ergui meus olhos embaçados pelas lágrimas e vi um homem. Era o meu pai. Eu não estava mais sozinha. E ontem quando senti o ranço do charuto do medo na boca, percebi que minha mãe e meu pai tinham recebido permissão de um anjo, para me lembrar do amor que eles sentiam por mim. E eu fui serenando naquela posição fetal e um calor suave ia me aquecendo como se fosse o útero do amor da minha mãe ali me protegendo. Eu sentia falta dela, sentia saudades do seu amor, do meu pai, mas sentia que eles estavam ainda comigo. Ingrid acordou.

   — Bom dia meu amor... estou no céu novamente com você aqui ao meu lado... – e me beijou. Levantamos cedo. Eu estava ansiosa. A chácara a luz do sol estava ainda mais bonita. Edmundo sentia-se orgulhoso diante os elogios que tecíamos para ele, que sorrindo disse:

   — Eu confesso que pedi umas dicas a Audrey Ramos, que solicitamente me auxiliou, por isso, está assim perfeito.

Esmeralda chegou mais cedo ao lado de seu marido. Eu a cumprimentei com um abraço e depois me dirigi para Felipe, que me agradeceu pelo convite. O olhar de Esmeralda ficou estranho quando eu a levei até Ingrid.

   — Essa é minha namorada, Esmeralda, e um dia será minha esposa...

Os olhares das duas cruzaram de maneira estranha ou eu estava vendo coisas? Ingrid a cumprimentou com discrição me fazendo acreditar que eu tinha visto demais. Depois se dirigiu a Felipe e eu os convidei para entrar. Mostrei a Esmeralda um quarto que ela poderia ficar caso desejasse dormir ali. Ela agradeceu.

   — Você está bem Esmeralda? Parece estranha ou estou enganada?

   — Enya, por Deus do céu, eu não sabia que era ela, caso soubesse não teria vindo.

   — Ela?! Ela quem? Explica isso.

   — Desculpa-me, eu acho melhor dizer a Felipe que estou passando mal e que desejo ir para casa... – ela disse isso pegando a bolsa.

   — Eiii pare com isso, nós somos amigas. Eu quero que me conte o que está acontecendo. Esmeralda sente-se aqui, venha, - eu disse isso e peguei a bolsa dela colocando sobre a cama. Ela sentou-se ao meu lado e escondeu o rosto entre as mãos. Eu as tirei com delicadeza.

   — Somos amigas, lembra-se, desde faculdade?! Pare com isso e me conte o que tem.

   — Dois anos atrás eu e Felipe estávamos enfrentando uma crise, você lembra que eu comentei? – eu meneei a cabeça de maneira afirmativa e ela continuou. — Saí numa noite com vontade de beber e fazer sex*... aiii meu Deus Enya que vergonha. Eu liguei para um número que uma amiga havia me dado e pedi uma garota... eu queria experimentar algo diferente, estava cansada do jeito morno do Felipe... era ela.

   — Ingrid? Ela era a garota? Ohhh meu Deusss... e é por isso que está assim tão consternada?

   — Enya você não se incomoda? Ela e eu trans*mos... bem... foi uma única vez...

   — Era o trabalho dela, minha amiga, e se eu for brigar com todas as mulheres que pagaram Ingrid por uma noite de sex*, vou ficar louca. E no mais você bem que precisava experimentar para amolecer um pouco seus padrões tão endurecidos. Agora para de besteira. Isso é passado, Ingrid é muito ética e discreta, nunca lhe deixará em situação vexatória, acredite em mim.

Esmeralda sorriu. Depois disse:

   — Eu vou me separar de Felipe... – eu senti como se uma bomba ruísse aos meus pés.

   — O que diabo está me falando? Porque?!...

   — Estamos separados, essa é a verdade, Felipe é gay, Enya, por isso sempre foi tão morno no sex*. Com o tempo fui percebendo isso e comecei a indagar. Felipe e eu nos conhecemos desde meninos, então nos tornamos mais amigos do que amantes, do que um casal. Esse início de ano ele me contou, está apaixonado por um médico amigo do trabalho, chorou muito ao me contar. Depois me pediu que desse um tempo e que não saísse de casa, pois ele faria isso. Mas, hoje não é dia de falar sobre isso, eu estou bem e quer saber? Vou lhe contar um segredo, Marisa... sabe a gerente da loja ao lado?

   — Simmm... claro, eu a convidei também, gosto muito dela, – eu ri alto, porque imaginei o que ela queria me confessar. — Marisa e você? Como?!

   — Almoço, troca de conhecimentos... jantar... um dia fui para o apartamento dela e ela me disse que estava apaixonada por mim, Enya eu também estava. E aconteceu...

   — Ahhh não! Não vai resumir essa história assim de forma tão sucinta, não mesmo, - eu ria e Esmeralda ia se descontraindo mais, — eu quero detalhes... vamos... todos os detalhes.

E ela me contou. Disse que foi a noite mais linda de amor que ela já tinha vivido em sua vida. Que Marisa era ardente e que estava perdidamente apaixonada. Nesse instante um batido leve na porta e a imagem de Felipe surgiu.

   — Querida eu peço perdão, mas eu vou precisar voltar para o Rio, um paciente...

   — Eu entendo Felipe, fique tranquilo, obrigada.

E os dois se despediram. Felipe me abraçou e disse que me amava muito. Eu disse a ele o mesmo e que ele era muito importante para mim. Esmeralda pareceu aliviada com a partida do esposo ou ex. E seguimos de volta para a sala quando Marisa chegava. Ela caminhou em nossa direção, eu a abracei. E quando me desvencilhei do seu abraço ainda pude ver o olhar enternecido de Esmeralda para ela quando as duas se entregaram a um abraço demorado. Ingrid veio até mim e lhe apresentei Marisa. A noite já ia caindo. Eu estava nervosa. Enzo também. Ingrid parecia serena e Edson aparentava a calmaria em pessoa. Todos os convidados já haviam chegado. Ingrid estava deslumbrante numa calça de linho preta, uma camisa branca de seda e um mocassim lindo que lhe dava um ar de menino. Eu vestia um vestido vermelho de seda, com um decote em V na frente que deixava parte de meus seios de fora, quando Ingrid olhou-me e sussurrou em meu ouvido.

   — Que delícia de par de seios! Você está linda meu amor!! Perfeita!

   — Você também querida! – e a beijei suavemente nos lábios evitando que meu batom vermelho lhe manchasse.

Edson estava maravilhoso em um terno azul marinho e Enzo num azul celeste. Depois de agradecer a presença de todos, nós, Edson, Enzo, Ingrid e eu fizemos a jura de amor e respeito ao nosso compromisso de fidelidade e trocamos as alianças de prata. Uma chuva de palmas desceu sobre nós e estouramos champanhe. Os garçons circulavam com taças de vinho e a festa estava maravilhosa. Ingrid enlaçou pela cintura e dançamos. Edson e Enzo também dançavam deixando claro a felicidade que sentiam.

 

 

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 9 - Capítulo 9:
Brucourt
Brucourt

Em: 28/11/2018

Oie autora queridona,

Capítulo maravilhoso S2, adorei saber um pouco mais da Ingrid. E a Esmeralda resolver ir para o lado colorido da vida (paraíso mesmo) haha :-D

E claro , ADOREEEEI a volta do meu casal fofura S2 :-D, ah, adoro os outros casais também :-D S2..

Quantos as duas víboras, espero que paguem pelo o que fizeram. Ranço eterno dessas duas (vacas) . Ps:  com todo respeito aos animais  hahaha..  

Amo sua escrita ,  perfeita como sempre S2

Abraço 


Resposta do autor:

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... bom dia queridona. Bru eu me amarro nos seus comentários, me acabo de rir e me renova a inspiração. Mas, sabe eu acho que Analu se arrependeu do que fez, mas já não tenho tanta certeza em relação a Suzane, vamos ver o que vai acontecer.

Abraço carinhoso. Aguarde mais emoção.

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