Capítulo 32
Após encerrar a ligação, Michelle passou a andar de um lado para o outro. Estava muito preocupada com Ilara e com o que poderia estar acontecendo na casa da garota.
—Aconteceu alguma coisa? — Marisa que havia acabado de chegar em casa, pergunta.
—Estou preocupada — Se senta no sofá e coloca Romeu em seu colo.
—Com o quê? — se senta ao lado da irmã.
—Com a Ilara, Marisa.
—Você falou com ela? Resolveu buscar sua felicidade?
—Sim — O tom de voz de Michelle não saiu como Marisa estava esperando.
—Pensava que você estaria diferente... Você já não tem certeza do que sente?
—Marisa, o que sinto por Ilara nunca senti por ninguém, mas agora estou sentindo o meu coração doer.
—Doer?
—Sim, eu estava conversando com ela e passei a ouvir sons de discussões.
—Você acha...
—Sim, Marisa, os pais dela estavam discutindo... Isso me deixa muito preocupada. Tenho medo de acontecer algo com Ilara.
—Michelle, vamos pensar positivo... Talvez não aconteça nada com ela.
—Preciso fazer alguma coisa, Marisa — Michelle disse enquanto acariciava o seu gato.
—O que você está pretendendo fazer?
—Amanhã eu vou procurar a mãe de Ilara — Michelle disse decidida.
—Michelle, mesmo sendo uma boa intenção você querer ajudar essa mulher, você não acha que seria quase se meter na vida de alguém que não lhe diz respeito.
—Marisa, tenho certeza que essa mulher precisa de ajuda... Alguém para conversar.
—Mas se ela quisesse ajuda, ela iria atrás de amigas... Parentes.
Michelle coloca Romeu no sofá e se levanta.
—Às vezes não é tão fácil como a gente pensa, Marisa.
—Talvez seja, Michelle, se ela estiver sendo agredida é só ir na polícia e tudo se resolve.
—Sim, Marisa, mas não é assim que as coisas acontecem... Acho que já falei sobre isso com você, muitas mulheres não denunciam os seus maridos por medo.
—Medo? Tudo poderia se resolver, Michelle, o pai de Ilara poderia pagar pelo que está fazendo.
—Mas por incrível que pareça, ele pode acabar se saindo é de vítima nisso tudo — Michelle responde calmamente, pois conhecia a realidade, as pessoas costumam achar que os agressores são as vítimas — Eu o conheci, Marisa, mesmo sendo um completo estupido aquele dia no restaurante, ele me tratou muito bem, mas notei que se eu desse bandeira, ele iria dar em cima de mim.
—Estúpido... maltrata a mulher e ainda dá em cima de outras mulheres... Como a mãe de Ilara consegue aturar esse homem? —Marisa pergunta com indignação.
—Amanhã eu saberei, Marisa... Agora preciso fazer uma ligação — Michelle começa a andar em direção ao quarto.
—Vai ligar para quem? — Marisa indagou.
—Vou ligar para Amanda, preciso que alguém me substitua amanhã — Michelle entrou em seu quarto e começou a procurar o número de sua colega de trabalho. Estava muito decidida a procurar a mãe de Ilara no outro dia.
****
No outro dia de manhã, na casa de Ilara, parecia que nada havia acontecido, Augusto estava agindo normalmente, só que com seus filhos e esposa não acontecia o mesmo.
Enquanto Augusto ingeria os alimentos tranquilamente, Ilara e Gustavo às vezes se entreolhavam, certamente estavam pensando a mesma coisa, não aguentavam mais viver naquela situação. Ainda mais porque Helena após as brigas ficava agindo feito uma robô. Não dizia nada, apenas obedecia as ordens do marido.
—Coloca mais café na minha xícara, Helena — Augusto falou e Helena colocou.
Ver aquelas cenas fazia tudo que Ilara ingeria descer quase se arrastando. Não conseguia entender sua mãe. Seu pai havia lhe insultado muito na noite anterior, mas parecia que ela não ligava. Será que não se incomodava em ser tratada como se não tivesse nenhum valor?
****
Já se passava das 9:00 horas da manhã e Helena estava fazendo seus afazeres domésticos, quando a campainha tocou. Helena achou estranho receber visitas àquela hora, mas foi até a porta para saber do que se tratava.
Após abrir a porta, se deparou com uma mulher morena que aparentava ter 24 anos.
—Bom dia, dona Helena!
—Bom dia... Não precisa me chamar de dona, pode ser Helena mesmo. Quem é você? — Perguntou reparando em cada gesto da outra mulher. Estava se sentindo intimidada.
— Michelle, sou a professora de sua filha — Michelle ficou um tanto sem graça, pois não sabia qual seria a reação de Helena se caso soubesse que ela estava afim de sua filha.
—Ahhh... Entre, por favor — A feição de Helena se tornou mais leve.
Michelle entrou e as duas se encaminharam para o sofá.
—Aconteceu alguma coisa? — Helena indagou enquanto acompanhava a outra mulher.
—Não, mas eu queria conversar um pouco com a senhora — Michelle ficou de pé ao lado do sofá.
—Sente-se — Helena ficou olhando para Michelle, estava pensando que as duas iriam falar sobre a sua filha — Veio falar sobre a Ilara, não é mesmo? Ela me falou sobre vocês— Encarou a morena a sua frente.
Michelle nesse instante se senta no sofá um tanto se saber o que fazer.
—Ela te falou sobre nós?
—Sim... E acho que você sabe que isso não deveria estar acontecendo — Helena se senta ao lado de Michelle.
—Meu Deus, que vergonha — Michelle leva suas mãos até sua face. Não estava preparada para aquilo —É complicado chegar para a senhora e falar a respeito de minhas intenções...
—Mas pode acreditar que são as melhores possíveis — Helena terminou a frase de Michelle.
—Sim — Riu nervosa.
—Acredito que para você está sendo ainda mais complicado lidar com isso tudo.
—Sim, por isso preciso dizer que não quero me aproveitar de Ilara. Que o que sinto por sua filha é sincero... Não quero magoa-la de nenhuma forma.
—Michelle — Helena colocou a mão no ombro da morena — Eu sinto que é sincero... Mas não quero que minha filha se magoe. Ela já tem que lidar com alguns problemas, não quero que apareça outros em sua vida.
—Sim! É por isso que estou aqui, por gostar tanto dela... Só desejo o melhor a ela... E a quero bem sempre, quero falar sobre um outro assunto com a senhora.
—Outro assunto?
—Sim, Ilara me contou a respeito do que anda acontecendo em sua casa — falou tudo calmamente e viu a feição de Helena mudar.
—Ilara não podia ter feito isso — Helena passou a ficar nervosa. Aquele assunto não deveria ter saído de sua casa.
—Helena, sua filha se preocupa com você.
—Mas ela não tinha esse direito... Isso é algo meu... Ninguém precisa se meter nisso — Olhou para Michelle já tentando segurar as suas lágrimas.
—Será mesmo, Helena, que isso só diz respeito a você? E seus filhos?
—Nunca aconteceu nada com eles!
—Mas isso está afetando sua vida e a dos seus filhos, Helena, eles se preocupam com você. Não querem tiver sofrendo. Você deveria tentar se libertar de tudo isso.
—É muito fácil falar, quando você não está passando por isso — Helena volta a se sentar e coloca suas mãos sobre a face. Estava se sentindo cansada.
—Sim, é muito fácil falar, mas eu quero te ajudar.
Helena força um sorriso — Eu sei que você quer se parecer legal, mas não precisa me ajudar, Michelle, minha vida sempre será assim.
—Helena — Michelle disse calmamente — Sua vida só vai continuar assim enquanto você permitir.
—Você acha que já não tentei sair dessa vida? — Helena encara Michelle — Mas não é fácil como você pensa.
—Sim, Helena, eu sei que não é fácil, por isso estou aqui, para te ajudar... Quero ser a amiga que eu sei que está precisando — Michelle sorriu e Helena ficou encarando a mulher que estava ao seu lado. Poderia não confiar em Michelle, pois a mesma era ainda uma desconhecida, mas sentiu que não precisava temer nada, ainda mais, por saber que sua filha gostava daquela mulher.
Michelle e Helena, até certa hora daquela manhã, conversaram. A mulher consegui colocar para fora tudo aquilo que já estava lhe consumindo por dentro. Talvez era disso que Helena estivesse precisando, de uma amiga, de alguém que pudesse lhe ouvir, dar conselhos e lhe entender. No final dessa conversa das duas, Helena percebeu algo... Ela precisava recomeçar a sua vida e ir atrás de sua felicidade.
Fim do capítulo
Olá,
Espero que tenham gostado do capítulo.
Obrigada pela leitura!
Beijinhos!
Van^^
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