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A mecânica por KFSilver

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Palavras: 8499
Acessos: 1642   |  Postado em: 20/11/2018

Capítulo 7

Isabella

 

“Caraca! O que foi que eu fiz??” Pensei novamente no tamanho da burrice que eu tinha feito. Me deixei levar pela emoção do momento; a raiva, a inveja e o ciúmes. “Argh! Eu sou uma pessoa horrível!”. Fisguei o meu lábio inferior, sem parar de balançar a perna, enquanto esperava pela outra. Fui tão impulsiva que, em menos de dez minutos depois que minha mãe saiu, acabei ligando para Laura, desejando que ela não atendesse ao mesmo tempo que sim. A minha voz quase não saiu ao ouvir ela atendendo.

– Alô? – Voz levemente rouca.
– Laura… – Senti uma leve vertigem – Desculpa, eu não devia ter ligado! – Falei apressadamente
– Espera! Não desliga! – Pausa – Podemos almoçar juntas, amanhã? – Sugeriu.

As minhas pernas tremeram tanto que tive que me sentar no sofá, antes de prosseguir:

– Mas você nem sabe quem eu sou… – Ouvi um riso suave do outro lado.
– Jamais iria esquecer a sua voz, Isa… – “O meu coração parecia explodir só de ouvi-la” – Eu posso te chamar de Isa? Isabella? – Engoli seco, despertando daquela sensação boa.
– Po… pode! – Novamente a sua risada, ela devia estar se divertindo, tamanho o meu embaraço.
– Então, aceita o meu convite para almoçar amanhã? – Voz sedutora.

Olhei novamente o celular, tentando diminuir a minha ansiedade. Sinceramente, eu quase não dormi, virei boa parte da madrugada revivendo o curto diálogo que tivemos. Agora estava ali, na pracinha de alimentação do Shopping, esperando por Laura.

– Foi aqui que pediram um suco de maracujá? – Falou ao meu lado.

Encarei meio assustada, os olhos brilhantes e o sorriso cativante, oferecendo-me um copo de suco.

– Tomei a liberdade de pegar um suco para você… – Indicou à cadeira – Posso? – Me tirando da inércia que fiquei ao vê-la novamente.
– Claro… – Envolvi as minhas mãos no copo, para disfarçar o tremor que a sua presença causava – Obrigada! – Beberiquei o suco.
– Disponha! – Piscou, sorrindo – Estava te observando há pouco… – Quase engasguei com a informação – Você também é muito ansiosa! – Indicou a própria bebida.
– A situação ajuda a ficar… – “Droga! Ela me deixa tão desconcertada!”.
– Isa, apenas relaxe! – Tocou a minha mão sobre a mesa – Eu não irei a lugar nenhum! – Sorriu suavemente – Vamos poder conversar tranquilamente.

“Ah, Laura! Não me toque assim! Você não sabe o esforço que estou fazendo para me controlar!”. Pensei angustiada, lembrando de como Giovana ficava na presença de Michelle. “Até em um momento desses, aquela jararaca se faz presente… Espera, isso! Pensa naquela cobra, e foca na loira na sua frente!”. Lembrei da cara bunda de Michelle, e procurei ter autocontrole na presença de Laura.

– Laura, eu preciso ser sincera! – Pressionei o meu maxilar, encarando os olhos castanhos curiosos – Samantha, não sabe que entrei em contato com você! – Nada disse, acenou suavemente à cabeça, bebericando o suco – Eu precisava desse momento a sós… – As minhas mãos estavam geladas, esfreguei elas em minha calça – Eu… Eu não consegui esquecer o que aconteceu naquele dia entre nós… – Não tive coragem de encará-la, prossegui – Não sou a minha mãe, e nem tenho a experiência dela… Eu… Eu… – Respirei fundo, quando ficava muito nervosa, tinha mania de gaguejar – Aquele beijo foi importante para mim! – O meu coração doía, pela primeira vez, admiti que sentia algo de verdade por ela.

O silêncio dela era angustiante.

– Isa… Eu não me orgulho da situação que aconteceu. – Senti fraqueza em minhas pernas, era agora, que eu, iria levar o maior fora da minha vida – Mas, não me arrependo do nosso beijo! – Havia sinceridade em seu olhar.

Antes mesmo que o meu coração tivesse esperanças, ela completou:

– Porém, não muda o fato que eu fiquei com a sua mãe.
– Eu sei… – Falei em um fio de voz.
– Eu te devo desculpas por isso, Isa!
– Por favor, não… – Engoli seco, senti os meus olhos arderem – É doloroso saber o que houve entre vocês. – Mordisquei o meu lábio – Mas, é o preço que eu pago para poder ter a oportunidade de revê-la. – Limpei rapidamente a lágrima que escapou, antes de encará-la – Eu gostaria de te dizer tantas coisas, mas agora se tornou inoportuno.

Algo na postura de Laura mudou, eu já não sabia mais o que dizer.

– O sentimento é reciproco. – Falou.

Quis entender o olhar por trás daquelas palavras.

***

Laura

Não escondi o sorriso em meus lábios quando terminei a ligação, percebi o olhar crítico em minha direção.

– O quê? – Maya, balançava à cabeça negativamente.
– Você não aprende mesmo, né?! – Terminou de pintar as unhas da mão.
– Do que está falando? – Sentei-me ao seu lado.

Arqueou à sobrancelha, fazendo um bico torto.

– Jamais iria esquecer a sua voz, Isa… – Repetiu enfadonha – Oi? Você acabou de comer a mãe da menina, e ainda tem a pachorra de seduzir a filha!? Ah, se a mamãe souber disso! – Sorriu maldosa.

Peguei um algodão sujo de esmalte, jogando nela.

– Primeiro; foi ela que me comeu! – Mostrei a língua – Alguém tem que ser comida nessa casa! – Sorri irônica – Segundo; que mané seduzindo! Falei normal com ela! – Beberiquei o meu chá – É a oportunidade de conversarmos e desfazer o mal entendido…
– Ou, criar mais! – Completou.
– Você me julga tão mal, Maya! – Falei séria – Não nego que os últimos dias foram uma tortura… – Recordei – Mas, senti uma química tão gostosa com a Sam, eu quero pelo menos tentar… E para isso, não pode haver desentendimento entre nós. – Apresentei fatos.
– Então, minha querida irmãzinha, é melhor você sorrir menos enquanto fala, porquê para um coração apaixonado; meia dúzia de gestos e sorrisos cativantes, são o suficiente para alimentar a esperança dos apaixonados! – Advertiu-me – Você é uma mulher linda e experiente, Laura! Eu, melhor que ninguém, conheço a lista das pessoas que te têm como crush, sem ao menos você fazer o menor esforço.

Refleti as suas palavras, sorrindo carinhosa pela preocupação da outra.

– Esqueceu de acrescentar; inteligente, cheirosa, gostosa, boa de papo… E pelo menos, mais meia dúzia de adjetivos para me definir! – Impliquei piscando.
– Aff! Seu ego é grande demais para metro quadrado desse apartamento… – Levantou-se – Me sinto sufocada! – Sorriu de lado, indo atender o interfone.

***

Caminhei entre as pessoas que passeavam olhando as lojas. Suspirei incomodada, Samantha não tinha mais dado notícias. Imaginei se era porque eu iria encontrar com Isabella. “Não, ela reagiu bem quando eu contei do beijo, duvido que seja por isso que ela nem mandou um bom dia, que seja…”. Por um momento, cogitei em perguntar para Isa, o paradeiro de sua mãe. “Péssima, ideia!”. O pensamento de que foi apenas uma trans*, me incomodou bastante, ainda mais depois do papo tão gostoso que havíamos tido. “Releva, que ela avisou que estaria muito ocupada!”. Parei em uma das entradas para a praça de alimentação, e vi Isabella de costas. Me permiti olhá-la um momento; os seus longos cabelos negros soltos em suas costas, uma blusinha branca, um jeans escuro e em seus pés; uma rasteirinha. Notei que balançava sutilmente a perna, enquanto olhava para o celular, isso me fez sorrir. Aproximei com cuidado após comprar um suco de maracujá, estávamos precisando.

Ouvi em silêncio o desabafo de Isabella, lembrando-me das advertências de Maya. Escolhi com cuidado as minhas palavras, não queria magoá-la, até por que a pouco tempo, eu também a queria.

– Isa… Eu não me orgulho da situação que aconteceu. – Pausa – Mas, não me arrependo do nosso beijo! – Fui honesta.

Mas antes que deixasse espaço para outras interpretações, prossegui:

– Porém, não muda o fato que eu fiquei com a sua mãe. – Precisava esclarecer tudo.
– Eu sei… – Murmurou, me senti mal por aquilo.
– Eu te devo desculpas por isso, Isa!
– Por favor, não… É doloroso saber o que houve entre vocês. Mas, é o preço que eu pago para poder ter a oportunidade de revê-la. – Fiquei surpresa com a revelação – Eu gostaria de te dizer tantas coisas, mas agora se tornou inoportuno.

“Eu entendo perfeitamente, Isa…!”. Recordei rapidamente dos sonhos que havia tido com ambas, era uma verdadeira tortura.

– O sentimento é reciproco. – Confessei.

Beberiquei o suco, pensando em como continuar aquela conversa, Isabella novamente me surpreendeu, abrindo um sorriso tímido confessando estar com fome.

***

– Não acredito que ela apagou sentada na calçada! – Isabella, ria gostosamente.
– Eu que não acreditava! Imagina de madrugada, saindo no final da balada e a minha irmã, que bebeu, talvez um pouco demais… – Gesticulei teatralmente – Ali; sentadinha, abraçando as pernas e roncando! – Dei um gole na cerveja – A minha sorte que um amigo nosso estava de carro, joguei a bicha no carro e fomos embora! – Ri, lembrando da ressaca de Maya ao acordar.
– A sua irmã é uma figura! – Limpou as lágrimas, pelo tanto que riu das historias que eu contava.
– Nem me fale! Ela faz a gente passar cada vergonha, meu pai amado! Vergonha, é uma palavra que já desconhecemos o significado! – Sorri.

Isabella se recuperou da crise de risos e deu um sorriso contido ao comentar:

– Você tem bons amigos! – Percebi uma certa nostalgia em sua voz.
– São os melhores! – Sorri – Mas, você também tem bons amigos, Isa! Dê um tempo para Giovana, ela vai acabar percebendo que essa tal Michelle não é uma boa pessoa. – Procurei amenizar os pensamentos negativos dela.
– Como sabe que pensei nela? – Deu um ligeiro sorriso.
– Por que toda vez que falou dela, ficou com o semblante pesado.
– Está me observando, é? – Arqueou levemente à sobrancelha.
– Apenas comentando. – Retribui o gesto.

Os atentos olhinhos azuis claros, tinham um brilho curioso, com um sorriso maroto, ela convidou:

– Já que pagou o nosso almoço, eu pago a sobremesa! – Mordiscou o lábio inferior – Gosta de açaí? – Levantou, chamando-me junto.
– Não! – Estava me divertindo com o jeito dela.
– Sério?! Nem com leite ninho? – Olhou incrédula.
– Não! Nem com leite ninho; nem com Nutella, ou qualquer outra gororoba que misturem junto!
– Ainda bem, que não era isso que eu tinha em mente! – Sorriu travessa – Pelo menos de sorvete, você gosta? – Arqueou à sobrancelha em desafio.
– Adoro! – Confessei, seguindo ela.
– Então, você vai amar! – Sorriu em cumplicidade.

Caminhávamos conversando, Isabella se mostrou uma agradável companhia. Sempre atenciosa, divertida e espontânea. Mais uma vez, ela soube me surpreender quando chegamos e pedimos um sorvete na chapa, o preparo foi muito bonito de se ver e o sorvete em si, era divino!

– Então? – Esperou o meu veredito.
– Maravilhoso! – Mais uma colherada – É super cremoso, muito gostoso!
– Hahahaha… Eu sabia que você iria amar! – Aproximou – Quer provar? – Oferecendo o dela que era de sabor Oreo, já que eu pedi frutas vermelhas.
– Claro! – Levou a colher até a minha boca, por um momento pensei em recusar, mas foi tão natural o seu gesto, que apenas aceitei – Meu Deus, para Isa! Bom demais! – Sorvete com certeza, era o meu ponto fraco.
– E você não conhecia? – Estava se divertindo com o meu deleite.
– Não! Bom, eu já ouvi falar do sorvete na pedra ou na placa, mas nunca tinha provado!
– Eu fico feliz por fazer você ter novas experiências! – Sorria travessa.

Voltei a comer o meu sorvete, pensando se Isabella tinha noção das frases com duplo sentido que soltava, ou se era apenas inocência de sua parte.

***

Isabella


Procurei sufocar a angústia que senti pela nossa conversa. “Foi apenas um beijo, Isa!” Tentei me conformar com isso, buscando em Laura, alguém para conversar. O almoço foi regado de histórias cômicas de Laura e de sua irmã Maya, soube que tinham diferença de dois anos, sendo Laura, a mais velha. Saber mais sobre a loira, aquecia o meu coração e o meu interesse por sua vida, só aumentava. Lamentei quando fomos interrompidas pelo toque do meu celular. Infelizmente tive que voltar para a minha realidade, onde ela não fazia parte.

– O tempo passou voando! – Lamentei – Preciso voltar para casa, ainda tenho muitas matérias para estudar. – Estávamos caminhando para a saída – Muito obrigada pelo almoço, e por essa tarde maravilhosa! – Tentei não demonstrar que aquela despedida era dolorosa.
– Eu que agradeço, Isa! – Pegou a minha mão – Principalmente a sua honestidade, você foi bem legal comigo, apesar de tudo o que aconteceu. – Beijou o meu rosto – E antes que negue, eu vou te levar para casa! – Piscou, guiando-me até o seu carro.

Fiquei tão radiante, que nem cogitei a ideia de recusar, ou que o trajeto poderia ser totalmente fora do caminho dela, estava curtindo o contato de sua mão na minha e o calor ainda presente dos seus lábios em meu rosto.

– É aqui! – Indiquei o portão marrom – Quer entrar? – Convidei, na esperança de passar mais tempo com ela.
– A sua mãe pode não gostar da minha presença… – Olhou um instante o local, antes de me encarar.
– Ela viajou! – Interrompi apressadamente, percebi que ficou surpresa – Achei que soubesse… – Fiquei um pouco sem graça pela euforia.
– Não… Na verdade faz tempo que ela não me responde. – Notei uma sombra de tristeza naquele olhar.
– Ela viajou a trabalho. Não esquenta! Ela é meio desligada às vezes, aposto que a noite, ela te manda mensagem! – Tentei amenizar o clima que ficou.
– Pode ser… – Percebemos movimentação no portão – Estão te chamando! – Indicou com o queixo.

“PQP! Justo agora!”. Pensei irritada.

– Deixa para outro dia, você mesma disse que tem que estudar, e eu não quero atrapalhar o seu rendimento.
– Obrigada por me trazer, e mais uma vez pelo almoço! – Aproximei, beijando o seu rosto – Tenha uma ótima noite, Laura! – Abri a porta do carro.
– Você também, Isa… – Chamou – Você tem o meu número, é só mandar uma mensagem para marcarmos algo depois. – Sorriu.
– Pode apostar! – Fechei a porta do carro, aproximando do portão, dando tchauzinho assim que seguiu percurso.

– Sua amiga? – Edson olhava curioso para o carro que se afastou.
– É sim! – Beijei o seu rosto, entrando na casa.
– Devia ter avisado que ficaria até tarde na rua! – Percebi certa seriedade em sua voz.
– Até tarde? Vô, ainda são 17:45 h… E eu, avisei que sairia hoje! – Coloquei a minha bolsa no aparador.
– Para almoçar, e não jantar! A gata estava miando até a pouco, presa na varanda.
– Eu pedi para Sabrina soltar ela, depois que a dona Maria fosse embora… – Suspirei aborrecida.
– Sabrina teve uma crise, Isabella! Está repousando no quarto dela agora. – Percebi o cansaço em seu rosto – Era sua responsabilidade!
– Desculpa, não achei que fosse demorar tanto. – Peguei Shakira, que estava se esfregando em minhas pernas – Sabrina está melhor? – Perguntei preocupada.
– Sim. – Suspirou, aproximando-se – Eu me preocupo com vocês… – Abraçou-me forte – Vocês são tudo para mim… – Falava com pesar.
– Vô, estamos aqui… Calma… Não é pra tanto… – Fiquei desconcertada com aquela demonstração de carinho.

Depois de uns instantes ele me soltou, encarei o seu olhar antes dele fazer carinho em meu rosto e sair, não antes de comentar:

– Cida, está preparando o jantar, estaremos te esperando, filha.
– Vou tomar uma ducha e já encontro com vocês…

“Dia intenso!”. Tomei um banho relaxante, coloquei comida para Shakira, seguindo para a casa ao lado. Abri o portão divisório, para as cachorras ficarem com o acesso livre para os dois terrenos, segui para o interior da casa. O meu avô estava vendo o jornal, alheio a minha presença, encontrei com Cida na cozinha, terminando de temperar a salada.

– Boa noite, Cida! – Aproximei, beijando-lhe a face.
– Boa noite, meu anjo! – Sorriu – Como foi o encontro?
– Não foi um encontro! – Corrigi – Fui apenas almoçar com uma amiga. – Corei, diante do olhar avaliador.
– Uhum… – Sorriu ligeiramente – Pode colocar a salada na mesa? Vou chamar a Sabrina… – Interrompi.
– Tudo bem, deixa que eu a chamo. – Adiantei, pegando a travessa de sua mão, colocando na mesa e seguindo para o quarto da outra.

Bati na porta, ouvindo uma suave música vindo do quarto.

– Pode entrar! – Permitiu.
– Ei! – Entrei, fechando a porta – Melhorou? – Aproximei da cama.
– Não muito… – Observei a expressão de dor dela – A maldição de Eva, sempre me faz lembrar, porque é difícil ser mulher! – Mantinha a bolsa de água quente, sobre o ventre.

Dei um sorriso contido pela graça sofrida de Sabrina, ela sempre teve dores de cólicas mais fortes que o normal, descobrirmos que ela sofria com ovário policístico, era doloroso vê-la assim.

– Tomou o remédio? – Assentiu – Consegue se mexer? – Sentei na beirada da cama.
– Não muito… – Fazia um biquinho lindo – Detesto isso! – Ficando mau humorada.
– Daqui a pouco o remédio faz efeito… – Compadeci de sua dor.
– Como foi o encontro? – Desconversou.
– Gente, quem disse que foi um encontro? – Arqueei à sobrancelha.
– Ué, e não foi? – Olhou confusa – Você saiu toda gata, e nem quis esperar a dona Maria finalizar a faxina, por que tinha um compromisso importante… – Lembrou-se – Desculpe, acabei esquecendo da Shakira.
– Tudo bem, ela te perdoa! – Pisquei sorrindo – Eu fui encontrar com a Laura… – Falei sem graça.
– Quem? – Olhou sem entender.

Suspirei.

– A loira que me beijou e depois ficou com a minha mãe! – Arregalou os olhos, antes de soltar um:
– EITA, PORRA! – Voz elevada.
– Fala baixo, sua louca! – Pulei sobre ela, tampando a sua boca.

Acabamos jantando em seu quarto, já que Sabrina, não estava conseguindo se mexer sem sofrer com as fortes cólicas. Ficamos horas conversando a respeito do que houve, e percebi que fui escrota com ela outro dia. Sabrina, fez hora com a minha cara e disse que eu pagaria na mesma moeda, quando ela estivesse de mau humor.

Suspirei cansada, após estudar um pouco. Estava deitada com Shakira em meu pescoço ronronando. Olhei para o meu celular e vi as mensagens da minha mãe, me desejando bons sonhos, respondi, e antes de colocar o celular novamente no criado mudo, visualizei o contato de Laura. Não sei quanto tempo, eu perdi olhando para sua foto, pensando na tarde que tivemos juntas. Foi mais forte do que eu, mandei um boa noite para ela. Fiquei desapontada quando não me respondeu, fiz carinho em Shakira, deixando o sono pesar.

Acordei no susto, tateando a minha mão no criado mudo, pegando o meu celular. Entreabri o meu olho, visualizando a mensagem.
———————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————
– “Boa noite, lindinha!” – 00:49 – Demorei um pouco, para perceber quem tinha mandado a mensagem, respondi rapidamente, quando vi a foto da loira.
– “Boa noite, Lau…” – 00:49 – Sorri suavemente.
– “Lau?” – (Emoticon pensativo) – 00:50 – Meu sorriso sumiu, na hora.
– “Desculpe, ainda não despertei direito.” – (Emoticon envergonhada) – 00:50 – Mordisquei o meu lábio.
– “Relaxa, Isa! Eu gostei!” – (Emoticon piscando) – 00:50 – “Espero que tenha rendido no estudo.”
– “Muito pouco, na verdade. Fui jantar com o meu avô e a acabei perdendo a hora, conversando com a minha tia.” – (Emoticon mão na testa) – 00:50.
– “Rsrsrs… Conversar é bom, principalmente com pessoas que gostamos! Depois você recupera o tempo de leitura. Estudar é importante, mas ter vida social, também!” – 00:51.
– “Falou a baladeira!” – (Gif baladeiro) – 00:51 – Ajeitei à cabeça no travesseiro, curtindo o papo.
– “Sou mesmo!” – (Foto carregando) – 00:51 – Engoli seco, quando baixei a foto de Laura usando óculos, sentada na cama de pijama com os cabelos levemente bagunçados, segurando um livro.

Respirei fundo, sentindo um arrepio gostoso percorrendo o meu corpo, por mais despojada que fosse a foto, tinha ficado muito sensual.

– “A cidade do sol… Lembro de ter lido, é muito bom!” – 00:52 – Tentei disfarçar o efeito que aquela foto me causou.
– “É sim! Estou relendo… E você, além dos livros didáticos, algum outro gênero?” – 00:52.
– “A insustentável leveza do ser” – 00:53.
– “O livro… Acredito que seja ‘de ser’, gostou desse livro?”
– “Não, é do ser mesmo!” – (Tirei a foto e enviei) – “Desse ser!” – (Emoticon chorando) – 00:54.

Mandei a foto de Shakira deitada, pesando sobre os meus seios.

– (Vários emoticons chorando de rir) – Laura digitando – ” Ownt, que coisinha mais linda!” – 00:53.
– “Eu sei que eu sou!” (Emoticon piscando) – 00:54.
– “Também é… rsrsrs… e como é!” (Emoticon sorriso malicioso) – 00:54.
– “É, você também não é de se jogar fora!” (Emoticon sorriso malicioso) – 00:54 – Não pude conter o sorriso satisfatório em meus lábios.
– “Isa, Isa… – 00:55 – Laura digitando.

———————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————

***

Bocejei novamente. Apesar do cansaço, as minhas madrugadas se tornaram maravilhosas! Conversar com Laura era tão leve e gostoso, eu ainda podia ousar em papos mais interessantes, madrugada a fora. Os dias estavam passando, e a minha aproximação com Laura era mais evidente. Deveria ser quase 04:30 h, quando fomos dormir. Se eu não tivesse aula em pleno sábado, ficaremos mais tempo, batendo papo.

– Dormimos, muito bem essa noite, hein? – Junior, comentou ao se aproximar.
– Maravilhosamente bem! – Sorri.
– Acho que nem todos?! – Cássia fofocou.

Olhei na direção de Giovana que tinha olheiras evidentes, suspirei, desviando o olhar. Ela sabia onde me encontrar. Eu estava cansada de tentar abrir os olhos dela; como diria a minha mãe: “Toda experiência é válida! Sendo ela boa, ou, desastrosa!”. Então, que Giovana tivesse a dela.

– Vamos começar o trabalho? – Sugeri.

Parei na frente do ponto de ônibus, após sair da aula de robótica. Comecei a fazer algumas anotações que lembrei de última hora, para a prova que terei na próxima semana, enquanto esperava a minha carona. Combinei com Laura de preparar um almoço para nós, assim ela conheceria, o meu projetinho de terrorista mais fofo do mundo. Eu estava tão concentrada, que nem percebi a chegada da menina atrapalhada. Procurei ignorar a sua presença inconveniente, para não perder o foco das minhas anotações, mas foi impossível, quando ela derrubou os livros dela, perto de mim. Como preza a boa educação, ajudei ela a recolher o seu material.

– Obrigada! – Respondeu tímida.
– Não foi nada… – Entreguei o livro, encarando-a.

Eu até tentei disfarçar a minha surpresa, o que acabou me deixando constrangida, e ela esboçou um sorriso maroto, de quem já estaria acostumado com a reação alheia.

– Não precisa ficar de boca aberta, eu não sou tão feia assim! – Falou fingindo mágoa – Eu sou até, muito simpática! – Piscou brincalhona.

Abaixei os olhos por um instante, enquanto o rubor tomou conta da minha face, e encarei o seu olhar maroto. De fato ela não era feia, mas o que me deixou surpresa, era o seu visual um tanto excêntrico.

– Me chamo Bianca! – Estendeu a mão, retribui – …? Mim; ser Jane! Você ser; Tarzan? – Mordiscou o lábio inferior, próximo ao piercing, tentando não sorrir.
– Isabella… – Pigarreei – Mim, não ser índia… – Entrei na brincadeira, mas antes que eu, completasse a frase, ela se adiantou.
– Mas eu sou! – Ficou séria.

O sorriso em meus lábios, sumiu. “Puta merd*! Ofendi a garota!”. Minhas faces queimaram ainda mais, quando ela soltou uma sonora gargalhada.

– Deixa disso garota, estou brincando com você, Isabella! – A sua voz, tinha um timbre gostoso de ouvir.

O som da buzina foi a minha tábua de salvação, nunca antes, alguém tinha me deixado tão sem jeito em apenas alguns minutos.

– Acho que a sua nave mãe, chegou ao resgate! – Pegou o seu material e se sentou no banco.

“Que que foi isso?!”. Olhei sem entender para a garota, entretida no celular, e fui em direção ao carro.

– Oi, lindinha! – Laura, me recebeu com um beijo estalado na bochecha – Como foi a aula? – Passou a marcha, para sairmos.
– Foi ótima! Muito produtiva! – Falei meio aérea, ainda estava tentando entender o que havia acontecido.
– Esqueceu alguma coisa? – Laura, questionou curiosa.
– Não, não! Podemos ir! Estou faminta! – Repousei a minha mão sobre a sua.

Enquanto o carro se afastava, olhei para fora, em direção a garota de cabeça raspada, na lateral, com desenho de uma flor de lótus. Os seus curtos cabelos negros; destacados pela raiz, com seu comprimento tingido em dois tons: azul e roxo. Possuía, pequenos alargadores em suas orelhas, e os piercings; no canto da sobrancelha direita e no canto inferior esquerdo, em seu lábio. O seu pescoço; semi coberto pelas tatuagens, que estavam expostas por toda região do seu antebraço até as costas da mão esquerda. A jardineira jeans desbotada, dava-lhe um ar feminino, apesar da postura dela ser o oposto, em seus pés; um coturno preto, bem folgado. Não é à toa que ela estava atrapalhada. Em seu rosto, os traços fortes que não deixavam duvidas a sua descendência indígena. Estava longe de ser feia, tinha um rosto muito marcante. A discreta pinta, um pouco abaixo de seu olho direito e as covinhas em sua face ao sorrir, acabava tornando todo o conjunto da obra, único. Sorri com o pensamento e a curiosidade que despertou, a respeito daquela figura enigmática.

***
Laura

Conectei no Spotify e deixei o carro, ser preenchido pelas seleções de músicas da minha playlist. Parei no sinal, iniciou; Amei te ver – Tiago Iorc. Um ligeiro sorriso apareceu em meus lábios. Conhecer Isabella, e passar algumas horas falando com ela, foi melhor do que havia imaginado. Cheguei em casa em vinte minutos, acionei o elevador e para a minha surpresa, a minha mãe já tinha chegado.

– Mãe?! – Recebi um abraço apertado.
– Laurinha! Que bom que chegou! Venha nos ajudar! – Guiou-me até a cozinha.
– Que surpresa, mãe! Achei que iria vir sábado. – Olhei para pequena bagunça na cozinha.
– Pois é, que surpresa, né?! – Maya, deu um sorrisinho amarelo.
– Seu pai foi pescar em com o seu tio Alberto, então, resolvi vir mais cedo! – Lavou as mãos – Mexe direito essa massa, Maya! – Experimentou, o tempero da carne – Mais pimenta!
– Err… Vamos dar um jantar? – Observei.

Falei espantada com tanto de massa de torta, que estava sendo preparada, e o cheiro de assado, vindo do forno.

– Mamãe, no curto caminho da recepção até o nosso apartamento, convidou; Pedro, Luiza, Diego e Otávio, para virem jantar conosco! – Maya, falou com um sorriso forçado.
– Pedro?!

Olhei espantada para Maya, pois sabia que eles tinham ficado uma vez, enquanto Luiza viajava.

– E eles aceitaram? – Sussurrei.
– Uhum! – Torceu o bico, irritada.
– Luiza, é um amor de pessoa! – Minha mãe disse, verificando o assado.
– Claro! Conversou cinco minutos com a pessoa e já viraram melhores amigas! – Maya tentou disfarçar, o descontentamento.
– Ficar uma noite sem encher a cara, e ter o mínimo de conviveu social com os seus vizinhos, não vai te matar, Maya! – Retrucou, dona Tereza.
– A massa está pronta! – Suspirou, saindo da cozinha.
– Ainda não terminamos! – Chamou um pouco áspera.
– Deixa eu que termino, mãe! – Adiantei, elas tinham gênio forte, acabava sobrando para o meu pai e eu, apaziguar os ânimos.

Assentiu, voltando aos preparos. Respirei fundo, aquela noite seria longa! Após deixar tudo pronto, fui tomar uma ducha e me arrumar. Maya, achou prudente reservar um espaço no meu armário para guardas as coisas de nossa mãe, não fiz objeção. Afinal, não era nada conveniente, deixar dona Tereza, mexer nas coisas da caçulinha dela e ver a caixinha de brinquedos (+18) de Maya. Estava terminando de me arrumar, mandei uma mensagem para Diego, pedindo para que chegasse mais cedo.

– Boa noite! – Otávio, cumprimentou – Como estão lindas, meninas!
– Boa noite, gato! – Dei um selinho neles – Obrigada, por vir antes! – Sussurrei no ouvido de Diego.
– Disponha! – Piscou discretamente, entregando-me a garrafa de tinto.

Apesar do desconforto inicial, o jantar e as bebidas, deixaram os humores mais leves. Era bom ter a minha mãe ali. Por conta do trabalho, às vezes, não tinha tempo para ir visitar os meus pais, mas sempre conversávamos por telefone. De fato minha mãe se deu muito bem com Luiza. Pedro por sua vez, interagia com Diego, mas vez ou outra; olhava de relance para Maya. Essa por sua vez, o ignorava completamente. “Pelo menos, tem um pouco de juízo!”. Pensei, enquanto trocávamos um olhar.

– O jantar estava delicioso! – Luiza, comentou um pouco alegrinha.
– Reserve em pequenos potes e guarde no congelador que não estraga… – Confidenciou, dona Tereza, antes de trocar mais algumas palavras, se despedindo de sua nova amiga.

Eu estava cansada. Há muito tempo, havia tirado o salto e estava sentada; massageando os meus pés, no sofá. Minha mãe sorriu, sentando-se ao meu lado.

– Você está tão linda, filha! – Sorria com orgulho.
– E você um pouquinho alcoolizada, né? – Beijei o seu rosto.
– Não o suficiente para deixar a louça suja… – Interrompi.
– Deixa mãe! Amanhã eu lavo, você já fez muito por hoje! Agora você precisa descansar.

Olhou-me, fechando os olhos um instante e respirou fundo, sorrindo.

– Só porque a casa é sua… – Levantou-se, indo para o meu quarto – Boa noite, amor! – Voz levemente arrastada.
– Boa noite, mãe! – Sorri, balançando à cabeça.

Fui até a cozinha, levar uns pratinhos de sobremesa. Estava apagando a luz da sala, quando ouvi:

– Espera, não apaga ainda! – Falou baixou.
– Onde você vai? – Falei ao vê-la com outra roupa, bem produzida.
– Para balada! – Confirmando, o Uber.
– Maya! – Olhei rapidamente para porta do meu quarto – Está procurando confusão? – Mantive o tom baixo.
– Não me espere acordada! – Mandou um beijinho e saiu.

Suspirei, indo trancar a porta e apagar a luz. Por mais crítica que a nossa mãe seja, às vezes, eu concordava com ela, a respeito de Maya. Por sorte quando abri a porta, nossa mãe estava desmaiada em minha cama. Fui até o banheiro, tomei uma ducha rápida. Assim que deitei, desisti de dormir, quando o ronco de minha mãe, se fez presente. Acendi o abajur e peguei um livro, decidir ler até o sono vir. Estava entretida com a leitura quando percebi a mensagem, por um momento, o pensamento que era Samantha, se fez presente. Não contive o sorriso, ao ler o nome de Isabella, na mensagem.

Espreguicei o meu corpo, despertando aos poucos. Percebi que estava sozinha no quarto, tateei até alcançar o meu celular. Passava das 10:00 h. Havia dormido muito bem, não lembrei com o quê havia sonhado, mas estava de bom humor. De banho tomado, fui tomar o meu café.

– Bom dia… – Falou.

Assustei com o seu tom mórbido. Maya, estava deitada no sofá, com o braço sobre os olhos de ressaca.

– Bom dia! Achei que só te veria depois do almoço. – Um suspiro alto, em resposta – Ok, já entendi! – Ri suavemente.

Fui até a cozinha.

– Bom dia, filha! – Terminando de fazer uma calda – Fiz panquecas!
– Bom dia, mãe! Nossa, que delícia! – Belisquei um morango picado – A senhora dormiu bem? – Observei que havia lavado toda a louça e guardado – Eu disse para senhora que iria limpar tudo depois! – Reclamei.
– Depois do almoço? – Sorriu – Sabe que não sou de ficar parada! – Beijou a minha testa – Dormi sim! Maya, vem comer! – Serviu-me café puro – Vem… senta, senta! – Bateu suavemente a mão, para outra sentar-se ao seu lado.

Maya estava se arrastando, endireitou-se ao receber o olhar.

– Café da manhã em família! – Bebericou o suco – Só faltou o seu pai… – Serviu Maya com panquecas e bacon – Tem aspirina para sua ressaca – Indicou o comprimido ao lado do suco de laranja.

Não nego que era divertido ver as expressões de Maya, emburrada com um bico torto, por estar sendo tratada como criança. Obedeceu, tomando o comprimindo junto da bebida, antes de começar a beliscar o desjejum. A minha alegria só não durou quando eu fui questionada:

– Voltou com a Antônia, filha? – Olhou-me com interesse.
– Não, mãe! – Olhei confusa – Por que a pergunta? – Fui ignorada.
– Então está namorando? – Insistiu.
– Também não… – Interrompeu.
– Ficou batendo papo ontem com quem? – Encarando-me.

“Mas que muié fuxiqueira!”. Pensei, olhando-a surpresa.

– Achei que a senhora estava dormindo! – Desconversei – Estava até roncando… – Interrompeu.
– Eu não ronco! – Mastigou antes de prosseguir – Apenas, suspiro enquanto durmo! – Bebericou o suco.

Maya ocultou um sorrisinho, agora era a minha vez de ser o bode expiatório.

– Então? – Insistiu.
– Era uma amiga, apenas isso! Podemos comer sem sermos interrogadas, dona Tereza? – Forcei um sorriso.
– Amiga, é! Sei…

O meu dia seria longo.

***

– É oficial, amiga! Ela te deu Ghosting! – Diego, comentou ao meu lado na esteira – É duro! Eu sei! Mas, bola pra frente, que atrás vem gente! – Tentou me animar.

Suspirei, bebendo um gole de água. Há três dias que eu não tinha notícias de Samantha, ela apenas visualizava, mas nunca sequer, se deu o trabalho de responder a minha última mensagem. Por outro lado, estava conversando constantemente com Isabella, dificilmente ficava no vácuo com ela. “Foi apenas sex*!”. Lamentei incomodada. Quando eu senti que estava pronta para iniciar algo sério com alguém, não ficamos tempo o suficiente juntas, para eu levar um fora decente.

– Pelo menos, você está se dando bem com a Isa! – Falou ofegante – Ela parece legal… – Verificou os batimentos cardíacos, no bracelete.
– Ela é! – Aumentei a velocidade na esteira – Acabou o aquecimento! Bora, queimar essas calorias! – Dei início ao meu treino diário.

***

– Que gatinha mais linda! – Acariciei a sua cabecinha – É um pecado, você dizer que ela é terrorista, Isa! – Sorri suavemente.
– Passe uns dias no território dela, que você ira mudar de ideia! – Olhou sobre o ombro.

Olhei em sua direção e admirei o seu corpo. Vestia short jeans e regata, os cabelos presos em um rabo de cavalo. Aproximei, dizendo em um tom baixo:

– Olha que eu posso ficar atentada em passar uns dias com vocês… – Sorri, quando me encarou um pouco encabulada, sorrindo em seguida.
– Depois não diga que eu não avisei! – Respondeu no mesmo tom, arqueando sutilmente à sobrancelha, mordiscando o lábio inferior.

Aquele tom azul claro, me atraiu para mais perto, encarei os seus lábios entreabertos. Eu estava seca para sentir o sabor deles, novamente, ouvimos alguém aproximando.

– Isa? – Entrou na cozinha, afastei rapidamente, beliscando uma azeitona – Ah, você está ai!

Um homem meio calvo, de barba rala e voz grave, que deveria estar em tornos dos seus sessenta anos, apareceu.

– Olá! Temos visita?! – Encarou Isa.
– Vô! – Limpou a garganta – Essa é a Laura, amiga de quem eu falei! – Apresentando – Laura, esse é Edson, o meu avô! – Sorriu.
– Prazer! – Cumprimentei.
– O prazer é todo meu! – Percebi o olhar avaliador sobre o meu corpo.

“Homens!”. Pensei, cruzando os braços, desconfortável.

– Vim chamá-la para almoçar conosco. Pode trazer a sua amiga também! – Sorriu galante.
– Obrigada, vô! – Percebi a mudança no tom – Mas, Laura é a minha convidada! – Enfatizou o “minha” – E o nosso almoço já está quase pronto! – Achei graça do sorrisinho forçado de Isa.
– Fica para outro dia. – Completei, educada.
– Tudo bem! Então… – Olhou-me rapidamente, antes de encarar a neta – Isa, a noite vou levar a patroa para dançar forró! Quer ir? – Convidou.

Falou com entusiasmo, colocando a mão sobre a barriga com a outra erguida, dando alguns passos de dança.

– Já temos compromisso para hoje, vô! Laura, vai passar a noite aqui! – Olhei de soslaio para Isa – E vamos maratonar! Né, Laura?! – Concordei, segurando o sorriso.
– Jovens; tão lindas, enfiadas em casa em pleno sábado! – Balançou à cabeça negativamente – Hoje em dia, esses jovens só querem saber desse tal de “zapzap” e maratonar na Netflix… –

Saiu resmungando e gesticulando.

– Bons tempos eram da minha juventude! Fazíamos bailinhos na garagem… – Continuou falando, até não o ouvirmos mais.
– Não liga pra ele, daqui a pouco ele para! – Riu divertida.
– A sua família fala muito, gesticulando. – Observei.
– É que somos descendentes de italianos, capisce! – Falou com um sotaque forçado, enquanto gesticulava.
– Sì, capisco! – Sorrimos – Então, estou convidada a pernoitar? – Aproximei.
– Convidadíssima! – Piscou, oferecendo-me outra azeitona – Agora, me ajude a terminar, porque estou faminta! – Sorriu travessa.
– Somos duas! – Falei levemente rouca, sorri, vendo o seu corpo arrepiar.

O dia passou em um clima gostoso de paquera. Eu já havia guardado o meu carro na garagem, a pedido de Isa, já que o bairro ficava um pouco perigoso a noite, para deixar o carro à toa na rua. Pedimos pizza, enquanto víamos os últimos episódios da sexta temporada de Orange is the new black. Em um determinado momento, ouvimos as cachorras agitadas e depois alguém batendo na porta, antes de entrar.

– Da licença? – Falou.

Olhei para jovem de cabelos bagunçados. Ela deveria ter mais, ou menos, a idade de Isa. Morena com o tom de pele mais escuro, e sorriso tímido. Parou um pouco sem graça, quando me viu.

– Sabrina? – Isabella, olhou-me rapidamente – Entra! Achei que tinha saído com a sua mãe?
– Não estava no clima para dançar, então, eles me despacharam pra cá! – Deu de ombros, sentando na poltrona – Oi! Posso? – Indicou a caixa de pizza.
– Oi! Fica à vontade! – Sorri, achando graça do seu jeito de moleca.
– Sabrina, essa é a Laura! – Apresentou.

Percebi que Isa, arqueou sutilmente à sobrancelha para a outra, que ia dizer algo, mas enfiou a pizza na boca, por conta do olhar severo que recebeu de Isabella.

– Podem continuar, vou ficar quietinha! – Falou com a boca cheia.
– Aff! – Suspirou.
– Relaxa! – Pisquei para Isa, que deu play para continuarmos vendo o episódio.

Eu já não prestava mais atenção na tela. O cheiro que vinha dos cabelos sedosos de Isa, atraiam a minha atenção. Estávamos no mesmo sofá, com ela aos poucos se aconchegando em meu corpo. O meu braço envolta dos seus ombros, abraçando-a. Olhei de relance para a garota ao nosso lado, que estava vidrada na história. Passei suavemente, a ponta dos meus dedos em seu braço, não houve recusa; continuei acariciando, envolvendo a minha mão na dela. Percebi que Isa, tentava manter o controle da respiração, para não chamar atenção da demais, sorri com isso, fazendo os meus lábios roçarem suavemente em sua orelha. Pude sentir o corpo de Isabella se arrepiar, eu estava me deliciando com aquilo.

– Friozinho… – Murmurou, esticando um edredom sobre nós, apenas sorri com a desculpa.

Isabella deixou o seu corpo moldar ao meu, relaxando. Senti o seu polegar acariciar o meu, ficamos curtindo esse novo contato. Ouvimos o toque do celular, Sabrina, parecia um pouco corada, avisou que os pais já tinham chegado, então, iria retornar para casa. Agradeceu a pizza e deu um tchau sem graça, antes de sair rapidamente. Foi apenas o tempo dela sair, para Isabella, soltar um:

– Graças a Deus! – Virei a tempo dela buscar a minha boca, para um beijo saudoso.

Sorri entre os seus lábios, aprofundando o beijo. Puxei o seu corpo para cima do meu, deixando as minhas mãos passearem pelo seu corpo. Gem*u baixinho em minha boca, quando apertei forte a sua bunda. Os gemidos dela estavam me levando à loucura. Toquei a sua barriga por baixo da regata, tentando avançar para o seu seio, mas, impediu a minha mão. Tentei a com outra, e me impediu novamente. Parei um instante, olhando para o seu sorriso maroto, enquanto prendia as minhas mãos sobre a minha cabeça. Isabella, deixou o seu corpo pesar sobre o meu, aproximando o seu rosto, os nossos lábios. Sutilmente, contornou a minha boca com a sua língua, antes de invadir a minha boca. Arfei quando Isa, colocou a sua perna entre as minhas, ela afastou o seu rosto, percebendo o que me causou.

– Você gosta? – Tom baixo, percebi uma ligeira timidez.
– Muitoo… – Tentei beijá-la, ela sorriu travessa. – Isa, por fav… – Antes que eu terminasse de dizer, ouvimos um som estridente.

Olhamos em direção a mesinha de centro, onde a pequena bolinha de pelo, estava sobre a mesa; balançando o rabo e com a patinha no ar, indicando onde o copo de vidro estava, antes de ser atirado no chão.

– Eu tenho… – Interrompi.
– Eu sei…

Suspiramos e fomos recolher as coisas, retirando os cascos de vidro do chão, para que Shakira, não se ferisse.

Eu, havia terminado de tomar uma ducha rápida, e fazer a minha higiene no banheiro de Isabella, enquanto ela, limpava o restinho do líquido no chão. Guardei a minha nécessaire em minha bolsa e vesti a camiseta que Isabella arrumou para mim. Era um pouco folgada, imaginei que era da Sam, suspirei um momento, ignorando a presença que se fez presente. Abri a porta e vi Isa embaixo do edredom, percebi que já havia tomado banho. Sorri suavemente, me aproximando da cama. O quarto estava parcialmente iluminado, fiquei fascinada pela visão dela.

– Você é linda! – Parei na sua frente, para que me olhasse melhor.
– Você que é… – A sua voz saiu num tom baixo, tímido.

Caminhei lentamente. Subindo em sua cama, engatinhando até ela. A morena respirou fundo, engolindo seco, deixei o meu corpo pesar parcialmente sobre o seu, buscando os seus lábios. O beijo começou suave, apenas curtindo o sabor dos seus lábios pequenos e vermelhos. As suas mãos tremiam em minha pele, arranhando-me por cima da camiseta, puxando-me mais para si. O nosso beijo ficou exigente, as minhas mãos buscavam mais, queriam mais! Fiquei deliciada, quando gem*u baixinho entre os meus lábios, a minha mão acariciava a base do seu seio. Deixei a minha boca explorar o seu pescoço; beijando-o, ch*pando-o. As suas unhas cravaram em minhas costas, arfando pelos os meus toques e beijos. Eu estava louca, querendo sentir a sua intimidade, porém, Isa freou a minha mão.

– Relaxe, lindinha… Vou fazer gostoso! – Mordisquei o meu queixo – Da pra mim, da?! – Devorei a sua boca em um beijo selvagem, demonstrando para ela, todo o tesão que despertou em mim.

Arranhei suavemente a sua virilha, deixei que sentisse o calor da minha mão sobre a sua intimidade, o que a levou à loucura. Mas, foi só eu tentar invadir a lateral da sua calcinha, que as suas pernas travaram a minha mão. Percebi o que seu corpo ficou tenso, e a sua respiração alterada de um jeito que chamou a minha atenção.

– O que foi, lindinha… – Falei suavemente, tentando controlar o tesão que eu sentia – Você não quer? – Eu já não conseguia raciocinar direito.
– Eu… Eu quero… Mas… – Ficou muda.
– O quê? – Franzi suavemente a testa.

Parei um instante, olhando rapidamente para o seu corpo, mas foi o seu olhar que entregou. “Não pode ser!”. Pensei surpresa.

– Você é… virgem? – Temi a sua reposta.

Engoli seco, quando desviou o olhar envergonhada. “PUTA QUE PARIU! SAMANTHA, VAI ME MATAR!”. Levantei sobre o seu corpo por impulso, o que causou chateação em Isabella. Fiquei de joelhos sobre a cama, sem saber o que fazer! “Eu não fico com uma virgem, desde que eu era uma!”. Respirei fundo, tentando amenizar a minha reação sobre a revelação. “Os meus sonhos foram todos uma mentira!”. Lamentei, me recriminando em seguida. “Deixa de ser cafajeste, Laura!”. Olhei para Isa, que se encolheu na cama. “Se controla! Droga! Samantha, vai me matar!”.

– Eu disse que não sou a minha mãe. – Murmurou chateada.
– Isa, não é isso… – Respirei fundo, procurando uma forma de explicar o que aquela revelação causou em mim – Eu só… – Interrompeu.
– Não esperava inexperiência?! – Percebi a mágoa – Posso não ter trans*do com ninguém, mas sei dar prazer ao meu corpo!

Parei um instante, procurando articular melhor, o que eu queria dizer:

– Eu não duvido disso, Isa! – Aproximei de seu corpo – Olha para mim… – Pedi – Foi uma surpresa, sim! – Acariciei o seu rosto – Uma agradável surpresa, na verdade… – Olhei com carinho para o seu rosto delicado – Confesso que agora, eu gostaria de ter preparado algo para você! Por que esse momento é muito especial! – Peguei a sua mão, segurando sobre o meu coração – Eu fico feliz que queira que seja comigo… Mas, eu sinto que você não está preparada. – Silêncio – Se estivesse, você não teria bloqueado os meus avanços, mesmo que inconscientemente, não é? – Abaixou o olhar, pedindo em um sussurro:
– Me abraça? – Falou manhosa.
– Claro! – Entrei embaixo da coberta, envolvendo o seu corpo em um abraço protetor – Você saberá quando for o momento certo… – Falei suavemente em seu ouvido.

Aos poucos, o seu corpo foi relaxando em meus braços, apenas curtindo o meu carinho.

– Lau… – Chamou baixinho.
– Sim?
– Podemos nos curtir por hora? – Perguntou tímida.
– Podemos sim! – Sorri suavemente, buscando os seus lábios para um beijo sereno.

Já havia amanhecido e o miado se fez presente. O calor de seu corpo, saiu lentamente do meu abraço, para cuidar da gatinha. Busquei o seu travesseiro, abraçando forte, suspirei e voltei a dormir. Despertei horas depois, sentindo algo molhado em meu pé, entreabri o olho e vi Shakira, em cima da cama, lambendo o meu dedão. Ouvi um riso abafado, encarei o seu olhar sereno.

– Bom dia… – Dissemos juntas.

Isabella, envolveu o meu rosto, beijando-me carinhosamente. Era bom sentir esse carinho, retribui o gesto.

– Fome? – Perguntou, assim que nossos lábios se separaram.
– Uhum! – Percebi o brilho em seu olhar.
– Me da uma carona? – Sorriu marota.

Quando saímos da cama, já passava das 9:00 h. Isabella, inventou de preparar uma lasanha, porém, estava faltando alguns ingredientes. Depois de muita preguiça, beliscamos umas frutas e fomos ao mercado, antes que fechasse. O preparo da lasanha, foi coberto de brincadeiras íntimas e muitas risadas, o que acabou nos sujando, o tempo também estava começando a esquentar. Tomei uma ducha rápida e fiquei de olho na lasanha, enquanto Isabella, tomava o dela. Aproveitei e fiz um suco de laranja com acerola para nós. Assim que terminei, coloquei a jarra na geladeira para manter o suco gelado, foi o tempo de ouvir o barulho do portão, por um momento pensei que era o avô de Isa, mas gelei, ouvindo a sua voz.

– Laura?! – Não sabia quem estava mais surpresa – Como você… – Aproximou – O que você faz aqui? – Voz levemente rouca.
– SAM… – Foi a única coisa que consegui pronunciar, após ser pega em flagrante – Eu… eu, não sabia que você voltava hoje! – Não sabia onde enfiar a minha cara.
– Lau? – Ouvimos Isa – Lau? – Engoli seco.
– Estou na cozinha, Isa! – Respondi constrangida.
– O que você está fazendo em minha casa, Laura? – Aproximou, tentei disfarçar o arrepio que o seu tom me causou – Me responda! – Falou séria.
– Ela é minha convidada, Sam! – Isabella falou, e vindo até mim.

“PQP, ISA! Vocês não tem secador de cabelo nessa casa?!”. Pensei nervosa.

– Olá, mãe! – Aproximou beijando a sua face – Espero que tenha feito boa viagem! – Envolveu a minha cintura.
– Eu posso explicar! – Procurei sair da inércia que fiquei com a sua presença.

Conforme tentávamos nos esclarecer, parecia piorar a situação.

– Posso falar com você, Samantha? – Pedi.
– Podemos sim! Mas, me dê um minuto com a minha filha, por favor!

Aguardei que conversassem, enquanto esperei no quarto de Isa, andando de um lado para outro, passei a mão em meus cabelos, podia ouvir Maya gorjeando um: “Eu te avisei!” ou um “O karma tarda, mas não falha!”, debochando da minha cara.

– Esperei dias, para que ela desse sinal de vida! Um sinal de fumaça que fosse, e nada! – Apertei a minha nuca – Justo agora, ela aparece de surpresa! – Murmurei angustiada.

Esfreguei as minhas mãos, estavam frias! Isabella apareceu, abraçando-me forte, antes de me dar um selinho, pediu para que eu tivesse calma que daria tudo certo.

Aproximei devagar, observando o seu corpo de costas para mim. Não pude negar a saudade que senti ao vê-la tão próxima, ao mesmo tempo longe do meu alcance. Pensei em Isabella. Como tivemos uma sintonia gostosa, logo de cara. E claro, o fato dela ter sido sincera e me encarado, para dizer o que sentia. Respirei fundo e procurei a melhor forma de dizer tudo.

– Sam, eu nem sei por onde começar…

O meu corpo estava trêmulo, quando ela se afastou. Tive que me apoiar em sua mesa para me manter em pé. A sua voz rouca, pedindo para fazer a filha dela feliz, depois do beijo que me deu. Toquei os meus lábios, sentindo o leve tremor em minhas mãos, e o calor de sua boca na minha, ainda presente. Engoli seco, era a primeira vez em anos que eu sabia o que tinha que fazer, mas não podia.

 

continua…

Fim do capítulo

Notas finais:

Desculpem a demora para a postagem, não tenho tido bons dias, na verdade tenho passado por muitas coisas, o que acaba me afastando do que eu mais gosto, que é escrever... O meu maior problema não é a falta de criativadade, pois eu tenho conseguido desenvolver bem as historias e cenas, porém, o que interfere mesmo é a minha vida pessoal... enfim, vou procurar me esforçar mais para terminá-las. Agradeço a compreensão meninas, excelente semana! abç, Kah ;*


música: 
https://www.youtube.com/watch?v=W62-ZG9tPpI


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