A mecânica por KFSilver
Capítulo 6
Isabella
– Um pedaço de manteiga e a gente passa em cima da omelete. Para ficar brilhante… E o quero exatamente isso! – Sotaque francês.
– Sim, Chef! – Respondi sorrindo, terminando de ver as instruções do vídeo.
Respire fundo e olhei para os ingredientes que reservei. Havia dormido muito bem, estava cheia de apetite e ousadia para tentar algo diferente. Procurei um vídeo de receita do meu Chef francês favorito; o meu gordinho Jacquin. Separei alguns ingredientes para seguir passo a passo da receita. Eu estava indo muito bem, só não contava com uma gata manhosa, mordendo o meu calcanhar, bem na hora que eu estava finalizando na frigideira.
– Sai Shakira! – Ralhei com ela – Ai! – Agarrou a minha perna, dando várias mordidinhas.
Agitei a minha perna, o que foi pior; já que cravou as unhas em mim. “Filha da mãe!” Abaixei para tentar tirar ela, que estava balançando o rabo, divertindo-se muito com a brincadeira. Fiz carinho naquele projeto de terrorista, e ela cedeu, livrando-me de suas garras. “Nota mental: Aparar, mais as unhas dessa gata!”. Gemi, passando a minha mão na panturrilha arranhada, quando senti o cheiro peculiar.
– Ah, merd*!! – Mexi rapidamente, percebendo que tinha queimado o fundo do omelete.
Suspirei aborrecida, ainda para ajudar, a minha mãe tinha chegado bem na hora.
– Está pondo fogo na casa, Isa? – Entreabriu a janela – Que experimento maluco, você está tentando replicar? – Zombou.
– Bom dia, para você também! – Resmunguei – Omelete francesa… – Suspirei – Ou melhor dizendo, ovo mexido. – “Poxa, estava perfeito!” Lamentei.
– Parece comestível… – Deu um sorriso amarelo.
– Você quer? – Ofereci desanimada.
– Ah… não! Eu, já tomei café da manhã! – Indicou à sacola – Trouxe, pãezinhos caseiros para você! – Beijou a minha testa, incentivando a continuar tentando.
Peguei um pãozinho quentinho, sentindo o meu apetite voltando. Caprichei no requeijão, antes de comer junto com o meu ovo mexido. “Vou começar a deixar essa gata na varanda, quando eu estiver cozinhando!” fitei a gata cochilando na caminha dela. Tirando a parte que queimou, o ovo estava muito gostoso, comi com apetite percebendo os olhares e sorrisos de Samantha. Não pude evitar um comentário infeliz, que desencadeou uma conversa que eu não estava preparada para ter. Senti as minhas mãos gelaram com tudo o que ela estava dizendo, um nó sufocante em minha garganta com o seu último comentário:
– Sou a sua mãe Isa! E eu, deveria ser a pessoa com quem você pode contar… A pessoa que você poderá confiar, quando aqui – Apontou para a minha cabeça – E aqui – Apontou para o meu coração – Estão em conflito! – Balancei a minha perna em pânico, tentando entender o motivo daquela conversa.
O meu medo foi substituído pela raiva e traição que senti ao pensar nela.
– Sabrina! – Levantei irritada – Eu vou arrancar a língua dela fora! – Samantha segurou firme o meu braço, detendo a minha ação.
– Isabella, respira! – Eu só queria tirar satisfação com aquela traíra – Isa, olha para mim! – Estava difícil controlar todas aquelas emoções – Olha… – O seu tom de voz, o seu pedido me fizeram ceder – La mia piccola ragazza, ti amo così tanto! – Em seu abraço apertado não pude mais me conter, chorei toda angústia que sentia por todas as emoções e incertezas que estavam me assombrando.
O seu carinho e o seu aconchego eram tudo o que eu estava precisando no momento, para abrandar o que eu sentia. Não pude deixar de sorrir quando o bigode de Shakira fez cócegas em minha perna. “Segundo round, sua tratante!”. Suspirei e resolvi abrir o jogo com a minha mãe.
– Mãe… – Respirei fundo, fechando os meus olhos.
– Sì? – Pensei na loira e no seu sorriso lindo.
– Aquela noite… Eu, eu… Fiquei com uma mulher! – Envolvi mais forte a sua cintura, temi que ela se afastasse de mim, quando soubesse a verdade.
– E você gostou? – Acariciou a minha face.
– Muito! – Abaixei os olhos, lembrando-me dos beijos – Acho que você também… Foi aquela loira, que te agarrou! – Confessei.
Samantha beijou a minha testa, guiando-me até o sofá, eu nunca senti tanta vontade de fazer carinho em Shakira como naquele momento. Sam continuou investigando o que de fato aconteceu na balada, questionando se aquela mulher tinha mexido tanto assim comigo, para eu agir daquela forma. Não pude negar o que senti.
– Bom… – Encarei o seu olhar – Sim! Ela era um mulherão da porr*! – Emendei envergonhada, lamentando não saber o nome dela.
Refleti as suas palavras, senti vergonha por ser tão idiota e não saber controlar as minhas emoções. Tocou o meu queixo, fazendo-me encará-la.
– É preciso trabalhar muito, com o preconceito que você mesma se impôs. – Pausa – Eu te garanto, Isa! Que assim que você dissolver esse preconceito, você vai conseguir viver plenamente! Sendo você bi, ou lésbica! – Segurou a minha mão – Saiba, que eu sempre estarei aqui para você! Procurando ser paciente, ou, puxando a sua orelha! Para te mostrar, e, para te guiar!
Fazia tanto tempo que eu queria… que eu precisava desabafar com ela, mas o receio que eu sentia me inibia. Foi a primeira vez que conversamos tão abertamente sobre ficar com mulheres. Comentei sobre duas garotas que eu tinha ficado, não que eu estivesse afim, mas a insistência e a curiosidade me fizeram tomar essa decisão. Para a minha surpresa, Sam, também confessou alguns casinhos antigos, para o meu alívio, não mencionou Donna. Rimos muito, nunca tinha visto a minha mãe tão à vontade falando sobre o seu passado. Sempre tive muita curiosidade a respeito dela, mas sempre que tocávamos no assunto, ela mudava a conversa. Com o tempo, aprendi o jeito educado dela “dizer”; não se intrometa no que não lhe diz respeito. A sensação de euforia que eu tinha sentido ao acordar voltou com força, o que me fez esquecer um momento que era dia de prova, corri para tomar uma ducha para não chegar atrasada, só deu tempo de ouvir:
– Cuidado para não atropelar, a gata!
“Meu Deus do céu! A minha gata quer me matar!” Sinceramente, eu desconhecia o meu vasto vocabulário de palavrões, quando bati o meu mindinho no cômodo, “Vou ter que tirar um raio x depois!” Lamentei, indo tomar uma ducha rápida.
***
Eu estava terminando de mandar uma mensagem para Giovana, dizendo que já tinha chegado, quando ela comentou da fulana no shopping, tinha pedido para não me deixar esquecer.
– Ah, sim! Encontrei com uma amiga sua, e, ela te mandou lembranças! – Retirei o cinto.
– Qual? – Perguntou curiosa.
– Uma coroa! – Peguei a minha bolsa, provocando-a.
– Isabella! Eu tenho 41 anos, e você já acha que eu sou idosa! A coroa, disse o nome? – Ironizou.
Pensei um pouco, o jeito que ela me olhou me deixou cismada.
– Flávia? – Murmurei – Fernanda… Francesca! – Percebi as meninas se aproximando.
– Tem certeza desse nome?
– Sim! Ela era estranha… Mãe, eu to atrasada! Depois a gente fala mais da “esquisitona; maníaca, ex-namorada!” – Brinquei – Te amo! Fui! – Ouvi um boa aula, antes de alcançar as meninas.
Olhei para onde estava a minha mãe, dando um tchauzinho antes de entrar no prédio.
***
– Na moral! Se eu ver mais algum cálculo hoje, eu vou me enforcar num pé de couve! – Murmurou Giovana, com à cabeça deitada sobre o braço – Não vejo a hora de passar pra aula prática! – Massageou as têmporas – Ai meus cornos!
– A prova estava difícil mesmo, mas, paciência! Se formar em uma das engenharias mais complexas, não é pra qualquer um! – Cutuquei, tentando animá-la.
– Se “eu” conseguir me formar, vou passar um ano viajando, conhecendo as “belle ragazze” (como diria a sua mãe) desse meu Brasil! – Falou gesticulando muito, com um sotaque bem forçado.
Rimos das toscas imitações dela, quando Michelle, se aproximou dando um beijinho no canto da boca de Giovana, essa por sua vez, ficou babando pela morena, que adorava provocá-la e destilar veneno. Nossos santos nunca bateram, as trocas de farpas entre nós eram garantidas constantemente. “Garota insuportável!” Voltei a comer o meu lanche, ignorando-a completamente.
– Como foi a sua prova, meu bem? – Falou sentado-se ao lado de Giovana, arranhando a sua coxa discretamente.
– Err… Foi… – Pigarreou – Foi mel na ch*peta! – Bebericou a coca gelada – Aposto que você vai acertar todos os cálculos! – Revirei os olhos, tamanha rasgação de seda.
– Certamente! – Aproximou de Giovana – Sabe… alguns amigos meus, vão tocar no bar “Podrão” amanhã! – Arranhava a nuca de Giovana, estava quase sentada no colo da outra – Eu adoraria que a gente fosse… – Arqueei levemente a sobrancelha, percebendo as intenções dela – Mas, o meu salário já ta no fim… – Giovana nem deixou a outra completar.
– Eu pago! – Suspirou entre os lábios da víbora – Eu sei que como é… Você… voc… – Balbuciou debilmente.
“Sério isso, Giovana? Deixa de ser manipulável!” Interrompi o quase beijo, proveitoso da víbora, questionando:
– Você gasta tudo com roupas de marcas ou com sapatos também? – Michelle suspirou, antes de quebrar o contato visual com a sua presa – Especialistas dão uma ótima dica: Gaste apenas o necessário e poupe o resto! E algo que eu adoro acrescentar: Se dói no seu bolso, imagina “o rombo” que você causa – Enfatizei “você” – em quem fica te bancando!? – Belisquei Giovana, que ainda estava em transe pela proximidade da outra.
– Ai! – Esfregou rapidamente a cintura, olhando-me assustada.
– Isa! – Sorriu ironicamente – Eu nem percebi que você estava aí! – Olhou rapidamente ao redor – Aquele monumento que você chama de mãe, não está por aqui, né? – Provocou – Ontem, eu perdi a oportunidade de dizer olá para ela… – Sorriu safada – Que estava um pouco ocupada demais, refazendo a cena da boate! – Fofocou.
– Ontem você foi no shopping? – Giovana perguntou – Disse que estaria estudando a noite toda! – Questionando inocente.
– Eu estudei, meu bem! – Encarando-a – Mas quando estava dando a hora do filme, eu resolvi ir te encontrar… Infelizmente, já tinha começado a sessão. Então, eu comprei um lanche e voltei para casa. – Falou, com falsa tristeza.
– Sério?! Mas você podia ter mandado uma mensagem, e a gente se encont… – Interrompi aquele teatro.
– Ah, pelo amor de Deus, Giovana! Deixa de ser idiota! Essa garota é a maior interesseira! – Falei irritada, pela paixão débil da minha amiga.
– Isa! – Giovana me deu um olhar reprovador – Michelle não tem porque mentir! – defendendo-a.
– É, Isa! – Falou com meio sorriso – Se eu estivesse mentindo, como eu iria saber que a sua mãe, ficou aos beijos com aquela loira gostosa?! Pergunte a ela, se não acredita! – Piscou atrevida.
Olhei para elas, e só vi uma morena venenosa e outra tapada! Respirei fundo, mais alguma insinuação a respeito da minha mãe, eu não iria levar advertência, seria expulsa; pela minha mão na cara dessa garota. Levantei, ignorando os pedidos da Giovana, para eu ficar e sai, não antes de ver Michelle tascando um beijo na Giovana. “Se merecem!”.
***
Cheguei em casa e a minha mãe não estava. Eu estava cansada e ainda pouco irritada pela atitude de Giovana. Peguei Shakira no colo, que cheirou a pontinha do meu nariz, sorri fazendo-lhe carinho. Fui até o meu quarto, guardei o meu material e tomei um banho demorado. Coloquei um short e uma blusinha solta, preparei um suco assim que o meu estômago se manifestou. Quando eu estava terminando de preparar o suco de manga, ouço alguém me chamando. “É hoje!” Fechei a cara, indo ver o que Sabrina queria.
– Oi, Isa! – Falou alegre – Vim trazer bolo gelado para vocês! – Olhei para a tigela tampada com um papel alumínio – Eu que fiz! – Encarei duvidosa – Tá, ajudei a minha mãe a fazer! – Sorriu.
– Obrigada. – Falei contida, olhei para a outra que esperava um convite para entrar.
“Linguaruda do caramba!” Pressionei o meu maxilar, tensa.
– Hmm… você está bem? – Colocou as mãos nos bolsos da bermuda.
– Sim, na medida do possível! – Limitei a dizer.
O dia meu começou conturbado, eu só queria comer e dormir um pouco.
– Foi bem na prova? – Tentando prolongar a conversa.
– Sim! – Suspirei impaciente – Olha, obrigada pelo bolo, mas eu tenho que descansar e depois estudar.
– Ah… sim, claro! – Falou sem graça – Então, depois nos falamos? – Começou a caminhar devagar de costas.
– É, pode ser… te mando um “zap”! – Apertei o meu maxilar, a minha vontade era de xingá-la pela traição.
– Tá! – Me olhou um momento, tive impressão que queria perguntar algo – “Inté”! – Virou e caminhou cabisbaixa, atravessando o portãozinho do muro divisório.
Entrei levando a tigela até a geladeira, havia perdido o apetite. Terminei de beber o meu suco e deitei no sofá.
– Estou bem de amizades! – Shakira estava mordiscando o meu dedo. – Só você é boazinha? – Peguei a vara dela, em cima da mesinha de centro e comecei a brincar com ela.
Devo ter ficado pelo menos uma hora, gastando a energia daquele projeto de terrorista. Observei Shakira deitada embaixo da mesinha, balançando o rabo. Deixar de ocupar a minha mente com ela, só me fez pensar novamente no que Michelle havia dito. Normalmente, eu não acreditaria nela, mas Samantha tinha passado a noite fora… Comecei a pensar nas probabilidades dela ter encontrado com a loira, e ainda assim, ter fingido que não a conhecia. Fechei os olhos, passando a ponta dos meus dedos em minha testa. “Samantha, não faria isso!” Mordisquei o meu lábio, divagando. “Não, não faria!”, suspirei, “Mas porque, ela iria vir com aquele assunto logo cedo? Assim de graça?!”. Sentei, cruzando as minhas pernas, balancei negativamente a cabeça. “Deixa de coisa, Isa! Agora vai começar a dar ouvidos praquela criatura manipuladora? Não, né!”. Respirei fundo, fazendo alongamentos em meu corpo, precisava me ocupar.
Já era início da tarde quando ouvi a camionete estacionando, continuei focada em concluir a minha leitura, Samantha, entrou me chamando.
– Filha? – Estava em seu quarto.
– Oi, mãe! – Encostei na porta, vendo ela arrumar uma mala.
– Vou ter que ficar fora até segunda, surgiu um trabalho em São Paulo. – Continuava organizando as roupas – Já avisei ao seu avô, amanhã ele vai te dar uma carona até a faculdade. – Tirando a blusa – Dona Maria vem amanhã a tarde para fazer a faxina, não esqueça de deixar as cachorras presas! – Apontou para Shakira em sua cama – E ela na varanda! Não quero acabar sofrendo um processo, por acidente de trabalho, provocado por essa coisinha. – Notei os pequenos arranhões em seu pescoço e ombros, corei desviando o olhar – Como foi a sua prova? – Terminou a mala – Deu tudo certo? – Parou, colocando as mãos na cintura, percebi que estava meio agitada.
– Deu, sim!
“Será?” Apertei os meus olhos, o que foi notado por ela.
– Aconteceu algo? – Pegando uma toalha, parando na entrada do banheiro.
– Vai comer algo antes de sair? – Desconversei.
– Se não estiver queimado, sim! – Sorriu suavemente.
– Então eu vou esquentar. – Disse já me virando.
“Fica de boa, não pensa merd*!” Pensei agitada.
– Filha? – Virei para ela – O que… – Franziu a testa – O que Francesca, disse exatamente? – Percebi certa tensão vindo dela.
– Bom, ela se aproximou querendo saber se eu era a sua filha, e disse que éramos muito parecidas… Depois mandou lembranças.
– Apenas isso? Não deixou contato? – Arqueou a sobrancelha.
– Não! – Pensei nela – Ela tinha um quê de Meryl Streep em Diabo veste Prada. – Cruzei os braços, brincando – Se ela não tivesse parecendo uma mafiosa, eu até pediria um autógrafo! – O meu sorriso morreu, quando vi a expressão séria de minha mãe – Ela não é uma maníaca, ex-namorada, né? – Franzi o cenho, preocupada com a sua reação.
Encarei o seu olhar um instante, antes dela balançar suavemente à cabeça em negação.
– Não se preocupe, ela não deve te procurar mais! Vou tomar banho! – Fechou a porta, me deixando confusa.
***
– Hmm… Gostoso! – Falou após dar a última garfada no bolo – Cida sabe como nos agradar! – Comentou, antes de bebericar o seu café.
– Uhum! – Levantei, pegando os nossos pratos, lavando-os – Vai ficar no mesmo hotel?
– Não! – Colocou a xícara na pia – Vou ficar na casa da Donna! – Informou – Ela é a cliente! – Ajudou a secar à louça.
– Vocês estão namorando? – Olhou incrédula.
– Não! – Riu suavemente – É apenas trabalho! Ela que ofereceu estadia.
– Achei que tinham ficado juntas ontem… – Joguei verde.
– Donna, já tinha voltado para São Paulo! – Secou as mãos – Sai com outra pessoa! – Disse, deixando a cozinha.
Apertei o meu maxilar ficando angustiada, lembrando-me das palavras de Michelle. “Refazendo a cena da boate!” pela janela, a vi colocando à mala na camionete “Ficou aos beijos com a loira gostosa!” Joguei o guardanapo na mesa, me aproximei decidida, enquanto ela mexia em sua bolsa.
– Mãe! – A minha voz saiu um pouco elevada, o que acabou assustando-a.
– Oi!? – Olhou surpresa, o que me fez perder toda a coragem, que eu tinha acabado de juntar pra questioná-la.
– Err… Hmm… – Simplesmente as palavras não quiseram sair.
– Fala! – Cruzou os braços, elevando à sobrancelha – Quer que eu te traga algo? – Questionou.
– Quero que me responda algo… – Engoli seco.
– Pois diga! – Franziu suavemente a testa.
Respirei fundo, falei rapidamente:
– Aquela loira da boate, vocês se conheciam? – Percebi que ficou surpresa.
Fitou-me um momento antes de responder:
– Não! – Suspirei aliviada, até que ela completou – Nós não nos conhecíamos naquela noite na boate.
Me apoiei no braço do sofá, sentindo uma angústia crescente.
– Foi com ela que você ficou ontem, não foi? – Perguntei num fio de voz.
Apertou o maxilar, afirmando com a cabeça.
– Isa, eu ia te contar… – Interrompi.
– Qual o nome dela? – Ignorei.
– Laura!
– Laura… – Repeti, saboreando a pronúncia – Combina com ela! – Dei um sorriso fraco.
– Filha… – Aproximou, levantei afastando-me – Isa, por favor?
– Tudo bem, mãe! – Apertei a minha nuca – Foi apenas um beijo entre nós… – Encarei o seu olhar – Eu vou ficar bem… sério! – Tentei passar tranquilidade a ela, mas na verdade e nem sabia ao certo o que sentir.
– Eu iria te contar quando você tivesse um pouco mais de maturidade, para lidar com os seus próprios sentimentos. Não quis esconder isso! – Falou sincera.
Concordei, respirando fundo. No momento, eu só queria ficar sozinha.
– Eu não quis te magoar! – Aproximou, envolvendo-me em seus braços.
– Tudo bem, Sam… – Retribui o abraço, apertando a sua cintura, o que causou certo desconforto nela – Cólica? – Suspirou antes de responder.
– Parece que sim. Melhor eu passar no banheiro antes de ir.
– Achei que você já tinha entrado na menopausa! – Provoquei, na tentativa de disfarçar o gostinho amargo que eu tinha na boca. – Ai! – Esfreguei, o local que levei o tapa.
– Rispettami ragazza! – Deu um sorriso de lado, indo para o banheiro.
– Quer que eu leve, o restante das coisas pra camionete? – Olhei para mochila fechada; com o seu equipamento e para sua bolsa aberta.
– Sì, grazie! – Respondeu, antes de entrar no quarto.
Coloquei a mochila no banco de trás e ajeitei a bolsa dela no banco do carona. Iria fechá-la, quando notei a mensagem recebida em seu celular particular.
***
Samantha
– Liga o motor! – Falei para Pedro.
– Nada! Mortinho! – Saiu de dentro do Fiat Tempra; recém customizado.
– Quem montou ele? – Passei a mão no rosto, tentando ter paciência.
– Lucas! – Acenou para o rapaz, que estava mexendo em outro motor.
– Faça a leitura e veja o que está errado! Esse carro tem que sair ainda hoje! – Mandei, antes de me afastar.
– Pode deixar! – Concordou um pouco assustado com o meu temperamento.
Entrei em meu escritório, abri o frigobar para pegar uma garrafinha de água, respirei fundo, sentando em minha cadeira. Armando, bateu na porta antes de entrar.
– Fecha a porta, Armando! – Indiquei a cadeira oposta – Como estamos essa semana? – Massageei a minha têmpora.
– Vamos entregar quatro carros; os dois conversíveis, o Tempra e o Vectra GT customizados. Marcos e Edson estão vendo outros dois orçamentos para um Classic, e uma restauração completa para um Karmann Ghia 68.
– Uhum… – Abri a gaveta, pegando um comprimido – Água? – Ofereci, antes de engolir o remédio.
– Não, obrigado. – Observou-me – Você está bem?
– Ficarei! – Pausa – Preciso de um favor! – Encarando-o.
Já nos conhecíamos há muito tempo, depois do meu pai, ele era a pessoa em quem eu mais confiava no trabalho.
– Diga! – Olhou com curiosidade, eu não era de pedir favores.
Passei o meu indicador pelos meus lábios, pensando bem no que pedir.
– O seu primo Douglas ainda está trabalhando? – Pressionei o meu maxilar.
– Sim! – Sorriu – Você precisa ver como ele está bem, como ele está um rapaz trabalhador… – interrompi.
– Ele está ativo? – Entendeu o que quis dizer, apenas concordou com à cabeça – Eu quero que ele encontre uma pessoa! – Falei séria.
Acertei todos os detalhes com Armando, o preço seria um pouco custoso, mas eu havia dado o trabalho para a pessoa certa. Recebi um e-mail que me tirou dos meus devaneios, abri e sorri, recebendo uma ligação em seguida.
– Gostou? – Voz levemente rouca.
– É bem interessante! – Olhei cuidadosamente as fotos – É seu? – Ouvi a gargalhada maldosa.
– Será assim que você vier aqui, para verificar o motor dele para mim! – Percebi as suas intenções – Vou adorar ver a cara do Leonardo, quando eu estiver desfilando com o carro que ele estava cobiçando! – Riu com gosto.
– Donna, Donna! Até quando você vai ficar castigando o seu ex? – Acabei me contagiando com suas intenções maldosas.
– Até a imagem daquela bunda branquela dele; fudendo com a babá, parar de me dar ideias perversas! – Gracejou – Então, estou te esperando hoje a noite, você vem? – Pediu com voz sedutora.
***
– Pai? – Aproximei entregando alguns documentos – Surgiu um trabalho e eu irei ficar fora uns dias! – Informei – Armando vai ficar cuidando do setor.
– Ok! – Olhou-me – Venha ver! – Sorriu orgulhoso para tela.
Aproximei e vi a projeção do Comodoro no programa, o meu pai estava mesmo focado na restauração do Opala 79 que adquiriu. Trocamos algumas ideias e dei umas sugestões sobre a mecânica do carro. Almoçamos juntos e terminei o expediente, assim que ajudei Pedro e Lucas, a descobrir o problema no motor.
***
Entrei na casa, desviando de Shakira. Imaginei que Isa estivesse estudando no quarto, chamei, enquanto preparava a minha mala. Conversamos um pouco, antes de eu tomar um banho relaxante, a ideia daquela mulher rodeando Isabella, me deixou tensa! Observei o meu reflexo no espelho, estiquei suavemente as pequenas marcas de expressão. Passei cuidadosamente o hidratante pelo o meu corpo, sorri discretamente vendo as marcas que Laura havia deixado em meu corpo naquela manhã. Pensei na loira, infelizmente, teríamos que adiar o nosso reencontro. Terminei de me vestir e fui comer algo. Fui pega de surpresa com os questionamentos de Isabella, pensei em omitir, mas já que estava disposta a saber, contei sobre Laura. O meu coração ficou apertado quando vi a expressão dela, se ao menos eu soubesse o que tinha acontecido antes, provavelmente, não estaríamos naquela situação. Procurei confortá-la, lamentando o fato que qualquer coisa que eu poderia ter com Laura, estava fora de cogitação (pelo menos, por hora). Respirei fundo, quando um dorzinha familiar se fez presente, para variar, Isabella não perdeu oportunidade de zombar. Agradeci quando levou as minhas coisas para o carro, aproveitei e fui no banheiro, escovei os dentes e tomei um remédio para cólica.
– Isabella? – Aproximei – Eu não quero viajar sabendo que não estamos bem.
Cogitei a possibilidade de adiar a viagem, queria estar perto da minha Isa, principalmente por causa da sua primeira desilusão amorosa.
– Sério mãe, eu vou ficar bem! – Beijou o meu rosto – Vai logo! Não quero que você dirija na estrada a noite. – Falou zelosa.
Olhei para a minha pequena, toquei a sua face, beijando-lhe a testa.
– Eu te ligo, assim que chegar! – Entrei no carro – Vê se não fica comendo besteiras! – Adverti – Fecha direito a casa, Isabella! – Pensei – E per l’amor di Dio! Temos duas cachorras além da gata, vê se não as deixa sem comida e água fresca!
– Eu sei, eu sei, eu sei mãe! Meu Deus! – Achei graça da cara emburrada dela – Boa viagem! – Beijou o meu rosto – Te amo!
– Ti amo! – Pisquei, seguindo caminho.
***
A viagem foi tranquila, até chegar a capital e pegar um trânsito quilométrico, já era noite quando cheguei a casa de Donna. Como combinado, liguei para Isabella para avisá-la que já havia chegado, relembrando-a novamente dos cuidados na casa e com os animais. Donna por sua vez, ficava se divertindo com os meus sermões e Isabella bufando. Vi as notificações das mensagens de Laura, mas ignorei, não era o momento. Donna chamou para jantarmos. Conversamos bastante, rimos e até curtimos um clima paquerador, mas eu estava bem cansada. Demos boa noite e adormeci no quarto de hóspedes. O meu sono foi agitado, até que as lembranças dos toques carinhosos, acalmaram os meus sonhos conturbados, relaxei, deixando curtir sonhos que há muito tempo eu não tinha.
***
Ouvi o ronco do motor do Camaro SS Classic, o carro estava em perfeito estado, todo original, era carro de colecionador. Sorri imaginando, o desgosto que Leonardo deve ter sentido ao descobrir que Donna, ganhou dele no leilão. Donna sempre foi uma mulher muito influente com diversos contatos, tê-la como inimiga, fazia muito mal para o bolso.
– Gostou do meu novo brinquedo? – Aproximou, acompanhada de uma loira – Samy, essa é Daniele Rodrigues, a minha santa padroeira das causas ganhas! – Brincou.
Sorri para a loira cumprimentando-a.
– Vulgo; advogada! – Daniele completou sorrindo – Muito prazer!
– É todo meu! – Loira linda do sorriso cativante, me fez pensar em Laura.
– Bom meninas, vamos tomar café da manhã? – Donna chamou, sem ocultar o sorriso safado.
A conversa fluía bem. Descobri que Daniele era a principal advogada de Donna, e que cuidava dos negócios dela no Rio de Janeiro, como estava de passagem por São Paulo. Donna fez questão dessa pequena reunião, e eu, já estava imaginando as intenções ocultas daquela mente maquiavélica. A loira tinha olhos azuis intensos, um sorriso sedutor e seus cabelos loiros como trigo; estavam mais curtos na nuca e desfiados no topo da cabeça, com a franja levemente bagunçada sobre os olhos, deixando-a sex e misteriosa. Daniele era completamente feminina, fato que eu não posso negar, muito me agradava. Donna por sua vez, não deixava por menos, os seus sorrisos e olhares sugestivos para a loira, não foi surpresa quando a mesma correspondia. A conversa foi interrompida pela chegada dos filhos de Donna; Thiago (com seis anos) e Leandro (com quatro anos), sorri com a lembrança gostosa da minha pequena gorduchinha.
– Você têm filhos? – Daniele perguntou, desviando o olhar daquela bagunça gostosa.
– Tenho uma filha, Isabella! – Sorrimos – Está cursando na FUMEP, ela é bem esforçada!
É curioso, que quando falamos de nossos filhos, só nos cabe elogios, mesmo que para estranhos
– E você? Têm filhos? – Observei uma sombra em seu olhar.
– Não! Mas tenho duas sobrinhas de coração! – Sorriu discretamente – Júlia e a pequena Liz.
Olhou novamente para Donna, que tinha mudado completamente de postura, uma mulher de negócios para uma mãe carinhosa e protetora.
– Senhora? – Gilmara, a governanta se aproximou – O doutor Leonardo espera pela senhora no escritório.
Donna suspirou, beijando à cabeça do pequeno Leandro entregando-me, quando estiquei os braços para acolhê-lo. O pequeno ficou entretido comendo um morango, enquanto Thiago, beliscava do prato da mãe. Fiquei interagindo com as crianças enquanto Donna e Daniele entraram na casa, imaginei que a conversa no mínimo seria delicada. Ouvimos vozes elevadas, pedi para a empregada fechar a porta da varanda, e cantarolei cantigas de ninar para distraí-los. Donna e Daniele retornaram uns dez minutos depois, Donna voltou cheias de brincadeiras, enquanto a loira se manteve em silêncio, apenas observando.
***
– Está tudo bem, Donna? – Perguntei, após a saída da advogada.
– Homens! – Suspirou – Quando não pensam com à cabeça de baixo, se deixam levar pelo calor do momento. – Olhou para as crianças que estavam distraídas vendo desenho – Você que tem sorte! Teve uma filha! – Sorriu contida.
– Você é uma ótima mãe, Donna! – Toquei a sua mão – As suas noras… ou genros, que terão sorte de ter uma sogra tão guerreira e com a mente à frente do seu tempo.
– Noras ou genros; aspirantes! O quê, meu bem? Eu sou uma rainha! E não vou querer menos para os meus bebês! – Sorriu confiante.
Passamos uma tarde agradável. Donna ainda iria viajar no dia seguinte com Daniele, para o Rio de Janeiro. Por isso Leonardo trouxe as crianças, que poderiam curtir mais tempo com a mãe. Conversei e sanei quaisquer dúvidas de Donna e de seu motorista, a respeito do carro; não cobrei nada, ela já estava sendo hospitaleira demais, principalmente porque insistiu que eu passasse mais tempo em sua casa, mesmo não estando lá, enquanto eu tivesse que resolver assuntos de trabalho na capital. A garotada adorou o passeio proposto no carro, logicamente, eu não recusei dirigir aquela máquina. Donna estava adorando tudo, principalmente, incentivando os meninos a contarem todos os detalhes a respeito do passeio no possante para o seu ex. Sorri, negando com à cabeça, aquela mulher não tinha jeito. A noite, ajudei Donna a colocar as crianças cedo na cama, para podermos relaxar um pouco. Estávamos bebendo e comendo; Fondues de queijos, carnes e de sobremesa, morangos besuntados em chocolate.
– Não acredito que você ainda não mandou mensagem! – Donna já estava alegrinha – A rapariga deve estar subindo pelas paredes! – Bebericou o vinho, sorrindo.
– Eu não tive cabeça para isso. – Sorri discretamente – Principalmente agora que Isabella sabe, nem sei se vou retornar as mensagens. – Belisquei um morango.
– Ah, mas você vai sim! – Mudou a postura – Essa rapariga ta me devendo uma foda! Depois Isabella, já é grandinha o suficiente para entender que a mãe também precisa viver! Precisa namorar, e criar raízes! – Se ajeitou no sofá – Sendo com essa loira ou não… – Bebeu um longo gole de vinho, olhando-me – Ela ainda está brava comigo, não está? Eu vi a cara de bunda que ela fez quando me viu! – Rimos – Faz mal guardar rancor! Ainda mais um que não deveria existir! – Continuou sorrindo, balançando à cabeça – Crianças! Só sabem crescer de tamanho, mas de maturidade… – Estalou os dedos – Tem chão!
Enchi as nossas taças, antes de comentar:
– Você sabe que a culpa é minha… – Interrompeu, defendendo-me.
– Não começa, Samantha! – Olhou séria – Quando nos conhecemos, você tinha iniciado o seu tratamento. – Pensou – Vocês não têm culpa do que houve! – Buscou pela minha mão – Principalmente, você! – Apertou a minha mão, acariciando-a com o polegar – Se Isabella tivesse noção do que você já passou… – Retirei a minha mão, interrompendo.
– Isa, não tem que saber de nada! O que aconteceu no passado, fica no passado! – Donna respirou fundo, sabia que já tinha chegado ao limite permitido, voltou para a sua posição.
– Não está mais aqui quem falou, puf! – Beliscou um morango – Mas, que ela está errada em me julgar, está! – Elevou a sobrancelha, bebericando o vinho.
Mudamos de assunto, focando na padroeira da Donna, que por mais que soubesse do jeitinho cafajeste de Donna e às vezes se deixava levar em um clima sedutor (quando não estavam em uma reunião de negócios), elas nunca ficaram juntas. Segundo Donna, o coração da advogada, já havia sido conquistado por uma poderosa rival.
***
Domingo de manhã, eu já tinha resolvido todos os assuntos pendentes, resolvi pegar estrada. Agradeci toda a hospitalidade das pessoas que trabalhavam para Donna, e segui o meu rumo. O clima estava bem abafado, só desejei tomar um longo banho relaxante.
O cheiro delicioso vindo da minha cozinha, despertou o meu apetite. “Dessa vez Isabella, acertou a mão no tempero!”.
– Laura?! – Comentei surpresa ao vê-la em minha casa – Como você… – Aproximei – O que você faz aqui? – Coloquei minha chave sobre a mesa.
– SAM… – Estava tão surpresa, quanto eu – Eu… eu, não sabia que você voltava hoje!
Estava ficando roxa, apesar da situação constrangedora, achei adorável com aquele rubor.
– Lau? – Ouvimos Isabella, chamando-a – Lau? – Gelei, começando a entender a situação.
– Estou na cozinha, Isa! – Respondeu constrangida.
Engoli seco. “Só pode estar de brincadeira!”
– O que você está fazendo em minha casa, Laura? – Minha voz saiu mais baixa do que o normal – Me responda! – Falei sério.
– Ela é minha convidada, Sam! – Isabella entrou na cozinha com os cabelos úmidos – Olá, mãe! – Aproximou-se, beijando-me o rosto. – Espero que tenha feito boa viagem! – Envolveu a cintura da outra.
– Eu posso explicar! – Adiantou Laura.
Gesticulei com o dedo, pedindo um minuto. Respirei fundo, pegando a minha xícara e servindo-me de café recém-feito. Sentei. Bebi um longo gole, abaixei a xícara, olhando para elas.
– Prossiga!
Olhei fixamente para ela, a fragrância de banho recém tomado, estava me deixando louca de saudades.
– Eu te procurei… – Laura estava desconcertada, fazendo com que Isabella, conta-se toda a história num único fôlego.
– Acabamos nos encontrando no Shopping, como ela estava te procurando e não te achou, conversamos a respeito sobre o que houve e agora estamos nos conhecendo! – Falou com voz firme.
Estreitei os meus olhos, arqueando levemente à sobrancelha, observando as reações delas.
– Só isso? – Isabella, manteve o braço de maneira possessiva envolta da cintura da loira.
Com um sorriso lindo e largo em seus lábios, ela apenas confirmou o que suspeitei:
– Bom… estamos nos conhecendo bem! – Enfatizou, olhando para Laura, ainda sorrindo.
Recuei um pouco na cadeira, ficando ereta me preparando para o impacto.
– Oh… então vocês estão… – Olhei atentamente as reações delas.
– Ficando! – Percebi ansiedade na voz de Laura.
– Namorando! – Disseram ao mesmo tempo.
Dei um meio sorriso, tive que achar graça para não expulsar aquela… Aquela deliciosa tentação, e dar uns tapas naquela garota mimada.
– É! Como você disse: “Estão se conhecendo bem!” – Sorri, bebericando o meu café.
– Posso falar com você, Samantha? – Laura pediu.
– Podemos sim! – Respondi, olhando diretamente para Isabella – Mas, me dê um minuto com a minha filha, por favor!
Aguardei Laura sair do ambiente e olhei sério para Isabella, que mantinha uma postura firme.
– O que pensa que está fazendo?
– Não sei do que está falando! – Cruzou os braços.
– Eu coloquei o meu celular na minha bolsa, um pouco antes de sair. Você acha mesmo, que eu não percebi que uma das mensagens foi visualizada? Você pegou o número dela, não foi? – Questionei séria.
Deu de ombros. Respirei fundo, insisti:
– O que você acha que está fazendo, Isabella? – Precisava entender a mentira.
– Estou me dedicando aos estudos, focando nas provas e conhecendo alguém que está me fazendo muito feliz! – Colocou as mãos sobre a bancada – E que está presente em minha vida! – Senti o peso das suas palavras.
– Você sabe que eu faço o melhor que eu posso. – Apertei o meu maxilar.
– É, você sempre faz! – Percebi a sua raiva contida.
Passei a mão em meu rosto, estava cansada fisicamente e exausta mentalmente.
– Eu gosto da Laura, mãe! – Olhou-me sincera.
– Você tem certeza, disso? – Lamentei a resposta.
– Eu gosto dela, mãe! Temos algo muito especial. – Senti emoção nas palavras dela.
Terminei o meu café, mantive os meus olhos fechados.
– Tudo bem! – Encarei o seu olhar – Se você tem certeza da sua decisão, não irei me opor. – Sorriu com entusiasmo, abraçando-me forte, não consegui retribuir com o mesmo sentimento.
– Vou chamar à Lau! – Comentou saindo, não antes de me ouvir.
– Isa! – Falei num tom baixo – Nunca mais, mexa nas minhas coisas sem a minha permissão! – Mantinha-se de costas para mim – Estamos entendidas? – confirmou com à cabeça, saindo em seguida.
Laura se aproximou, enquanto eu enchia novamente a minha xícara. Precisava de um banho e uma aspirina.
– Sam, eu nem sei por onde começar. – Falou baixo, logo atrás de mim – Eu juro que te procurei! Era você que eu queria! – Beberiquei o líquido quente – Nunca tive intenção de me envolver com a Isa… Mas, ela é uma garota tão doce – Senti, o calor do corpo dela – Começando a nos conhecer e quando percebi, estava encantada pelo jeitinho dela… – Não contive o meu sorriso sarcástico – Eu vou entender, se você não me quiser junto a ela!
– Isabella é maior de idade! – Olhei para fora da janela – Sempre foi mais independente que muitas garotas de sua idade… Se ela diz acreditar que, o que sente por você é verdadeiro, eu não vou me opor a felicidade dela! – Terminei o meu café, e coloquei a xícara na pia – Só a faça feliz, Laura! – Pedi, virando para ela.
Encarar Laura depois de tanto tempo, não contive o meu corpo. Diminui a distância entre nós, pegando-a de surpresa, envolvendo o seu rosto com as minhas mãos e buscando por seus lábios saudosos. Laura levou um instante, para perder o susto e me presentear com a sua língua quente, matando a minha vontade; daqueles beijos quentes e molhados. Percorri as minhas mãos por aquele corpo, sentindo cada centímetro dele, decorando cada reação que despertava nela. As suas unhas, cravaram em meu pescoço; puxando-me mais, erguendo sua perna, buscando mais contato. Apertei com tanta vontade sua bunda e me deliciei com seu gemido gostoso em minha boca, abafado pelo nosso beijo. Não queria desgrudar daqueles lábios, mas, a falta de ar nos trouxe para realidade. Afastei a minha boca lentamente, roçando em seus lábios, ch*pando-os angustiada. Recebi um último selinho demorado dela, encarei os seus olhos, ainda ofegante a soltei. Estávamos trêmulas, perdendo o controle. Ela tocou delicadamente o meu rosto, aproximei e rocei a pontinha do meu nariz no dela.
– Isa, estava me devendo essa! – Comentei, tirando dela um sorriso fraco, concordou – Faça a minha filha feliz, Laura!
Afastei lentamente e sai daquele ambiente. Entrei em meu quarto e tranquei a porta, tirei as minhas roupas indo para o banheiro, quando percebi, o celular repousando sobre o criado mudo. Suspirei e fui tomar um longo banho.
continua…
Fim do capítulo
Oi, meninas! Desculpem a demora! Passei os dias bolando os próximos capítulos e esse tempo doido de esquenta e esfria, ai ataca a tendinite; agora mesmo eu to com uma crise fdm de rinite atacada q nem antialergico ta dando conta, só Gzuis na causa (;-;). Enfim, boa leitura! ;*
Obs: Discreto crossover só pra deixar com gostinho de quero mais ;x
Aquela cena inspiradora: https://www.youtube.com/watch?v=d3-afsSCYEQ
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NayGomez
Em: 17/07/2018
A a a a a ah já não gostei não acredito que a Iza fez isso com a mãe que vadia sem coração, Laura idiota realmente não merece a Sam, quer ficar com a Iza que fiquem mais eu espero que não fica que nem uma cadela no cio atrás da Sam, eu preciso de alguém para a Sam, que possa fazer ela feliz pelo visto ela merece, Iza essa eu já tô com Ódio menina escrota pra caralho. Aaaaah que Raiva.
Resposta do autor:
Hahahaha gzuis, alguém ta com sangue nos zóios! xD
Todo mundo acaba colhendo o que planta, cedo ou tarde ;p
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Mille
Em: 17/07/2018
Olá autora
A Isa deu uma rasteira na Sam mais acho que no final ela irá perceber que a loira e ela não tem nada haver e a Sabrina deve sentir algo por ela senti pena do modo como a Isa a tratou.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Realmente, Isa pode ter maturidade o suficiente a respeito do futuro dela, mas cabeça pro lado social dela deixa a desejar, ai que pega a tal maturidade... Isa tem muito chão pela frente.
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Runezinha
Em: 17/07/2018
Samanta moscou ne e Isa pegou ne quem e boba, mas nossa que falta de ar! alguem podia tirar ess falta de ar nos melhorer momentos!! Ui que beijo e esse!!! Ai ai sei nao em isso ai vai dar.
Para parouu tudo Daniele minha semi deusa e ela uiii serio Autora pera Dani!!! Semideusa !!! Visual novo ainda aii meu coraçãozinho!!!
Ta perdoada pela demora , melhoras!!!
Resposta do autor:
Rsrsrsrs Isa é ligeira demais; mas a pressa é inimiga da perfeição... como é dito rsrs
Gostou da aparição da loirão né xD eu tb tava com sdds dela, quem sabe possa rolar outros crossovers, nunca se sabe ;}
Obrigada! :}
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