Capítulo 17 - Decepção 2º ato
Mais um dia se passava e nenhuma reação de Carolina ao tratamento intensivo que estava recebendo no hospital, Carlos já estava desesperado, não sabia o que fazer. Estava perdendo as esperanças de que Carolina possa recuperar a consciência.
Foram tantas perdas em sua vida, seu pai, seu irmão, sua mãe, só havia restado Carolina, e agora estava prestes a perde-la também. Estava no apartamento da moça, caminhando pela sala ele via as fotografias em alguns porta-retratos, uma foto da família, antes de Caio começar a fugir de casa, uma foto com Roberta, uma foto da formatura, usando beca.
Carolina morava em um apartamento de dois quartos, em Niterói, perto do hospital onde trabalhava, sua vida era apenas trabalhar, nunca se envolveu de verdade com ninguém, não conseguia, Samantha ia e vinha em sua vida e sempre trazia problemas.
Ele se lamentava pela irmã, sabia que ela nunca fora feliz por inteiro, a única realização na vida dela foi a profissão, ela conseguiu atingir seu objetivo de ser médica e salvar vidas. Com todas as dificuldades que passou, ela era uma vencedora.
O telefone da casa de Carolina tocou, tirando o rapaz de seus devaneios, ele atendeu.
-- Alô.
-- Alô. Posso falar com Carolina, por favor?
-- É o irmão dela, quem deseja?
-- Ah, oi, eu sou Raquel, amiga dela, ela está?
-- Não, na verdade ela sofreu um acidente de carro e está internada no hospital matriz.
-- Minha nossa! Por isso eu não consegui falar no celular, eu não sabia! Sinto muito! Como ela está?
-- Ela sofreu um traumatismo craniano, e está em coma induzido, acho que é isso que a Izabel falou. Já tem cinco dias.
-- Caramba, inacreditável. Se eu puder fazer alguma coisa por vocês, me avise.
-- Obrigado. Você é a amiga da faculdade, não é? Eu lembro do seu nome.
-- Sim, estudamos juntas, eu estava em um congresso esse último fim de semana, como eu estava acumulando plantões para poder folgar eu acabei ficando enrolada, e não liguei pra ela, eu vou lá falar com Izabel.
-- Tudo bem, eu estarei lá na hora da visita.
-- Obrigada Carlos.
-- Eu não te disse meu nome.
-- Mas ela sempre fala de você, eu te conheço sem te conhecer, entende? – riu –
-- Entendo. – Ficou tímido -- Tchau.
-- Tchau.
Carlos resolveu se preparar para ir para a visita. Não sabia o que fazer para garantir que a irmã ficasse bem.
No hospital, Raquel chegava para ver Carolina. Encontrou Izabel e foram até a UTI para ver a amiga.
-- Izabel, eu não sabia do acidente. Eu estou chocada!
-- Raquel, eu nem lembrei de te avisar, está uma loucura aqui, sem Carolina eu estou com parte dos internos dela, acumulando tarefas, enfim, loucura.
-- Eu imagino, e qual é o estado dela?
-- Olha, é delicado, ela teve traumatismo craniano, fez duas cirurgias, o inchaço do cérebro já foi controlado e diminuiu um pouco, mas não foi suficiente para tirar os sedativos. Teve uma parada cardíaca por conta de uma hemorragia. E agora estamos esperando uma reação dela.
-- Eu posso dar uma olhada nas tomografias? Não estou desconfiando do trabalho de vocês, mas você sabe como é neurologista, adora ver tomografia de cérebro, quero apenas ver como está a evolução do edema.
-- Eu sei como é o tesão de vocês por um cérebro, eu vou pedir pra alguém trazer.
Ângela passava na hora. Izabel chamou a residente para pedir que pegasse as tomografias, Raquel olhava para a amiga, ali deitada, tão vulnerável, sentiu-se tão impotente, queria fazer alguma coisa para trazer Carolina de volta e começou a pensar na sua pesquisa.
-- Ângela, me faz um favor.
-- Sim.
-- Traga as tomografias da doutora Carolina.
-- Sim, senhora.
Raquel não deixou de notar a residente que Izabel chamou. Linda! Parecia uma pintura de tão perfeita, estreitou os olhos e desviou a atenção para a residente de cardiologia.
-- Quem é a menina? – Olhou com desejo –
-- Raquel, eu conheço esse olhar, não começa.
-- O que eu fiz? Foi só uma pergunta! – Sorriu marota --
-- Eu sei o tipo de pergunta que foi. É residente da Carolina, então fique longe.
-- Por que? Carolina marcou as residentes dela pra ninguém pegar? Eu cuido direitinho, adoro criar bebês. – Riu –
-- Você não acha que já está velha demais pra viver desse jeito? Não está na hora de sossegar?
-- Meu amor, eu não estou velha, é só o meu espelho que não é Full HD.
Izabel balançou a cabeça negativamente enquanto ria das brincadeiras da amiga, quando Ângela entrou com as tomografias.
-- Aqui estão Doutora.
-- Obrigada.
Raquel estendeu a mão para a residente. – Meu nome é Raquel, sua chefe é muito mal-educada e não nos apresentou.
Sem graça, Ângela retribuiu o gesto e apertou a mão de Raquel. – Ângela. – Sorriu –
-- Muito prazer, Ângela! – lançou um olhar sedutor –
Izabel interrompeu o contato das duas o mais rápido que pôde.
-- Obrigada Ângela, Raquel deixa a menina ir, vem ver as tomografias.
A residente ficou assustada com a investida tão indiscreta da médica, e saiu o mais rápido que pôde da UTI. Raquel percebeu e acabou rindo sozinha.
Depois de analisar as tomografias, ela falou com Izabel sobre o quadro da amiga.
-- Realmente o quadro dela está estável como você falou, e a evolução do edema também está com bom prognóstico. – Pensou – Eu estava em um congresso esse fim de semana palestrando sobre aquela técnica que eu desenvolvi para retirar a pressão intracraniana, menos invasiva do que as cirurgias normais.
-- O que você está pensando?
-- Eu pensei em fazer o procedimento em Carol, para liberar mais a pressão que ainda está entre o crânio e o cérebro, assim ela tem mais chances de acordar desse coma.
-- Você acha que é seguro?
-- Sim, totalmente, eu já realizei esse procedimento em São Paulo durante a pesquisa. Como eu falei para vocês, já está patenteado e autorizado para realização, estou agora preparando a primeira turma de especialização.
-- Raquel somos médicas, qual é o risco da cirurgia?
-- Izabel, eu nunca tive nenhuma perda nas minhas mesas, mas o risco é na mesma proporção do resultado, ou ela acorda, ou ela morre.
Izabel ficou pensativa, mas naquela situação essa era uma opção, como médica ela sabia que indicaria esse procedimento para um paciente, mas como se tratava de Carolina ela estava apreensiva.
-- Nós podemos falar com o irmão dela, se ele autorizar, você pode operar.
-- Vamos esperar ele chegar então, ele disse que vem na hora da visita.
-- Então vamos tomar um café, eu estou precisando.
-- Menina, você tem umas residentes gatas aqui, lá no Hospital do Estado não tem moça bonita assim, não.
-- Raquel, você não tem mesmo jeito, quando você gostava de homem era o terror, agora que virou a casaca, está pior ainda.
-- Ai meu bem, depois que eu descobri a pólvora, não quero mais outro tipo de explosão. – Riu --
-- Só você. – Balançou a cabeça – Aquela ex-namorada dela as vezes aparece aqui. A Samantha.
-- Gente, essa mulher ainda insiste com isso, Carol nunca vai ter uma vida feliz com esse vai e vem. O cupido de Carol deve ser matemático, só trouxe problemas pra ela.
-- Parece que o motivo do acidente foi uma briga das duas.
-- Ih, me conta isso. – Bateu no ombro da amiga – Que babado!
Izabel narrou o que Daniele contou sobre a noite do acidente de acordo com os relatos de Marcia, sua prima que estava com Carolina. Raquel lembrou-se de uma passagem entre as duas, o que culminou em outra recaída de Carolina e Samantha.
Abril de 2002
Carolina nunca mais falou com Samantha depois que terminaram por causa das mentiras da modelo, ela recusou todas as investidas da loira, e depois de um tempo, Samantha desistiu de procurar Carolina, ela ficou arrasada e passou a se afundar mais ainda nas drogas e na bebida, passou a se dedicar em tempo integral às atividades da agência e sua vida ficou mais desregrada do que antes.
As estudantes de medicina estavam ingressando no internato do hospital universitário. Carolina já passava mais tempo no hospital do que na sala de aula. Depois que terminou com Samantha estava a cada dia mais dedicada à prática da medicina, Raquel tentava levar a amiga para algumas festas, mas poucas foram as vezes que Carolina aceitou o convite e nesse tempo não ficou com ninguém. Estava se recompondo, ainda pensava em Samantha, mas tentava se convencer que ficar longe da modelo era a melhor escolha.
Em uma manhã de segunda-feira, Carolina se preparava para começar o internato com Raquel e mais alguns colegas da sua turma, quando uma ambulância chegou com uma pessoa com suspeita de overdose.
Ronaldo, o chefe do pronto socorro, que era o tutor dos estudantes, chamou seus alunos.
-- Carolina, Raquel e Eduardo, comigo, ambulância chegando, suspeita de overdose.
-- A segunda-feira começou bem. – Comentou Raquel –
Quando as portas da ambulância abriram e os paramédicos desceram a maca, ditando os sinais vitais da paciente, os procedimentos executados e o prognóstico, Carolina tomou um susto. Samantha estava deitada naquela maca.
Mais uma vez o destino as unia para mais um capítulo dessa história conturbada.
Raquel também reconheceu a ex-namorada da amiga, e pegou na maca rapidamente, assim como Carolina.
O médico a levou para a sala de triagem, onde fez um exame de sangue que oferece um resultado rápido sobre a toxicologia da paciente, enquanto os estudantes preparam material para infusão, soro e tratamentos para serem aplicados no paciente se for necessário.
Carolina estava se mantendo forte, mas estava apreensiva enquanto aguardava o resultado dos testes, ela sabia que Samantha devia estar alcoolizada também. Ela tinha quase certeza do resultado do teste.
Ronaldo testou o sangue de Samantha para diversas drogas e deu positivo para álcool e cocaína. E já começou a dar as orientações aos estudantes.
-- Raquel, glicose no soro, rápido! Os níveis estão altíssimos.
As estudantes preparavam rapidamente os tratamentos indicados pelo tutor, ele orientava a execução para que saísse perfeita, Carolina estava mais nervosa do que o normal, mas conseguiu fazer exatamente como o médico ensinara.
Depois de estabilizada, Samantha foi levada para a enfermaria, até acordar. Carolina ficava indo até o leito da modelo a fim de verificar se ela estava bem, monitorando a evolução do quadro. Depois de algumas horas, Samantha acordou desorientada, sem saber onde estava e o primeiro rosto que viu foi o de Carolina. Achando que estava sonhando ela abriu um sorriso.
-- Eu morri e cheguei no paraíso? – Falava arrastado –
-- Samantha, você consegue me ouvir? -- Carolina perguntava –
-- Sim, se é um sonho eu não quero acordar. – Apertou os olhos para focar o rosto da estudante –
-- Samantha, para de onda, você quase morreu! Ainda tem coragem de fazer piada? – ralhou –
-- Então eu não morri, e por que eu estou vendo um anjo? Meu anjo. – Tentou alcançar Carolina --
-- Samantha, sem brincadeira. Como você está se sentindo?
-- Tonta, meu corpo parece que não me obedece. – Não conseguia manter os olhos abertos –
-- Isso é normal, eu vou chamar o seu médico.
Carolina chamou Ronaldo, ele veio e examinou Samantha que após responder algumas perguntas, adormeceu novamente, nesse dia Carolina não foi para a aula, ficou no hospital cuidando de Samantha.
-- Raquel, eu não vou pra faculdade hoje, eu vou ficar aqui vigiando essa maluca.
-- Tá amiga, mas cuidado, tá, você já sofreu tanto com ela, não vai fazer nenhuma besteira.
-- Besteira significa voltar pra ela? – levantou a sobrancelha –
-- Sim, isso seria uma grande besteira. – Apontou pra testa de Carol – Pensa direito.
Samantha acordou já chegando a noite, e novamente encontrou Carolina sentada ao lado de sua cama, a morena estava cochilando apertada em uma cadeira sem nenhum conforto, toda encolhida, a modelo ficou por um tempo admirando as feições serenas da estudante e por um momento se recriminou por ter perdido a chance de ser feliz com ela.
-- Até dormindo você é linda!
-- Oi? – acordou assustada –
-- Eu disse que até dormindo você é linda.
-- E você, até morrendo ainda consegue cantar alguém. – Espreguiçou-se --
-- Eu não morri. – Piscou lentamente –
-- Foi por pouco. O que deu em você? – Ajeitou os cabelos em um rabo de cavalo --
-- Sem sermão, por favor. Onde eu estou?
-- No hospital universitário. Você chegou aqui hoje no início da manhã desacordada, com um quadro de overdose de álcool e cocaína, Samantha. O que você está tentando fazer da sua vida?
-- Tentando me divertir, e te esquecer.
-- Não me culpe, pois enquanto você estava comigo, você já estava usando isso e mentindo pra mim.
-- Eu sei, desculpe. –Baixou os olhos – É que sem você tudo fica tão vazio.
-- Você não pode colocar essa responsabilidade sobre mim, você tem que ser feliz por você, não por outra pessoa. Samantha, você está se destruindo. Cadê os seus amigos? Nenhum veio te ver. Aposto que nem sabem onde você está.
-- Você tem razão. Isso está acabando comigo.
-- Você vai dormir aqui hoje em observação. Eu preciso ir pra casa, nem fui pra faculdade pra ficar com você, mas agora eu preciso ir. Dorme e descansa, amanhã você recebe alta. Vai pra casa descansar e tenta não beber.
-- Você podia passar lá em casa amanhã. Depois do trabalho. – Segurou a mão de Carolina – Eu sinto sua falta.
-- Eu vou pensar. – Retirou a mão – Agora descansa. Boa noite.
-- Boa noite.
Carolina foi para casa e deixou Samantha no hospital em observação. Imaginou que a modelo teria alta no dia seguinte e não a veria mais, decidiu que não iria procura-la, não queria se envolver novamente, mas Samantha não iria deixar essa oportunidade passar, sentiu a preocupação no rosto de Carolina, ela percebeu que ainda existia algum sentimento no olhar da estudante e investiria em reconquistá-la.
Carolina teve aulas o dia inteiro, não foi para o hospital e qual não foi sua surpresa ao encontrar Samantha na porta da faculdade esperando que a morena saísse para ir para casa.
Raquel saiu junto com Carolina, e viu Samantha parada do outro lado da rua e mostrou a amiga.
-- Carol, sua ex está lá do outro lado da rua. – Cochichou—
-- Aonde? – Olhou para o portão – Meu pai, mas vai começar tudo de novo?
-- Só se você quiser, né amiga. O que essa mulher tem que te deixa assim tão desestruturada?
-- Raquel, eu não sei te responder essa pergunta. – Disse desanimada – Só sei que eu não resisto a presença dela. Eu não a esqueci, ainda estou apaixonada. – Deu de ombros --
-- Acho que eu vou experimentar sair com mulheres pra saber o que nós temos que é tão bom, a ponto de conseguir te deixar assim. – riu –
Carolina deu um tapa no ombro da amiga e riu junto com ela.
-- Raquel, do jeito que você é, vai colecionar corações partidos, nem com homem você consegue parar, vai conseguir com mulheres?
-- Ah amiga, se for bom, eu estou perdendo prazer, e isso não pode acontecer.
-- Só você mesmo. – Balançou a cabeça --
-- Acho melhor você ir até lá, não acredito que ela vai embora sem falar com você,
-- Você tem razão. Eu vou acabar logo com isso. – Deu um beijo no rosto da amiga – Tchau.
-- Tchau Carol.
Carolina foi caminhando até o carro de Samantha e Raquel ficou observando, pensava se realmente tinha algo diferente nas mulheres e estava curiosa para experimentar essa novidade, até cogitou a possibilidade de pedir a Carolina um beijo para saber se iria gostar, mas preferiu manter a amizade, pois sabia que Carolina era muito reservada e talvez não iria gostar dessa proposta.
Samantha observava tudo de longe, sentada no carro e estava tomada de ciúmes ao ver Carolina conversando com a amiga. Mas preferiu segurar seus instintos para não afastar Carolina novamente. A estudante chegou na janela do carro e debruçou. Não fez menção de entrar.
-- Oi, você já está melhor para dirigir?
-- Oi, sim, entra. Eu vou te levar em casa.
-- Não precisa, Samantha, o que você quer?
-- Entra Carol, nós precisamos conversar.
-- Sobre o que?
-- Sobre nós.
-- Não existe nós, Samantha, nós terminamos depois que você mentiu pra mim por inúmeras vezes, e parece que você continua fazendo as mesmas babaquices de antes. Eu não estou disposta a assistir você se matar e não fazer nada.
Carolina levantou da janela e ameaçou ir embora, Samantha saiu do carro e correu até a estudante, e a segurou pelo braço. Raquel assistia a tudo do outro lado da rua e balançou a cabeça negativamente. Viu o filme rebobinar, Carolina não iria resistir aos encantos de Samantha, riu sozinha ao pensar que o cupido de Carolina deve ser estudante de matemática, pois só trazia problemas para a amiga.
-- Espera Carol, eu preciso de você, me ajuda a sair disso, eu não consigo sozinha. – Seu olhar estava perdido –
Samantha ainda estava muito abatida, Carolina percebeu que ela estava com o semblante cansado e parecia estar falando a verdade, ela queria acreditar que aquilo era verdade, seu instinto em ajudar as pessoas sempre falava mais alto e ela queria ajudar Samantha a deixar o vício, deixar a bebida e tentar encontrar um pouco de paz.
-- O que você espera que eu faça, Samantha? Se você não quiser ajuda, eu não posso fazer nada.
-- Só fica comigo de novo, depois que você me deixou, eu me afundei mais ainda nessa vida, eu não tenho ninguém pra me segurar, e só você consegue me trazer um pouco de paz, eu não encontrei isso em mais ninguém até hoje.
Carolina ficou pensativa, não sabia que poder era esse que Samantha tinha de lhe seduzir com poucas palavras, com apenas um toque de mãos, com apenas a sua voz.
-- Entra no carro, vamos conversar.
-- Tudo bem, mas não crie expectativas.
Samantha consentiu e as duas entraram no carro, a modelo levou Carolina até o seu apartamento e ao entrar, a morena se assustou com a bagunça que estava aparente, muito diferente da época em que ela frequentou a casa, tinham garrafas de cerveja espalhadas pelo balcão do bar, copos sujos, roupas no sofá. Parecia outro apartamento.
-- Samantha, o que houve aqui? Teve alguma batalha no seu apartamento?
-- Desculpa a bagunça, eu hoje não consegui fazer nada, eu dispensei Maria pois não estava me sentindo bem ainda, e acabei não arrumando as coisas.
Samantha saiu recolhendo as garrafas para colocar no lixo enquanto a estudante ficou observando, percebeu os vestígios das drogas consumidas sobre a mesa de centro. Caminhou até o lugar e passou o dedo sobre o pó branco esticando para a modelo.
-- Isso aqui ainda vai te matar.
-- Eu sei, eu preciso parar, mas eu não consigo. Esse mundo em que eu vivo é repleto disso, e eu estou sempre entre pessoas que usam drogas, eu acabo cedendo. – Deu de ombros –
-- Você precisa se afastar dessas pessoas, se você não consegue lutar contra isso, precisa estar longe e vencer a abstinência, já pensou em ir para uma clínica de reabilitação?
-- Minha mãe surta. – Riu – Você quer beber alguma coisa? – Pegava uma garrafa de whisky –
-- Samantha, você já vai beber?
-- Só pra relaxar. – Pegou um copo –
-- Eu perdi mesmo o meu tempo vindo até aqui, você não quer minha ajuda. Eu vou embora.
Samantha largou tudo sobre o balcão do bar e foi até Carolina que já estava caminhando para a porta, a segurou pelo braço e a puxou contra seu corpo. A estudante sentiu cada fio de cabelo arrepiar. Percebeu que não adiantava correr, Samantha mexia demais com seu corpo e sua mente, seu coração a denunciava acelerando os batimentos a ponto de Samantha sentir.
-- Não vai, por favor. Eu preciso de você. Eu te amo.
Os olhares não se desgrudavam, Samantha tomou a boca de Carolina como se fosse sua, invadindo com a língua quente, com uma paixão que parecia transbordar por seus poros. A estudante não teve outra reação que não fosse retribuir aquele beijo com todo o seu corpo, Carolina já sentia necessidade de tomar o corpo de Samantha, queria e desejava fazer amor com a modelo.
Seus traumas estavam lhe deixando, e seu desejo já falava alto naquele momento. Tudo que a moça queria era se entregar a sua paixão e encontrar sua felicidade, mas conteve seu ímpeto, pois precisaria voltar a confiar em Samantha.
As duas se afastaram, e abriram os olhos devagar, a calmaria que sentiam nos braços uma da outra era inigualável para ambas, o mundo parecia parar de girar e o que elas mais queriam era estar juntas.
-- Volta pra mim, amor. – Colou a testa na de Carolina –
-- Se eu voltar, você vai me deixar te ajudar? – olhava para a modelo –
-- Sim, eu prometo.
-- Eu quero que isso dê certo Samantha, mas você terá que reconquistar minha confiança, e eu te aviso que essa será a última vez que eu vou te dar uma chance, entendeu?
-- Sim, eu entendi. Eu não vou te decepcionar.
-- Eu já ouvi isso. – Disse magoada –
-- Eu prometo, Carol. – Segurou suas mãos –
Carolina sentia que tudo poderia acontecer com Samantha, mas queria fazer aquela relação dar certo, ela não sabia porque sempre cedia aos caprichos da loira, mas o fazia sempre que ela aparecia.
Samantha não sabia se ia conseguir manter a promessa, mas todas as vezes que a fazia, era com vontade de cumprir, mas sua natureza inconsequente sempre a traía e consequentemente também traía Carolina. E infelizmente para as duas, essa promessa foi novamente quebrada.
Junho 2002
Carolina e Samantha estavam namorando novamente e a estudante obrigou Samantha a frequentar um psicólogo para ajudar com o vício das drogas, mesmo a contragosto, a modelo aceitou frequentar a terapia e se afastou das operações da agencia, deixando Estela irritada com essa negativa da modelo, Samantha era uma das meninas mais requisitadas e isso deixava os clientes irritados diminuindo seus lucros.
No dia dos namorados, Samantha fez uma surpresa para Carolina, preparou seu apartamento com velas aromáticas, espalhou pétalas de rosas vermelhas sobre a cama e foi buscar a namorada na faculdade. Carolina saiu da aula e foi encontrar a modelo no carro.
-- Oi Darling.
-- Oi Sam.
-- Ai, que gracinha, ninguém me chama de Sam. Adorei o apelido. – Beijou a moça –
-- Seu nome é muito grande. – Riu -- Onde nós vamos?
-- Jantar. – Sorriu –
Samantha saiu com o carro e foi para o seu apartamento, Carolina achou que iriam a algum restaurante, mas não fez nenhum comentário.
Chegando ao apartamento o clima romântico estava totalmente diferente do que Samantha costuma ser. As velas acesas, a luz apagada, a mesa posta com flores em um jarro, Carolina achou tudo muito surreal, mas adorou o esforço da namorada para tentar lhe agradar.
-- Sam, tem certeza que esse é o seu apartamento? – Colocou a mochila no sofá –
-- Está me zoando, é? – Abraçou a estudante por trás – Eu fiz isso tudo pra você. – Beijou o pescoço –
Carolina se arrepiou inteira. – Está lindo! Eu adorei.
Virou de frente para a namorada e beijou-lhe os lábios. As duas sempre se perdiam quando estavam juntas, o tempo parava e aquele momento era delas, as mãos percorriam os corpos que estavam sedentos de desejo, ambas sentiam a umidade em suas calcinhas, o bailado das línguas invadindo suas bocas era a perfeição. Afastaram-se para retomar o fôlego e acalmar as batidas do coração que estava descompassado.
-- Vamos jantar, que eu estou morrendo de fome. – Samantha convidou --
Samantha foi até a mesa e puxou uma cadeira para Carolina, a estudante se sentou e ficou esperando a modelo ir até a cozinha.
A loira voltou com uma travessa nas mãos, o cheiro parecia ótimo, colocou sobre a mesa e saiu novamente, Carolina ficou observando a loira trazendo os pratos, um a um, e uma garrafa de vinho.
No menu, salmão com molho de camarão, arroz fresco, salada e vinho importado. Carolina apenas observava Samantha se esforçando para que tudo estivesse perfeito.
-- Samantha foi Maria que fez a comida, não foi? – Espetou o salmão no garfo –
-- Confesso que sim, eu não sei fritar nem ovo, né Carol. Você sabe disso. – Fez uma careta --
-- Está delicioso! Eu achei que iríamos jantar fora, mas adorei sua ideia mais intimista.
-- Eu estou muito feliz que você tenha aceitado beber o vinho hoje.
-- Uma taça! Não vou beber mais do que isso. – Bebeu um gole do vinho –
-- Mas já é alguma coisa. – Sorriu –
Carolina tirou do bolso da calça uma caixinha e entregou a Samantha por sobre a mesa, a estudante não tinha muito dinheiro, mas conseguiu entrar para a monitoria remunerada da faculdade e ganhou algum dinheiro dando orientações de reforço para estudantes com dificuldades nas matérias e com isso comprou um presente para dar a namorada.
Samantha sorriu e achou engraçado a forma como Carolina estava sem graça de entregar o presente, pegou a caixinha e abriu, tinha um cordão com um pingente de anjo. Ela pegou e colocou na mesma hora.
-- É lindo Carol, mas não precisava se preocupar, você não tem que ficar gastando nada comigo.
-- Eu não podia passar o dia dos namorados sem te dar nenhum presente. – Olhou com ternura para a modelo –
-- Eu amei. Eu também tenho um presente pra você!
Samantha levantou e foi até o bar, pegou um envelope e entregou a Carolina. A estudante abriu e viu dinheiro, parecia um valor bem expressivo. Achou estranho e olhou para Samantha sem entender.
-- O que é isso Samantha?
-- É pra você terminar sua faculdade sem passar dificuldades Carol, aí dá pra você se manter por um tempo, ou então pega uma parte do dinheiro e tira sua carteira de motorista, faz o que for melhor pra você.
-- Samantha, é muito dinheiro, eu não posso aceitar. – Colocou o envelope de volta na mesa –
-- Carol, isso é o dinheiro que eu ganhei fazendo um ensaio de fotos. – Empurrou o envelope novamente – Acredite, não é muito, e eu quero que você aceite, eu vou ficar mais tranquila, se você aceitar.
-- Por que você está fazendo isso? Parece que você quer me comprar, eu já te disse que eu não quero o seu dinheiro Samantha. – Ficou magoada –
Carolina levantou da mesa chateada, estava se sentindo ofendida, pensava que Samantha estava achando que ela estava ali apenas por causa do dinheiro da modelo, mas ela estava longe de querer se encostar na namorada e sempre deixou isso muito claro na relação. Samantha percebeu o desconforto da estudante e levantou atrás dela, a segurou pelos braços e a trouxe para si, fez Carolina a olhar nos olhos.
-- Ei, não é nada disso, você está confundindo as coisas. Eu sei que está difícil pra você, eu quero te ajudar, mas você não me facilita, você devolveu o cartão que eu te dei, cancelou o celular. Eu só quero te ajudar, eu juro. Eu tenho certeza que você vai fazer melhor uso desse dinheiro do que eu.
-- Eu não quero o seu dinheiro, Samantha! Eu só quero estar com você, isso é suficiente pra mim.
-- Eu sei disso, Carol, não estou com outras intenções que não sejam apenas te ajudar! Eu juro, eu quero o seu bem, só isso, e achei que isso poderia te ajudar. Não me interprete mal, por favor. Aceita o meu presente.
Carolina não entendeu muito bem a atitude de Samantha, mas aceitou o presente depois de muita insistência da modelo, as duas se abraçaram e voltaram para a mesa.
Depois do jantar as duas foram para o quarto e lá, havia mais velas, viu as pétalas na cama, Carolina lembrou-se do dia em que montou aquela atmosfera pensando em se entregar a Samantha, e ficou imaginando se seria novamente o momento.
Samantha continuava respeitando o tempo da namorada, mas esperava que naquele dia, conseguiria levar Carolina para a cama. Agiu naturalmente, sem forçar nada. Tomou um banho, colocou uma camisola muito sexy e abriu caminho para a namorada fazer o mesmo, Carolina não conseguia tirar os olhos de Samantha, a camisola de seda, cobria seu corpo colando em suas curvas, muito curta, deixava o bumbum da modelo a mostra. O perfume de Samantha inebriava a estudante que parecia ter entrado em um transe.
Carolina tomou seu banho e colocou uma camisola diferente, mais sexy, usava uma calcinha de renda, diferente do que estava acostumada, quando entrou no quarto, Samantha estava com uma taça de vinho na mão e ao perceber a namorada ficou hipnotizada.
Samantha colocou a taça na cabeceira e estendeu a mão para Carolina, a estudante caminhou receosa e segurou a mão da namorada, subiu na cama e as duas se beijaram, Samantha jogou seu peso sobre Carolina e deitou-se sobre a morena que estava tensa, não conseguia esboçar reação.
-- Relaxa meu amor, não acontecerá nada que você não quiser. – Fez um carinho em seu rosto –
-- Devagar, Sam, por favor. – Falou baixinho –
-- Temos todo o tempo do mundo! Eu vou cuidar de você.
Samantha beijava o pescoço de Carolina, e desceu pelo seu colo, beijou os seios sobre a camisola e a estudante sentiu seu corpo dar sinais, sua calcinha molhou com aquele toque, e Samantha continuava sua exploração descendo pela barriga da estudante, chegando em seu sex*, sobre a calcinha, beijou.
Carolina sentiu o corpo contrair inteiro, a tensão era tanta que ela já estava começando a sentir os músculos doerem.
Samantha percebeu a reação da namorada e voltou a abraça-la, beijou seus lábios e deslizava suas mãos pelo seu corpo para tentar relaxar a moça.
-- Carol, vamos devagar, ok. Só relaxa.
Carolina apenas consentiu com a cabeça. Samantha voltou a beijá-la e com sua mão desceu com a ponta dos dedos escorregando pelo seu corpo e entrou pela calcinha da namorada alcançando seu sex*, sem penetrá-la, começou a massagear seu clit*ris. Carolina gem*u e se contorceu de prazer. Não sentiu dor, e isso a fez relaxar um pouco.
Samantha sabia que teria que ser paciente com sua namorada, e estava indo bem devagar, já era um grande avanço para a relação das duas, ela beijava Carolina que a segurava firme, com medo e receio, mas se deixando levar pelas sensações e emoções. Retirou sua camisola e viu os seios firmes da estudante com os mamilos entumecidos de tesão e isso foi um incentivo para continuar.
Samantha continuou a massagear seu clit*ris, devagar, cadenciadamente, enquanto beijava sua boca e seu pescoço, Carolina foi sentindo o corpo responder aos estímulos da namorada e viu Samantha descer novamente pelo seu corpo retirando sua calcinha por completo, estava totalmente nua, se despia de seu pudor, de seus medos e de seus receios, recebia o toque de Samantha como um bálsamo para sua alma, depois de tanto tempo sentindo medo, finalmente estava se libertando.
Samantha voltou a beijar o corpo de Carolina até chegar aos seus lábios e a olhou, com admiração, via o temor nos olhos dela e queria ser capaz de tirar todo esse peso que a morena carregava dentro de si. Levantou-se e retirou a sua própria camisola e na sequência sua calcinha, voltou a explorar o corpo tenso da namorada e colou suas peles tentando passar mais segurança para a morena que já sentia o prazer de sentir aquele corpo quente e macio sobre o seu. Carolina se rendeu finalmente ao seu desejo e recebeu as mãos ágeis de Samantha em seu sex*, sentindo seus dedos girando em seu clit*ris trazendo ondas de prazer nunca experimentadas, os seios se tocavam, Samantha se encaixou na coxa de Carolina e começou um movimento de vai e vem roçando seu sex* e sentindo o prazer que a outra lhe proporcionava, beijava sua boca como se fosse a sua necessidade vital e depois de um tempo Carolina explodiu em um orgasmo que estava guardado a anos dentro de si, o prazer que invadiu seu corpo foi mais do que poderia imaginar que conseguiria sentir. Descobriu que sex* não era apenas dor, como aprendeu muito nova, mas também podia lhe dar prazer e preencher o vazio que existia em seu íntimo, Samantha gozou em seguida e sorriu nos lábios da estudante.
Depois de sentir que Carolina gozou em seus dedos, Samantha os recolheu lentamente e abraçou a namorada que começou a chorar baixinho em seu colo, como se um peso tivesse saído de cima de seus ombros. Cada lágrima era cheia de significado, cada lágrima caía com um peso que Carolina não aguentava mais carregar e finalmente sentia que estava começando a deixar para trás.
Samantha a abraçou mais forte, também se emocionou, um misto de sentimentos invadia as duas mulheres naquele momento, Samantha sentia que tinha conseguido alcançar mais um nível de confiança da estudante, e Carolina começava um processo interno de libertação que já durava muitos anos, tempo demais.
Abraçadas e sem dizer nenhuma outra palavra, as duas adormeceram com a certeza de que depois desse dia nada mais seria igual para nenhuma das duas.
Outubro 2002
Os meses passaram normalmente, Samantha tentando se manter na linha, mas Estela insistia para que ela aceitasse trabalhos da agência, Samantha chegou a fazer alguns, voltando a mentir para a namorada, mas acabava voltando com remorso e tentava evitar ao máximo.
Continuava indo a terapia, mas tinha recaídas com as drogas sem Carolina saber. Enquanto a estudante se desdobrava em estudar e ajudar a mãe em casa e conseguir tempo para ficar com Samantha, a modelo dava seus deslizes.
No dia do aniversário de Carolina, Samantha foi chamada para um trabalho e não pôde ver a namorada, o que deixou Carolina chateada, mas ela sabia que a vida de Samantha era assim, os trabalhos apareciam a qualquer momento e a loira tinha que ir.
Carolina estudou o dia inteiro e passou a noite em casa com sua mãe e seu irmão. Carlos comprou um bolo e refrigerantes, eles cantaram parabéns, a menina fazia 22 anos, Carolina estava mais linda do que nunca, o rosto com os traços mais acentuados, os olhos castanhos pareciam mais definidos, seu corpo sempre foi bonito, comum, mas bem definido, seios fartos, bumbum pequeno, os cabelos continuavam longos com cachos nas pontas.
A família conversava sobre amenidades, e dona Carmem estava muito orgulhosa da filha, Carolina cumpriu o que prometera quando adolescente, entrou na faculdade de medicina e estava estudando para se tornar uma médica dedicada e competente, ela queria muito que Caio estivesse junto da família para sua felicidade estar completa.
-- Eu estou muito orgulhosa de você minha filha. Meus parabéns! – Abraçou a filha mais uma vez – Eu te amo!
-- Obrigada mamãe. Eu amo você!
-- Eu não ganho abraço não?
Carlos chegou abraçando as duas e as levantando do chão.
-- Ai menino, assim você me quebra no meio. – Ralhou dona Carmem –
-- A senhora não quebra não mãe. – Colocou as duas no chão – Só está faltando Caio pra ficar completo.
-- Pois é, eu nem uso o estetoscópio que ele me deu, está guardado.
-- Ele vai voltar, eu tenho que fé que ele ainda vai voltar. – Dona Carmem beijou uma medalhinha em um cordão –
Depois que a sua mãe foi dormir, os dois irmãos ficaram na sala conversando.
-- E aí, Carol, como está o namoro com a Samantha? Você nunca mais falou nada. Está tudo bem?
-- Está, por enquanto. – Deu de ombros – Eu espero tudo dela Carlos, nós estamos bem, mas eu sempre fico com o pé atrás com ela. Eu não sei confiar totalmente.
-- Então por que você continua esse namoro?
-- Por que eu gosto muito dela, e quando estamos juntas parece que tudo se perde, todas as dúvidas, todos os medos, o problema é quando eu tenho tempo de pensar, sabe. – Riu –
-- Acho que eu sei. – Riu também --
-- Por exemplo, esse trabalho dela, vira e mexe aparece trabalho, mas eu não vejo publicado em lugar nenhum, eu não sei que tipo de trabalho ela está fazendo, se são fotos, se é presença vip em festa, ela nunca diz. Hoje íamos nos encontrar, mas surgiu um convite da agencia. – Parou e pensou – Eu não sei, algo me diz que tem problema aí.
-- Conversa com ela, pergunta, se ela não te responder tenta descobrir que agencia é essa, não sei se eu conseguiria viver assim em um relacionamento.
Carolina pensou nas drogas também, não quis contar isso pra Carlos, era muito particular da namorada e ela parecia estar conseguindo ficar longe do vício.
-- Mais uma vez, cuidado com essa mulher Carol, -- Apontou o dedo para a irmã -- eu não quero ver você sofrer.
-- Pode deixar, irmão.
-- Eu vou dormir. – Beijou a irmã na testa –
-- Eu também vou.
Carolina ficou pensativa ainda, não sabia se confrontava Samantha sobre seu trabalho, ou se deixava as coisas como estavam.
Samantha só apareceu no final de semana, Carolina não a via a dias. Na saída da faculdade na sexta-feira, a estudante avistou a namorada lhe esperando.
-- Oi bebê.
-- Samantha, por onde você andou? -- Cruzou os braços -- Tem dias que você não aparece, não me liga, eu te liguei e você não me atendeu. O que está acontecendo?
-- Desculpa meu amor, eu tive trabalho desde o dia do seu aniversário.
-- Custava avisar? Que trabalhos são esses? Você nunca me fala nada.
Carolina estava realmente chateada, Samantha sumiu sem dar satisfações, a morena sabia que havia algo de errado.
-- É só trabalho Carol. Não se preocupe. – Disse contrariada – Entra no carro.
-- Samantha, assim não dá pra continuar, ou você me fala que trabalho foi esse ou eu termino com você. – Entrou no carro reclamando --
-- Foi festa, foi presença vip. – Gesticulava com a mão fora do volante –
-- Só isso? É o que você tem pra me dizer?
-- O que você quer que eu diga? Que eu estava na orgia te traindo e me drogando? Faça-me o favor, Carolina! – Disse grosseiramente --,
Carolina ficou magoada, Samantha estava completamente errada e ainda se sentiu no direito de falar daquele jeito com a namorada. Foram o resto do trajeto em silencio.
Chegando ao apartamento da modelo, Carolina desceu do carro e não quis subir, resolveu ir para casa.
-- Eu vou pra casa, Samantha.
-- Por que? Vamos conversar. Tem dias que não nos vemos.
-- Por isso mesmo, tem dias que você sumiu e ainda acha que eu tenho que te receber com um sorriso no rosto. Não é assim que funciona. – Bateu a porta do carro –
-- Espera Carol. – Saiu atrás dela --
-- No meu aniversário você mal me deu parabéns pelo telefone, você estava com tanta pressa que nem falou comigo direito, e depois sumiu, sem deixar rastros, quase vim aqui no seu apartamento pra ver se eu não ia te encontrar caída em coma alcóolico.
-- Que drama, eu só tive muito trabalho, festas até a madrugada, e acordava tarde, não dá pra ficar te paparicando o tempo inteiro não Carol. – Dizia exaltada --
-- Eu não quero paparico Samantha, eu só quero um pouco de consideração, coisa que você não tem. Quando você aprender a respeitar as pessoas, você me procura.
-- Carol!
-- Tchau Samantha.
Carolina saiu e deixou Samantha muito zangada, foi para casa sabendo que a relação com a modelo era muito frágil, e não sabia o que esperar.
O fim de semana passou e ela não procurou por Samantha, que também não deu sinal de vida. Estava muito chateada, o humor de Samantha era muito volátil, assim como a relação das duas.
Na segunda-feira, decidiu passar no apartamento da namorada antes de ir para a faculdade, precisava ver se Samantha estava bem, ela estava chateada, magoada e queria conversar, queria resolver aquela discussão, levou o fim de semana para pensar, tentando colocar as ideias no lugar. Como não teria aulas no primeiro horário, passou em uma padaria perto do apartamento da namorada e comprou alguns pães que Samantha gosta e o cappuccino preferido da loira, queria fazer as pazes e pensou em fazer uma surpresa para a namorada.
O porteiro não anunciava mais sua chegada, ela subiu e percebeu a porta da cobertura aberta, assustada, ela entrou e viu a sala cheia de garrafas de bebidas e copos espalhados, no sofá, Pedro estava dormindo abraçado a uma garrafa de whisky pela metade. Sobre a mesa carreiras de cocaína que não foram consumidas, o que fez Carolina relembrar o dia em que Samantha deu entrada no hospital. Seus instintos saltaram e ela sentiu o corpo arrepiar inteiro.
No tapete Rafael estava abraçado a Julia, dormiam também, a festa aparentemente foi até de manhã. Alguém deve ter ido embora e deixou a porta aberta. O som ainda tocava uma música baixa.
Carolina deixou o pacote da padaria sobre o balcão da cozinha e caminhou até o quarto de Samantha enquanto subia as escadas, seu coração acelerava, sentiu que algo estava errado e estava com medo do que ia encontrar, hesitou ao chegar na porta do quarto de Samantha e respirou fundo, abriu a porta, qual não foi sua surpresa ao encontrar Samantha nua nos braços de Savana. Seu coração se encheu de tristeza, ao perceber que nunca poderia mesmo confiar em Samantha.
-- Samantha! – Chamou –
A modelo dormia profundamente, depois de uma noite inteira de bebedeira, drogas e sex*. Carolina caminhou até a cama e sacudiu a namorada, queria que Samantha soubesse que ela tinha visto as duas dormindo juntas.
-- Samantha, acorda!
A modelo foi acordando sem vontade, assim como Savana que também estava completamente nua. As duas se olharam com dificuldades, Savana sorriu e beijou Samantha ainda meio desnorteadas.
-- Acho que ninguém percebeu que eu estou aqui, não é? – Cruzou os braços –
Samantha reconheceu a voz de Carolina e ficou sem ar. Savana levantou a cabeça e com apenas um olho aberto olhou para a estudante em pé ao lado da cama.
-- O que essa pirralha está fazendo aqui? – Coçou os olhos –
-- Essa pirralha veio conversar com a ex-namorada, porque é o que nós somos agora Samantha, nunca mais eu quero ver você.
-- Espera Carolina, não é nada disso que você está pensando.
Samantha tentou levantar, mas caiu da cama, estava muito bêbada ainda. Percebeu que estava nua e tentou se enrolar no lençol.
-- De novo essa frase? Isso não cola mais Samantha, continua vivendo suas orgias como você me falou, é disso que você gosta.
Carolina foi saindo do quarto, enquanto Samantha ainda tentava se levantar. Savana não deixava por menos.
-- Deixa essa garota ir embora, ela não é mulher pra você! – Disse ao se sentar na cama –
-- Carol, por favor, me escuta. – levantou cambaleando –
-- Não tem nada pra eu escutar, eu já vi o que eu precisava ver, não me procure mais. Acabou. Se afunda nessa vida que você gosta de ter, bebe bastante e se droga sem limites até ter outra overdose e ir parar no hospital de novo. Adeus Samantha.
Carolina saiu chorando e deixou a modelo arrasada, mais uma vez a história se repetia, Samantha magoando Carolina, parecia um ciclo vicioso que não teria fim, dessa vez Samantha sabia que não adiantava insistir, daria um tempo para a estudante se recuperar e depois tentaria falar com Carolina.
Mas esse contato nunca mais aconteceu, apesar de não estarem mais juntas, essa não foi a última vez que elas se veriam, o destino apronta e preparava novos encontros para essas duas mulheres tão diferentes.
Fim do capítulo
Oi meninas.
Extra! Extra! Capítulo Extra!
Em agradecimento a todas vocês que estão lendo e comentando, resolvi colocar um extra nessa segunda chuvosa.
Segunda chance que Samantha recebe e... Faz tudo errado de novo, Carol conseguiu se libertar das amarras que lhe prendiam, ou quase todas, mas deu um passo importantíssimo para se libertar.
Será que Raquel conseguirá fazer a cirurgia em Carolina para tentar trazer a amiga de volta?
Próximo capítulo na quarta.
Obrigada pelo carinho, Patty_321, Mille, Pryscylla, Tebf, NovaAqui e Lis.
Beijos
Cris Lane
Lu, amo você!
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Zaha
Em: 29/11/2018
A coisa só piora, n é surpresa! Fraca fraca...que mande Estela pastar, mas vamos pra lugar nenhum assim!! Ela n aprendeu Cba overdose pq n aprendem, viu q sobreviveu q .ganhou a morte, algo mais forte autora.. vai, seja boa no final...nem q fique sozinha ou sem Carol, mas n vai me fazer perder esperanças q as pessoas podem mudar...
Sam me deixou um pouco mal...sacaneando geral!! Estou me mandando aqui, pensando em algo...no pq Carol volta, talvez sinta responsabilidade além de amor claro e pq Sam n pode deixar isso TD e ir pra reabilitação, exploda a mãe.. total a mãe já n liga mesmo...mas ela n quer sair...mas acho que Carol já fez TD q podia, agora é o tempo e parece q Sam tem sorte pq morrer n morre, n tem acidente, n fica tetaplegica, n corta a cara kkkkk... E Carol só sofre...mas é assim.. relação maldita, enferma....dependência mútua, mas q Carol se ligue, já basta pq n vai mudar assim, sozinha tampouco, mas só o destino...
O segredo são os pais dela..mas vc é má e n vai colaborar....
Faltam outros caps pra ver o desastre que vc armou ou q Sam armou....
Beijãoooops: vc me faz rir c as frases q inventa..Raquel é massa, figuraça!!
Resposta do autor:
Oi amiga.
Pois é, não piorou, só se repetiu, e ainda terão outros dejà vus, você verá.
A vida de Samantha não é correta, muito menos normal, ela sempre está transitando entre os extremos e isso que acontece, não estou aqui pra ser boa, rsrsrs.
Concordo que Carol volta pra ela não só por amor, mas também na tentativa de ajudar Sam a sair dessa vida, pelo carinho que ela tem pela modelo, o problema é que Sam sempre faz merda, aí nenhum santo ajuda né.
Eu sou má? Eu sou só eu. kkkkkk
A intenção é essa, colocar um pouco de humor na história que está mais pesada que o normal, na próxima eu tenho vir mais leve.
Beijoooo
Cris
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Sem cadastro
Em: 29/11/2018
A coisa só piora, n é surpresa! Fraca fraca...que mande Estela pastar, mas vamos pra lugar nenhum assim!! Ela n aprendeu Cba overdose pq n aprendem, viu q sobreviveu q .ganhou a morte, algo mais forte autora.. vai, seja boa no final...nem q fique sozinha ou sem Carol, mas n vai me fazer perder esperanças q as pessoas podem mudar...
Sam me deixou um pouco mal...sacaneando geral!! Estou me mandando aqui, pensando em algo...no pq Carol volta, talvez sinta responsabilidade além de amor claro e pq Sam n pode deixar isso TD e ir pra reabilitação, exploda a mãe.. total a mãe já n liga mesmo...mas ela n quer sair...mas acho que Carol já fez TD q podia, agora é o tempo e parece q Sam tem sorte pq morrer n morre, n tem acidente, n fica tetaplegica, n corta a cara kkkkk... E Carol só sofre...mas é assim.. relação maldita, enferma....dependência mútua, mas q Carol se ligue, já basta pq n vai mudar assim, sozinha tampouco, mas só o destino...
O segredo são os pais dela..mas vc é má e n vai colaborar....
Faltam outros caps pra ver o desastre que vc armou ou q Sam armou....
Beijãoooops: vc me faz rir c as frases q inventa..Raquel é massa, figuraça!!
Resposta do autor:
Oi amiga.
Pois é, não piorou, só se repetiu, e ainda terão outros dejà vus, você verá.
A vida de Samantha não é correta, muito menos normal, ela sempre está transitando entre os extremos e isso que acontece, não estou aqui pra ser boa, rsrsrs.
Concordo que Carol volta pra ela não só por amor, mas também na tentativa de ajudar Sam a sair dessa vida, pelo carinho que ela tem pela modelo, o problema é que Sam sempre faz merda, aí nenhum santo ajuda né.
Eu sou má? Eu sou só eu. kkkkkk
A intenção é essa, colocar um pouco de humor na história que está mais pesada que o normal, na próxima eu tenho vir mais leve.
Beijoooo
Cris
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lis
Em: 20/11/2018
Eita lele ai judiou hein, afff essa Samantha infelizmente não tem jeito, e a Carol mais uma vez magoada o unico ponto positivo é que a Carol ta conseguindo se livrar dos seus traumas aos poucos, acredito que esse amor não é para ser vivido pois a Samantha não toma jeito, pelo que da para perceber elas não tiverão mais envolvimento mas a Samantha continou fazendo a Carol sofre.
Mais rapaz que isso oxeeeeeeeeeeeee a Raquel dando em cima da Angela pode não, Carollllllllll corre acorda senão tua amiga vai furar teu olho kkkkkkkkkkkkkkkkkkk, brincadeiras a parte, nem pensar hein Raquel a Angela pelo que vejo é quem vai fazer a Carol querer voltar a vida, mais uma vez parabéns autora sua escrita é show
Resposta do autor:
Oi Lis
Viu o bafo que deu? Pelo menos Carol conseguiu se livrar de um grande peso, isso foi bem positivo.
Então, Raquel, sabe como é né, rsrs. Essa vive a vida intensamente, rsrs. E se Carol não abrir os olhos, literalmente, vai ficar sem Ângela.
Obrigada pelo carinho, te espero no próximo capítulo.
Beijo
Cris Lane
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Mille
Em: 19/11/2018
Oi Cris
Estava mesmo querendo um extra kkkk amei
Carol pode dar várias chances para a Sam e ela sempre vai decepcionar. Mais um dia ela vai quebrar a cara a Carol precisa de amor próprio pois nunca vai deixar de se influenciar pelo jeito da Samantha.
E a entrega dela foi liberador acho que a Carol se sentiu nas nuvens aonde ela vai dor e sofrimento. Com certeza foi um grande passo para se sentir segura quanto a fazer sexo com a pessoa que ama.
E Raquel é uma tarada espero que ela faça o procedimento e logo a morena acorde e mais que acordar é dar um basta nesta relação fadada ao fracasso pela Sam e seus vícios.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Oi Mille
Opa, então acertei! Rsrs
Carol se decepcionou demais dessa vez, e Samantha continua infantil e pirracenta, tem pessoas que não conseguem mudar.
Realmente, essa é a palavra, libertador, Carol precisava disso, e pelo menos isso Samantha fez direitinho, esperou o momento certo e foi bem cuidadosa com ela. Pelo menos um pontinho pra Sam, né. KKKKkkkk
Raquel, tarada? Você acha? kkkkkkkkkkkk Mas é uma boa amiga, só que se Carol der mole vai perder Ângela, isso pode produção?
Beijo
Cris Lane
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NovaAqui
Em: 19/11/2018
De novo, de novo e de novo. Sempre será assim pelo visto
Acho melhor virar o disco do "não é nada disso que você está pensando"
Vamos quando Carolina vai ceder outra vez
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Oi NovaAqui
Não é mesmo? Uma hora isso tem que terminar, não acha?
Esse disco agarrou, Samantha não consegue mudar a faixa.
Aguarde o próximo capítulo!
Obrigada pelo carinho.
Beijo
Cris Lane
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