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S.O.S. Carolina por Cris Lane

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Palavras: 10195
Acessos: 3329   |  Postado em: 17/11/2018

Capítulo 16 - Decepção - 1º Ato

No final da tarde, Izabel aparece na sala de espera, sabendo que Carlos estaria à sua espera. Estava abatida, com o cansaço estampado em seu rosto. Carlos a viu e logo pulou da cadeira. Roberta ainda estava aguardando notícias também, e foi junto com o ex-namorado falar com a chefe de cirurgia.

 

-- Izabel, como ela está? – perguntou aflito –

 

-- Ela está estável. Resistiu bem à cirurgia, foi muito mais complicado do que eu imaginei, mas agora está tudo bem.

 

-- Graças a Deus. – Roberta agradeceu em voz baixa –

 

-- E agora? O que acontece?

 

-- Agora voltamos a esperar.

 

-- Será que ela não vai acordar desse coma?

 

-- Isso é a única coisa que eu não consigo te dizer com precisão, Carlos. – Colocou as mãos no bolso da calça – O estado de coma é muito indefinido, ela pode acordar a qualquer momento, ou simplesmente permanecer assim por meses, até anos. Mas no momento, nós estamos induzindo ao coma por causa do traumatismo craniano, para diminuir os possíveis danos no cérebro dela.

 

-- Carol vai sair dessa, ela é muito forte. – Roberta acariciou seu braço –

 

Carlos se arrepiou inteiro com o toque da ex-namorada, uma corrente elétrica passava pelos corpos saudosos todas as vezes que se encontravam. Dessa vez foi Carlos que tentou fugir daquele afago, estar perto de Roberta estava cada dia mais difícil.

 

-- Eu posso vê-la? – Perguntou trêmulo --

 

-- Sim, podem subir. Mas só um pouquinho, ok.

 

Os dois seguiram Izabel que os conduziu até a UTI onde Carolina estava internada, a moça parecia dormir, seu semblante calmo, seu rosto pálido, suas mãos estavam frias, tubos e fios formavam a visão do quarto e da médica que permanecia em seu sono profundo.

 

-- Oi Carol, Roberta está aqui também. – Acariciava seus cabelos – Nós estamos com saudades, irmã, volta pra casa. Volta pra gente.

 

Carolina ouvia aquelas palavras ao longe, parecia um sonho onde ela podia ouvir a voz de Carlos e queria falar, mas não conseguia, parecia que estava presa em uma outra dimensão, a escuridão era total, queria andar ou falar, mas ninguém escutava. O medo tomava conta da médica que começou a pensar que nunca mais se encontraria.

 

***************

 

 

Agosto de 2001

 

            Carolina estava namorando com Samantha a quase um ano, a loira estava se mantendo na linha, tentando pelo menos, ou nem tanto, assim como foi criada, Samantha tentava suprir os deslizes e mentiras com ajuda financeira para Carolina, presentes, tentava pagar as despesas da namorada, mas sempre recebia uma recusa, a estudante sempre deixava claro que não estava com Samantha por causa de dinheiro e essas atitudes sempre rendiam algumas brigas.

            Samantha estava bem tranquila com o tempo de Carolina, por mais que ela quisesse, ela não conseguia superar o trauma, ela sabia que precisava de ajuda profissional, e estava na fila do programa de psicologia do hospital universitário onde ela estudava, mas como todo serviço público no nosso país é demorado, ainda não tinha conseguido uma vaga.

            Apesar da falta de sex*, Samantha parecia não se importar muito com isso, se sentia feliz com a presença de Carolina em sua vida, e não queria perder a relação que estava conseguindo construir, pela primeira vez ela se sentiu amada e cuidada. Parecia que ela também estava precisando desse tempo para consolidar essa relação, ela via a namorada como intocável, colocou Carolina em um pedestal e com isso dava a ela o tempo que ela precisava para resolver suas questões. Carolina sempre foi muito carinhosa e cuidadosa, se preocupava com a vida sem regras de Samantha. Ela sabia que essa fase calma da namorada não duraria muito tempo, o que na verdade não era bem assim, Samantha nunca levou a vida calmamente, escondia vários segredos de Carolina.

Samantha combinou de pegar Carolina na faculdade, mas ligou para a namorada desmarcando o encontro.

 

-- Alô.

 

-- Oi bebê, tudo bem?

 

-- Oi Samantha, tudo bem sim, e você? – Sorria --

 

-- Tudo ótimo. Carol, eu não vou conseguir te buscar hoje, surgiu um trabalho para eu fazer agora a noite, vou fazer uma presença vip em uma festa, mas amanhã eu passo aí para te pegar. Tudo bem?

 

-- Ah, sim. Tudo bem, não tem problemas. Eu te espero amanhã.

 

-- Ok, bebê, beijos.

 

-- Beijos.

 

Carolina ficou frustrada, estava esperando a namorada para irem jantar. Mas entendeu que se tratava de um trabalho e ficou feliz por Samantha estar mudada, aparentemente.

Até aquele momento as duas passavam bastante tempo juntas, como Samantha prometeu, elas namoravam normalmente, com idas ao cinema, filmes no sofá com pipoca e muitos amassos.

Samantha se mostrava muito paciente com a falta de sex*, não fazia cobranças, realmente cumpriu o prometido de esperar o tempo da namorada, lógico que isso tinha um motivo que não agradaria a estudante, assim como Carolina também se mostrava paciente com o temperamento de Samantha, que não era nada fácil, muito mandona e mimada, a modelo adorava se exibir nos lugares que elas iam, e não perdia a mania de insultar as pessoas, bem como a mania de tentar controlar tudo em Carolina, mas a morena não permitia isso, Samantha tinha razão quando disse que a estudante que teria que ter muita paciência nesse relacionamento.

Essa noite, Carolina sentiu um aperto pela falta de Samantha, a estudante estava completamente apaixonada por ela, e tinha medo da loira cansar da falta de intimidade e deixá-la, já estava mais solta, e com o pensamento de se entregar à loira, inclusive de contar qual era o motivo daquele trauma, ela já estava mais confiante e já conseguia confiar em Samantha, ela estava feliz como a muito tempo não era.

            Samantha foi a um evento acompanhar um empresário poderoso do Rio de Janeiro, o rapaz era conhecido por suas conquistas, era solteiro e tinha uma fila de mulheres loucas para conquista-lo e usufruir de sua fortuna, mas isso não estava nos planos dele. E com isso, ele preferia contratar modelos para serem suas acompanhantes.

Depois do final do evento, ele levou Samantha para um flat e os dois fizeram sex* até a madrugada, a noite foi regada a bebida, drogas e sex* casual.

            No dia seguinte, Samantha acordou com uma ressaca imensa, na cama do flat, sozinha, olhou em volta e demorou um tempo para se situar, viu na cabeceira que havia dinheiro em uma boa quantidade e na mesa mais à frente no quarto um café da manhã, que provavelmente o homem havia deixado para ela. Na cabeça uma dor aguda pela bebedeira e na alma o vazio que sempre a acompanhava no final daquelas noites, só não se sentia vazia quando estava com Carolina.

            Fechou os olhos em repreensão a si mesma, Carolina! Que ótimo Samantha! A modelo lembrou-se da estudante, sentiu remorso, mas estava mais envolvida com situações obscuras do que a estudante poderia imaginar. Era como um vício, sempre que chegava o dia seguinte, se prometia que iria parar, mas quando recebia aquele chamado era como se ativasse todo seu sistema nervoso e a adrenalina tomasse conta e uma nova personalidade assumisse seu corpo.

Levantou-se e caminhou até o chuveiro, tomou um banho demorado, saiu enrolada em um roupão, sentou-se à mesa e apenas tomou uma xícara de café forte, seu estômago estava embrulhado, não conseguiria comer nada naquele momento.

Vestiu suas roupas e pegou o dinheiro sobre a cabeceira, pediu um taxi e deixou o flat. Esse empresário era um cliente recorrente, estava sempre requisitando os serviços da modelo. O problema para Samantha foi que o evento estava sendo coberto pela imprensa, e fotógrafos do jornal flagraram o casal em um beijo no jardim, e a foto foi publicada no dia seguinte.

Carolina que estava completamente alheia a vida dupla que sua namorada levava, saiu cedo para a faculdade, teria aulas o dia inteiro, e sua surpresa foi imensa ao chegar e encontrar suas amigas Raquel e Bruna com um jornal na mão comentando sobre as fofocas do dia.

 

-- Bom dia gente. – Carolina cumprimentou os colegas colocando sua mochila sobre uma mesa –

 

-- Bom dia amiga! – Raquel sorriu aberto— Tudo bem? – Tocou seu ombro --

 

-- Menina, olha isso aqui! Notícia fresquinha! – Bruna chamou a atenção das amigas --

 

-- O que houve mulher? – Perguntou Carolina –

 

-- Ah menina, babado forte! – Bruna disse animada – Sabe aquele empresário bonitão, o solteiro mais cobiçado do Rio de Janeiro inteiro? – Girava o dedo no ar –

 

-- Quem? Eu não vejo coluna social, menina, você sabe disso. – Reclamou Carolina –

 

-- Eu vou te mostrar, ele saiu no jornal de hoje, parece que ele está namorando com a sua amiga, Carol. – Estendeu o jornal --

 

Carolina se espantou, não tinha nenhuma amiga que pudesse namorar com um empresário tão rico. Raquel por um momento percebeu que Bruna estava mostrando a foto de Samantha beijando o rapaz, ela sabia que o envolvimento das duas era mais que amizade, apesar de Carolina nunca ter contado nada, e nem teve tempo de mudar o assunto.

 

-- Que amiga? – Esticou a cabeça –

 

Bruna mostrou o jornal a Carolina que ficou boquiaberta quando viu Samantha em um beijo ardente com o tal empresário, na legenda do jornal dizia que era mais um affair do conquistador.

Carolina sentiu o sangue na garganta, foi ficando vermelha e isso não passou despercebido por Raquel. A estudante fechou o semblante e saiu de perto das amigas, pegou o celular que Samantha havia lhe dado de presente e ligou imediatamente para a modelo saindo da sala. Para seu desespero, a ligação ia direto para a caixa postal. Tentou mais uma vez e novamente sem sucesso. Seu corpo tremia inteiro, encostou na parede do corredor tentando encontrar algum apoio, olhava a tela do aparelho e discou novamente voltando a cair direto na caixa postal. Ela não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo, o ciúme tomou conta da estudante que sabia que algo havia acontecido naquela noite. Voltou para a sala de aula chateada. Inúmeras situações passavam pela sua cabeça, todas elas levavam à traição.

Raquel que já tinha essa desconfiança muito concreta sobre a relação das duas, chegou perto da amiga e finalmente perguntou sobre o relacionamento de Carolina com a amiga rica.

 

-- Oh Carol. Eu sei que você é toda reservada, tem suas questões. Nunca se abriu muito comigo, mas se você quiser conversar sobre sua amiga rica pode falar, a relação de vocês não é uma simples amizade, é?

 

Carolina olhou para Raquel, pensando no que iria responder, realmente nunca se abriu com a colega de faculdade, mas considerava a outra estudante como uma boa amiga, com todas as suas loucuras, Raquel era muito prestativa e leal. Mas foi salva quando o professor da primeira aula entrou na sala chamando a atenção dos alunos.

 

-- Depois, Raquel.

 

Carolina voltou ao seu estado normal, focando seus pensamentos na aula que precisava assistir, deixou de lado os pensamentos em Samantha em um esforço quase hercúleo, ela sabia que isso poderia acontecer, pensava que era pela falta de sex* entre as duas e se culpava por isso.

 

 

*****************************

 

Samantha chegou em casa com uma grande dor de cabeça, foi até o bar, bebeu uma boa dose de whisky sem gelo e bateu o copo com força no balcão, sentiu a garganta arranhar com aquele líquido quente escorregando até seu estômago vazio que logo reclamou, parecia estar se punindo pelo que tinha feito na última noite. Pegou uma aspirina e tomou em seguida. Foi retirando as roupas pelo caminho até o quarto e se jogou na cama, dormiu a manhã inteira para se recuperar da noite intensa na farra.

Quando acordou já passava de uma hora da tarde, coçou os olhos, a dor de cabeça havia passado, mas o estômago ainda estava embrulhado. Levantou-se com preguiça, foi ao banheiro, depois de lavar o rosto, lembrou que não tinha olhado o celular. Pegou o aparelho na bolsa e viu que ele estava descarregado. Colocou no carregador e foi até a cozinha para tentar comer alguma coisa.

Quando voltou ao quarto e ligou o celular, viu que tinham várias ligações perdidas de Carolina. Estranhou, pois essa hora a estudante está na faculdade e não tem o costume de ligar para ela tão cedo, pois ela sabe que a modelo sempre acorda muito tarde.

Ligou de volta para a namorada preocupada com o que poderia ter acontecido. Carolina atendeu fria.

 

-- Oi Samantha.

 

-- Oi bebê, você me ligou cedo, aconteceu alguma coisa? O meu celular estava descarregado. – Se jogou no sofá --

 

-- Precisamos conversar, você vem me encontrar hoje?

 

-- Sim, como eu te prometi. – Não entendia a frieza da namorada – O que houve?

 

-- Você que vai me responder essa pergunta. Eu preciso desligar.

 

Carolina desligou o celular sem se despedir, e Samantha sentiu cheiro de confusão, será que ela ficou zangada por causa do compromisso desmarcado? Sentiu medo do que poderia estar ocasionando aquela conversa, mas nunca passou por sua cabeça que seria um flagra em rede nacional da sua noite como acompanhante.

Carolina ficou pensativa, estava sentada na cantina da faculdade, tinha acabado de lanchar, ficou pensando em tudo que estava acontecendo em sua vida, em como sentia falta de Roberta, queria que a amiga estivesse ali para lhe escutar, Roberta a tirou de sua vida da mesma maneira que tirou Carlos e isso a machucava demais, desistiu de procurar a menina depois de tantas recusas da parte dela, mas já estava reconsiderando isso, estava realmente com muitas saudades daquela amizade. Estava perdida em seus devaneios quando Raquel chegou e sentou ao lado da amiga. Apesar de ser meio doida como Carolina costumava brincar com a amiga, Raquel era muito responsável e gostava de verdade de Carolina, ela se mostrou uma ótima amiga e uma pessoa confiável, conquistou a amizade de Carolina de uma maneira que apenas Roberta tinha feito antes.

 

-- Oi.

 

-- Oi. – Respondeu sem olhar para a amiga –

 

-- Carol, me fala o que está acontecendo? Você sempre teve esse semblante pesado, como se carregasse o mundo nas costas, aí de repente, você mudou, mas de um jeito bom, você começou a sorrir, mas sorrir de verdade, deu pra perceber que você estava feliz, mesmo sem te perguntar nada, eu sabia que alguma coisa havia mudado.

 

Carolina apenas escutava o monólogo da amiga que estava realmente muito preocupada com ela.

 

-- E de boa, eu nem precisava saber o que estava te trazendo para esse estado de felicidade, pois o que importa é só você ser feliz e mais nada, mas hoje o peso voltou, seus olhos estão tristes de novo, e eu não quero que essa tristeza que você carregava volte a te atormentar, eu sou sua amiga, e prefiro ver você feliz. Pode se abrir? Ela é sua namorada, não é?

 

Carolina olhou espantada para Raquel, que não moveu nenhum músculo de sua expressão. Como ela sabia? O que ela estava pensando sobre isso? Fazia tempo que ela precisava desabafar com alguém, estava precisando de uma amiga para dividir aquele peso que ela carregava.

 

-- Raquel, eu não sei se quero falar sobre isso.

 

-- Amiga, se você tem medo da minha reação, não se preocupe, pois isso não faz a menor diferença pra mim, eu já percebi que sua relação com ela não é mais de amizade a muito tempo, depois que ela apareceu na sua vida você estava mais feliz, ela vem te buscar quase todo dia, e não tem como negar os olhares de vocês quando se encontram. – Sorriu -- Eu nunca vou te julgar Carol. Abre seu coração. – Abraçou a estudante –

 

-- Ai Raquel, eu aqui achando que estava escondendo direitinho tudo isso. – Riu amarelo –

 

-- Carol, até o reitor já percebeu que você está namorando essa ricaça. – Riu também –

 

-- Meu Deus, que vergonha! Eu não imaginava que estava tão na cara. – Balançou a cabeça –

 

-- Vergonha de que? De ser feliz? De amar? Vergonha é roubar e não poder carregar.

 

Carolina riu da amiga e voltou a pensar. Admirou a amiga que ria ao seu lado. Ela precisava desabafar e ali encontrou em Raquel uma pessoa que realmente se importava com ela, sem julgamentos e sem preconceitos.

 

-- Sabe, Raquel, a história é longa.

 

-- Temos mais quarenta minutos até a aula de anatomia. – Sorriu –

 

Carolina explicou toda sua relação com Samantha para a amiga, e como chegaram até ali, contou sobre seu trauma e como ela não conseguia se entregar e recebeu o apoio incondicional da amiga que ficou estarrecida com a história de vida de Carolina, ali ela aprendeu a admirar ainda mais aquela morena que até aquele momento era um grande mistério, mas ao mesmo tempo uma mulher encantadora.

 

-- Estávamos bem, e ela me ligou agora a pouco como se nada tivesse acontecido, sabe. – Parou e pensou – Eu não sei se essa é a primeira vez que ela sai e fica com alguém nesses eventos que ela vai. Eu sabia que isso poderia acontecer, mas não queria acreditar.

 

Por um momento Carolina se sentiu magoada, não apenas por Samantha, mas por ela mesmo por ter acreditado que Samantha poderia mudar.

 

-- Conversa com ela hoje quando ela vier te buscar, e como você já sabe que ela é assim, se não te convencer, pula fora disso antes que você se machuque mais. E não desanima, porque até um pé na bunda te joga pra frente. – Abriu um sorriso largo –

 

            Carolina balançou a cabeça e acabou rindo da amiga que sabia sempre o que dizer para melhorar seu ânimo quando estava desanimada ou desestimulada.

 

-- Obrigada amiga. Só você mesmo.

 

-- Sempre que precisar. Vamos? Acho que a aula já começou.

 

Carolina saiu com Raquel para assistir as aulas da tarde e ficava mais ansiosa a cada minuto que passava para confrontar Samantha sobre a foto no jornal. Aquele dia parecia não ter fim, a todo momento Carolina olhava o relógio que insistia em lhe sabotar, os ponteiros se arrastavam e assim como seu humor, a tarde foi se estendendo cinza, com um anúncio de chuva.

Quando a modelo chegou na porta da faculdade, a estudante já estava lá fora esperando por ela. Estava chovendo fraco, nuvens carregadas pareciam ter escolhido o pior dia para descarregarem toda sua fúria sobre a cidade, trovões iluminavam o céu anunciando um dilúvio que parecia se formar no céu do Rio de Janeiro.

Carolina se aproximou do carro com o semblante carregado, não se importava com a chuva que começava a cair mais forte sobre si e Samantha percebeu logo que algo estava incomodando a estudante. Ela abriu a porta do carro e ao sentar já jogou o jornal na cara de Samantha, que se assustou.

 

-- Oi, bebê. – Recebeu o jornal na cara com violência – Ai!  Mas o que é isso? Carolina, tá maluca?

 

Quando retirou o jornal e segurou nas mãos, viu sua foto beijando o empresário na festa que foram no dia anterior, Samantha sentiu o sangue sumir em seu corpo, congelou sem saber o que fazer. Olhou para Carolina e de volta para o jornal.

 

-- Agora sim, você pode me dizer o que aconteceu, Samantha Monte Alto? – Carolina cruzou os braços –

 

Samantha não tinha o que dizer, sua traição estava ali, estampada em todos os jornais, para quem quisesse ver, literalmente. Ela olhava para aquela foto e tentava se lembrar em que momento cometeu aquele descuido. Ela sempre tentou evitar esses contatos em público com os clientes, mas ela tinha bebido muito na noite anterior e não se lembrava de muita coisa. Anotou mentalmente para não abusar tanto do whisky no próximo evento.

 

-- Então Samantha, não vai falar nada? Só vai ficar admirando a bela cena? O que você tem a me dizer?

 

-- Carol, não é o que você está pensando. – Olhou para a estudante –

 

-- Ah, essa é boa. – Balançou a cabeça – Eu até esperava qualquer desculpa esfarrapada de você, mas isso foi muito cafajeste. – Carolina tremia –

 

-- Carol.

 

-- Carol, o cacete! – Abriu a porta do carro – Acabou, Samantha, nós não temos como dar certo, eu já sabia disso, mas eu quis insistir. – Uma lágrima escorreu em seu rosto – Eu sou muito idiota mesmo.

 

Carolina saiu do carro e colocou o celular que Samantha havia lhe dado de presente sobre o banco. Samantha saiu do carro correndo e deu a volta para alcançar a estudante. Segurou-a pelo braço, Carolina tentava se soltar. A chuva parecia que estava brincando com as duas mulheres, ficou mais forte, já molhando totalmente as duas.

 

-- Carol, espera, não faz assim, não significou nada pra mim.

 

-- Samantha, me solta. – Não olhava para a modelo –

 

-- Carol, não sai assim, vamos conversar. – Puxou-a para virar de frente – Volta pro carro, está chovendo demais.

 

-- O que você quer conversar? Vai me dizer que você tem um clone e ela quem está agarrada nesse cara? Você me traiu. – As últimas palavras saíram tremidas –

 

Samantha sentia na boca o gosto amargo de ter magoado Carolina, a moça não merecia isso, e ela não se perdoava por ter sido descoberta. Nos seus planos Carolina nunca saberia sobre esses serviços especiais que ela fazia para a agência que trabalhava, ela podia ver a decepção nos olhos marejados da estudante e isso a acertou de jeito.

 

-- Carol, eu sei que não tenho desculpas pra te dar, só que eu errei, foi muito rápido, ele me beijou sem eu esperar.

 

Carolina soltou o braço das mãos de Samantha, e olhou para a modelo com lágrimas nos olhos.

 

-- Sabe o que dói mais? Eu sabia que isso poderia acontecer, mas eu não quis acreditar. – Olhou para o lado – Foi porque eu não fui pra cama com você ainda não é? Você precisou de sex* e foi pra cama com ele.

 

-- Não, não tem nada a ver com você, eu te prometi que iria te esperar, eu não sei qual é o seu problema, mas eu fiz uma promessa. E eu estou cumprindo.

 

-- Eu não acredito. Você foi pra cama com esse homem?

 

Trovões e relâmpagos incendiavam o céu negro que parecia literalmente cair sobre a cabeça de Carolina, não estava nem um pouco preocupada se iria pegar uma gripe ou qualquer outra coisa, só queria sair dali e sem Samantha.

 

-- Carol, não. – Mentiu –

 

-- Não minta pra mim! – Pôs o dedo em riste – Samantha me fala a verdade.

 

-- Carol, eu só quero você. – Tentou abraçar a estudante – Entra no carro.

 

Carolina se afastou, não permitiu que a modelo a alcançasse. Raquel saía da faculdade e presenciou parte da discussão. Ficou com pena da amiga. Ficou olhando a chuva caindo sobre as duas enquanto tentava se abrigar em uma marquise perto do ponto de ônibus.

 

-- Samantha, você dormiu com ele, não minta. Por isso não me atendeu de manhã, você ainda estava com ele. – Uma lágrima escorreu –

 

-- Carol, não se martiriza, não aconteceu nada disso, volta para o carro, o pessoal já está olhando. Vamos conversar no meu apartamento.

 

-- Qual é o problema, você está com medo de alguém te fotografar comigo, agora? – Passou a mão nos cabelos encharcados – Samantha, eu vou pra casa, e não quero mais te ver. Não venha mais aqui.

 

Carolina saiu caminhando para o ponto de ônibus e Samantha ficou parada sem reagir, não tinha o que dizer para a namorada, ela saiu com aquele homem, dormiu com ele, fez sex* com ele, não admitiu para ela, mas em seu íntimo sabia da verdade e esta a machucava. Ela traiu a confiança de Carolina e não sabia se poderia reconquistar. Toda aquela chuva estava levando embora com ela a mulher que ela escolheu para ser sua, a única mulher que conseguiu fazer com que ela desejasse um relacionamento sério. A única mulher que ela amou.

Entrou no carro sem se importar com as roupas encharcadas e pegou o celular, não tinha visto que ela o deixou no banco do carro, discou o número da estudante e o aparelho tocou dentro do seu carro, ficou frustrada, quando pensou em ir atrás da estudante percebeu que ela já não estava mais por perto, já deveria ter entrado em algum ônibus. Foi pra casa, pensando em voltar na faculdade no dia seguinte para procurar a estudante.

Enquanto Carolina caminhava até o ponto de ônibus, seus pensamentos estavam desordenados, não conseguia concluir um raciocínio, e isso a deixava furiosa, ela sabia que corria esse risco, mas não imaginou que seria tão cedo. Resolveu que não iria falar mais com Samantha, não queria contato para não correr o risco de sucumbir ao desejo de estar com a modelo, só queria ir para casa e esperar aquela dor passar. As gotas de chuva se misturavam com as lágrimas que surgiam dos olhos da estudante que entrou no ônibus e sentou no fundo tentando se isolar de tudo e todos como estava acostumada a fazer, durante toda sua vida foi assim que curou suas dores, sozinha. Raquel até tentou chamar Carolina, mas ela não ouviu, quando a ruiva se deu conta a amiga já estava correndo para o ônibus que estava parado mais à frente e não conseguiu a alcançar.

 

Na manhã seguinte, Carol conversou com Raquel e contou sobre a discussão, a ruiva a consolou e disse que estaria sempre ao lado dela para o que precisasse.

 

-- Amiga, bebe suco de laranja, você tem que ingerir bastante vitamina C, você pegou muita chuva ontem.

 

-- Pior que foi mesmo, ontem eu estava sem noção do que eu estava fazendo, amiga, eu só queria sair de perto dela.

 

-- Não fica assim não, depois vocês conversam com calma e tudo se resolve.

 

-- Eu estou me sentindo uma idiota, eu devia saber que ela não ia me esperar tanto tempo. Eu também sou culpada por ela ter me traído. – Lágrimas começaram a brotar em seus olhos –

 

-- Ei, isso não, não mesmo! Se ela não consegue se controlar por causa disso ela deveria ter falado e era simples, não aceitava suas condições, agora dizer que ela te traiu por isso, é demais. A culpa não é sua.

 

-- Raquel, ela não sabe o motivo do meu problema, talvez ela pense que é frescura, não sei.

 

-- Então conta pra ela, amiga, falar é libertador. O peso fica mais leve quando você divide com as pessoas que te amam. – Afagou as costas da amiga –

 

-- Talvez você tenha razão, mas eu não vou procura-la, se ela quiser que venha atrás de mim. – Cruzou os braços –

 

-- Oh mulher orgulhosa! Mas tudo bem, faz do jeito que você quiser, só saiba que eu estou aqui pra te apoiar sempre. Odeio te ver assim tristinha.

 

            Raquel puxou Carolina para um abraço e a morena deixou algumas lágrimas caírem em seu colo, se deixou ser consolada e protegida pela amiga, ela estava precisando muito daquele apoio e o encontrou ali em Raquel.

 

*************************

 

À noite, Samantha estava na faculdade esperando por Carolina. Na saída, Raquel cutucou a amiga que olhou para ela, Raquel indicou com a cabeça o carro de Samantha estacionado no portão e a modelo encostada nele olhando para Carolina. A estudante suspirou e abaixou a cabeça. Raquel a encorajou.

 

-- Vai lá amiga, conversa com calma. Vocês se gostam, vai que dá certo. – Afagou o braço da outra --

 

Carolina estava confusa, não queria arriscar novamente. Estava com medo de se envolver cada vez mais e se machucar de uma maneira irreversível. Como ela não se moveu, Samantha não se conteve e caminhou até ela, Carolina não conseguia resistir ao charme que Samantha emanava, vestida casualmente, em um jeans apertado, camiseta colada, exibindo a boa forma e os seios bem delineados, com um tênis de corrida nos pés, mesmo sem os saltos que ela costumava usar, ela conseguia ser sexy.

Carolina estava hipnotizada, os rapazes que estavam na entrada da faculdade ficaram babando pelo desfile não proposital de Samantha, ela é muito bonita, Carolina não conseguia deixar de admirar a beleza exótica do rosto fino da mulher que caminhava com uma sensualidade natural em sua direção, se perdia naquele olhar que lhe despia por inteiro.

 

-- Oi.

 

-- Oi. – respondeu desconfiada –

 

            As duas estavam desconfiadas, Carolina magoada e Samantha amedrontada, Raquel no meio das duas assistindo àquele duelo silencioso sustentado por olhares carregados de significados. A chuva deu uma trégua naquele dia, mas já estava querendo voltar a incomodar. Depois de se perder no olhar de Samantha, Carolina lembrou de apresentar Raquel que estava em pé ao seu lado.

 

-- Samantha, essa é Raquel, minha amiga. Essa é Samantha.

 

Carolina não deu nenhum título à modelo, o que não passou despercebido por ela e a deixou temerosa com o que poderia acontecer com o relacionamento das duas.

 

-- Prazer em te conhecer. – Raquel estendeu a mão –

 

Samantha fez o mesmo e a cumprimentou. – O prazer é meu.

 

A modelo estava ali totalmente desarmada, queria apenas tentar conversar e reconquistar a estudante. Os corações estavam descompassados, elas tremiam, não de frio, mas de ansiedade. Mais um tempo em silencio se encarando e quem resolveu quebrar aquele clima tenso que se instalou na frente da universidade foi Samantha.

 

-- Nós podemos conversar?

 

-- Não sei se eu quero conversar com você. – Hesitou – Mas acho que precisamos.

 

-- Vamos para o meu apartamento.

 

-- Tudo bem. Mas eu vou pra casa depois.

 

-- Eu te levo. – Sorriu –

 

Carolina se despediu de Raquel com um forte abraço e seguiu para o apartamento de Samantha, não trocaram nenhuma palavra durante o trajeto, o silêncio dentro do carro gritava e incomodava as duas. Chegando na cobertura, Samantha serviu um refrigerante para a estudante que recusou e uma dose de whisky pra si, precisava daquele líquido ardente para tentar encontrar algum resquício de coragem para encarar o olhar decepcionado de Carolina.

A estudante não gostava que Samantha bebesse daquela forma, mas não a repreendeu como costumava fazer, queria e precisava escutar a verdade, mas com Samantha a verdade não era necessariamente a realidade, a verdade da modelo era diferente da estudante.

 

-- Estou aqui Samantha, o que você quer conversar?

 

A modelo sorveu um gole generoso da dose e olhou para a estudante. Pegou o celular que a deu de presente e colocou sobre o balcão do bar e empurrou na direção de Carolina.

 

-- Primeiro, o celular foi um presente, eu não o quero de volta. Ele é seu. Independente do que acontecer entre nós. – A encarava seriamente --

 

-- Mas eu já te disse que eu não posso pagar por ele, você não pode pagar minhas contas. – Empurrou o aparelho na direção de Samantha –

 

-- Não seja orgulhosa, é seu. – Empurrou de volta para Carolina – Em segundo lugar, eu sei que eu errei, mas eu juro que não significou nada para mim. Ele me beijou na festa, estava me cantando o tempo inteiro, e aproveitou um momento que eu estava distraída.

 

-- Samantha, você quer me convencer que você não foi pra cama com esse homem? Que o beijo foi roubado? – Caminhou até o bar --

 

-- Mas foi. Eu não fui pra cama com ele, depois do evento eu vim pra casa. – Mentia – Só que meu celular descarregou e eu só vi quando acordei, já era uma hora da tarde. Você sabe que eu não acordo cedo.

 

-- Eu não consigo acreditar. – Balançava a cabeça –

 

-- Meu amor, acredita em mim, eu não vou te decepcionar.

 

Samantha sabia como derreter Carolina, caminhou de forma sensual até o banco em que a estudante estava sentada e a abraçou por trás. Carolina sentiu um arrepio subir pela coluna e fechou os olhos. A modelo beijou o pescoço da estudante e a virou de frente para ela e a beijou na boca, um beijo sincero, apaixonado, diferente das mentiras que acabara de contar para reconquistar a namorada.

Carolina se deixou levar, estava apaixonada, envolvida, já era tarde demais, Samantha sabia usar sua sensualidade para persuadir a namorada. Quando se soltaram, Carolina já estava abraçada a cintura de Samantha que sorria vitoriosa.

 

-- Carol, -- Segurou o rosto da moça em suas mãos – eu não sou perfeita, mas quando estamos juntas, é como se eu fosse outra pessoa, eu preciso de você. Eu prometo que não vou mais cometer nenhum deslize.

 

-- Não prometa o que você não pode cumprir, Samantha. – Afastou-se da namorada – Ai, eu não sei por que eu fui me apaixonar por você. – Saiu caminhando pela sala –

 

-- Nós podemos fazer isso dar certo. Eu vou melhorar. – Caminhou até a outra e a segurou pelos ombros –

 

-- Samantha, você me traiu, eu não iria, mas eu vou te dar mais uma chance. – Virou de frente para a namorada – Mas será apenas uma vez. Não terá mais volta, entendeu?

 

-- Eu entendi. E eu prometo que vou te esperar.

 

-- Já que você tocou nesse assunto, tem uma coisa que eu preciso te contar. – Abaixou o olhar –

 

-- Pode falar. – Procurou o olhar de Carolina –

 

-- Vem, senta aqui comigo.

 

            Carolina respirou fundo e finalmente encarou os olhos castanhos profundos que a observavam com curiosidade, ela resolveu seguir o conselho de Raquel e se abrir com Samantha, isso poderia ajudar a reestabelecer a confiança entre as duas e poderia ajudar Carolina a dar mais um passo para superar esse trauma.

            Samantha a olhava curiosa, pela primeira vez sentiu a tensão se instalar em Carolina com proporções visíveis, a estudante estava tensa, ressabiada, mas ao mesmo tempo sentiu que ela estava pronta para se abrir, sabia que algo seria exposto e não seria muito agradável.

            Carolina narrou toda a sua história, os abusos sofridos pelo pai, a prisão dele, como ela achava que tinha superado e relembrou o dia em que esteve na casa da modelo e teve seu primeiro ataque de pânico por causa da simples insinuação de Samantha. Em alguns momentos as lágrimas vinham mais intensas, e a modelo escutava tudo calada, tentando assimilar o tamanho da dor que Carolina carregava.

            Samantha se emocionou em vários momentos do relato da namorada e segurava suas mãos tentando lhe passar confiança, já admirava aquela mulher que estava ali na sua frente, depois de ouvir tudo o que ela passou e ver onde Carolina estava chegando, a admiração ficou ainda maior, percebeu enfim que os motivos de Carolina eram sim justos mas muito cruéis. Sentiu a dor da namorada e raiva por ter acontecido isso com ela, queria ter o poder de tomar aquela dor para si, mas se deu conta que se fosse ela não aguentaria o que Carolina aguentou e ainda aguenta, por muito menos ela tinha sucumbido ao submundo, drogas, programas, álcool, ali na frente de Carolina Samantha se sentiu pequena diante da grandeza daquela mulher que se abria pra ela, e mais do que nunca queria fazer Carolina feliz.

 

-- Samantha, fala alguma coisa. Você só está me olhando.

 

-- Carol, eu sinto muito. Se eu pudesse trocaria de lugar com você, mas com certeza você é muito mais forte do que eu. – Lágrimas caíam de seus olhos –

 

-- Entende agora os meus motivos? – Limpou o rosto da namorada –

 

-- Sim, completamente. E como eu prometi antes, agora mais ainda, eu vou te esperar, o tempo que for.

 

Samantha beijou Carolina novamente, e a estudante retribuiu apaixonadamente. Era um novo começo.

 

-- Agora me leva pra casa, por favor.

 

-- Eu levo.

 

Samanta deixou a namorada em casa, querendo muito, mas sem saber se cumpriria suas promessas, já Carolina tinha quase certeza que iria se arrepender, mas não queria ficar com a dúvida se não desse uma chance para Samantha, se não tivesse tentado. O que ela não esperava é que essas promessas seriam quebradas tão rapidamente.

 

**************************

 

Dezembro de 2001

 

A rotina de Carolina estava cada dia mais intensa, ela conseguiu entrar para o programa de psicologia do hospital universitário e começou a fazer terapia para tentar se livrar dos seus traumas. As sessões não eram fáceis, relembrar os acontecimentos era doloroso demais, por vezes ela quis parar a terapia, mas se convencia que precisava passar por aquilo para ter uma vida normal.

Seu relacionamento com Samantha ficou muito conturbado depois da traição descoberta, a desconfiança era constante, e com isso, surgiam brigas por conta dos trabalhos repentinos que Samantha fazia em algumas noites, mas durante os meses seguintes àquela conversa onde Carolina desnudou sua alma para a modelo, ela realmente estava evitando os trabalhos especiais da agência. Quando estava com Carolina, Samantha era ela mesma, sem máscaras, apenas uma mulher tentando encontrar a felicidade, algo que preenchesse aquele vazio que ela sentia dentro de si.

Uma noite, Carolina havia combinado de dormir na cobertura com Samantha, estava disposta a tentar se entregar na cama para a namorada, Samantha havia lhe dado um cartão de crédito adicional ao dela para ela usar com as despesas que tivesse da faculdade, Carolina se sentia mal com isso, mas Samantha insistiu muito, depois de semanas convencendo a estudante a aceitar aquela ajuda, e uma briga feia, finalmente conseguiu que ela pegasse o cartão, mas Carolina evitava ao máximo usar, ela deixava bem claro que não estava com Samantha por causa do dinheiro dela e não queria que isso fosse questionado.

Nesse dia, ela resolveu ousar, e usou o cartão em uma loja de lingeries, queria agradar sua namorada, comprou um conjunto preto, diferente dos velhos que ela tinha. Não tinha ideia do que poderia fazer para agradar a Samantha. Pediu algumas dicas para Raquel, o que rendeu muitas gargalhadas durante a conversa.

 

-- Raquel, o que eu faço? Acho que está na hora de eu me render aos encantos dela, mas eu não faço ideia de como me comportar, ou do que fazer.

 

-- Hum, Carol vai perder o selinho! – Gargalhava –

 

-- Ai Raquel, você, hein! – Estava envergonhada –

 

-- Ai amiga, vai em um sexshop e compra uma fantasia de médica, ela vai adorar ser cuidada por você. – Ria --

 

-- Fantasia? Acho que não. Tenho vergonha.

 

-- Ai como é Caxias! – Revirou os olhos – Então compra uns creminhos, tem um que esquenta, outro que esfria, é uma delícia!

 

            Raquel ia descrevendo inúmeros itens que Carol poderia usar nessa noite, e Carolina ia descobrindo coisas que ela nem imaginava que existiam. Na hora do almoço Raquel levou Carolina em uma sexshop que tinha perto da faculdade e a estudante estava absurdamente envergonhada, Raquel ria da falta de jeito de Carolina.

            Carol olhava espantada o conteúdo daquela loja, nunca tinha entrado em um comércio como aquele, via vários tipos de brinquedos de borracha, de tamanhos e cores diferentes, fantasias penduradas em vários cabides e potes de cremes espalhados em uma prateleira. Raquel já conhecia a atendente e chegou brincando com Carolina.

 

-- Oi Ana, tudo bem?

 

-- Olha, quem é vivo sempre aparece! Está sumida Raquel. Tudo bem?

 

-- Tudo certo, aqui, essa é minha amiga, Carolina.

 

-- Oi. – Carolina estava sem graça –

 

-- Oi Carolina, bem-vinda à minha loja, em que posso ajudar vocês?

 

-- Ana, minha amiga quer uma coisa bem dura com uns trinta centímetros, -- Mediu o tamanho com as mãos -- será que você tem?

 

-- O que? Você está maluca Raquel? – Carolina ficou toda vermelha –

 

-- Nossa você é gulosa! – Ana entrou na brincadeira –

 

-- Não, essa doida está falando besteira. – Tentava se explicar -- Nem gosto dessas coisas!

 

As moças riam e Carolina acabou relaxando também, deu um tapa no ombro de Raquel e continuou a exploração do lugar.

 

-- Brincadeira, ela está preparando uma noite quente para a namorada e eu a trouxe aqui pra ela comprar algumas coisinhas. – Piscou para a mulher –

 

-- Hum, interessante, eu tenho muitas coisas interessantes, o que você tem em mente? – Olhou para Carolina –

 

-- Na verdade nada. – Sorriu amarelo –

 

-- Eu estou vendo que você é bem tímida, então vamos começar devagar, aqui eu tenho uns cremes muito legais.

 

            Ana começou a colocar alguns produtos sobre o balcão tomando a atenção de Carolina e enquanto a moça estava distraída prestando atenção no que ela explicava, Raquel pegou um vibrador rosa pink que estava em uma prateleira e colocou sobre o balcão na direção de Carolina assustando a amiga.

 

-- Porr* Raquel! Que susto, tira esse troço esquisito daqui.

 

-- Ele gostou de você Carol. – Gargalhava --

           

            O brinquedo estava ligado e tremia sobre o balcão na direção de Carolina, as três riam de Raquel. Por fim, Carolina comprou apenas algumas velas aromáticas e um creme. Raquel acabou repondo seu estoque do seu kit do prazer como ela o nomeou e ia contando as inúmeras experiências que já teve para Carolina que ouvia atenta os relatos da amiga.

À noite Carolina estava nervosa, pois iria encarar seu maior trauma naquele dia e estava apreensiva, com medo de dar esperanças a Samantha e não conseguir ir até o final. Chegou ao apartamento da namorada e como o porteiro já tinha sua identificação, ela subia direto, tocou a campainha, e quem atendeu a porta não foi Samantha, para sua surpresa, uma mulher alta, mulata, com os cabelos estilo Black Power e bem vestida, parecendo uma modelo abriu a porta.

 

-- Pois não. É alguma entrega?

 

Carolina ficou sem entender, a mulata a olhou da cabeça aos pés, e perguntou se era entrega? A estudante se sentiu humilhada na porta da casa da sua namorada. Não teve palavras para responder a quem estava na porta.

 

-- Samantha! – Chamou a dona da cobertura – Tem uma mocinha aqui na porta, você pediu alguma coisa?

 

Samantha veio da cozinha e viu Carolina parada em frente à sua porta com uma grande interrogação no olhar, e se precipitou para receber a moça.

 

-- Não Savana, essa é Carolina, minha namorada, eu te falei que ela estava vindo pra cá. – Segurou Carolina pela mão e a puxou para dentro – Carol, essa é Savana, trabalha comigo na agência.

 

-- Ah, essa é a famosa Carolina! – falou debochada -- Achei que era entregadora de algum restaurante. Toda de branco!

 

A mulher saiu sem nem cumprimentar Carolina, que se sentiu desconfortável com aquele comportamento. Samantha deu-lhe um beijo e ela continuava sem reação. Tinham mais algumas pessoas na sala, dois rapazes no bar, servindo bebidas, e mais duas mulheres além da mulata que atendeu a porta. Uma morena de cabelos negros encaracolados, olhos castanhos, marcantes, bem maquiada, a outra de pele branca, com os cabelos também negros, os olhos pareciam claros, mas Carolina não conseguiu definir a cor. Os rapazes loiros de pele branca, olhos claros também, pareciam irmãos.

Samantha falava com Carolina, mas a estudante não parecia ouvir, tamanha foi a sua decepção.

 

-- Carol, você está me ouvindo?

 

-- Oi? O que você falou?

 

-- Está no mundo da lua é? Eu estou aqui a horas falando com você, eles chegaram de repente, nem pude te avisar. Desculpe.

 

-- Quem são essas pessoas? – perguntou baixinho – Eu pensei que seria um jantar só pra nós duas.

 

-- Eles são da agência. Chegaram sem avisar. Eu não posso mandar embora assim. Vem que eu te apresento.

 

-- Samantha, acho melhor eu ir embora, eu não estou me sentindo bem no meio de tanta gente chique, sua amiga ali já me confundiu com entregadora. – disse decepcionada –

 

-- Ela é assim mesmo, não liga pra ela. Vem, eu quero que todos conheçam a linda namorada que eu tenho.

 

Carolina foi desconfiada, mas entrou na sala.

 

-- Gente, deixa eu apresentar a vocês, essa é Carolina, minha namorada, os meninos no bar, são Pedro e Rafael, eles são modelos na agência, Savana você conheceu na porta, e aqui no sofá, estão Julia e Clara. Todas são modelos.

 

Cada um a cumprimentou de acordo com as apresentações, os rapazes foram mais simpáticos, mas as mulheres simplesmente ignoraram Carolina. A garota ainda sem graça, queria apenas sair daquele meio.

 

-- Samantha eu vou tomar um banho, posso usar o seu banheiro?

 

-- Mas que pergunta, meu amor, claro que pode! Vai lá, você já conhece o caminho. Depois vem pra cá, pra beber um vinho.

 

Carolina saiu em direção ao quarto e ouviu o cochichar das mulheres falando sobre ela ser diferente de Samantha. Isso a incomodou.

Depois de tomar banho, ela colocou o conjunto que comprou na loja de lingerie, e dispôs as velas em locais estratégicos, pensando em seduzir Samantha depois que os amigos dela fossem embora. Se vestiu e foi para a sala, Samantha estava no bar preparando bebidas e a chamou.

 

-- Carol, vem aqui.

 

-- Oi.

 

-- Você não quer beber um vinho hoje?

 

-- Não, você sabe que eu não bebo. Melhor não. – Estava intimidada –

 

-- Você que sabe, tem refrigerante no frigobar. – Saiu com os copos na mão –

 

Carolina pegou um refrigerante e foi até Samantha, sentou-se ao lado da namorada e sentiu seu abraço lhe envolvendo, isso a confortou por um momento. Ficou ali, sem saber por quanto tempo, mas cada minuto parecia uma eternidade, aquelas pessoas não sabiam conversar sobre nada construtivo, o assunto principal era sempre denegrir outras pessoas, falando mal de colegas de trabalho, outras modelos, da dona da agência, ou das pessoas que trabalham nos bastidores dos trabalhos. Carolina estava se sentindo enjoada com tanta futilidade, e depois de um tempo resolveu ir para o quarto, com uma desculpa de não estar se sentindo bem.

 

-- Samantha eu não estou muito bem, estou com enxaqueca e tenho que levantar muito cedo amanhã para ir para o hospital, então eu vou deitar no seu quarto, tudo bem? Tenta não demorar.

 

-- Carol, tem aspirina no meu quarto, pega e toma uma e deita pra descansar, daqui a pouco eu vou lá. – Beijou-a na boca –

 

-- Boa noite gente.

 

-- Ué, já vai deitar?  -- Pedro perguntou – É cedo ainda!

 

-- Amanhã eu preciso estar cedo na faculdade, e estou com dor de cabeça. –Fez uma careta –

 

Despediu-se dos presentes e preparou-se para sair da sala. Parecia que ela estava de volta àquele colégio, onde Samantha e as amigas tentavam constantemente implicar com ela, balançou a cabeça tentando dissipar aquele pensamento, pois os tempos eram outros, e a loira estava mudada, pelo menos era o que ela achava. Ouviu Savana destilar seu veneno quando subia as escadas para o quarto.

 

-- Ela tem cara de criança, nem parece que é quase médica. – Bebia um gole do vinho – Você sempre gostou de mulher mais velha, me admira você se amarrando em uma fedelha cheirando a todinho. – Riu falando com Samantha–

 

Savana foi a única a rir na sala, Samantha fechou a cara e Carolina engoliu seco, foi em direção ao quarto da modelo e se trancou lá, se prometendo não sair até essas pessoas irem embora.

O que Carolina não esperava é que ainda fossem chegar mais pessoas na casa de Samantha, ela escutou o barulho da campainha e ouviu mais gente conversando, e de repente um som alto vinha da sala.

Carolina rolava na cama sem conseguir dormir, eles não pareciam ter a menor intensão de ir embora. Risos altos, a música parecia aumentar a cada hora, Carolina não se conteve e se enrolou em um robe de Samantha e foi até a sala. Avistou Samantha conversando com uma mulher no canto da sala, mais velha que não foi apresentada a ela, provavelmente chegou depois que ela havia deitado. A estudante fazia sinal para a namorada que parecia estar concentrada no que a outra dizia.

Carolina então caminhou pela sala, sob os olhares de desprezo das amigas de Samantha chegando até a namorada.

 

-- Samantha, com licença. – Tocou o ombro da modelo –

 

A loira olhou para trás e viu a garota, a abraçou e apresentou a mais velha.

 

-- Amor. Você está fazendo o que acordada? Deixa-me te apresentar, essa aqui é Estela, a dona da agência. – Samantha parecia bêbada – Essa é minha namorada linda. – Beijou Carolina –

 

-- Muito prazer Carolina. – Estendeu a mão –

 

-- Prazer. – Retribuiu o gesto –

 

Carolina não se sentiu bem com a dona da agência, a mulher lhe cumprimentou como se estivesse a avaliando. Percebeu algo estranho naquelas pessoas que estavam ali, e Samantha estava diferente, já tinha visto a namorada beber, mas ela estava estranha.

 

-- Samantha, abaixa esse som, já é madrugada, os vizinhos vão reclamar. Eu não consegui dormir ainda. Estava te esperando. – Sussurrou – Essas pessoas não vão embora nunca.

 

-- Meu amor, a noite é uma criança! – levantou uma das mãos – Mas eu vou abaixar o som pra você dormir.

 

Samantha caminhou até o som e abaixou o volume, houveram alguns protestos, mas ela manteve assim.

 

-- Samantha, vem dormir, você já está bêbada.

 

-- Pode ir, Darling, eu vou daqui a pouco, eles já vão embora e eu vou dormir agarradinha com você. – Beijou-a novamente –

 

Carolina pôde sentir o bafo do álcool, reviveu as noites de terror que passava nas mãos do padrasto e teve certeza que aquela noite nada aconteceria entre as duas, não com Samantha daquele jeito, seus medos e incertezas voltaram, e toda segurança que ela estava sentindo se foram novamente.

Foi para o quarto amargando um gosto ruim de que aquela noite seria longa. Sua cabeça começou a doer de verdade por não conseguir adormecer, levantou e foi procurar a aspirina que Samantha disse que tinha, procurou no banheiro, nas gavetas, no armário da parede, voltou para o quarto e olhou as gavetas na cabeceira, encontrou a caixa de aspirinas e quando a puxou, derrubou a gaveta no chão sem querer, ao recolher os remédios para guardar novamente uma das caixas que estava meio aberta deixou à mostra papelotes de um pó branco, sua surpresa foi tão grande quanto sua decepção, Carolina pegou aqueles papelotes e olhou incrédula para o que tinha nas mãos, não tinham remédios nessa caixa, sim papelotes de cocaína. Samantha estava usando drogas, e Carolina não sabia.

O chão pareceu abrir debaixo dos seus pés, Carolina achava que não tinha como piorar, Samantha mentia para ela o tempo inteiro, e não cansava de fazer isso. O som na sala aumentou novamente. Deixando Carolina mais chateada, ela foi lá e pediu para abaixar, já passava de uma hora da manhã. Ela resolveu tirar satisfações com Samantha novamente, e saiu do quarto mais uma vez.

Ao chegar na sala, teve a confirmação do que estava em suas mãos, Samantha estava com Pedro, cheirando uma carreira de pó sobre a mesa de centro do apartamento. Carolina não teve outra reação a não ser chamar sua atenção.

 

-- Samantha! O que você está fazendo?

 

-- Ih, agora sujou, mamãe chegou Samantha! – Savana ironizou mais uma vez—

 

-- Carol, relaxa, não é nada demais. – Levantou limpando o nariz –

 

-- Samantha, essa festa acabou agora. – Levantou a caixa com os papelotes – Manda todo mundo ir pra casa agora, nós precisamos ter uma conversa séria!

 

-- Como assim? Eu não vou mandar ninguém embora não, eles são meus amigos, e você não manda em mim, essa é minha casa. – Dizia alterada –

 

-- Você está totalmente drogada, como você pôde mentir assim pra mim? Desde quando você usa essa porcaria?

 

No canto da sala Estela observava a confusão.

 

-- Não te interessa garota, só porque vai ser médica, acha que sabe de tudo? O que eu faço da minha vida, não é da sua conta!

 

-- Isso aí Samantha, mostra quem manda nessa porr*! – Savana gritava – Coloca a filha da merendeira no lugar dela!

 

Carolina sentiu o corpo inteiro arrepiar, ouviu novamente a expressão que Samantha usava na escola para tentar lhe humilhar, então a história de sua origem foi contada de forma pejorativa. A estudante olhou para Samantha que a encarava e saiu correndo pelas escadas. Foi para o quarto e decidida começou a trocar de roupas para ir embora.

Samantha subiu atrás dela e entrou no quarto decidida a tirar satisfações pela reação da namorada e viu Carolina despida, apenas de calcinha e sutiã novos, viu as velas dispostas no quarto e caiu na real que Carolina estava se abrindo, estava disposta a se entregar e ela estragou tudo mais uma vez.

Carolina chorava baixinho, percebeu a entrada de Samantha, mas não disse nenhuma palavra, estava se sentindo enganada, a loira estava olhando para ela e sentiu mais uma vez remorso.

 

-- Carol, desculpa, eu sou uma estúpida.

 

-- Samantha, nossa vida vai ser assim, o tempo inteiro? Eu descobrindo suas mentiras e você se desculpando? – Secou uma lágrima no rosto –

 

-- Não, Carol, eu não sei o que acontece comigo, eu não consigo largar os maus hábitos. – Tentou se aproximar –

 

-- Não chega perto de mim, você está fedendo a bebida! Eu estava disposta a tentar com você hoje, olha isso aqui, -- Mostrou as velas – olha pra mim, eu comprei até uma lingerie nova, para tentar me entregar a você hoje, e seus amigos estragaram tudo, -- apontou para a modelo -- você estragou tudo. Eu sou uma idiota mesmo.

 

-- Carol, deixa eu consertar.

 

-- Quantas vezes você vai ter que consertar o que você está quebrando? Corações não se consertam, Samantha, amor não é uma coisa que se compra, que você vai numa loja e troca quando quebra, confiança, é pior ainda, depois que quebra, não tem conserto. E você continua me chamando de filha da merendeira. – Bateu as mãos ao lado do corpo -- Você acha que isso é uma humilhação, mas eu tenho muito orgulho da minha mãe, desculpa se isso te incomoda.

 

Carolina terminou de se  vestir e pegou a caixa com as drogas.

 

-- Isso aqui não é vida pra ninguém, mas se você quiser se matar, você vai fazer sozinha. Eu não vou participar. – Jogou sobre a cama --

 

-- Carol, não sai assim, já é tarde, pra onde você vai?

 

-- Eu vou pra casa. Eu me abri com você e não adiantou nada, você não foi honesta comigo.

 

Pegou a mochila e saiu do quarto, passando por todos sem dar nenhuma palavra. Samantha vinha atrás tentando fazer a namorada mudar de ideia. Os amigos continuavam no apartamento sem se mexer, não tinham a menor vontade de ir embora e estavam achando tudo aquilo um dramalhão mexicano que Samantha não estava acostumada a viver.

 

-- Samantha, pelo amor de Deus, deixa essa garota ir embora, ela fede a Danoninho, isso não é pra você não minha querida, você está perdendo tempo na fila do berçário. – Savana mordeu novamente –

 

-- Cala a boca Savana! – Samantha se irritou – Carol, espera!

 

Carolina já estava no corredor esperando o elevador, e Samantha tentando convencer a menina de ficar. Estela saiu do apartamento e interferiu na situação.

 

-- Samantha, vai lá pra dentro e trate de terminar com isso tudo, não é hora dessa bagunça na sua casa, a menina tem razão, seus vizinhos tem uma vida normal e precisam dormir.

 

-- Carol, fica, não vai embora. Está tarde pra você ir sozinha. – Insistia com a estudante –

 

-- Samantha, faz o que eu te disse, deixa que eu a levo em casa.

 

-- Não precisa. – Carolina foi enfática – Eu vou sozinha!

 

O elevador chegou e a garota entrou, logo atrás Estela fez o mesmo e deu outro ultimato a Samantha.

 

-- Samantha, vai agora acabar com essa festa, amanhã vocês conversam com calma.

 

O elevador fechou e Carolina sentia a cabeça explodir, as lágrimas desciam teimosas, mais uma decepção com Samantha. Não sabia se tinha confiança para continuar.

No saguão do prédio, Carolina não sabia o que fazer, já passava das três da manhã, ela não queria ir para casa, não podia chegar essa hora, tinha dito a mãe que iria dormir na casa de uma amiga.

Resolveu ir para o hospital universitário, alguns colegas da faculdade já estavam fazendo o internato lá e ia pedir para ficar na sala de repouso até dar a hora para ir para a faculdade.

 

-- Pra onde você vai, menina? – A observava --

 

Estela a tirou dos seus devaneios. Nesse momento ela a observou melhor, a mulher mais velha tinha os traços orientais, os cabelos lisos escorridos bem pretos, cortados Chanel, estava bem vestida em um vestido tubinho cinza, scarpin preto nos pés.

 

-- Eu ainda não sei, mas acho que vou pro hospital universitário, eu pego as sete na faculdade, não vai adiantar ir pra casa.

 

-- Vem, eu te levo.

 

-- Não precisa se preocupar eu dou o meu jeito.

 

-- Deixa de bobeira, eu estou de carro, eu te deixo lá em um minuto, essa hora não tem ônibus, e taxi é bandeira dois, vamos, não me custa nada.

 

Carolina pensou melhor e aceitou a carona, afinal, a mulher tinha razão, não tinha mais ônibus, e ela não tinha dinheiro para taxi, e não voltaria para a casa de Samantha.

 

-- Tudo bem, obrigada.

 

No caminho Estela tentou puxar uma conversa.

 

-- Não liga pra Savana, ela sempre foi assim. Tem ciúmes de Samantha porque ela sempre recebe os melhores trabalhos na agência.

 

-- Muito amigável. – disse irônica –

 

-- Eu sei, -- sorriu – Samantha não tem juízo, ela adora aparecer, adora mostrar que tem posses, aí tem algumas pessoas que a procuram porque sabem que ela vai ostentar e bancar pra todo mundo, eu já disse que ela não pode fazer isso, mas ela não me escuta.

 

-- Eu não consigo acreditar que ela usa drogas, você já sabia? – olhou desafiadora --

 

-- Eu não me intrometo nessas questões, eu já aconselhei, mas ela não me escuta. Talvez ela escute você, ultimamente a única coisa que ela tem falado é no seu nome, e em como você faz bem a ela.

 

Carolina ouvia aquilo, mas preferia não ter escutado, queria acreditar que o melhor era ficar longe de Samantha para o seu próprio bem, mas pensava que se ela fosse embora, Samantha se perderia mais ainda.

 

-- Como eu posso fazer bem a uma pessoa que mente pra mim o tempo inteiro? – Foi mais uma frase dita para si mesma --

 

-- É o jeito dela, dá um tempo, que ela pode mudar por você.

 

Chegando ao hospital, Carolina agradeceu a carona e Estela foi embora, a garota foi para a sala de repouso depois de encontrar com alguns amigos e tentou descansar para encarar outro dia cheio na rotina que mantinha para tentar alcançar seu objetivo, e uma certeza ela tinha, não queria ver Samantha tão cedo.

Fim do capítulo

Notas finais:

Oi meninas

Então, capítulo caprichado para o sabadão, espero que vocês gostem.

Carolina conseguiu se abrir com Samantha, só que não teve a mesma honestidade da namorada.

E Samantha começa a revelar sua vida dupla, será que Carolina irá perdoar a namorada por mentir pra ela?

Quem tem uma amiga igual a Raquel? Levanta a mão. 0/

Quem comentar esse capítulo ganhará um extra na segunda-feira. Quem se habilita? Vamos meninas, animem-se, eu espero por vocês.

Obrigada pelo carinho, Esyal, Mille, Patty_321, Pryscylla e NovaAqui.

Ótimo fim de semana!

Beijos

Cris Lane


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Comentários para 16 - Capítulo 16 - Decepção - 1º Ato:
Lea
Lea

Em: 14/01/2023

Samantha é decepcionante!

Responder

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Zaha
Zaha

Em: 29/11/2018

Oiee amiga!!!

Uauu, capítulo caprichado, cheio de informação. Já imaginava que a outra era tipo acompanhante de luxo, ainda n sei pq faz isso pq n precisa, mas tem gente que gosta. Mas n consigo ficar chateada com Sam. Tá bem perdida, n consegue sair de onde tá, nem das.mentiras e a única forma é saindo do meio, desse ambiente, mas ela é cheio de vícios, n só dependente de cocaína, mas TB de sexo, de adrenalina, como se gostasse de tá ao borde do perigo, da morte... E gosta de saber q os outros necessitam dela.. n gostei dessa Savana, mas bem, ela chama esse tipo de gente de amigos, necessita deles de alguma forma, mas ainda acredito q as pessoas podem mudar. Pq n sei se ela é desonesta ou os vicios dela controlam ela, a droga nos deixa irritada, nos faz mentir, quando se namora alguém assim, tema ter MT paciência e n resolve, nem sempre acaba bem... Mas n pq ela n pode melhorar e ser honesta e sim pq ela n pode deixar a sensacao q essa vida dela dá a ela...n é isso q a droga causa? N é isso q viciados em sexo sentem? Esquecer ...isso q querem! Ela n pode lidar com a vida q ela n gosta e se esconde. Ela é todas as pessoas q entram nisso. As pessoas se escondem de formas diferentes, algumas as consequências são piores pq incluem outras pessoas...porém sozinha n vai poder. Necessita de terapia, assim q n sei pra onde isso vai, mas vai ter MT sofrimento..se ela n morrer c essa vida q leva...

Eu continuarei forte no meu pensamento q ela pode mudar autora!!! Ela só n sabe q é forte e se Carol sempre perdoa é pior, apesar q se deixa ela agora TB a coisa n vai ser boa...difícil, n qr tá na pele de Carol!!

Carol tá complicado no tempo presente TB, sempre esteve perdida em vida, em coma pior...

O que fazer com uma pessoa q só pensa em si? Samantha, Samantha, assim vc n me ajuda...

Estela é uma pessoa com noção, ao menos...

Beijão

PS: estou bem.. n passei raiva kkk. Nem como ainda, acreddit?!!! Minha barriga dói de fome...mas logo sai às batatas cozidas!! ;)

 


Resposta do autor:

Oi Amiga,

Não achei que teria esse comentário por agora, e não ia deixar você sem resposta, foi só uma pressão de leve, rsrs, não me bate.

Eu sei que você ainda tem esperanças sobre Samantha, mas como eu disse, tem pessoas que não mudam, e Samantha é uma dessas pessoas, tem tanos vícios que nem ela consegue se organizar, muito menos sair deles, é o que você falou, ela gosta do perigo, de saber que alguém quer muito a presença dela, ao ponto de pagar por isso, e assim a vida segue sem barreiras. 

Carol tenta ajudar, você vai ver, e não é apenas uma vez, são muitas, mas Sam não vai corresponder, fazer o que. 

Carol tem que encontrar um motivo pra voltar, senão ficará perdida na escuridão e nunca mais vai acordar, tudo pode acontecer.

Que bom que você está bem, e vá comer logo! kkkkkk

Beijo

Cris

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 29/11/2018

Oiee amiga!!!

Uauu, capítulo caprichado, cheio de informação. Já imaginava que a outra era tipo acompanhante de luxo, ainda n sei pq faz isso pq n precisa, mas tem gente que gosta. Mas n consigo ficar chateada com Sam. Tá bem perdida, n consegue sair de onde tá, nem das.mentiras e a única forma é saindo do meio, desse ambiente, mas ela é cheio de vícios, n só dependente de cocaína, mas TB de sexo, de adrenalina, como se gostasse de tá ao borde do perigo, da morte... E gosta de saber q os outros necessitam dela.. n gostei dessa Savana, mas bem, ela chama esse tipo de gente de amigos, necessita deles de alguma forma, mas ainda acredito q as pessoas podem mudar. Pq n sei se ela é desonesta ou os vicios dela controlam ela, a droga nos deixa irritada, nos faz mentir, quando se namora alguém assim, tema ter MT paciência e n resolve, nem sempre acaba bem... Mas n pq ela n pode melhorar e ser honesta e sim pq ela n pode deixar a sensacao q essa vida dela dá a ela...n é isso q a droga causa? N é isso q viciados em sexo sentem? Esquecer ...isso q querem! Ela n pode lidar com a vida q ela n gosta e se esconde. Ela é todas as pessoas q entram nisso. As pessoas se escondem de formas diferentes, algumas as consequências são piores pq incluem outras pessoas...porém sozinha n vai poder. Necessita de terapia, assim q n sei pra onde isso vai, mas vai ter MT sofrimento..se ela n morrer c essa vida q leva...

Eu continuarei forte no meu pensamento q ela pode mudar autora!!! Ela só n sabe q é forte e se Carol sempre perdoa é pior, apesar q se deixa ela agora TB a coisa n vai ser boa...difícil, n qr tá na pele de Carol!!

Carol tá complicado no tempo presente TB, sempre esteve perdida em vida, em coma pior...

O que fazer com uma pessoa q só pensa em si? Samantha, Samantha, assim vc n me ajuda...

Estela é uma pessoa com noção, ao menos...

Beijão

PS: estou bem.. n passei raiva kkk. Nem como ainda, acreddit?!!! Minha barriga dói de fome...mas logo sai às batatas cozidas!! ;)

 


Resposta do autor:

Oi Amiga,

Não achei que teria esse comentário por agora, e não ia deixar você sem resposta, foi só uma pressão de leve, rsrs, não me bate.

Eu sei que você ainda tem esperanças sobre Samantha, mas como eu disse, tem pessoas que não mudam, e Samantha é uma dessas pessoas, tem tanos vícios que nem ela consegue se organizar, muito menos sair deles, é o que você falou, ela gosta do perigo, de saber que alguém quer muito a presença dela, ao ponto de pagar por isso, e assim a vida segue sem barreiras. 

Carol tenta ajudar, você vai ver, e não é apenas uma vez, são muitas, mas Sam não vai corresponder, fazer o que. 

Carol tem que encontrar um motivo pra voltar, senão ficará perdida na escuridão e nunca mais vai acordar, tudo pode acontecer.

Que bom que você está bem, e vá comer logo! kkkkkk

Beijo

Cris

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patty-321
patty-321

Em: 18/11/2018

Que triste é a Samantha. Pela vida degradada q viveu q atualmente tá acabada . Será a Carol ainda sente amor por ela ou é pena?


Resposta do autor:

Oi Patty

Pois é, as vezes escolhemos nosso caminho de maneira errada, e as consequências sempre chegam, e com isso magoamos as pessoas que nos amam, é o que aconteceu entre as duas.

Só Carol poderá responder essa pergunta, rs. 

Obrigada pelo carinho, ótimo domingo!

Beijos

Cris Lane

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Pryscylla
Pryscylla

Em: 18/11/2018

A Carol não abre os olhos e amar é assim as vezes, e pelo decorrer da história ela ainda vai sofrer muito. Acho que está na hora da Samantha levar um gelo, apesar dela gostar da Carol eu não sei se ela vai mudar um dia. 

Bjus :)


Resposta do autor:

Oi Pryscylla

Verdade, às vezes não enxergamos a verdade quando estamos apaixonadas e isso dificulta a relação e até mesmo terminar uma relação ruim.

Samantha gosta de Carol, só não sabe como fazer para ter uma relação saudável. Não sei se algum dia vai descobrir.

Obrigada pelo carinho, ótimo domingo!

Beijos

Cris Lane

Responder

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Tebf
Tebf

Em: 18/11/2018

Espero que a Carol acorde e que não de chances a Samantha, que ache um novo amor.


Resposta do autor:

Oi Tebf

Bem vinda aos comentários! Volte sempre! Rsrsrs

Carol sofreu bastante com Samantha, temos que esperar que ela volte, só ela poderá decidir.

Obrigada pelo carinho, ótimo domingo!

Beijos

Cris Lane

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lis
lis

Em: 17/11/2018

Mesmo a Carol se abrindo com a Samantha ela não tomou jeito, ela gosta da vida que leva, é dificl dela mudar e agora pode ser tarde demais tb


Resposta do autor:

Oi Lis

Hum, três comentários, pode pedir música no domingo. kkkkkkkkkkkkkkk

Pois é, Samantha até tentou, mas ela é egoísta demais para entender o próximo, mas se abrir foi bom para Carol, fez o peso diminuir. E você tem razão, ela gosta da vida que leva, é difícil mudar paradigmas criados com tanta força como aconteceu com Samantha.

Obrigada pelo carinho, ótimo domingo!

Beijos

Cris Lane

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lis
lis

Em: 17/11/2018

Affffffffffff o pior é que a Carol sabe que ta entrando numa furada e ainda insiste com isso, e infelizmente deu no que deu né pois até o acidente foi ocasionado pelas coisas que a Samantha faz, como pode uma pessoa ser tão destrutiva assim, e mesmo assim a Carol ir danto chances, 

 

Boa noite autora, tudo bem?


Resposta do autor:

Oi Lis

Tudo bem.

Carol sabe que tem a possibilidade de se machucar, mas ela é o tipo de pessoa que quer dar chances, que quer acreditar no melhor do outro e por isso se doa, só que se apaixonou pela pessoa errada.

Samantha cresceu em um ambiente destrutivo, cercada por dinheiro e ambições e pouco amor, isso fez dela uma pessoa fria e com visões diferentes do amor e de relacionamentos, assim nada com ela é trivial.

Obrigada pelo carinho, continue comentando.

Beijos

Cris Lane

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Mille
Mille

Em: 17/11/2018

Olá Cris 

Carol sempre dando chances para a Samantha, e se metendo em mais mentiras para a Carol. Enganada pela paixão que sente pela loira e acaba sofrendo. 

Acho que depois que ela sair no coma ela irá se dar uma chance para si e deixar a Samantha crescer. E acho que teremos o tal esperado ACABOU.

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

Oi Mille

Carol sempre teve o coração mole, e acredita no melhor das pessoas, ela quer acreditar no poder da mudança, mas o problema é que Samantha não quer mudar. 

Se ela acordar, ela terá que tomar decisões sobre sua vida e ter Samantha nela com certeza será uma delas.

Vamos aguardar.

Obrigada pelo carinho, ótimo domingo!

Beijos

Cris Lane

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 17/11/2018

 Carol, você poderia sair dessa, mas foi dando chances para Samantha e Samantha foi te enganando. 

Pelo visto será enganada até o dia do acidente

Nojenta essa Savana.

Pelo menos Estela não abriu a boca

Abraços fraternos procês aí!


Resposta do autor:

Oi NovaAqui

Carol poderia sim ter saído antes, mas acho que precisamos passar pelas experiências para crescer e ser melhores.

Samantha vai provocar muita dor a ela sim, aguarde.

Sorte da Samantha que Estela ficou quieta, mas para Carolina seria bom saber desse segredo, lhe pouparia muito sofrimento futuro.

Obrigada pelo carinho, ótimo domingo!

Beijos

Cris Lane

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