Capítulo 2
Recordações
A tarde ia caindo. O sol ia se despedindo do universo com morosidade enquanto eu caminhava pela orla. Um vazio imperava em mim como eu nunca havia sentido. As cores que deslizavam no céu aos meus olhos pareciam vestes ciganas manejadas pelas mãos talentosas de suas dançarinas. Levantei do banco e segui para mais próxima ao mar, sentei-me na areia, depois que tirei a minha saída de banho e a coloquei de lado. A água era trazida lentamente pela onda e molhava meus pés me causando prazer. O sol deixava o universo ainda mais colorido e tive a certeza que mãos de um exímio pintor esculpiam aquele cenário quando uma gaivota grasnou em seu voo solitário no céu. Era assim que eu me sentia naquele dia, solitária. Uma saudade intensa de Analu macerava meu coração e eu apesar da vontade imensa de fazer amor com ela, relutava a mais um encontro. Ansiava que seu coração também fosse dilacerado pela saudade e que ela optava por mim, decidindo de uma vez por seu divórcio. Ela me mandava mensagens todos os dias, ligava, dizia que estava com saudades, que desejava fazer amor comigo, mas eu ainda estava resistente e não respondia. Uma brisa gostosa envolveu meu corpo e eu senti a vontade do corpo de Analu ainda mais forte. E ali sentindo a água do mar acariciar meus pés, eu recordei de como eu tinha conhecido Analu.
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Era noite de exposição no Teatro Municipal e Marília a esposa de Analu, estava expondo, a beleza de seus quadros me encantava e eu apreciava suas obras quando me deparei com Analu. Seus cabelos curtos e grisalhos combinavam muito com seus olhos grandes e verdes que me cobriam. Eu senti meu ser estremecer envolvida naquele olhar e não consegui me desvencilhar da presença de Analu que me falava dos quadros da esposa, enquanto essa atendia outros clientes. Comprei dois quadros que me traziam recordações saudosas do morro da Rocinha. Marília retratava perfeitamente com o pincel a alegria e a dor que existiam por lá, me enchendo o coração de um saudosismo imenso. Analu me cobria de atenção e ficamos alguns minutos conversando. Eu me despedi e segui lentamente com ela ao meu lado para a saída da sala, entabulando conversa.
— Eu preciso ir... – eu disse estendendo a mão para ela em despedida.
— Eu lhe ofendo se pedir seu número do telefone? Temo não lhe ver mais...
Eu ditei o número. Ela salvou em seu celular e eu segui. Eu nunca tinha sentido aquilo. Eu tinha vinte e um anos, nunca tinha amado alguém, pelo menos não depois de adulta. O que eu havia conhecido mais próximo de amor foi o que senti por Lisandra a negra de olhos castanhos e cabelos enrolados lá no morro. Eu tinha treze anos, Lisandra era minha melhor amiga, nos conhecíamos desde crianças, nossas mães eram comadres. Ela tinha dezesseis anos, era linda! Um dia quando eu fiz catorze anos ela me beijou na boca. Depois me pediu desculpas. Eu ri e tomei seu rosto entre as minhas mãos e a beijei novamente. Falamos dos nossos sentimentos e entre uma fala e outra, nós nos beijamos. Ficamos abraçadas durante muito tempo, depois de silenciarmos. Um mês depois do nosso beijo fizemos amor. Eu acho que conhecia ali a minha primeira paixão, mas não pude vivê-la. Numa manhã de sol o morro teve um tiroteio e Lizandra foi baleada e morta ali mesmo quase chegando a sua casa. Eu chorei muito. Uma dor horrível me assolou e um medo tomou de conta de mim naquele domingo de sol. Eu recordei a música de Tim Maia e cantei tristonha olhando para Lizandra inerte no chão, “eu preciso te falar... te encontrar de qualquer jeito, pra sentar e conversar... depois andar de encontro ao vento...” eu precisava encontrar Lizandra, queria contar a ela que eu estava apaixonada e que eu tinha adorado fazer amor com ela. Mas a verdade é que nunca mais eu iria encontra-la e nem fazer amor com ela e nem conversar. Eu adorava o sorriso dela, amava quando ela esquecida-se da pobreza em que vivíamos, enchia o ar com a sua gargalhada, me beijando nos lábios e dizendo:
— Um dia vamos nos casar, meu amor e vamos ser ainda mais felizes...
Aquele domingo foi o mais triste para mim, chorei ali diante o corpo dela, tendo seu coração atingido pela maldita bala. E não adiantava saber se ela tinha saído da arma de um bandido ou de um policial, Lizandra, a negra mais linda do morro estava morta. Eu nunca mais ia sentir o seu afago. Depois dessa dor, que eu achava ser a maior de todas, eu experimentei a dor da morte da minha mãe, também assassinada, não por uma bala perdida, mas por uma arma empunhada pelas mãos de um louco enciumado de sua beleza.
Eu segui para casa recordando tudo isso. Adormeci com o coração saudoso do tempo em que tinha minha mãe e os beijos de Lizandra.
O sábado nasceu. O sol ia despontando deixando o universo envolto numa alacridade maravilhosa! Da minha cama eu podia ver as nuvens brancas feito algodão dançarem de um lado para o outro como se estivessem ao som de algum instrumento. Uma saudade me rondou junto com a brisa que adentrava pela janela aberta do meu quarto, senti um vazio, então me lembrei de que meu pai estava comigo e que eu não tinha o que temer. Senti um calor acariciar meu coração e agradeci a Deus pelo amor do meu pai, que somente havia tido conhecimento da minha existência um mês depois que Lizandra tinha morrido. Fiquei ali deitada na minha cama imensa e macia, sentindo a suavidade do lençol que cobria meu corpo nu quando meu celular vibrou.
— Bom dia princesa... – a voz de Analu soou do outro lado da linha fazendo meu corpo fremir de uma maneira deliciosa.
Eu ri. Aquelas reticências na sua voz eram exatamente o que havia em nossos olhares dias antes. Conversamos algum tempo e depois nós nos despedimos, eu precisava sair. A noite ela me mandou mensagem novamente e ficamos mais algum tempo falando. Analu pediu desculpas e disse que precisava sair. Ficamos assim em conversas por duas semanas. E eu ansiava por vê-la novamente. O domingo já havia despertado. Eu ainda me deleitava com o calor da minha cama quando o celular vibrou, era ela.
— Acordei você princesa?
— Não... eu já estou acordada, só deitada...
— Sozinha?... Deitada... posso ir te fazer companhia?
— Você quer?
— Desde dia que vi você.
Eu passei o endereço para ela e vinte minutos depois ela adentrava meu quarto de mãos dadas comigo. Seu sorriso me enlevou ao céu e sua boca cobriu a minha num beijo desesperado como se ela sempre tivesse esperado anos por aquele instante. Depois ela me acariciou o rosto, beijando suavemente meus lábios. Devagar tirou minha blusa, levando-me para a cama. Eu deslizava sentindo minhas pernas trêmulas e deitei-me silenciosa. As mãos de Analu desprenderam meus seios do sutiã e ela maliciosamente lambeu seus lábios sorrindo para mim, que nada dizia. Sua boca engoliu um dos meus seios e sua mão espremeu o bico do outro entre os dedos, me causando pulsar na intimidade, quando ela desceu lentamente a mão entre as minhas pernas e me invadiu com seus dedos a me sondar, depois sussurrou ao meu ouvido:
— Delícia de bucet* molhada... – meu ser abalou e senti um desejo alucinante tomar conta de mim, quando ela retirou devagar os dedos que maravilhosamente dedilhavam a minha vagin*, eu gemi. — Não para não...
Analu pareceu naquele instante enlouquecida e abriu as minhas pernas com firmeza e suavidade, descendo a sua cabeça para o meio delas. Sua língua vasculhou todo o meu espaço melado, molhado e ela gemia ao sentir como eu estava excitada, dizendo baixinho ora abocanhando a minha intimidade, ora beijando, mordendo devagar: — delícia de bucetinha... hummm... que gostoso...
E me ch*pava me fazendo arrepiar quando seus lábios prendiam suavemente o meu clit*ris, depois soltava, passando a língua por toda a minha cavidade e depois introduzia em mim, proporcionando a meu corpo tremores e arrepios nunca experimentados na minha vida. Analu gemia e me ch*pava falando coisas obcenas, mas deliciosas, me deixando ruborizada, mas ao mesmo tempo excitada demais para reprimi-la. Era o seu jeito de fazer amor e eu estava gostando.
— Gostosa... hummm que delícia de bucet*aa... goz* gostosa, deixa eu sentir seu sabor...
Meu corpo estava ensimesmado num ritmo de subir e descer na boca de Analu que me degustava, quando eu explodi num gozo absurdamente delicioso e nunca sentido. Ela me penetrou com seu dedo grande e macio antes mesmo que me recuperasse daquela sensação.
Uma bola atirada me fez voltar à realidade, quando uma garota sorriu sem graça me pedindo desculpa.
— Por favor, perdoe-me. Acertou você?
— Oh não. Não se preocupe, não acertou...
— Por favor, desculpe-me...
— Está tudo bem...
Ela pegou a bola e saiu. Suas pernas grossas e bem torneadas dentro de um biquíni discreto foram percebidas pelos meus olhos. Seu cabelo curto e louro contracenava com seus olhos negros e grandes. Ela acenou para mim e eu me levantei. A água do mar estava morna e acolheu meu corpo como se entendesse a minha dor, quando lentamente fui adentrando a sua profundidade. Mergulhei por alguns segundos, então saí da água. Segui para casa, depois que olhei mais uma vez para a garota que sorriu. A noite estava linda. Uma luz prateada ia desnudando-se no céu e eu olhava da janela do meu apartamento imenso e solitário. A falta do meu pai era imensa e ainda doía muito a saudade que macerava meu coração com a perda de mais uma pessoa que eu amava. Fazia dois anos que meu pai tinha morrido, vítima de um câncer fulminante. Era sábado e Marina estava de folga. Abri a janela e pude presenciar o parto de milhares de estrelas que vinham auxiliar a lua naquele quadro celestial. Desci a escada que levava ao andar inferior do meu apartamento e liguei pedindo algo para comer. Desliguei e pude ver o nome de Analu na ligação que eu abortei.
— Não faça isso princesa, por favor, estou louca de tesão... – era ela em mensagem. — Preciso do seu gosto na minha boca, do seu gozo nos meus dedos, Enya, por favor... eu estou aqui te esperando no nosso ninho de amor.
Segui para o quarto de hotel e meia hora depois eu estava nos braços de Analu esquecida de que ela nunca iria se separar de Marília para assumir o nosso amor ou o meu amor.
— Dentro de três meses terá uma exposição de Marília, estou lhe avisando porque sei que gosta das obras dela... mas, se não quiser ir eu entenderei.
Senti ódio de Analu novamente, embora eu evitasse qualquer comentário ela ficou desconcertada e me beijou me pedindo desculpas.
— Eu te amo, muito... – ela disse. Eu levantei. Tomei banho, vesti-me e saí quando ela ainda estava no banho, sem me despedi. Eu estava a cada dia, mais cansada daquilo tudo, mas uma força maior me impelia para os braços dela, mesmo que depois do sex* eu sentisse aquele vazio imenso. Segui para casa. A noite caiu. Minha cama estava fria, combinando com a solidão que meu coração sentia. Uma brisa amena adentrava pela janela e o brilho da lua no alto do céu me falava de poesia, de amor, de alguém que pudesse está ali comigo contemplando toda aquela beleza, todo aquele espetáculo. E esse alguém não era Analu, não. Definitivamente eu sentia que ela nunca se divorciaria de Marília e que ela nunca debruçaria comigo sobre a janela do meu quarto para ver a beleza da lua prateada. Eu sentia que ela nunca dormiria comigo e que nunca iríamos ao cinema juntas, que também não teríamos filhos. Eu não podia mais protelar o nosso fim, por mais que eu a amasse. Analu era casada com Marília e nunca iria se divorciar e essa era a realidade da mulher que eu amava. Eu tinha vinte e sete anos, estava com ela há seis anos. Constatar que seis anos haviam se passado e que eu ainda era a amante dela me trazia uma dor imensa. Certificar-me de que minha posição na sua vida nunca iria mudar e que ela nunca dividiria comigo a sua ou a minha cama, me causava um vazio imenso, mostrando que os seis anos de amor e entrega havia sido algo vivido somente por mim.
Meu telefone tocou. O nome no visor fez meu coração exultar de emoção.
— Sim sou eu... – era Edson meu amigo do morro da Rocinha. — Quando você chegou bicha maluca?! Por que não me avisou, eu iria busca-lo no aeroporto...
— Não precisava, estou no uber, daqui a minutos chego aí...
Levantei da cama de um salto com o coração carregado de alegria. Edson era meu melhor amigo, talvez o único de verdade. Nós nos conhecíamos desde crianças no morro, ele era filho da melhor amiga da minha mãe, as duas faziam programas juntas e passavam drogas para sobreviver melhor. Eu nunca entendi o motivo da minha mãe usar droga, embora fosse apenas maconha e muitas vezes quando eu indagava ela dizia que era pra vida ficar menos pesada. Segui para o banheiro e tomei um banho rápido. Vesti uma saia longa e florida e uma blusa azul de seda justinha ao corpo. Descia a escada quando Marina abria a porta. A figura de Edson foi acariciada pelos meus olhos e eu chorei ali em seus braços quando ele me ergueu no ar me rodopiando.
— Meu Deus Edson, deixa-me ver você! Como está lindo bicha!!! – eu disse quando ele me colocou de volta ao chão. — Venha, vamos tomar café, Maria fez muita coisa gostosa e já está na mesa. A mesa estava repleta de frutas, pães de sal e doce, biju com coco, suco, queijo, presunto e Edson sentou-se ao meu lado.
— Me conta tudooo bicha... como foi?
— Foi super mega sucesso Enya... cada cidade que eu ia era um sucesso... as pinturas na hora eram o que os turistas mais gostavam. Vendi muito, pintei muito, foram seis anos de muito trabalho, mas valeu a pena. Eu trouxe um presente para você, foi o que eu mais gostei, espero que goste. Paris é uma cidade belíssima, você tinha razão. Veja, - ele disse estendendo a mão para mim e meus olhos fitaram uma aliança enorme de ouro com pedrinhas de brilhante.
— Noivooo?!!! Ahhh que delícia, Edson, meu amigo... que alegria!!!!
— Quero que seja a minha madrinha Eny... – era assim que ele me chamava na intimidade.
— Eu aceito bicha com muito carinho. E quando George vem para o Brasil?
— Chega mês que vem...
— Ainda continua com ela? – ele me indagou mudando de assunto bruscamente.
— Sim e não, sim. Aiii bicha, estou muito bagunçada, - eu peguei a mão dele, acariciei a sua aliança e disse: — eu quero tanto isso para a minha vida, mas Analu nunca vai deixar Marília, e eu estou cansando de ser somente isso, a amante...
— Eu sempre lhe disse que você merece muito mais do que isso. Eny, Analu nunca vai deixar a esposa e isso ela vem lhe provando há muito tempo, então... minha amiga, saia disso...
— Estou tentando bicha, eu juro para você que estou tentando. Mas a verdade é que nunca amei ninguém assim. Lizandra foi meu amor... foi meu primeiro amor, mas foi diferente, éramos meninas e logo ela se foi...
— Eu sei disso. Eu sei que deixar um grande amor não é uma tarefa muito fácil, mas ela não quer assumir você como merece, então até quando irá ser somente isso, a amante?! Olha Eny eu sei que você a ama, mas sei também que ela nunca vai se divorciar de Marília, pois se assim o desejasse já o teria feito. Liberte-se disso, e acredite um dia você vai conhecer alguém que lhe mereça de verdade.
— Tomara meu amigo, tomara... Mas vamos mudar de assunto e me conte como foram esses seis anos fora, que saudades eu senti de você, meu Deus!!! Você me fez falta demais.
Eu disse isso e Edson me abraçou, enchendo meu rosto de beijos enquanto seguíamos para a sala de visita. O quadro que ele me deu era realmente o mais lindo. O céu colorido de Veneza cobrindo um casal de amantes abraçados num barco deslizando sobre as águas trazia ao meu coração um desejo ainda maior de ter alguém de verdade. Um amor que eu um dia eu pudesse viajar ao seu lado, andar de barco em Veneza ou de mãos dadas em Paris ou em qualquer outro lugar.
— Um dia você vai com alguém que lhe ame de verdade Eny, eu tenho certeza disso.
— Eu quero acreditar nisso...
A manhã passou na companhia de Edson.
— Eu preciso encontrar um hotel...
— O que está falando?! Pelo amor de Deus bicha, você sabe que não vai para hotel algum. Já falei com Maria e ela já arrumou um quarto para você, ah meu amigo sua companhia será bálsamo para o meu coração solitário. Diga que aceita.
— Eu aceito Eny, será maravilhoso ficar aqui, mas somente até encontrar um apartamento, pois logo George chegará também...
— Combinado. Agora vá descansar um pouco. Eu vou resolver umas coisas na loja e assim que eu terminar eu volto.
Deixei Edson no quarto e segui para o shopping ali mesmo no Leblon, onde tinha uma loja de perfumes. Quando minha mãe ficou grávida de mim, meu pai a deixou, na verdade ele não sabia que ela estava esperando um filho. Ela era garota de programa e uma noite ali mesmo em frente ao shopping ele a tinha convidado para sair. Minha mãe era linda, cabelos negros, longos e sedosos. Olhos castanhos claros e grandes, alternando às vezes para um tom esverdeado, o que eu achava muito bonito. Seu corpo magro com formas definidas era invejado por outras meninas que ficavam com ela no mesmo ponto. Meu pai saiu com ela mais algumas vezes, mas ela não o amava, o que contava era o quanto ele pagava. Um dia ele partiu e ela ficou com o fruto de sua imprudência no ventre, após uma noite de sex* sem camisinha ou sei lá como. Ela me contou várias vezes essa história, mas sempre me dizia que ele tinha ido embora e que ela não sabia seu paradeiro. Minha mãe sempre me dizia que nunca havia se arrependido de ter me deixado nascer e que comigo ela havia aprendido sobre o que era realmente o amor. Um dia minha mãe se envolveu com um traficante do morro, estava perdidamente apaixonada por ele. Depois de algumas brigas com o traficante ela procurou meu pai, porque estava em perigo e contou a ele que eu existia. Na sua volta para o morro ela foi assassinada e meu pai chegou logo em seguida. Eu fiquei desesperada. O corpo da minha mãe ali no chão quase irreconhecível me fez tremer de medo e ódio. Meu pai me levou para o Leblon logo após o enterro dela e nunca mais voltei no morro. Recordava isso sentada numa poltrona confortável enquanto sorvia um café com creme. Dispersei aqueles pensamentos e analisei os papéis que eu tinha vindo para olhar ao lado de Esmeralda. Depois de mais algumas vistorias segui para casa. Edson ainda dormia, então aproveitei para fazer umas ligações. Falar com meu primo me encheu de alegria e ao desligar ele havia me confirmado que viria passar suas férias na capital. Enzo era um menino de vinte e um anos, sua mãe era cunhada do meu pai e o odiava, mas mesmo assim meu pai deixou parte de sua herança para Enzo que sempre que podia vinha me visitar, mesmo contra a vontade de sua mãe. Depois peguei o telefone e olhando a lista disquei.
— Sim. Eu desejo alguém para acompanhante... sim... Discreta, mas não muito feminina, mas que seja muito estilosa... Que seja linda! Inteligente... que tenha bom humor... sim, eu acho que é isso. Eu a encontro no shopping, se eu gostar, então nós combinaremos o restante. Não se preocupe, eu pago o dobro.
Eu desliguei o telefone sorrindo quando Edson bateu na porta.
— Descansou querido? O que acha de irmos dar uma volta pela praia e tomar uma cerveja, antes do jantar?
— Claro... vamos, estou louco por um mergulho no mar carioca.
Saímos. O mar estava morno e Edson mergulhou após se benzer pedindo as bênçãos de Iemanjá. Eu fiz o mesmo.
A noite não demorou chegar. E eu teria um encontro, apesar de saber que tudo era uma loucura eu estava ansiosa. Despedi-me de Edson que pensou que eu iria me encontrar com Analu e segui. O shopping estava lotado, era mês dos namorados e quase tive um infarto quando vi Analu de mãos dadas com Marília caminhando dentro de uma loja, olhando presente, com certeza. Senti meu coração acelerado e uma ira me envolveu. No local combinado ela levantou-se e me cumprimentou. Seus olhos negros e grandes pareceram me reconhecer também.
— Você?!!! – eu indaguei rindo e espantada, era a menina da praia que havia atirado a bola ao local onde eu estava sentada e distraída.
— Prazer, sou Ingrid Maralha... ao seu dispor, - e ela sorriu. Meu Deus era um sorriso lindo! Seu cabelo louro caía no rosto quando ela me convidou para sentar, o jogando para trás com delicadeza.
— Prazer, sou Enya Junqueira. Vamos sentar...
O garçom se aproximou.
— O que deseja beber?
— Um chope.
Eu pedi dois chopes e uma porção de carne assada com mandioca e queijo.
Fim do capítulo
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