—Helena — O sorriso de Ester surgiu nesse momento de uma forma muito encantadora, mas Helena não podia se prolongar nos braços da outra mulher, mesmo querendo.

—O que está fazendo aqui? — Helena se afastou de Ester.

—Bom... Aqui é um supermercado, Helena, vim fazer compras.

—Eu sei que é um supermercado, mas você mora do outro lado da cidade.

—Não mais — Ester voltou a sorrir e começou a andar por entre algumas prateleiras.

Helena fica confusa e ao mesmo tempo curiosa.

—Por que você diz isso?

—Porque eu estou morando aqui perto agora.

—Ester, que história é essa?

Helena ficou observando Ester colocar alguns produtos dentro do carrinho.

—Você entendeu o que eu quis dizer.

—Não! Ester, por que você está fazendo isso? — Helena levou a sua mão até o braço da morena.

—Sabe por que estou fazendo isso? Porque eu te amo, Helena, eu nunca te esqueci por mais que eu tentasse... Vou lutar por você.

Ester fala e Helena fica sem saber o que dizer. Aquela mulher na sua frente lhe amava. Ouvir aquilo fez o seu coração bater muito forte. Soltou o braço de Ester e ficou pensando no seu próximo ato, todavia não sabia o que fazer.

—Você sempre será a dona do meu coração, Helena... Eu te amo tanto, mesmo você tendo me abandonado para ficar com o cafajeste do meu primo.

—Como você pode chamar o meu marido dessa forma?

—Pois é a verdade. O Augusto não presta! Ele se aproveita de tua ingenuidade.

—Ahhh... Agora você está passando dos limites.

—Passando dos limites por te amar... Por falar a verdade para você?

—Não, não fale isso não quero ouvir — Helena levou as suas mãos até os seus ouvidos.

Aquela conversa de Ester e Helena estava chamando a atenção de algumas pessoas que passavam por ali.

—Não quer ouvir a verdade... Acho que você está muito acostumada com mentiras.

Ester deixou Helena e voltou a andar.

—Ester, por favor se afaste... É o que te peço — Helena disse após ter ido atrás de Ester.

—Por que você quer que eu me afaste? —Ester olhou para os lados e não encontrou mais ninguém — Tem medo de não resistir? — Fez o seu corpo ficar bem próximo do de Helena — Diga!

Helena neste momento direcionou o seu olhar para os lábios de Ester. Eram tão delicados. Sentia tanta vontade de senti-los aos seus.

—Eu sei que você também sente algo por mim — Ester aproxima o seu rosto e olha para os lábios de Helena.

Neste momento, a mulher de seu primo fecha os olhos. Helena parecia estar esperando um outro passo de Ester, mas ficou somente na espera.

—Minha casa é aquela branca bem em frente a sua, estarei te esperando lá  todas as noites... Você tem até o final desse mês para decidir se quer ou não ficar comigo.

—Você é louca! — Helena ficou chateada por ter esperado um beijo de Ester.

—Louca por você isso sim... Se você quiser, Helena, poderemos ter o que tivemos no passado. Vou deixar o nosso futuro em suas mãos. Espero que faça uma boa escolha — Ester saiu e deixou Helena sozinha.

—Por que você faz isso comigo? — Levou as suas mãos até a face — Por mais que eu te ame, eu não posso... Minha vida está complicada demais para te colocar em toda essa bagunça.

***

Michelle estava no sofá de sua casa, tomando café, quando as lembranças do que havia acontecido mais cedo lhe vieram a mente.

Ela e Ilara tinham se beijado novamente. Poderia estar se recriminando naquele momento, mas não estava, pois havia gostado muito do beijo.

—Ilara... Ilara... — Suspirou.

—Pelo visto não foi só eu que teve um bom dia! — Marisa chegou de repente.

Michelle sorri ao ver sua irmã entrando.

—Bom... Aconteceu uma coisa hoje.

—Pela sua cara boba, você resolveu se dar uma chance — Marisa se senta ao lado da irmã.

—Não é bem assim, mas acho que é um começo.

—O que aconteceu hoje?

—Voltei a beijar a Ilara. Não fazia parte dos meus planos. Tinha até dito a ela mais cedo que queria ser sua amiga, mas aconteceu algo...

Michelle diz tudo isso muito pensativa. Só havia feito tudo aquilo, pois estava com medo de perder Ilara. Não queria que a garota fosse de outra pessoa. Ilara não era sua propriedade, mas vê-la com outra pessoa não era algo de seu agrado.

—O que foi que aconteceu, Michelle?

—A vi com outra pessoa.

—Ela tá namorando alguém?

—Não, Marisa, ela não tem ninguém... Na realidade, eu espero isso, mas hoje vi um aluno lhe olhando com interesse... Isso me deixou muito enciumada... Não deveria ter ficado assim, mas eu fiquei... Estou perdendo totalmente o juízo, Marisa... Basta ela ser minha aluna e agora não posso ver ninguém lhe olhando com interesse, que já fico enciumada.

Marisa ri — Isso é porque você tá gostando dela.

—Sim, mas não deveria estar assim... Não quero que isso se torne algo doentio.

—E não vai se tornar. Isso tudo é porque você não está se permitindo, Michelle, e está com medo de alguém ficar com ela.

—Mas como posso me permitir, Marisa... Ela é tão novinha... Ingênua... Não quero machuca-la... Se eu ficar com ela, a sua vida ficará ainda mais complicada, pois ela pode passar a ser alvo de seu pai também... Duvido que ele aceite tudo isso de boa. Não quero trazer nenhum sofrimento para ela.

—Michelle, de qualquer forma, essa garota um dia terá que enfrentar o pai, pois pelo que vi no restaurante, aquele dali não mudará tão cedo.

—É, Marisa, mas será que conseguirei dar o apoio que ela precisa? E também não é só a vida dela que vai se complicar com tudo isso.

—Está com medo? Medo do que os outros vão pensar?

Michelle ficou pensativa. Será que estaria com medo do que os outros fossem pensar? Talvez no fundo estivesse com medo. Achava que não era capaz de dar todo o apoio que Ilara precisava, mas acima disso tudo, sentia que sua vida não era mais a mesma. Sentia algo por Ilara, e era melhor lidar com que estava sentindo agora do que ficar fugindo ou tentando acreditar que conseguiria ficar próximo de Ilara sem deseja-la para si.

—Sim, mas acho que vou tentar.

—Você sabe que terá que enfrentar muitas coisas de agora em diante, né?

—Eu sei, Marisa, mas não posso mais fingir que não sinto nada... Eu sinto e ficou louca quando vejo que alguém tem coragem de fazer algo que não me permito. Quero me aproximar dela, Marisa, tê-la em meus braços. Eu quero cuidar de Ilara, pois sinto que o que acontece entre a gente é algo que está dominando totalmente meu coração...

—É bom saber que você não irá mais fugir desse sentimento.

—E acho que não posso... Senti hoje que Ilara espera algo de mim... Ela sente o mesmo por mim, Marisa, mas saber que sua vida pode se complicar ainda mais me dói... Hoje vi o seu pai e percebi que ele consegue muito bem se passar por um bom homem por ai, e na realidade ser um homem sem nenhum escrúpulo. 

—Ohhh, minha irmã, existe tantas pessoas assim hoje em dia — Marisa abraça Michelle.

—Sim, Marisa, porém não quero que nenhum mal aconteça com a Ilara.

—E essa mãe dela. Será que não pensa que o melhor para ela é sair dessa situação?

—Marisa, ela deve pensar muito nisso, mas você acha que é fácil para ela? Não é! Como disse, o marido dela se passa por um bom homem... Por incrível que pareça, se ela se separar do marido, é capaz do marido ainda ser considerado a vítima nisso tudo e ela ainda ser julgada pelos conhecidos e familiares.

—Nunca pensei que poderia acontecer isso.

—Pois é, minha irmã, por incrível que pareça isso acontece e muito, mas vou tentar uma aproximação com a mãe de Ilara. Com certeza ela está precisando de alguém que lhe ajude a lidar com toda essa situação.

Fim do capítulo