Capítulo 28
Ilara ficou quieta de repente e passou a olhar para o retrovisor com um olhar amedrontado.
Seu pai vinha até o carro de Michelle com certa irritação. Neste momento, ela sentiu medo do mesmo ter visto tudo o que havia acontecido entre elas no carro.
Suas mãos suaram... Ilara tinha a leve impressão que seus batimentos estavam altos demais.
Michelle mesmo depois de ter ouvido que o pai de Ilara estava vindo até o carro, se manteve quase da mesma forma, pois não sentia medo do pai de Ilara, mas sim da forma como a garota estava se comportando.
—Oi, você poderia ...
Augusto se aproximou da janela do lado em que Ilara estava e olhou para o interior do carro com certa surpresa.
—Ilara? Você está fazendo o que aqui... Com essa mulher? — Olhou com atenção para Michelle, pois havia notado que a mesma era muito bonita.
—Sou a professora de sua filha — Michelle respondeu tentando parecer simpática, porém havia estranhado Ilara ter ficado totalmente muda.
—Professora? Hummm...
Augusto fitou Michelle com um olhar malicioso e sorriu de lado.
—Não sabia que você recebia carona de seus professores, filha? — Sorriu.
Michelle até estranhou o comportamento do mesmo. Naquele dia, no restaurante, ele parecia um homem tão estúpido.
—Err... —Ilara fica apreensiva.
—Como moro aqui perto, resolvi dar uma carona para seus filhos.
—Ahhh... Você tem uma professora muito gentil, Ilara — Augusto escorou na janela do carro e ficou encarando Michelle, que se sentiu incomodada com tais olhares.
Ilara ficou entre os dois se sentindo estranha. Seu pai sorria de uma forma tão diferente. Olhava para Michelle sem desviar o olhar por nenhum minuto.
—Obrigada — Michelle olhou para Ilara e a notou olhando para suas mãos que estavam no colo. Queria voltar a ficar sozinha com Ilara. Precisava falar a respeito do que havia acontecido... Ansiava dizer o que realmente sentia pela garota.
—Bom... Melhor eu ir... Preciso voltar para o trabalho ainda... Vamos, Ilara? — Augusto se afastou do carro para Ilara sair e a garota olhou brevemente para Michelle, que sentiu um pouco de medo naquele olhar. Se perguntou se talvez fosse do pai, mas sentia que não era isso.
— Sim — Ilara tentou abrir a porta e não conseguiu.
Michelle se aproxima fazendo o seu corpo se encostar no da garota. Sua pele se arrepiou e ela buscou o olhar de Ilara. Se o pai da garota não estivesse ali, provavelmente as duas voltariam a se beijar.
—Tudo... Bem —Michelle abre a porta e se afasta. Sentindo neste momento uma vontade de não deixar a garota ir.
—Obrigada — Ilara saiu e a olhou timidamente enquanto andava até a porta de sua casa.
—Foi um prazer te conhecer, professora... Sou médico, qualquer emergência pode me ligar — Augusto entregou um cartão para Michelle e sorriu em seguida.
—Está bem — Michelle passa a suspeitar que Augusto não era um marido fiel.
***
Ilara entra em casa e vai direto para o seu quarto.
—O que será que vai acontecer agora? — Ilara deslizou os seus dedos pelos seus lábios enquanto via o carro de Michelle partindo.
Aquele beijo entre elas só podia ter um significado. Michelle não estava desejando apenas ter sua amizade. Aquele gesto tinha que significar mais que isso.
Algumas batidas na porta foram ouvidas e Ilara pediu para a mãe entrar, sabia que só poderia ser a mesma.
—Seu irmão me disse que sua professora trouxe vocês — Helena falou.
—É... Ela resolveu nos dar uma carona — Ilara começou a ficar nervosa e se sentou na cama.
—É ela né, filha? — Helena se sentou ao lado da filha.
Ilara encarou a mãe com surpresa. Como a mesma poderia suspeitar daquilo? Nunca havia falado muito da professora.
—Seu comportamento ao tocar no nome dessa professora me fez suspeitar isso agora.
—Sim... É ela... Eu não quis falar... Tive medo...
—Que tipo de medo?
—Da senhora não entender, mãe — Ilara ficou encarando as suas mãos.
—Já disse que eu te entendo... Eu sei o que está passando com você... Por incrível que pareça eu sei — Helena falou essas palavras sentindo um nó se formar em sua garganta.
Ilara olhou para sua mãe e tentou decifrar o que aquelas palavras queriam dizer.
—Você não acha ruim, mãe?
—Ilara... Não acho ruim você gostar de uma mulher, mas a questão agora é complicada, filha... Isso pode levar a alguns problemas.
—Eu gosto de minha professora... De beija-la... Ela não deu em cima de mim... Só que foi algo que surgiu...Surgiu dentro de mim naturalmente.
—Eu entendo, filha...Sei como acontece — "Eu me apaixonei por Ester naturalmente" — Pensou.
—Sabe? — Ilara fica intrigada. Sua mãe parecia esconder algo — Mãe, você teve alguém antes do papai? — Não estava acreditando muito na história de Augusto ter sido a única pessoa na vida de Helena.
—Filha, tenho algumas coisas para fazer — Helena se levantou um pouco nervosa.
—Por que você foge tanto?
—Ilara, eu não estou fugindo de nada.
—Está, mãe, a senhora foge... Foge... Finge que nada acontece... Por que a senhora faz isso?
—Filha... Não queria entender o que acontece comigo e não se preocupe com nada... Eu estou bem... Já estou conformada com a vida que tenho — Mentiu.
—Como pode conformar? — Ilara se levantou. Estava irritada com toda aquela situação— Estou cansada disso... Desse fingimento... Das brigas entre vocês e depois você fingindo que nada aconteceu.
—Chega disso, por favor... — Helena levou as suas mãos até os seu rosto — Se troque e depois venha almoçar.
Helena saiu do quarto de Ilara e a garota se jogou na cama, chorando em seguida. Não deveria ter falado daquela forma com sua mãe... Estava arrependida... Sua mãe lhe entendia tanto. Não merecia ter sido tratada daquela forma.
***
Helena saiu do quarto de Ilara tentando segurar o máximo possível o seu choro. Sabia que a sua vida era uma merd*, mas doía ver as pessoas jogando isso na sua cara.
Ilara não fez aquilo com a intenção de machuca-la, e Helena sabia, porém estava doendo e muito.
Entrou em seu quarto e sentou-se na cama. Sentia vontade de sumir. Não aguentava mais ser infeliz. Sabia onde estava sua felicidade, no entanto, preferia fugir da mesma.
Ester com certeza estava com as várias mulheres dela. Era isso que Helena pensava de Ester, que a mesma vivia rodeada de mulheres.
Morria de ciúmes por pensar nisso, mas o que poderia fazer. Foi ela que havia escolhido aquela vida.
—Que droga!
Helena fica muito irritada. Estava se descontrolando. Não era assim, mesmo com tudo em sua vida de cabeça para baixo, ela vivia conformada, mas agora nada estava assim.
Depois de ter descoberto que Ilara era lésbica e da aparição de Ester, ela sentiu vontade de se libertar de tudo. Vivia em um casamento sem amor. Augusto não lhe amava... Sabia que não... Ele a queria somente para dizer que tinha uma família... Esposa e filhos. Dentro de casa o mesmo lhe tratava mal, fazia a mesma se sentir pior a cada discussão. Augusto lhe rebaixava... Parecia que a vida dela se resumia a servir a família e a satisfazer os seus desejos sexuais, pois até na cama Helena tinha que fazer tudo que Augusto pedia, mesmo as vezes não gostando.
Havia descoberto que sua filha gostava da professora. Isso deveria de alguma forma lhe preocupar. A mulher era mais velha, talvez pudesse se aproveitar de sua filha, mas Helena mesmo não conhecendo Michelle, sentia que não precisava se preocupar, mas mesmo sentindo isso, ela desejava conhecer a mulher que sua filha gostava.
***
Marina estava no restaurante que havia marcado com Marisa. Estava se sentindo impaciente, pois a outra mulher estava atrasada.
—Sabia que não era uma boa ideia —Falou consigo mesma.
Não sabia o porquê de ter aceitado aquele convite, mas no fundo sabia que estava querendo uma companhia.
—Vou embora! — Ia se levantando da cadeira quando ouviu uma voz.
—Não ia me esperar?
—Você se atrasou... Não iria ficar esperando por você o dia todo.
—Por que você muda de humor tão rápido? — Marisa se sentou e Marina lhe encarou confusa.
—Humor?
—Às vezes você parece estar gostando de falar comigo, depois você fica diferente.
—Marisa, não é bem assim...
—Tá... Vou acreditar em você.
O garçom apareceu e as duas fizeram os pedidos.
— Já resolveu seu problema com a mulher que você gosta?
—Mulher que eu gosto? — Marina fica confusa.
—Você estava daquele jeito no bar por causa de uma mulher não é? — Marisa perguntou e Marina queria entender o rumo daquela conversa. Pensava que Marisa tentaria lhe seduzir e não conversar a respeito de seus relacionamento.
—Não quero comentar sobre isso.
—Gosta dela ainda ....
—Sim, Marisa, gosto dela... E acho que é difícil isso mudar.
—Bom, estou aqui pra isso — Marisa sorriu um pouco de lado.
—Já achava que estava demorando. Você não vai desistir tão fácil não é mesmo?
—Bom... Você me deu um prazo de um mês para te conquistar.
Marina nesse momento sorriu. Não conseguia acreditar que poderia existir alguém como Marisa.
—Você realmente não existe! — Marina comentou em meio a risos.
—Acho que você pensa que nunca namorei.
—E já alguma vez?
—Sim, terminei um relacionamento a pouco — Marisa forçou um sorriso — Mas foi um pouco complicado.
—Sei bem como são relacionamentos complicados — Marina comentou.
—No seu, o que aconteceu? — Marisa fica curiosa. Marina era uma bela mulher e parecia ser uma boa companhia. Achava difícil alguém não gostar da mesma.
—Eu amo ela, mas ela gosta de outra — Disse um pouco sem graça — Quis manter um relacionamento mesmo sabendo disso, desde o começo, mas agora resolvi deixa-la, para ela ir em busca do amor dela.
—Isso é estranho... Você terminou um relacionamento, mesmo gostando da pessoa, para a pessoa ficar com outra — Marisa se sentiu confusa.
Marina abaixou sua cabeça e sorriu.
—Meu amor não é egoísta, Marisa... Eu sei que a felicidade da mulher que eu amo não está ao meu lado.
—Isso é muito lindo, mas nunca faria isso — As duas mulheres riram.
—Eu sei... Fui uma tola por ter feito isso.
—Claro que não... — Marisa coloca sua mão sobre a de Marina , chamando a atenção da mesma para si — Agora você pode encontrar alguém que te ame... Bom... Tenho até uma pretendente para você.
—Você é inacreditável — Marina ficou olhando Marisa nos olhos. De alguma forma estava gostando da companhia da outra, mesmo Marisa pensando tão diferente dela.
—Não podia perder a oportunidade de tentar te convencer a ficar comigo —- Marisa piscou para Marina.
—Talvez algum dia você consiga — recolheu sua mão que estava sobre a mesa e começou a almoçar.
—Isso é bom sinal — Marisa começou a rir satisfeita e Marina passou a achar aquele sorriso belo.
****
Era 5:00 da tarde quando Helena foi a um supermercado próximo a sua casa. Queria relaxar um pouco... Se manter distante do ambiente de sua casa. Então resolveu ir comprar alguns ingredientes para um bolo que pretendia fazer.
Estava andando pelas prateleiras, perdida em meio aos seus pensamentos, quando se esbarrou em alguém e sentiu uns braços fortes lhe envolvendo a cintura.
Antes mesmo de saber de quem se tratava, Helena sentiu todo o seu corpo vibrando e quando buscou o olhar da outra pessoa. Encontrou o olhar da única pessoa que era capaz de fazer o seu coração bater no ritmo do amor.
—Es... Ester...
Fim do capítulo
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irany
Em: 08/05/2018
Seria legal uma história de Marina e Marisa! Já pensou cara ? Daria uma ótima Fanfics. Enfim, quando vai ter um próximo capítulo ? Tem quase um ano que não atualiza. ;(
Resposta do autor:
Oi,
Fiquei muito tempo sem atualizar, mas agora vou tentar terminar essa história.
OBRIGADA PELO SEU COMENTÁRIO!
BEIJOS!
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Eu_Vasconcelos
Em: 31/08/2017
Essa história ta me hipnotizando!!
Estou louca pra ler o próximo capítulo! Parabéns Vaan
Resposta do autor:
Oi,
Muito obrigada pelo elogio!
Beijos!
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