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S.O.S. Carolina por Cris Lane

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Palavras: 7178
Acessos: 3451   |  Postado em: 10/11/2018

Capítulo 14 - O Reencontro

Carolina permanecia em coma, os internos acompanhavam Izabel nas rondas. De repente os sons dos aparelhos de monitoramento sofreram alterações.

Os bipes cadenciados se tornaram um zumbido contínuo e alto, a enfermeira que estava no posto correu para olhar a médica e chamou Izabel rapidamente, Carolina estava sofrendo uma parada cardíaca.

Izabel chegou correndo com Ângela que estava de plantão naquele momento. E assumiram os procedimentos para reverter o quadro.

 

-- Ângela, adrenalina, coloca o ventilador. Cadê o Lucas? – pegava o desfibrilador –

 

-- Ele foi atender uma paciente que chegou com suspeita de úlcera. – respondeu colocando o ventilador no tubo que estava na boca de Carolina –

 

Uma enfermeira entrou para ajudar, Izabel dava as orientações, dentro do pequeno espaço da UTI estava um pequeno caos, todas agindo rapidamente para tentar salvar a vida da amiga.

 

-- Vamos Carol. Não desista. – Colocou o gel nas placas do desfibrilador – Afastar!

 

Ângela largou o ventilador e Izabel colocou as pás no peito de Carolina, o choque fez o corpo inerte da médica pular da cama, ainda sem resposta, Izabel pediu para aumentar a voltagem, e repetiu o procedimento.

 

-- Vamos... – Ângela repetia para si mesma –

 

Uma angústia tomou conta de seu peito, olhar Carolina ali como uma paciente, e com risco de morte, ela sentia que não tinha vivido tudo que gostaria ao lado da médica, parecia que algo em Carolina a puxava, sentia um magnetismo intenso quando estava com a médica.

Quando davam as rondas, e Carolina ia mostrando o funcionamento do hospital, e questionando os procedimentos que deveriam ser utilizados nos pacientes, ela sempre ficava admirando a tutora. Carolina é uma mulher linda e cativante, com um sorriso aberto parecia sempre disposta a ajudar ao próximo, muito inteligente, era motivo de orgulho para Izabel e isso ficava bem claro quando a chefe de cirurgia falava da ex-residente e agora sua colega.

 

-- Mais uma vez! – repetiu o procedimento – Afastar!

 

Na terceira tentativa, o barulho do aparelho voltou a ser um bipe cadenciado. E todas finalmente respiraram aliviadas. Izabel ordenou que a sala de exames fosse preparada para realizar uma ressonância e identificar o motivo da parada cardíaca que Carolina teve.

 

-- Ângela, fique aqui com ela, não saia daqui nem se o papa chamar, eu vou preparar a sala de exames e venho para buscar vocês.

 

-- Não vou a lugar algum.

 

Izabel deixou as duas e Ângela dessa vez não conteve o impulso de tocar a mão da médica. Segurou forte e acariciou seus cabelos que estavam fora da faixa.

 

-- Doutora Carolina, por favor resista. Não podemos perdê-la agora, você é muito jovem e muitas pessoas te amam, não desista. – Sussurrou –

 

As palavras da interna soaram como um energético para Carolina, sua pulsação subiu, os batimentos normalizaram, mas o coma ainda persistia. Carolina estava presa em sua própria mente, sentiu o toque quente e macio da residente, mas não conseguia retribuir, tentava, mas sua mão não obedecia, ouviu de longe a voz doce de Ângela, não reconheceu quem estava perto de seu leito de imediato, tudo parecia muito vago, turvo, escuro. Não sabia se revivia um sonho ou lembranças passadas, se era delírio ou realidade.

Izabel chegou com o maqueiro para levar Carolina para fazer exames. Preparou tudo para levá-la para o outro andar, e Ângela acompanhando tudo com devoção.

Após os exames feitos por Izabel, constatou-se uma hemorragia em uma das cirurgias feitas em Carolina no primeiro atendimento. A chefe dos médicos ordenou para prepararem uma das salas para realizar uma nova cirurgia em Carolina para salvar a colega.

Enquanto Ângela levava Carolina para a sala de cirurgia, Izabel ligou para Carlos avisando o que estava acontecendo.

 

-- Carlos, sou eu, Izabel.

 

-- Oi Izabel, aconteceu alguma coisa? Por que você está me ligando agora? – Ficou assustado –

-

-- Olha, tivemos uma complicação, Carol está com hemorragia no abdome eu vou operá-la novamente, eu só queria te avisar, pois você vai chegar aqui e não vai encontrá-la na UTI. Ela sofreu uma parada respiratória, mas nós conseguimos reanimá-la.

 

-- Meu Deus, como ela está?

 

-- Estável agora. Eu preciso ir, vamos começar agora, não sei que horas vai terminar. Se você quiser vir esperar aqui...

 

-- Eu vou sim. Obrigado.

 

Desligaram o telefone, e Carlos foi tomar um banho para ir ao hospital. Ficaria esperando a cirurgia terminar. Tinha esperança de encontrar a Irmã acordada após esse procedimento. Rezava para que ela resistisse, sua família teve muitos momentos terríveis, mas eles sempre estiveram fortes para enfrentar tudo. E era assim que ele se lembrava da irmã caçula. Uma mulher forte e determinada que enquanto não consegue o que quer, não desiste.

 

 

Abril de 2000

 

Carolina estava bem na faculdade, só tirava notas altas, era uma das melhores alunas da turma de medicina, sempre elogiada pelos professores pela dedicação, e com isso sempre conseguia indicações para programas de pesquisa e monitoria.

Como todo estudante do sistema federal, Carolina enfrentou sua primeira greve dos professores e funcionários no início do ano de 2000. Não tinha aulas, mas para não perder o ritmo, estava sempre nos laboratórios do hospital universitário, ou andando atrás dos professores dentro dos hospitais, tinha dias que ia para a faculdade apenas para estudar na biblioteca.

Em um desses dias, Carolina estava estudando em uma mesa ao lado de uma janela. Tinha vários livros espalhados pela mesa grande, geralmente ficava sozinha. Avistou uma movimentação com câmeras, um fotógrafo, alguns refletores estavam montados, parecia que havia uma equipe preparando uma sessão de fotos no campus ao lado da biblioteca.

Não deu muita importância, continuou a estudar, entre o livro de anatomia e estudos de casos cirúrgicos, ouviu uma voz conhecida, mas que há muito tempo não escutava.

 

-- Como é que é? Essas fotos vão começar, ou eu vou ficar o dia inteiro nesse pardieiro?

 

Reconheceu aquela voz que a acompanhou pelo segundo grau inteiro, era ela, depois de dois anos, Samantha estava ali, por perto novamente.

 

-- Samantha! – Olhou para a janela --

 

A antiga colega de colégio parecia a mesma pessoa pedante e egocêntrica que Carolina conheceu na escola. Carol olhou pela janela novamente, e avistou Samantha em um roupão felpudo, sendo maquiada para iniciarem os trabalhos.

Viu Samantha levantar da cadeira quase derrubando a coitada da maquiadora, e tirando o roupão, para a surpresa de Carolina, Samantha estava de calcinha e sutiã, apenas de roupas intimas, Carolina perdeu o fôlego com a visão do corpo quase nu da colega.

Era um ensaio sensual, e Samantha parecia bem à vontade posando para as lentes daquele fotógrafo que não parava de clicá-la. Colocou um jaleco por cima da lingerie e voltou a fazer novas poses.

Carolina parou completamente o que estava fazendo e passou a admirar o corpo esculpido da modelo, Samantha estava loira, os cabelos mais curtos pouco abaixo dos ombros, soltos sobre o rosto. Esbanjava sensualidade dentro daquela lingerie minúscula de renda branca que foi exposta novamente ao ver o jaleco ser retirado de maneira absurdamente sensual fazendo Carolina respirar profundamente tentando reorganizar as ideias. Ela tinha que admitir, Samantha se tornou uma mulher muito bonita, sempre a achou linda, mas agora além das feições bem delineadas, o cabelo que parecia ter saído de uma propaganda de shampoo, ela estava absurdamente sexy.

Carolina debruçou na janela e ficou admirando o desfile de Samantha pelos bancos do campus, deitada sobre alguns monumentos, se perdeu naquela sensualidade que ela sempre emanou e Carolina sempre teve vontade de descobrir. Em um dado momento, Samantha avistou que havia alguém na janela de um dos prédios daquele complexo e reconheceu os traços fortes de Carolina, sua grande paixão do colégio. Apertou os olhos para tentar focalizar a moça que a admirava, e sorriu ao encontrar o olhar de desejo de sua antiga rival. Carolina ao perceber que fora descoberta ficou sem graça e voltou seu olhar para os livros, mas sem conseguir se concentrar no que estava lendo, as curvas do corpo de Samantha pareciam estar tatuadas em seus olhos.

Toda hora olhava para o pátio para se deliciar com a visão do corpo de Samantha. Seu corpo deu sinais de excitação ao ver a modelo tão à vontade, um calor invadiu seu ventre e ela sentia o corpo reagindo a tudo que estava vendo.

Samantha sabia que tinha perturbado Carolina. Ela falou com a produção da agência que queria tirar mais fotos dentro da biblioteca. E foi atendida.

Ao entrar na biblioteca, Carolina se assustou com tanta gente dentro do lugar, o olhar de Samantha encontrou o seu e ela ficou encarando Samantha que a olhava intensamente, querendo despi-la, Carol sentiu seu sex* pulsar e ficou molhada, ruborizou no mesmo instante que percebeu o quanto estava afetada com aquela situação, cruzou as pernas apertando na tentativa de esvair aquela sensação, mas era tudo em vão.

A produção tentou convencer Samantha que era para ir para outro lugar, pois havia alguém na biblioteca, mas ela quis ficar para provocar Carolina.

 

-- Samantha, é melhor ir para outro lugar, tem uma aluna estudando.

 

-- Não, não é preciso, ela é uma velha amiga. – Não parava de olhar para Carolina – Oi Carol.

 

Debruçou sobre uma mesa e empinou o bumbum, seus seios ficaram mais salientes pressionados na mesa. Carolina ficou olhando aquela cena e se perdeu naquele decote. Depois de um tempo que conseguiu responder. –O...Oi.

 

Samantha começou a fazer poses mais ousadas, deitada em uma das mesas, se insinuava para Carolina que apenas a observava e a desejava. A loira parecia mais bonita do que nunca. Estava sexy, com as curvas bem definidas, o bumbum arrebitado em uma calcinha fio dental de renda. Estava tirando o fôlego de Carolina.

Depois de algumas fotos, Samantha tirou o sutiã, Carolina engoliu seco, quase caiu da cadeira, amassou uma folha do caderno de tanto nervoso. Vários cliques depois, foi a calcinha que voou na direção de Carolina, que estava sentada mais atrás.

Samantha riu quando sua calcinha caiu no meio do livro da outra. Carolina se assustou no primeiro momento, mas o cheiro de Samantha que estava impregnado naquele pequeno pedaço de renda a levou para uma nova dimensão e Carolina apenas sucumbiu ao seu desejo, seu sex* pulsou e ela sentiu a umidade mais forte entre suas pernas. A produção olhou para a futura médica, esperando um escândalo, mas Carolina estava tão envolvida nessa sedução que só tinha olhos para Samantha Monte Alto.

Depois de terminar as fotos, Samantha recebeu o roupão novamente, mas ao invés de ir para o trailer se arrumar, ela foi para a mesa de Carol. Andava sorrateira como uma gata se esgueirando pela noite, com o olhar fixo em Carolina tirando a razão da outra.

 

-- Oi. – Disse melosa – Quanto tempo!

 

Carolina olhou para a colega e tentou analisar a expressão que ela fazia, depois de um esforço enorme e lembrar de respirar, ela finalmente respondeu.

 

-- Dois anos! Um pouco mais. – Sorriu --

 

Os olhares eram sustentados de maneira hercúlea, o roupão meio aberto proporcionava uma visão fora do normal para Carolina que estava se deliciando com aquela cena. Tentando desviar a própria atenção, Carolina resolveu voltar a falar.  

 

-- Samantha! Você disse que seria modelo, e conseguiu. – Olhou pela janela – Só não imaginava que você sairia na playboy, ainda mais dentro de uma universidade. – Estendeu a calcinha minúscula na ponta de um lápis – Acho que isso é seu.

 

-- Não cheguei na playboy, ainda. – Riu – É para um book em uma agencia de modelos. – Pegou a calcinha – Obrigada.

 

-- Nua? – levantou uma das sobrancelhas --

 

-- É complicado de explicar. – Olhou para baixo – Eu quis fazer aqui, porque lembrei que você disse que seria médica. Por isso eu vim pra universidade de medicina, aproveitamos a greve para fazer as fotos, nunca ia imaginar que te encontraria por aqui hoje.

 

Carolina ficou olhando para a outra, desconfiada. Samantha parecia a mesma pessoa que ela deixou para trás naquele fatídico dia da formatura, sem máscaras e sem reservas com ela.

 

-- Samantha, você está metida em alguma coisa errada, não está? – Cerrou os olhos --

 

-- Quando eu não estou, amorzinho? – Esticou o braço e tocou o queixo de Carolina –

 

-- Você nunca vai mudar, não é? – Balançou a cabeça negativamente --

 

-- Por você eu mudo.

 

-- Por mim? – Cruzou os braços –

 

-- Sim, eu nunca te esqueci. Ainda penso em você.

 

-- Eu vi como você deve pensar, quando Lucia te pegou no banheiro da escola, na minha frente, você nem se deu ao trabalho de evitar.

 

-- Ela ia nos expor. Eu não podia deixar que ela abrisse o bico.

 

-- E isso se estendeu por quanto tempo?

 

-- Isso não vem ao caso, o que importa é que acabou. Lucia foi morar no exterior. Não sei por onde ela anda mais.

 

-- Eu não entendo você, você sempre teve o que quis, para que fazer esse tipo de foto?

 

-- Eu já te falei que é complicado. – Baixou os olhos --

 

-- Por que não vai se vestir? – Voltou a escrever – Seu pessoal está te esperando.

 

-- Você me espera aqui, não vá a lugar nenhum. – Jogou um beijo no ar para Carolina –

 

Carolina não acreditava que estava novamente frente a frente com Samantha, o destino só podia estar de brincadeira, valeu Murphy. E o pior de tudo, seu corpo reagiu à presença da modelo. O que a deixou muito desconcertada, percebeu que Samantha ainda mexia muito com ela e isso não era seguro.

Não acreditou que Samantha voltaria para a biblioteca. Mas quando pensava em levantar para ir para casa, a loira voltou em um salto alto finíssimo, e um vestido que parecia tê-la embalado a vácuo. Carolina estranhou as roupas da ex-colega, estava acostumada a ver Samantha com o uniforme do colégio de freiras.

 

-- Samantha, que roupa é essa?

 

-- Ué, a última moda. Preciso exibir minhas curvas para ganhar os trabalhos.

 

-- Eu nunca ouvi dizer que modelo precisa andar com a metade do vestido. – Olhou para as pernas da loira – Porque você esqueceu a outra metade em casa, não é?

 

Samantha deu uma gargalhada, sabia que Carolina tinha um ótimo humor, sempre tinha uma piada na manga.

 

-- Por isso eu adoro você, sempre tão espontânea! – Ria – Vamos.

 

-- Vamos para onde? – Olhou desconfiada –

 

-- Eu vou te levar pra almoçar, aposto que não comeu nada até agora. – Piscou –

 

-- Eu não comi mesmo não. Mas eu não terminei ainda. – Tentou despistar --

 

-- Termina amanhã. – Apoiou-se na mesa – Você agora vai sair comigo, quero matar minhas saudades.

 

Carolina olhou para a loira, e conseguiu enxergar a Samantha que conversava com ela na biblioteca, nos últimos meses de escola. Resolveu aceitar o convite, estava com saudade de conversar com Samantha, queria saber mais sobre a colega, queria voltar a ter aquele envolvimento que elas conseguiram manter naqueles dias na biblioteca da escola.

 

-- Tudo bem, eu vou, mas já te adianto que não tenho muito dinheiro no bolso. Não me leva pra nenhum lugar caro. – Fechou os livros --

 

-- Meu amor, eu estou te convidando, você não vai colocar a mão no bolso. Eu vou pagar. Vamos.

 

-- Eu não sei por que, mas eu acho que isso ainda vai me sair caro. – Levantou uma sobrancelha --

 

Samantha riu mais uma vez, com certeza ela nunca cobraria nada de Carolina, mas um beijo, ela já tinha em mente que roubaria, ela estava convencida que iria conquistar Carolina novamente agora que a reencontrou.

Carolina juntou suas coisas, devolveu os livros para as prateleiras e saiu acompanhando Samantha. As duas foram conversando até o carro da loira, que estava parado no estacionamento da universidade.

Carolina sabia que Samantha tinha dinheiro para ter o que quisesse, e ficou impressionada com o carro conversível que Samantha tinha.

 

-- Esse é o seu carro?

 

-- Sim, por que? Não gostou? – Jogou a bolsa no banco de trás --

 

-- Como não gostar? Ele é lindo. Seu pai que te deu?

 

-- Sim, de presente de aniversário. – Ligou o carro – Escuta o ronco desse motor. – Acelerou –

 

-- Incrível! – puxou o cinto de segurança –

 

-- Segure-se, eu vou te levar para conhecer o melhor restaurante de Niterói. – Piscou novamente –

 

-- Vamos lá.

 

Samantha saiu com seu carro e acelerou pelas ruas da cidade até chegar em um restaurante na zona sul da cidade. Era uma churrascaria, entregou as chaves do carro para um manobrista e entrou acompanhada de Carolina.

Cumprimentou a recepcionista que a chamou pelo nome, Carolina estava impressionada.

 

-- Samantha, eu não estou vestida para comer em um lugar desses. – Sussurrou –

 

Carolina vestia uma calça jeans e uma camiseta regata branca, all star nos pés e um rabo de cavalo nos cabelos. Samantha a olhou da cabeça aos pés e sorriu.

 

-- Carol, você está linda como sempre. – Fez um carinho em seu rosto – Não se preocupe.

 

-- Boa tarde, senhora Samantha, tudo bem? A mesa de sempre?

 

-- Boa tarde. Sim, pode ser.

 

-- Pode me acompanhar.

 

As duas seguiram a recepcionista pelo salão, até chegar em uma mesa no canto do restaurante ao lado de uma grande janela, dava para ver o mar. Carolina ficou encantada com a vista da mesa.

 

-- Que vista linda para ter um almoço. – Sorria –

 

-- Eu sempre sento aqui, eu também gosto de ficar admirando o mar enquanto bebo um pouco de vinho ou whisky.

 

-- Você ainda bebe esse troço horrível? – Fez uma careta --

 

-- Adoro! – Sorriu --

 

Um garçom veio e ofereceu o cardápio.

 

-- Vamos comer rodízio. Eu quero um Black label, 18 anos com gelo de água de coco, e para ela... -- Olhou para Carolina –

 

-- Um suco de laranja, por favor.

 

-- Suco? – Repreendeu –

 

-- Sim, suco. – Riu de Samantha –

 

-- Ai que previsível! – Balançou a cabeça – E pra ela um suco, então.

 

-- Sim, senhora. Com licença.

 

-- Você sempre bebe desse jeito? – Desfez o guardanapo que estava sobre o prato e colocou na mesa –

 

-- Todos os dias. – Puxou um aparelho celular de dentro da bolsa –

 

Samantha olhou para ver se havia alguma ligação, ou mensagem e guardou novamente. Carolina ficou apenas observando. O mundo de Samantha era completamente diferente do seu. Tudo o que Samantha tinha, era o mais moderno que existia, ela se sentia pequena, apenas uma estudante sem emprego e sem dinheiro.

 

-- Depois me dá o seu número, assim eu posso ligar pra você quando quiser te ver.

 

-- Anota o número da minha casa.

 

-- O seu celular. – Pegou novamente o aparelho da bolsa –

 

-- Eu não tenho um celular.

 

-- Como não? – Samantha se espantou – Todo mundo tem um celular.

 

-- Samantha acorda, eu sou uma estudante de medicina, meu curso me obriga a estar na faculdade em tempo integral. Eu não posso trabalhar ainda, você acha que eu tenho dinheiro para ter um celular? – Disse ressentida –

 

-- Desculpe. É que pra mim é tão normal. Esse já é o meu segundo.

 

-- Você tem dinheiro, eu não. – Cruzou os braços --

 

O rapaz trouxe alguns espetos de carne, e acabou cortando a conversa. As mulheres começaram a comer, e Samantha resolveu mudar de assunto. Conversaram sobre amenidades, sobre seus planos, suas expectativas, as experiências que viveram.

 

-- Nossa, eu fiquei muito feliz em saber que você conseguiu realizar seu sonho de entrar para a universidade. – Cortava um pedaço de carne --

 

-- Pois é, no início demorou um pouco pra cair a ficha, mas agora eu estou adorando, é exatamente isso que eu quero fazer pelo resto dos meus dias. – Sorriu – Só é muito difícil, é muito puxado, as aulas são em tempo integral, e eu estou segurando do jeito que eu posso, minhas economias terminaram ano passado. – Tomou um gole de suco – Agora com essa greve, estou perdendo quase um semestre.

 

-- Você vai conseguir. Se existe uma pessoa em quem eu acredito, essa pessoa é você. – Olhou para Carol –

 

-- Obrigada. Mas está bem difícil.– Olhou pela janela – Mas me conta sobre você, quando começou a vida de modelo?

 

-- Como eu te falei, meu pai me colocou em uma agência de um amigo dele, e eu comecei a fazer algumas fotos. Participei de alguns desfiles, mas eu não sirvo para isso. As fotos são melhores.

 

-- Eu vi você em um outdoor. – Lembrou-se da foto que viu –

 

-- Foi para uma campanha de cosméticos. – Deu de ombros –

 

-- Você estava linda! – Falou naturalmente –

 

-- Obrigada. – Sorriu – Agora eu mudei de agência e estou trabalhando exclusivamente com fotos e presença vip em festas e eventos. – Gesticulava – Dá pro gasto, pelo menos meu pai não enche muito meu saco.

 

Depois do almoço as duas caminharam pela praia, Samantha não queria deixar Carolina ir embora, queria ficar mais tempo com ela. Queria saber o que ela estava fazendo, queria voltar a ter aquele contato que tinha perdido daqueles dias na biblioteca da escola.

 

-- Eu preciso ir embora Samantha. Muito obrigada pelo almoço. – Olhou contra o sol –

 

-- Não foi nada. – Pegou uma caneta e um papel – Esse é o meu número de celular, qualquer coisa me telefona. – Entregou o papel –

 

-- Pode deixar. – Pegou o papel – Eu ligo.

 

-- Eu te levo pra casa. – Segurou sua cintura –

 

-- Não! – Afastou-se – Não precisa.

 

-- Eu faço questão.

 

Carolina não queria que Samantha visse onde ela morava, a rua tranquila, na comunidade onde morava, agora estava suja, abandonada pelas autoridades, tornou-se principal caminho para a zona de tráfico do local.

 

-- Obrigada, mas eu vou de ônibus!

 

            Samantha imaginou que poderia ser pelo local, vergonha de onde morava.

 

-- Eu te deixo onde você quiser. Vamos comigo. – Segurou a mão de Carolina –

 

Carolina não resistiu ao charme de Samantha. Acabou cedendo ao pedido da loira. Samantha levou Carolina até um bairro vizinho ao da futura médica, Carolina pediu que ela a deixasse ali.

 

-- Aqui está ótimo. Obrigada.

 

-- Tem certeza que não quer que eu te deixe em casa?

 

-- Não, eu estou bem. Daqui pra lá é pertinho. Obrigada por tudo. – Sorriu –

 

Samantha a puxou pelo pescoço e deu um beijo ardente. Carolina foi pega de surpresa, mas sentiu uma corrente percorrer seu corpo quando seus lábios tocaram os da modelo. Lembrava-se da sensação de perigo que sentia toda vez que estava com Samantha.

As duas se afastaram e a modelo tinha um sorriso vitorioso no rosto, Carolina estava sem graça, olhou em volta, mas se deu conta que Samantha havia fechado a capota do carro e os vidros eram muito escuros para alguém ver o que havia acontecido.

 

-- Eu preciso ir. – Carolina queria fugir –

 

-- Quando podemos nos ver novamente? – Segurou seu braço –

 

-- Eu não sei. – Deu de ombros –

 

-- Liga pra mim.

 

-- Tchau Samantha. – Abriu a porta do carro –

 

Carolina ganhou as ruas do bairro, pensando em como o destino fazia com que Samantha entrasse e saísse de sua vida. Nunca foram mais do que beijos roubados, escondidos por paredes e janelas com vidro escuro. Ela sabia que seu corpo reagia e seu coração batia mais forte quando estava com a modelo, mas também sabia do que Samantha era capaz de fazer para defender seus próprios interesses, temia se entregar e sair magoada.

Samantha ficou no carro, olhando Carolina caminhar. Pensou em segui-la, mas seu carro não era do tipo comum, Carol não é burra, iria perceber sua presença. Dirigiu até sua casa na zona sul da cidade, imaginava o que faria para conquistar o amor da futura médica.

 

**********

 

Julho de 2000

 

A greve acabou e Carolina tinha muita matéria para pôr em dia. As aulas voltaram e os professores corriam contra o tempo para tentar salvar o semestre. A menina entrava na universidade antes de oito da manhã e só saía depois das sete da noite.

O ritmo puxado estava acabando com Carolina, ela estava exausta, nos fins de semana ela só queria dormir. Nem conseguia mais estudar como antes.

Um dia na saída da universidade, Carolina avistou o carro de Samantha do outro lado da rua, a loira abaixou o vidro e fez sinal com o dedo para a estudante se aproximar. Raquel estava com Carolina e percebeu que era com ela que a loira rica estava falando.

 

-- Carol, quem é a ricaça? – apontou com a cabeça –

 

Carolina ficou sem graça. – É uma colega de colégio, nós estudamos juntas.

 

-- Eu a conheço de algum lugar. – Apertou os olhos –

 

-- Ela é modelo, pode ser de alguma campanha. – Deu de ombros – Eu vou lá. Vou ver o que ela quer e vou pra casa. – Beijou o rosto de Raquel – Tchau.

 

-- Tchau. – Olhou desconfiada –

 

Carolina caminhou até o carro, vestia uma calça jeans grudada, camisa de botão, e uma sandália com um pequeno salto. Samantha ficou hipnotizada. Sua aproximação parecia um balé. Aquela atração do tempo da escola ainda estava ali, ainda era palpável, do jeito torto de Samantha, ela ainda gostava de Carolina e queria conquistar a mulher linda que ela se tornou.

 

-- Oi. – Encostou-se no carro –

 

-- Oi. – Sorriu – tudo bem?

 

-- Sim.

 

-- Quem era a jeca que você beijou? – Reclamou com ciúmes –

 

-- Não fala assim, você não perde essa mania de humilhar as pessoas. – Ficou zangada – O que veio fazer aqui, Samantha? – Cruzou os braços –

 

-- Eu vim te buscar. Entra. – Fez sinal com a cabeça --

 

-- Não, obrigada. Eu preciso ir para casa. – Ameaçou sair –

 

-- Carol, espera. Desculpa, vai. – Saiu do carro – Poxa, deixa eu te levar, eu estou de carro, é mais seguro. – Segurou seu braço –

 

-- Samantha, estar com você não é seguro. – Pensou na relação das duas –

 

-- Que isso, minha linda? Não fala assim que até me magoa. – Colocou uma das mãos no peito --

 

-- Samantha, deixa eu ir embora, eu estou cansada, eu preciso de um banho e da minha cama. – Passou a mão na cabeça –

 

--Carol, eu te deixo em casa muito mais rápido do que o ônibus. Entra.  – Apontou para o carro --

 

Carolina pensou e acabou cedendo ao pedido da modelo, realmente ela tinha razão, chegaria mais rápido em casa do que de ônibus.

 

-- Tudo bem, mas direto pra casa.  – Pôs o dedo em riste --

 

-- Sim senhora, minha dama. – Abriu a porta do carro -- Acomode-se por favor.

 

Carolina acabou rindo da atuação da colega. Sentia seu corpo arrepiar quando estava perto de Samantha. Sabia que existia muito mais do que tensão entre as duas, era tesão. Carol se sentia atraída por ela, mas ainda ficava retraída quando pensava em ir para a cama com alguém.

As duas foram conversando amenidades, Samantha perguntou sobre a faculdade de Carolina, como estavam as aulas, e no meio do caminho parou em uma lanchonete.

 

-- Samantha, eu te pedi para irmos direto pra casa. – Encostou-se no banco –

 

-- Carol, vamos lanchar, você deve estar com fome. – Desligou o carro –

 

-- E você pode comer esse tipo de coisa?

 

-- Por que?

 

-- E sua dieta? Para ser modelo, tem que ficar sempre fininha. – Olhou a mulher de cima abaixo – E comendo essas porcarias, você vai engordar.

 

-- Gostei dessa olhada. – Sorriu –

 

Carolina ficou sem graça. Acabou rindo, sabia onde Samantha queria chegar, e porque não, ela também. Carolina gostava do tempo que passava com Samantha, mas ainda tinha o pé atrás com ela. Mas não podia negar que havia algo na modelo que a atraía, que a puxava, e ela sentia vontade de beijá-la, tanto quanto Samantha tinha.

Samantha foi se aproximando sorrateiramente, Carolina apenas a observava, a loira segurou o rosto da futura médica e a puxou para um beijo cheio de desejo e paixão. As duas fecharam os olhos e deixaram o beijo acontecer naturalmente, curtindo cada momento, cada segundo.

Quando se afastaram, Carolina sorriu involuntariamente, e Samantha percebeu a satisfação da outra, aquela boca macia e quente, causava uma euforia que a estudante não estava acostumada a sentir, quase não saía com ninguém, as poucas tentativas de ficar com alguns rapazes não passavam de beijos sem gosto e sem propósito. E o perigo em Samantha parecia que dava o tempero que faltava para ganhar a atenção de Carolina.

 

-- O que foi? – sussurrou –

 

-- Nada. – Ajeitou-se no banco do carro –

 

-- Você está bem? – Colocou uma mexa de cabelo atrás da orelha de Carolina –

 

-- Sim. Eu só, não consigo me entregar totalmente Samantha. É difícil pra mim. Mas ao mesmo tempo em que eu penso em me afastar, alguma coisa me atrai em você. É como um campo eletromagnético que nos une, sabe.

 

-- Você sempre tem que falar difícil, não é? – riu – Não poderia ter dito simplesmente que é um ímã?

 

Carolina acabou rindo. – Sim, poderia. Mas você me conhece. – Deu de ombros –

 

-- Sim, e é por isso que eu te amo.

 

Aquela frase saiu sem querer, até a própria Samantha se assustou com sua declaração. Será que o que ela sentia era realmente amor? Será que era uma projeção do que ela gostaria de ter? As duas estavam perdidas naqueles sentimentos, naquele reencontro.

 

-- Já que vamos comer, é melhor entrar logo. – Carolina tentou disfarçar –

 

-- Sim, vamos.

 

As duas entraram na lanchonete, fizeram o seu lanche e ficaram conversando. Samantha levou Carolina até em casa, e dessa vez fez questão de deixá-la na porta de casa. Carolina estava com medo do que Samantha pensaria do lugar onde ela morava.

A garota rica que estava acostumada com o luxo de uma casa grande e bem localizada, longe do perigo de uma favela, estava entrando no seu mundo.

 

-- Samantha, eu prefiro que você fique aqui fora, não precisa me levar mais perto. – Dizia preocupada –

 

-- O que houve, Carol? Você acha que alguém pode fazer algo contra mim?

 

-- Eu não sei, é melhor não arriscar. Está cada dia mais perigoso.

 

Samantha não teve medo, Carolina não sabia, mas ela conhecia muito bem locais assim e muitos até piores do que onde Carolina morava.

 

-- Minha linda, não se preocupe, eu sei me cuidar, onde é sua casa? – seguiu em frente –

 

Carolina não conseguiu convencer Samantha, e acabou sendo levada até a porta de casa. a loira não saiu do carro, despediu-se de Carolina de dentro do carro. Outro beijo aconteceu e as duas não queriam se separar. Carolina estava se apaixonando por Samantha novamente.

 

-- Eu preciso entrar. – Separou as bocas –

 

-- Eu sei, é que eu não quero me separar mais de você. – Dava selinhos no rosto de Carolina –

 

-- Samantha, isso não tem como dar certo. – Se afastou –

 

-- Por que? Não venha me dizer que somos de mundos diferentes, porque isso não cola.

 

-- Mas nós somos. Isso é um fato.

 

-- Falou a cientista. – Bateu com a mão no estofado do carro –

 

-- É sério, além dos mundos serem diferentes, nós somos completamente diferentes.

 

-- Isso que dá emoção, meu bem. Isso que é o interessante. Já imaginou se fôssemos iguais? – Fez um carinho no rosto da estudante -- O tédio que seria?

 

Samantha sempre teve uma filosofia de vida mais boêmia, e Carolina não concordava com isso. Mas o que a loira disse fazia algum sentido. Estar com a loira era um perigo constante, Carolina estava com medo do que poderia acontecer, não queria se machucar, mas tinha certeza que estar com Samantha era o maior risco de todos. E talvez essa era a razão daquela atração toda, que tirava seu fôlego e seu norte quando estava ao lado da modelo.

 

-- Boa noite Samantha. – Riu –

 

-- Boa noite Carol. – Ficou olhando-a sair do carro –

 

Samantha esperou Carolina entrar em casa, e depois saiu com o carro. Carolina parou no portão e ficou observando a outra ir embora, suspirou alto, estava confusa novamente, ter Samantha tão perto era perigoso para sua razão. Quando virou para entrar, deu de cara com Carlos encostado na porta.

 

-- Ai. Putz, Carlos, você me assustou. – Esbarrou nele –

 

-- Eu estava preocupado, você demorou. Quem era no carrão? – Perguntou desconfiado –

 

-- Ah, era Samantha. – Ficou vermelha -- Uma colega da época do colégio. Eu demorei porque ela me levou para comer um lanche. – Deu de ombros --

 

-- Aquela Samantha que implicava com você? – Olhou espantado --

 

-- Sim. Mas ela está bem diferente. – Tentou disfarçar –

 

-- Carol, nem você acredita nisso. – Riu – O que ela queria?

 

Carolina ficou sem graça. -- Nada. – Uma pausa -- Ela me encontrou na faculdade um dia desses, e voltamos a ter contato, ela só me deu uma carona. – Carolina não encarava Carlos – Só isso.

 

-- Carol, o que está acontecendo? Pode me falar.

 

-- Como assim? – Levantou uma sobrancelha –

 

-- Você acha que eu não conheço a minha irmã? Você nunca me encara quando está escondendo alguma coisa. – Cruzou os braços – Pode começar a falar.

 

-- Eu não fiz nada, eu juro. – Arregalou os olhos –

 

-- Carol, vem aqui. – Puxou a irmã pelo braço –

 

Carlos sentou com ela na varanda, queria conversar com a irmã sobre algumas coisas que ele havia percebido e há muito tempo queria perguntar, queria que ela confiasse nele.

 

-- Carol, eu sei que você é muito reservada com as suas coisas, mas eu quero que você saiba que eu estou aqui sempre que você precisar. Você sabe disso, não é?

 

-- Sim, eu sei. – Olhava para o irmão --

 

-- Dito isso, eu queria te perguntar uma coisa. Eu não quero ser indelicado, mas eu preciso te perguntar.

 

-- Pergunta. – Estava apreensiva –

 

-- Você tem essa filosofia de não casar, não querer namorar. Mas eu me pergunto se isso não é porque você gosta de garotas e não de garotos.

 

-- Carlos. – Ficou envergonhada –

 

-- Minha irmã. – Segurou suas mãos – Eu não estou te julgando, eu só estou perguntando, porque as vezes você deve querer conversar sobre isso e não tem com quem falar. Muitas vezes reprimimos nossos sentimentos porque achamos que as pessoas irão nos julgar, mas no fundo, nós precisamos desabafar, ter com quem conversar.

 

O rapaz olhava para a irmã, queria apenas mostrar a ela que ela poderia confiar nele, ele a amava de uma forma indescritível, ela era o seu orgulho, e ele queria que ela entendesse que ele estava ali para ela, independente do que acontecesse em suas vidas.

 

-- Eu errei quando não conversei com você e mamãe sobre a gravidez de Roberta e isso me trouxe problemas que nunca mais eu consegui resolver, eu a perdi, perdi meu bebê, e com isso eu perdi muita coisa da minha vida. E eu não quero que aconteça o mesmo com você.

 

Carolina observava o rapaz falando, sabia que ele tinha razão, essa dúvida já havia lhe tirado o sono muitas vezes, e agora com o retorno de Samantha, Carolina voltou a se questionar se sua opção não é para se esconder de si própria por não conseguir aceitar o fato de que ela era lésbica. Sua criação rígida dentro do colégio com as freiras, a educação religiosa que teve a levaram a pensar que ser gay era algo muito errado. Fora dos padrões normais da sociedade.

 

-- Carol, se for isso, não há problema nenhum em ser lésbica. Você não vai deixar de ser a pessoa que você é, não vai deixar de ser minha irmã, nem a futura médica brilhante que será muito bem-sucedida. Não vai deixar de ser a mulher linda, inteligente e maravilhosa que você se tornou.

 

Carolina ouvia aquelas palavras com muita atenção, de certa forma o que Carlos dizia lhe soava como uma porta para sair daquela caixa de sentimentos que ela se encontrava. Tantas dúvidas, tantas incertezas, ainda em silêncio lágrimas ameaçaram surgir em seus olhos. Carlos observava as reações da irmã, e a puxou para um abraço tentando lhe confortar o coração. Dentro do conforto e da segurança dos braços do irmão, Carolina começou a chorar baixinho.

Depois de um tempo em silêncio, os dois se olharam, Carlos limpou o rosto da irmã com as mãos e voltou a se sentar no muro da varanda. Ficou apenas aguardando que Carolina começasse a falar.

 

-- Carlos, eu nunca quis me sentir atraída por mulheres, eu não busquei isso. – Ainda chorava – Eu sempre tive essa ideia fixa na cabeça que não iria me apaixonar por ninguém, pois homens não são confiáveis. – Abaixou a cabeça – Nada contra você. – Levantou uma sobrancelha --

 

Os dois sorriram. – Eu sei.

 

-- Mas aconteceu de eu me sentir atraída por uma menina. E eu tinha esquecido isso, eu achei que simplesmente tinha sido uma besteira de adolescente, tentei até ficar com alguns caras lá da faculdade, mas nenhum deles me fez sentir isso que eu sinto quando estou com ela, eu tentei esquecer, mas agora tudo voltou. – Gesticulava – Ela voltou.

 

-- Você é apaixonada pela Samantha, não é? – Cruzou os braços –

 

-- Sim. – Levantou-se – Ela me provocou demais na escola, tentou me prejudicar, mas eu não sei explicar, ela tem algo que me prende. – Começou a andar pela varanda – Desde aquela época. Ela diz que é apaixonada por mim. Mas por tudo o que ela me fez passar, eu não consigo me entregar totalmente. – Olhou para o irmão –

 

-- Entendo, você não consegue confiar nela.

 

-- Isso. Foram muitas provocações, muitas brigas. – Sorriu – Mas depois que eu comecei a conhecê-la melhor, eu consegui enxergar que tudo aquilo era para chamar a atenção de alguém. Ela é apenas uma mulher solitária, tentando se encaixar. Mas tem um coração quente por trás daquela carapuça gelada que ela usa.

 

-- Você acha que ela pode mudar por você?

 

-- Eu não sei. Ela parece ser outra pessoa quando está comigo. – Deu de ombros – Mas eu não sei até quando ela ficaria quieta, ela não é do tipo que gosta de vida pacata. – Riu – Samantha é um furacão, ela é intensa, faz tudo o que quer, vive do jeito dela, só vive em festas. Eu só quero ser médica, salvar vidas e ter uma vida calma.

 

Carlos observava a irmã falando de Samantha, dava para perceber que Carolina estava completamente envolvida, mas ele temia por ser Samantha a escolhida de sua irmã.

 

-- Samantha é atrevida, rica, e não tem responsabilidade nenhuma, acho que nem eu iria aguentar. – Riu novamente –

 

 

-- Carol, eu só me preocupo por ser a Samantha, mas se você quer viver isso, então viva. Seja feliz, minha irmã. – Segurou-a pelos braços – Você merece se permitir encontrar alguém que te ame, que cuide de você, que te faça feliz. Se ela te fizer feliz, tudo bem. Mas se algum dia você perceber que não passa de uma ilusão, cai fora. Eu só te peço para não sofrer por causa dela.

 

-- Fácil de falar né, irmão? – O abraçou –

 

-- Eu sei que é difícil. Mas sempre que precisar, eu estarei aqui para você. Combinado?

 

-- Combinado. – Apertaram as mãos – Então é isso, eu acho que eu sou lésbica.

 

-- Não há nada de errado com isso. – Deu de ombros --

 

-- E mamãe?

 

-- O que tem ela?

 

Carolina sentou ao lado do irmão.

 

-- Será que ela vai aceitar? Eu tenho medo de decepcioná-la. – Abaixou a cabeça –

 

Carlos segurou seu queixo e a fez olhar para ele.

 

-- Ei, não abaixe mais a cabeça desse jeito, ela pode estranhar, mas tenho certeza que nunca vai dar as costas pra você. Ela se orgulha muito da mulher que você se tornou. E não é porque você terá uma namorada que isso vai mudar, entendeu?

 

-- Entendi. – Sorriu –

 

-- Mas não precisa contar a ela agora, tudo no seu tempo. – Beijou a testa da irmã -- Vamos dormir, amanhã você tem que sair cedo.

 

-- Obrigada Carlos.

 

-- Sempre que você precisar. – Piscou –

 

O rapaz entrou em casa, e Carolina ainda ficou um tempo na varanda, olhou para o céu, ficou imaginando como seria se Samantha fosse sua namorada, acabou gostando da sensação, mas ainda sentia receio pelo comportamento inconsequente da ex-colega de colégio. Resolveu entrar e tomar um banho, porque Carlos tinha razão, no dia seguinte teria que levantar cedo.

Fim do capítulo

Notas finais:

Oi meninas

Capítulo postado, e olha só quem apareceu, Samantha voltou e mais empenhada em conquistar Carol, será que ela vai conseguir?

Carol conseguiu se abrir com Carlos, isso será bom para ela, ela precisa de alguém para conversar.

O que vocês acham sobre essas fotos da Samantha? Alguma coisa ela está aprontando? Quero suas opiniões.

Obrigada pelo carinho, Mille, NovaAqui, Patty_321 e Lai.

Espero pelos comentários!

Ótimo Fim de semana!

Beijos

Cris Lane

 

PS. Lu, eu amo você!


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Comentários para 14 - Capítulo 14 - O Reencontro:
Lea
Lea

Em: 11/01/2023

Carlos é um fofo!

*

Carolina querendo ter um descanso eterno. Doutora,ainda não é sua hora,Tem uma Ângela no seu caminho.

Responder

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Zaha
Zaha

Em: 11/11/2018

Oxenteeeeee, Devia ter demorado a comentar, o impacto seria maior kkkk

Olha só, quem é vivo sempre aparece e Sam veio c estilo e metida num problemão. E vc disse aí q ela frequenta lugares piores que o bairro de Carol...claro q sim. Bebê, se droga e sabe-se lá mais o q...futuramente saberemos.

Carol. Vai ceder rápido assim com Sam? Veja bem, Sam nesse momento pensa que gosta dela, mas é um amor  distorcido ainda. Sam tá acostumado com ser o centro das atenções,ciumenta deve ser possessiva tb!  Mas vai trair MT ainda, tem uma vida MT alojada e logo saberemos como e pq... 

Carlos um amor a!a Agora Carol fica mais tranquilaaaa!!

Nadaadee análise hj...apertei algo e as letras se juntam..kkkpOx,x

OOxe , n escrevo humilde nunca?Q horror!! Kkkl

Amiga, ja n sabe Sou a rainha das somatizações Kkk

Melhorei do enjôo,Só vi pq vc pediu!! E como tô aqui na Camucha entao n custa nada!!! 

Beijocaaaass

E E quebRê o queixo....Faz favor!! ????????????????

ll


Resposta do autor:

Oieee

Pois é, você voltou ao ritmo de sempre, e isso é muito legal. 

Sim, Sam voltou, e como sempre metida em alguma confusão, é a natureza dela, fazer o que?

Carol gosta dela, sabe que tem alguma coisa de muito errado com a vida que ela leva, mas tem algum sentimento, aí já viu, a gente faz um monte de bobagens quando estamos apaixonadas. E sim, ela trai Carol, isso é um fato. Vocês verão como brevemente.

Carlos é um irmãozão, apaixonado pela Carol, e sempre estará lá por ela, ela precisava desse apoio, muito tempo sozinha, e já era hora dela ter com quem conversar sobre suas dúvidas e questões.

Ok, quebrei o queixo, pois foram três coméntários em tempo recorde. Muito bem, Palmas fortes pra você.

Beijo, e até o próximo.

Cris

Responder

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Luce Lima
Luce Lima

Em: 14/11/2018

Oi, Minha Menina do Farol!!!

Que bom que você seguiu o meu conselho e está postando os capítulos semanalmente.

Não vejo a hora de você começar a escrever a nossa história, com direito a depoimento de uma certa madrinha desnaturada (Laila) que ultimamente só pensa em degustar vinhos. 

Amo você, sucesso!!!

Sua Lu


Resposta do autor:

Oi meu amor,

Não imagina minha surpresa ao ver seu comentário, mas uma linda surpresa.

Pois é, segui seu conselho e resolvi acelerr as coisas, estamos na metade da história, assim que terminar vou me dedicar ao nosso romance que é lindo. E aí, cobraremos nossa madrinha, rsrs. 

Amo muito você.

Sua Cris.

Responder

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 11/11/2018

Oxenteeeeee, Devia ter demorado a comentar, o impacto seria maior kkkk

Olha só, quem é vivo sempre aparece e Sam veio c estilo e metida num problemão. E vc disse aí q ela frequenta lugares piores que o bairro de Carol...claro q sim. Bebê, se droga e sabe-se lá mais o q...futuramente saberemos.

Carol. Vai ceder rápido assim com Sam? Veja bem, Sam nesse momento pensa que gosta dela, mas é um amor  distorcido ainda. Sam tá acostumado com ser o centro das atenções,ciumenta deve ser possessiva tb!  Mas vai trair MT ainda, tem uma vida MT alojada e logo saberemos como e pq... 

Carlos um amor a!a Agora Carol fica mais tranquilaaaa!!

Nadaadee análise hj...apertei algo e as letras se juntam..kkkpOx,x

OOxe , n escrevo humilde nunca?Q horror!! Kkkl

Amiga, ja n sabe Sou a rainha das somatizações Kkk

Melhorei do enjôo,Só vi pq vc pediu!! E como tô aqui na Camucha entao n custa nada!!! 

Beijocaaaass

E E quebRê o queixo....Faz favor!! ????????????????

ll


Resposta do autor:

Oieee

Pois é, você voltou ao ritmo de sempre, e isso é muito legal. 

Sim, Sam voltou, e como sempre metida em alguma confusão, é a natureza dela, fazer o que?

Carol gosta dela, sabe que tem alguma coisa de muito errado com a vida que ela leva, mas tem algum sentimento, aí já viu, a gente faz um monte de bobagens quando estamos apaixonadas. E sim, ela trai Carol, isso é um fato. Vocês verão como brevemente.

Carlos é um irmãozão, apaixonado pela Carol, e sempre estará lá por ela, ela precisava desse apoio, muito tempo sozinha, e já era hora dela ter com quem conversar sobre suas dúvidas e questões.

Ok, quebrei o queixo, pois foram três coméntários em tempo recorde. Muito bem, Palmas fortes pra você.

Beijo, e até o próximo.

Cris

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patty-321
patty-321

Em: 10/11/2018

Agora a Carol nao vai mais resistir. Dá-lhe Samantha.


Resposta do autor:

Oi Patty

Então, torcida organizada para Samantha? Kkkkkk curti.

Pois é, Carol vai ceder ao furacão Samantha! Aguarde os próximos capítulos.

Obrigada pelo carinho,

Beijo

Cris Lane

Responder

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lis
lis

Em: 10/11/2018

Boa noite Cris, tudo bem? Olha só Carol nos deu um susto mas nos deu uma alegria tb pois ela sentiu o toque da Ângela e ouviu o que ela disse por mais que ela não tenha conseguido demostra que estava ouvindo, quando a Samantha ta me parecendo que ela virou acompanhate de luxo por essas fotos que ela tirou e como ela conchece lugares piores do que onde a Carol mora, gostei da conversa que ela teve com o Carlos, ela precisava disso mesmo, mas infelizmente pelo desenrolar da estória a Carol sofreu muito nas mãos da Samantha espero que ela consiga sair dessa e seguir em frente e o mais importante ser feliz e acho que isso pode acontecer com a Ângela ao lado dela, sinceramente desejo que a Samantha mude e seja feliz, mas com a Carol penso que isso não rola pois ela já foi machuda demais por esse suposto amor que a Sam diz sentir por ela, mais uma vez parabéns, viciante sua escrita.


Resposta do autor:

Oi Lis

Tudo bem, e você?

Carol está em um momento delicado da recuperação, terá muito caminho para se recuperer ainda, a dúvida é se ela conseguirá encontrar o caminho de volta.

Hum, acompanhante de luxo, bom palpite, veja nos próximos capítulos, ela com certeza está metida em alguma coisa perigosa.

A conversa com Carlos foi muito boa para Carol, ela precisava desse apoio e saber que não é nada demais amar uma mulher, esas dúvidas tenho certeza que muitas de nós temos nessa fase de descoberta.

Sim, Samantha fez Carol sofrer bastante, isso virá no desenrolar dos próximos capítulos.

Ãngela pode ser uma pessoa que alcance as muralhas que Carol subiu para se proteger, vamos ver o que vai acontecer.

Obrigada pelo carinho, que bom que está gostando.

Espero você no próximo capítulo.

Beijo

Cris Lane

Responder

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 10/11/2018

Então foi assim que Samantha voltou para vida de Carol. Que azar de Carol encontrar com ela na universidade

Abraços fraternos procês aí!


Resposta do autor:

Oi NovaAqui

Pois é, foi assim que as duas se reencontraram, e já foi um furacão pra Carol, Samantha sempre provocativa e insinuante, será que Carol vai resistir, claro que não, rsrs.

Pelo visto você não torce para Samantha, o que você acha dessa relação das duas?

Obrigada pelo carinho. Até o próximo capítulo.

Beijo

Cris Lane

Responder

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Mille
Mille

Em: 10/11/2018

Olá Cris 

Sam reaparecendo e provocando com essas fotos, tô achando que essa fotos nuas tem treta. Lucia vai pegar o primeiro avião para separar de novo a Sam e a Carol ou até mesmo a loira pode fazer merda.

Gostei da conversa dos irmãos acho que Carol estava precisando desde momento de desabafar.

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

Oi Mille

Samantha chegou chegando, sempre provocativa, e com certeza, tem treta por trás de tudo o que ela faz. Espere de tudo da Samantha.

Essa conversa com Carlos realmente foi boa para ela, ela precisava encontrar apoio para tudo o que ela estava vivendo, agora ela irá com mais confiança.

Obrigada pelo carinho, até o próximo capítulo.

Beijos

Cris Lane

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