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  • Capítulo 70 O Livro das Sombras (Parte Final)

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An Extraordinary Love por Jules_Mari

Ver comentários: 5

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Palavras: 4838
Acessos: 4958   |  Postado em: 05/11/2018

Notas iniciais:

 

Infelizmente e por alguns minutos, para algumas de vocês, não mantive o nosso dia. Mas aqui em minha terra ainda é domingo, então acho que está valendo rs... 
Essa semana tive ainda menos tempo e praticamente escrevi o capítulo agora a noite e depois de uma dia cheio, então peço que relevem os erros e aviso que depois irei corrigi-los. 
Também gostaria de agradecer a energia maravilhosa que senti e recebi nos comentários do ultimo capítulo. E para vocês meninas, repito sempre que Seremos Resistência. 
#NinguemSoltaaMão 

Xeros e boa leitura! 

Ps: Tem uma notinha para vocês ai final!

Capítulo 70 O Livro das Sombras (Parte Final)

Não havia um músculo se quer no corpo de Cosima que não esteve tremendo de forma descontrolada. Um embrulho nauseante revirava suas entranhas e um latejante pulsar em sua cabeça indicava o ritmo descompassado de seu coração.

Tentava sem sucesso controlar sua respiração e o suor gelado que sentia, contrastava com o calor que a consumia. Era como se estivesse doente. Sendo acometida por algum tipo de febre.

As mãos tremulas mal conseguiam segurar as páginas antigas que balançaram emitindo um som baixo, semelhante ao de folhas secas sendo conduzidas por ventos anunciadores de tempestade. O ar entrava com dificuldade em seus pulmões e um estranho zumbido lhe incomodava os ouvidos.

Estava completamente atordoada com o que acabara de ler!

Em seu intimo ela sabia que possuía um papel significativo em toda aquela trama, pois foi entregue a ela todos os pertences mais sagrados da Melanie e com eles, muitos dos segredos da Ordem. Tudo lhe levou a concluir e mais, a crer que a estima, a admiração, a identificação que sentia com a jovem ruiva das memórias que leu ia muito além de mera empatia.

Elas estavam ligadas por algo impossível de ser tocado ou visto, mas que era tão palpável quanto a madeira que compunha a mesa onde aqueles papeis estavam apoiados.

- A alma dela! – Disse para si. – Minha alma! – Tocou o próprio peito, sentindo o saltar acelerado dele. Sua mente confusa ainda lhe levou a iniciar uma problematização acerca de que se realmente houvesse uma alma, onde ela estaria “guardada” dentro do corpo. Seria no coração? Riu de seu breve pensamento. Se a alma de fato existisse ela estaria onde tudo o que compõe a identidade de uma pessoa está. Na mente, no cérebro. Levou a mão até sua cabeça e soltou um baixo gemido. Certamente uma forte crise de enxaqueca estava tendo início e não poderia se recriminar.

Estava enfurnada naquele escritório o dia todo, e mal havia tocado nas refeições que lhe foram entregues. Mas sabia que a razão de seu profundo mal estar nada tinha haver com esses fatos triviais. Toda a enxurrada de sensações e reações que estava tendo provinha do que acabara de ler. Sua conexão com aquela surreal história a fez visualizar cada cena narrada como se estive sentada em um canto daquela catacumba escura. Testemunhando a mais surreal das experiências.

Sentiu asco e admiração ao mesmo tempo. Ódio e carinho. Pena e amor. Numa verdadeira montanha-russa de sentimentos e, sem nem ter chegado ao fim dos pergaminhos, já tinha a certeza de que jamais iria esquecer das imagens nítidas em sua mente daquele tenebroso ritual. Dos sacrifícios inenarráveis que foram feitos naquela noite, mas acima de tudo, da imagem aterradora de sua amada sem vida.

- Evelyne morreu e... Renasceu... – Em outra época uma frase como aquela jamais sairia de seus lábios em tom de seriedade, mas agora tudo começava a fazer sentido. E sentiu seu coração sangrar com a dor dilacerante ao simplesmente imaginar a possibilidade de sua amada ter morrido. E isso fez sua mente girar de uma forma que quase lhe roubou a consciência.

Se deu conta que Delphine estava sentindo aquela dor naquele exato instante. Que estava sendo enganada e de uma maneira completamente desumana, pois para ela estava sendo ainda pior, pois ela já havia provado tal dor antes. Sua amada sofrera com a perda de seu amor duas vezes. Isso era crueldade demais.

Levantou-se de supetão e sentiu o mundo ao seu redor girar, precisando apoiar-se na mesa para evitar que caísse. Um som abafado em sua barriga lhe disse que estava precisando se alimentar. Olhou para a bandeja de cobre que estava numa mesa ao lado e que fora deixada ali já a algumas horas. Olhou para o creme de ervilha que já possuía uma leve crosta de nata e o rejeitou de imediato. Optou por uma maça que remanesceu do almoço. Deu uma farta mordida e assim que sentiu o doce sabor daquela fruta, percebeu o quanto estava faminta. Em poucos minutos já havia devorado aquela e terminava uma segunda maça e começou a sentir-se melhor.

Apenas um pouco, pois a sua inútil tentativa de manter aquela verdade longe de sua mente não lhe deixava em paz. Ela era aquela que carregava a alma de Melanie Verger. Aquela cuja vida foi retirada para a realização de um ritual macabro. Na verdade dois. E que dessa maneira era a alma dela a chave para a derrocada de Lamartine e do Martelo.

Num estalo, como se alguém lhe lançasse um feixe de luz em seu rosto, entendeu agora o real motivo do atentado contra sua vida. Ela representava tudo o que aquele homem asqueroso mais temia e que foi exatamente por esse motivo que Delphine havia se afastado dela.

- Quanto sacrifício meu amor! – Sentiu as lágrimas escorrendo por suas bochechas e sentiu uma vontade avassaladora de estar com ela. Ainda mais violenta do que sentiu assim que a viu mais cedo.

Tomada por aquela vontade que parecia comandar seus movimentos, saiu daquela sala sem se preocupar com a escuridão dos corredores. Não fazia ideia de que horas eram, mas sabia que já era tarde, pois a Fundação estava silenciosa, indicando que suas atividades já haviam sido encerradas por aquele dia. Instintivamente seguiu pelos corredores e salas, esforçando-se para lembrar o caminho que fizera quando entrou ali.

Percebeu que estava no caminho certo quando alcançou a catacumba onde havia encontrado aquela velha mulher, a qual havia sido responsável por salvar sua vida e com quem discutira sobre filosofia. Admirou-se por vê-la sentada diante da sua mesa, com um livro bem próximo ao rosto. Cogitou em cumprimenta-la, mas essa ideia não perdurou, pois a urgência que sentia era ainda mais forte. Esgueirou-se cautelosa para não ser vista e passou pela entrada sentindo-se salva.

Ela não percebeu, mas assim que seu vulto e sombra se afastaram daquela entrada, a sacerdotisa baixou o livro que estava diante de seu rosto e sorriu largamente.

Cosima alcançou o topo da escadaria que lhe levou até o andar onde funcionava a fundação. Poucas luzes permaneciam acesas e enquanto ela caminhava próxima as janelas, percebeu alguma movimentação do lado de fora. Olhou mais atentamente e viu que eram algumas poucas mulheres, rondando a propriedade e ela presumiu que eram seguranças.

Realmente estavam em guerra e a julgar por tudo o que leu e o que via na Fundação, a Ordem estava bastante preparada e podia sentir no ar a tensão de que algo se aproximava. De um perigo iminente e real e que tanto ela quanto as demais sabiam que viria.

Agora que conhecia a verdade sobre a existência absurdamente longa de Lamartine e Delphine, teve a visão total do que representava a guerra milenar entre aqueles dois grupos. E esse embate se personificava no duelo secular entre aqueles dois seres sobrenaturais. Pausou com aquele pensamento. Mas era isso mesmo, Delphine era um ser sobrenatural que possuía mais de 300 anos de idade e somado a tudo isso havia os imensuráveis poderes que ela possuía. E não era só ela. Aquela sapeca menina que já dominava o seu coração também o era. E estava vivenciando uma amostra dele.

Certamente aquela criança poderia ser considerada tão ou quem sabe até mais poderosa do que Delphine, e agora sabia a origem de muitos de seus poderes. Com o ritual de “renascimento” ela recebeu muitos dons que lhes foram transmitidos pelos sacrifícios de todas as irmãs da Ordem.  Evelyne já havia nascido poderosa e aquele rito lhe concedeu os poderes de sua mãe, a Mestra mais poderosa que já houve na Ordem.

Cosima se pegou novamente admirando incondicionalmente aquela fascinante mulher. Emanuelle Chermont era de longe a pessoa mais altruísta que poderia se quer ter conhecido. Ela não havia se sacrificado apenas para salvar a vida de sua filha. O havia feito para salvar a vida de todas as mulheres que viriam e nem se quer tem dimensão do que ocorrera naquela noite a vários séculos atrás.

E por falar em sacrifício, pensou que jamais poderia imaginar o que era ser Delphine. Ela não teve escolha. Nunca! E por mais que tenha lutado contra o seu destino, ele sempre esteve ao seu encalce. E ele veio sob a forma de Melanie. Aquela que tomou o coração destemido de Eve e a levou de volta à Ordem. Mas que da maneira mais perversa possível, teve sua vida tomada e pelo próprio pai. Sacudiu a cabeça, pois sempre ficava estarrecida quando aquela constatação vinha a tona.

De um lado houve o sacrifício abnegado de uma mãe por uma filha e do outro o egoísmo extremo de um pai que não mediu consequências para alcançar seus objetivos e tirou a vida da própria filha. E naqueles gestos tão dispares estava a verdadeira diferença que marcava a luta da Ordem e do Martelo.

Sentiu-se tremendamente satisfeita por estar do lado certo, como ela mesma considerava e isso lhe trazia de volta aquela recente descoberta e de qual era o seu papel em tudo aquilo. As palavras lacônicas de Emanuelle, narradas por uma igualmente enigmática Izabelle, não lhe deixava tanta clareza assim.

Manu foi profética!

“Quem o deu a vida eterna... É a única pessoa que poderá tirá-la dele!”

Tudo estava descrito nas páginas que acabara de ler.

“Assim como o destino de Armand está ligado a alma da Melanie, a de Eve também estará...”

O desfecho daquela terrível maldição estava na profecia criada por Manu naquela noite.

“Quando a alma da Melanie retornar essa... Maldição terminará...

- Mas como? – Pensou alto, lançando aquela pergunta para o vazio e o silêncio que imperava naqueles corredores. Estava parada, de pé diante da por de Delphine, completamente ciente de quem aquela mulher era e de seu próprio papel. Mas nada do que lera até então lhe dizia como ela conseguiria por fim naquela insanidade.

Desejou imensamente questionar aquela e tantas outras questões à única pessoa que seria capaz de respondê-la. E essa estava do outro lado daquela porta. Tão próxima, e tão distante ao mesmo tempo. Quase podia sentir aquela camada invisível que as separava. Algo que fora conjurado por uma criatura tão pequena, mas extremamente poderosa.

Cosima deduziu que deveria ser extremamente complicado embaralhar uma mente como a de Delphine, porém a menina fazia parecer a coisa mais simples do mundo, e por uma fração de segundos, a mulher temeu o que aquela pequena pessoa poderia fazer se contrariada ou se, por ventura, estive do outro lado daquela guerra.

Sacudiu a cabeça e afastou aquele pensamento assustador. Tolamente tratou de dissipá-lo, como se evitando de pensar em algo assim, isso pudesse acontecer.

Sentiu o frio do metal da maçaneta contra sua mão e relutou algumas vezes em abri-la. O que diria assim que visse Delphine? Qual seria a reação dela? Será que ela a perdoaria? Teria ela culpa pelo plano arquitetado por outras pessoas? Sem perceber, o peso de sua mão arriou a alavanca de metal e num click baixo, a porta se abriu.

Cosima sentiu um frio em sua espinha e o mesmo percorreu seu corpo e revirou sei estômago. Era a ansiedade diante da iminência. Como uma criança que acorda na manhã de Natal, ávida para abrir os presentes mais desejados. Mas antes mesmo que a porta se abrisse por completa ela forçou o ouvido, tentando captar de havia algum barulho lá dentro. Porém não ouviu nada. O quarto estava mergulhado num sereno silêncio. Então presumiu que a ocupante dele deveria estar dormindo. E não estava enganada. Contudo ela não estava sozinha.

Com passos cuidadosos, evitando ao máximo que o antigo piso de madeira rangesse sob o seu peso, caminhou até a larga e espaçosa cama, onde ela mesma já havia adormecido outrora.

A visão que teve foi capaz de dissipar instantaneamente qualquer sensação ruim que pudesse estar sentindo. Em se lugar uma ternura acolhedora lhe preencheu por completo. Deitadas no centro da cama estavam Delphine e Manu, sendo que a mulher repousava sobre o peito da menina que envolvia a cabeça dela e tinha cachos dourados entrelaçados em seus dedinhos.

Cosima transbordou de emoção ao imaginar que aquela criança fez questão de acalentar a sua amada, velando e cuidando de seu sono. Atentou-se mais detalhadamente em Delphine. Sincronizou sua respiração com a dela, que ao contrário do que se poderia imaginar, estava tranquila e serena, indicando que ela estava em um sono reconfortante.

A admiração de Cosima beirava a adoração tamanho era o amor que transbordava dela e tinha como foco Delphine. Mas não só ela. Correu seus olhos para Manu e percebeu que o amor que também sentia por aquela menina era tão puro e verdadeiro que a fazia ter vontade de gargalhar, tamanho era o bem estar que sentia ao pensar em tudo de bom que fariam juntas, as três.

Lágrimas de alegria escorreram de seu rosto e uma inexplicável sensação de alegria tomou conta de seu peito e uma certeza palpável de que realmente existia um futuro para elas e juntas.

Segurou um som mais alto que uma gargalhada quis deixar escapar e levou ambas as mãos a boca para conter qualquer barulho, mas aquele mínimo som emitido causou um leve movimento de Delphine, que ainda sob o sono, buscou uma melhor posição e nessa movimentação, seu pé esquerdo ficou a mostra e quando Cosima percebeu que ela não acordaria mais, soltou a respiração que havia segurando até aquele momento.

Um alivio preencheu seu coração, mas logo deu lugar a uma dúvida. Ela não teria ido até lá com esse intuito mesmo? De se mostrar para a sua amada? De acabar com aquele doloroso afastamento? Sacudiu a cabeça e esfregou sua testa, num claro sinal de exasperação.

Mas antes mesmo de tomar qualquer decisão, teve sua atenção capturada pela visão de um pouco mais do corpo amado e tão próximo a ela. Lentamente e movida por um desejo crescente e quase incontrolável de sentir a pele de Delphine mais uma vez, a fez levar sua mão até bem próxima aquela pé. A brancura da pele dela deixava a mostra alguns pequenos vasos visíveis e uma leve penugem dourada foi tentadoramente iluminada pela luz do luar.

Não mais se contendo, a morena sobrevoou aquela superfície tão desejada quase a tocando e a energia que percorreu todo o seu corpo a fez fechar os olhos e literalmente delirar com aquelas deliciosas sensações. E como dois opostos magnéticos que não podem ser repelidos, a mão de Cosima foi puxada de encontro o pé de Delphine.

O toque não durou mais do que uma batida de coração, mas foi suficiente para lançar uma descarga elétrica que arrancou um gemido rouco e baixo bem do fundo da garganta da morena.

- Cosima? – A sonolenta, mas evidentemente surpresa de Delphine arrancou aquela mulher de seu devaneio, e fez com que Cosima abrisse os olhos num susto e se deparasse com a sua amada sentada no meio da cama a olhando com um misto de encantamento e dúvida. A velocidade com que o coração da morena passou a bater a fez cambalear e abrir e fechar a boca, mas não foi capaz de dizer nada, tamanha era a emoção que estava experimentando. – É você meu amor? – Visivelmente tremula, Delphine jogou as pernas para fora da cama, indicando que iria se levantar.

Ficou de pé e a lindíssima camisola cor de pérola que usava lhe caiu até os tornozelos e o tecido extremamente fino deixou a mostra muitos detalhes do escultural corpo dela.

Delphine deu o primeiro passo em direção a Cosima, e essa deu o primeiro passo recuando.

E por mais que tentasse, a morena não conseguia falar nada diante da visão esplendida de sua amada. Assim que ela atingiu o lugar onde o feixe de luz do luar estava incidindo, aquela soberba mulher pareceu brilhar atribuindo-lhe um ar ainda mais místico. Aliado a isso havia o fato de agora Cosima saber exatamente quem era ela e a sua especial condição.

A apenas dois passos de distancia entre elas, Cosima se sentiu invadir pelo perfume inconfundível de Delphine e fechou brevemente os olhos para se permitir sentir ao máximo a enxurrada de emoções que estava experimentando. Mas quando os abriu, viu que a mulher diante dela erguia o  braço numa clara tentativa de tocá-la. A expressão da loira era de suplica para que o que estava diante dela não fosse uma ilusão ou um truque de sua mente machucada. E quando os longos dedos dela quase tocavam a face da outra. Uma voz foi ouvida.

- Delphine! – Manu estava de pé na cama, cocegando os olhos e o tom exasperado da menina, conseguiu atrair brevemente a atenção da loura. Mas, logo ela voltou seu foco para onde mais desejava.

- Cosima? – O que mais temia aconteceu. Olhou para todos os lados, mas a sua amada não estava mais lá. Incontrolavelmente lágrimas vieram a tona.

- Manu? O que você está fazendo? – Cosima questionou a menina e ao ver Delphine passar ao seu lado praticamente ignorando-a, lhe dizia que novamente a menina estava mexendo com a cabeça daquela mulher.

“Porque você veio aqui Cos?” A garota questionou Cosima em sua mente. “A Del não pode te ver ainda.”

- A Cosima estava aqui Manu! – A voz embargada de Delphine atraiu a atenção das outras duas e ela estava visivelmente fora de si, andando a eso pelo quarto.

- Do que você tá falando Del? – Manu questionou enquanto lançava um olhar reprovador para Cosima.

- Eu a vi. Ela estava aqui! – Delphine parecia completamente perdida, ao ponto de mexer nas cortinas procurando um “fantasma”.

- Del, você deve ter sonhado. – A menina pulou da cama e correu para perto da loura, mas ao passar por Cosima, levou o dedo aos lábios, literalmente mandando-a calar a boca. – Vem... Volta para cama comigo. – Manu a puxou pelo braço e ela a olhou com um semblante desesperado.

- Delphine! Eu estou aqui! – Cosima fez menção a dar um passo em direção a elas, mas sentiu como se uma força invisível a impedisse. Arregalou os olhos e encarou a menina, que retornava para a cama guiando Delphine, que caminhava sem vontade, extremamente triste.

“Cos...

- Você tá cansada Del...

“A Sra. S e a Tia Helena ainda não querem que ela saiba de você.”

- Deixa eu te contar uma estória para você dormir.

“Elas devem ter um bom motivo para isso.”

Com uma naturalidade impressionante, a menina alternava a sua comunicação sem aparente esforço algum. E aquela ultima frase lançou uma dúvida sobre a certeza de Cosima. Ela estava realmente arriscando jogar por terra todos os planos daquelas mulheres, que não mediram esforços para mantê-la segura e em segredo. Foi tomada pela culpa. Estava sendo egoísta e concluiu que ela precisava permanecer invisível para Delphine até que terminasse de ler tudo o que precisava.

“Desculpa Manu!”

A menina a olhou por sobre os ombros enquanto cobria uma letárgica e entregue Delphine.

- Tudo bem, mas não faz mais isso ok? – Falou em voz alta.

- Não fazer o que Manu? – Delphine a olhou curiosa.

- Hum? Ah... Isso! Sair assim da cama. Você me deixou preocupada. – Safou-se uma esperta menina que tratou de ficar na frente de Delphine e com uma mão atrás das costas, gesticulou para que Cosima saísse.

A morena quase sorriu da postura autoritária da menina, mas ver e sentir tão de perto a dor de Delphine arrasou com o seu coração. E assim que saiu daquele quarto, jurou para si mesma que precisava terminar com aquela farsa o mais rápido possível. E isso significava descobrir tudo o que ainda faltava.

Com esse pensamento em mente, retornou resoluta pelo mesmo caminho que fez, e dessa vez não fez questão de esconder sua presença. Mas a avançar das horas fez com que não encontrasse ninguém em seu caminho e nem mesmo a sacerdotisa, que já havia se recolhido.

Chegou no escritório onde estava se escondendo o dia todo e, mesmo sentindo os olhos pesados do cansaço da leitura e os ombros e coluna dolorida por passar o dia inteiro praticamente na mesma posição, não cedeu diante do cansaço e passou a encarar aquela leitura, mais do que nunca como uma missão.

Demorou o olhar sobre aquele maravilhoso desenho e suspirou, prometendo para si e para a mulher brilhantemente retratada ali que só sairia daquela sala quando finalmente tivesse finalizado aqueles textos.

Respirou mais profundamente e buscou o ponto exato onde havia pausado a leitura e releu aquela poderosa frase.

- Deixe-os vir!

 

******

 

Naquela sala apenas eu e ela restávamos com vida, mas assim que vi Evelyne se erguendo questionei-me se de fato havia vida naquele ser. Com o corpo ainda tremulo, me levantei apoiando-me nas paredes e tendo uma das mãos ocupadas segurando a Labrys. Caminhei, desviando dos corpos que jaziam ali. E todas aquelas vidas foram tiradas por mim.

O peso daquela constatação foi avassaladora para mim. Aquelas que eram as mais antigas, uma querida e antiga amiga e a mais poderosa Mestra que a Ordem já teve. Todas elas mortas por minhas mãos! Mas eu se quer pude chorar suas perdas naquele instante, pois o nosso inimigo estava do lado de fora de nossos portões. Babando para entrar e concluir o que haviam começado ainda em Nice.

Armand e seus lacaios as seguiram até a Irlanda e acreditavam que nada nem ninguém poderia ser capaz de detê-los, exatamente porque contavam com agora invencível líder que estava ávido em por fim em suas inimigas.

E esse sempre foi o grande erro de Armand e do Martelo. Eles sempre nos subestimavam.

Quando voltei a mim, Evelyne não estava mais lá e tratei de correr atrás dela. A encontrei caminhando resoluta, embora sem aparente pressa alguma. Chegava ao ponto de não parecer que ela caminhava em direção de uma batalha.

Apressei meus passos e a ultrapassei. Queria apressá-la. Lembrá-la de que nossos inimigos estavam às nossas portas. E quando parei diante dela, senti como se mergulhasse num lago gelado. O olhar mais assustador que eu há havia visto estava estampado no rosto dela.

Trevas! Era a única coisa que eu poderia associar àquela visão e a mim só restou dar passagem para ela e segui-la.

A medida que íamos nos aproximando do andar principal do castelo, ouvíamos gritos desesperados e uma tremulante luz alaranjada chamou minha atenção.

- Fogo! – Eu disse em pleno pavor. Os homens do Martelo pretendiam dar cabo de nossas vidas usando a estratégia mais suja da Inquisição. Desesperei-me e corri. Nem se quer arrisquei a olhar para Evelyne que estranhamente parou, pouco antes da escada que nos levaria até onde estava sendo travada uma sangrenta e desleal batalha.

- Izabelle! O que faremos? – Ingrid, uma das líderes da nossa resistência me abordou com o rosto coberto de fuligem e tossindo, devido a fumaça que turvava minha visão.

- O que está acontecendo aqui? – Questionei enquanto nos agachávamos atrás de uma mesa que ainda não havia sido tocada pelas chamas.

- Eles são muitos! – Ela repetiu aquela frase várias vezes e o que mais tinha a dizer ficou pelo caminho, pois uma série de estrondos provenientes de armas de fogo atingiram várias de nossas irmãs, nos reduzindo a umas poucas.

- Emanuelle?! – A voz fantasmagórica de Armand se fez ouvir sob todo o caos existente ali. – Eu quero Emanuelle Chermont! – Berrou a plenos pulmões. – Eu a quero aqui. Suplicando pela vida medíocre de suas “irmãs”. – Ele carregou de ironia aquela palavra. Foquei e vi por entre a cortina de fumaça que um grupo de cinco de nós estava sendo acuado por homens do Martelo, que apontavam armas e espadas contra elas. Senti um ódio tremendo me consumindo e estava prestes a sucumbir a intempestiva ira, quando um estrondoso trovão fez literalmente as fortíssimas paredes do castelo estremecerem.

E elas não foram as únicas.

Vi Armand e os seus com olhares levemente assustados e desconfiados. Quando o susto parecia ter passado, um trovão ainda mais vigoroso doeu em nossos ouvidos e anunciadas por eles, rajadas violentas de ventos fizeram o que restava dos vitrais e janelas explodirem.

Todos nós nos curvamos, procurando nos proteger dos estilhaços lançados muito longe e em questão de segundos, os ventos fortes jogavam a chuva que despencava poderosa, fazendo com que as chamas que ousavam lamber as paredes do castelo, fossem reduzidas a pequenas brasas que emanavam fumaças tímidas.

- Não! – O berro alucinado de Armand se fez ouvir quase tão estrondoso quanto o trovão de apouco. – Queimem tudo novamente! – Ele ordenou com os punhos cerrados, partindo para cima de uma de seus homens que segurava uma tocha que ainda possuía uma frágil chama. Ele a ergueu no ar e quando estava prestes a jogá-la exatamente em direção da mesa em que estávamos. Todos nós a ouvimos.

- Os cegos apenas incendeiam o mundo... – Senti o pesar daquela frase e fiz questão de olhar para a expressão confusa de Armand. - Triste você não poder ver... – Todo o meu corpo se arrepiou quando ela passou ao meu lado e causou o arregalar incrédulo de Armand, que negou o que estava vendo com um manear negativo de cabeça.

- Isso não é possível! Era para você estar morta! MORTA! – Ele cuspiu irado a sua negativa. Evelyne por sua vez levantou um das mãos e com o dedo em riste, o balançou de um lado para o outro, deixando claro que aquele homem estava enganado.

- Você vem a minha casa... Incendeia e mata minhas irmãs. – E a tocha que ele segurava teve sua chama misteriosamente apagada. E então a vi me olhando e estendendo a mão. De imediato entendi o que ela desejava. Levantei-me e nesse movimento lancei em direção a ela o Labrys sagrado e que ainda trazia em suas lâminas o sangue de nossas irmãs, de Manu e da própria Evelyne. Ela o agarrou com uma das mãos e no exato instante em que a mão dela tocou a madeira do cabo, uma onda de energia varreu todo o ambiente. - Você trouxe a chama... – Ela girou aquela impressionante arma com maestria sobre a cabeça. – Em resposta... Aqui está a Fênix!

Ela partiu em direção a Armand que recuou atordoado e assustado. Três de seus homens partiram para se colocar entre ela e ele. Eu quase tive pena daqueles pobres coitados. Sem esforço algum, e com a precisão de quem sempre o fizera com naturalidade, ela o cravou em cada um deles, ceifando suas vidas e disseminando o terror nos demais homens de Armand, que parecia ainda mais incredu-lo.

- Como? Era para você está morta... Onde está sua mãe? – Ele a questionou.

- Ah Armand... Mas eu morri sim. – Ele arrancou o Labrys do terceiro homem que caiu sem vida. – E minha mãe deu sua vida para me salvar. – Ele e os demais recuaram, em contrapartida eu e Ingrid ganhamos uma lufada de entusiasmo e nos postamos cada uma ao lado dela. – E assim como você... – Ela usou o afiado Labrys e desferiu um profundo corte em sua barriga. Para o estarrecimento desesperado de Armand, o ferimento fechou tão rápido quanto foi feito. – Estou amaldiçoada com a imortalidade! – Ele cambaleou diante daquela informação completamente incrédulo do que ouvira.

Ela então se virou para mim e me jogou de volta o Labrys. E me olhando de canto de olhos, com aquele olhar negro e tenebroso deu sua ordem.

- Faça o que sabes fazer de melhor!

Não hesitei um segundo se quer e sentindo o peso daquele machado fabuloso e tendo Ingrid com sua espada ao meu lado, demos conta de vários dos homens do Martelo, enquanto outros fugiram, tropeçando nos próprios pés.

- Covardes! – Armand berrou e quando se virou deu de cara com ela. Ei confesso que precisei conter meu riso com a reação dele quando se viu refletido nos negros olhos dela.

- Você me tirou tudo! – Ela o tocou no peito e ele estremeceu com o toque. Ela novamente estendeu o braço e eu fiz questão de caminhar até ela e depositei aquela arma, a mesma que fora usada por grandes Mestras e em grandes batalhas do passado e que fora construída pela própria Hipolita.  

Evelyne afastou o suficiente para pegar o impulso e desferir um golpe certeiro bem no meio da barriga de Armand. A força foi tão descomunal que uma das lâminas foi mergulhada quase que completamente.

Ambas sabíamos que ele não poderia ser morto, contudo... Assim que que ela retirou o machado, surpreendentemente a ferida não cicatrizou. Cambaleante, Armand foi amparado pelos remanescentes dos seus homens.

Mas, antes que eu pudesse vibrar com aquele fato, apavorada, eu vi Eevelyne despencar e cair desacordada no chão.

- Eve! – Berrei completamente tomada pelo desespero.

             

 

Fim do capítulo

Notas finais: Moças, utilizei frases de uma música no diálogo da Eve com o Armand. Trata-se da mais nova da nossa Ídola Sara Bareilles. Então deixarei aqui o link para que quem ainda não ouvia esse hino, que o faça agora. E é IMPRESSIONANTE como ela tem tudo a ver com AEL. 
Armor: https://www.youtube.com/watch?time_continue=109&v=vB3A5vXQvXI


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Comentários para 70 - Capítulo 70 O Livro das Sombras (Parte Final):
patty-321
patty-321

Em: 07/11/2018

Caramba! Impressionante. Dar pra sentiraemoção da cos, agoraqceia compreendeu tudo. Manu e demais. Adoro tudo isso. Quero mais

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Nina
Nina

Em: 06/11/2018

Oieee, Sabes que tal qual Cos,fiquei varios momentos sem conseguir respirar, quanto mas lemos mas mergulhamos e queremos, e me frustei bastante quando não ocorreu o que tanto esperamos, mas sei que é pra acumular mais emoção.Nem preciso dizer que aguardo ansiosa por domingo. Até lá. Bjos. 

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AMANDA
AMANDA

Em: 06/11/2018

Por um segundo achei que finalmente ela se reencontrariam.

Frustrante e emocionante!

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AMANDA
AMANDA

Em: 06/11/2018

Por um segundo achei que finalmente ela se reencontrariam.

Frustante e emocionante!

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Karla Medeiros
Karla Medeiros

Em: 05/11/2018

Cada capítulo e impactante,nos deixa com gosto de quero bis..rsrs,cosima cada vez mais próxima de toda verdade... Amei.

Ate domingo querida autora...??’?

 

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