Capítulo 10 - Trauma
O Hospital Matriz é o melhor hospital misto da região onde Carolina mora, recebia tanto pacientes particulares, como pacientes atendidos pelo SUS, e Carolina sempre cuidou de todos de maneira igual, sem nenhuma diferença. Também é um hospital universitário, que recebia residentes de todo o estado, inclusive de fora, Carolina estava orientando sua segunda turma de residentes, e os novatos foram pegos de surpresa com a notícia de que sua mentora agora era sua paciente.
Izabel os reuniu na sala dos médicos, e fez uma divisão para que os futuros cirurgiões não ficassem sem tutores até a recuperação de Carolina.
-- Bom dia, pessoal.
-- Bom dia – responderam em coro –
-- Eu chamei vocês aqui porque eu não tenho boas notícias. – Balançou a cabeça consternada – Doutora Carolina sofreu um acidente e está hospitalizada aqui mesmo no Hospital Matriz, na UTI.
Um burburinho surgiu na sala, os internos começaram a conversar entre si, alguns já sabiam e outros só estavam retornando ao hospital naquela segunda-feira. Uma das residentes sentiu um aperto enorme no peito ao ouvir aquela notícia, suas pernas falharam, mas ela se manteve de pé tentando assimilar o que estava acontecendo.
-- Silencio, por favor! – fez um gesto com as mãos – Como eu estava dizendo, momentaneamente estamos sem a chefe do programa de residência, por esse motivo e para não sobrecarregar um médico ou outro, eu fiz uma escala com os outros médicos do hospital e vou realocar alguns de vocês até a Doutora Carolina se recuperar.
Izabel definiu assim a lista de residentes e médicos que iriam trabalhar juntos, alterando o cronograma de alguns deles. Escolheu três residentes para trabalharem diretamente consigo, inclusive cuidando de Carolina.
-- E por fim, vão ficar sob minha responsabilidade Aline, Lucas e Ângela. Alguma pergunta?
-- Depois nós poderemos voltar a trabalhar com a doutora Andrade?
-- Sim, assim que ela se recuperar.
-- Ela vai se recuperar? – perguntou Ângela –
-- Esperamos que sim, Ângela, mas não podemos dar um prognostico, o caso dela é grave e ainda estamos nas primeiras quarenta e oito horas que são as mais críticas, tudo pode acontecer. – disse com pesar –
Todos voltaram a falar, alguns não ficaram muito satisfeitos com a realocação, mas não tiveram muita escolha. Aquele procedimento fora necessário devido às circunstâncias. Izabel saiu com os seus internos e os levou até a UTI de Carolina, e foi bem incisiva.
-- A doutora Carolina está aqui, vocês três serão responsáveis por cuidar dela, da medicação, das enfermeiras, do monitoramento, eu quero total atenção aqui quando não estiverem em atendimento, entenderam?
-- Sim, senhora. – responderam em coro –
-- Ótimo! Ângela verifica como ela está, eu vou fazer a ronda com os outros dois, quando terminar aí, junte-se a nós.
-- Pode deixar. – Disse trêmula --
Ângela estava no programa de residência do Hospital Matriz através de uma indicação de uma professora, fez a prova, passou pela avaliação rigorosa de Carolina e foi aceita.
O tempo que passou com Carolina, mesmo que pouco, já deu para perceber que a moça conhecia muito bem o que fazia, Carolina tinha o dom para praticar a medicina, conseguia fazer uma sutura limpa e delicada, quase indolor.
A aluna estava dedicada a aprender o que pudesse com sua tutora e acabou se lamentando por ter perdido essa oportunidade naquele momento.
Mulher bonita, vinte e seis anos, cabelos negros e cacheados, a pele morena, bronzeada das horas de sol que gosta de tomar sempre que pode, entre um intervalo e outro do plantão. Ângela é alta, tem o corpo esculpido pelas horas de surf que costuma praticar nas praias do Rio.
Ângela entrou na UTI e começou a monitorar os sinais vitais da médica, conferiu os remédios prescritos, revisou as dosagens, pediu a uma enfermeira para trocar o frasco de soro, e ao terminar parou ao lado da cama de Carolina e ficou observando a médica.
As duas estavam trabalhando juntas a pouco tempo, mas Ângela já tinha certeza que estava em ótimas mãos, Carolina era uma médica dedicada, muito competente, sempre foi ótima residente e uma cirurgiã melhor ainda. Ângela aprendeu a admirar a mulher que estava a ensinando a arte da cirurgia cardíaca.
Observou os traços da mais velha, a linha dos olhos, o nariz pequeno, fino, a boca de lábios delineados, a pele branca como a neve, os cabelos estavam escondidos em uma faixa, o rosto que ela tinha se acostumado a ver enquanto trabalhavam juntas estava diferente, inchado, pálido, machucado. Sentiu pena de Carolina e seu peito apertou em um nó que se desfez em sua garganta.
Carolina parecia dormir, e Ângela por um momento ia fazer um carinho em seu rosto, mas recolheu a mão, preferiu não ir adiante, deixaria de ser profissional, saiu do leito encabulada consigo mesma, e lutando contra o magnetismo que a fez esticar o braço para tentar alcançar o rosto de Carolina.
Deixou o CTI e foi acompanhar Izabel na ronda e depois nos atendimentos que estavam fazendo parte da sua rotina no hospital. Mas o pensamento não saía daquela UTI, temia pela vida de sua tutora, sentia que tudo estava estranho e diferente dentro de si.
Enquanto a vida fluía ao redor de Carolina, ela ainda estava presa em seus sonhos, em seus próprios devaneios, presa em um mundo só seu, que ninguém poderia alcançar, podia ouvir alguns sons do CTI, algumas vozes, mas não conseguia acordar, tudo parecia um sono pesado que não a permitia sair daquele mundo. Tudo era escuridão, Carolina queria andar, mas não sabia para onde ir, não sabia onde estava, abaixou em um canto e abraçou as pernas. Sentia medo, queria apenas paz.
Mais lembranças vinham em sua mente aprisionada, e Carolina fazia uma viagem no tempo de sua vida, no seu tempo, no seu mundo.
Novembro de 1997
Carolina estava mais uma vez na biblioteca estudando, estava esperando por Samantha, as visitas da colega tornaram-se frequentes, todos os dias a garota aparecia depois do sinal bater chamando o turno da tarde para entrar nas salas.
Já estava acostumada com a presença da outra em suas tardes na biblioteca, Roberta já não ficava com ela como antes, estava fazendo um curso pré-vestibular que seus pais a colocaram e tinha aulas na parte da tarde.
Samantha saia da escola acompanhada por Lucia e despistava a garota na lanchonete, quando comprava o lanche e voltava para a escola para ficar com Carolina. Nesse dia Lucia resolveu tirar a dúvida que estava lhe consumindo, esperou Samantha pegar o caminho de casa e a seguiu.
Lucia foi espreitando a amiga que caminhava como se fosse para casa, mas na rua da escola ela entrou novamente, o que deixou Lucia surpresa.
-- Ué, Samantha vai voltar para a escola? Será que ela está sacaneando alguém sem mim?
Continuou seguindo a outra que entrou na escola novamente antes dos portões fecharem, Lucia se misturou com o turno da tarde e chegou até a biblioteca, assistindo Samantha entrar sorrateiramente, como se não quisesse ser vista.
Achou estranho aquele comportamento da amiga, mas não desistiu de descobrir o que estava fazendo Samantha perder a essência maléfica de sempre.
Caminhou até a porta e olhou pelo cantinho, tentando não ser vista, e encontrou o que nunca esperava ver, Samantha e Carolina sentadas conversando como duas velhas e boas amigas, o lanche estava sobre a mesa e as duas comendo como velhas conhecidas. Sentiu o rosto queimar de ciúmes.
Ficou assistindo aquela cena incrédula, como se todas as suas referências estivessem caindo pelo chão. Samantha e Carolina? Juntas? Coçou os olhos e voltou a encarar aquela cena. Para ela era no mínimo bizarro. Pensou em entrar e colocar a filha da merendeira no seu lugar, mas resolveu esperar, guardou o segredo de Samantha para uma ocasião melhor, a vingança é um prato que se come frio.
Deixou o colégio com a sensação de vitória, tinha descoberto o segredo de Samantha. Ela estava de papo com a filha da cozinheira, toda implicância era encenação? Desde quando Samantha estava se envolvendo com Carolina? Muitas perguntas passavam pela cabeça da menina esnobe.
Alheias à descoberta de Lucia, Samantha e Carolina conversavam como havia se tornado uma rotina, Carolina tentava ensinar matemática para a colega que não conseguia entender muito bem tantos números e para que serviam.
-- Ai Carol, isso é demais para minha cabeça. Eu não consigo aprender essas funções. – Empurrou o caderno pela mesa --
-- Samantha, é fácil, você que não presta atenção em nada do que eu falo. – Riu –
-- Claro, prefiro prestar atenção em você! – jogou todo o seu charme –
Carolina ficava sem graça quando Samantha fazia esses elogios, mas já estava quase cedendo às investidas da nova amiga que tanto estava fazendo para conquistar sua confiança.
-- Você me deixa sem graça desse jeito. – Seu rosto ruborizou --
-- Não fique sem graça, você é linda, não tem como não ficar hipnotizada com sua beleza. – Jogava charme –
-- Samantha, nós já conversamos sobre isso. Não tem como dar certo. – Balançava a cabeça negativamente –
-- Se fizermos um esforço nós conseguimos fazer isso dar certo. – Segurou sua mão sobre a mesa – Você pode me tornar uma pessoa melhor.
Carolina sentiu o toque da mão de Samantha sobre a sua e se arrepiou dos pés à cabeça, não queria, mas puxou a mão para sair daquele contato.
-- Samantha, só você pode querer ser uma pessoa melhor, eu não tenho poder sobre isso.
-- Você tem poder sobre mim. Eu me sinto livre com você, parece que eu viro outra pessoa. Eu não sei explicar – encostou-se na cadeira – é como se outra personalidade tomasse conta do meu corpo.
-- Eu percebo que você muda quando está comigo. – Pensou no que ia dizer – Mas ainda não sei aonde isso vai chegar. Honestamente, eu quero acreditar em você, mas ainda tenho receios com tudo isso.
-- Poxa Carol, eu já te provei que não tenho más intenções com relação a você, senão eu já teria feito um flagrante com Lúcia para te desmoralizar, isso seria muito fácil. – Deu de ombros –
Carolina ficou assustada com a franqueza de Samantha.
-- Você sabe que eu não teria o menor problema em armar uma confusão naquele dia na sala quando eu te beijei. —Mexeu no cabelo -- Faria um escândalo com você para fazer você sair do colégio. Mas eu não quero fazer isso.
-- E por que não?
-- Porque senão me entregaria também. – Olhou para Carolina – Ninguém sabe que eu gosto de meninas, seria uma vergonha para minha mãe, acho que ela me deserda. – Revirou os olhos –
-- Só por isso então. – disse desapontada –
-- Não Carol, porque eu não quero expor que eu estou caidinha por você. Porque eu sou fraca e sei que vou entregar de cara.
Carolina ficou analisando a expressão de Samantha, começava a acreditar no que a moça dizia, começava a aceitar as investidas da colega.
-- E se eu acreditar em você, o que você vai fazer? – disse provocante –
-- Eu vou te conquistar de vez. – Abriu um lindo sorriso –
-- Eu vou te dar uma chance. – Mostrou o indicador -- Tem algum lugar que possamos conversar sozinhas?
Samantha logo ficou animada, sentiu um calor subir pela sua espinha, e respondeu de bate e pronto.
-- Minha casa!
Carolina assentiu com a cabeça, e recolheu suas coisas, foi até a cozinha e explicou para sua mãe que iria na casa de Samantha, o que deixou Carmem muito preocupada.
-- Minha filha, mas o que você vai fazer na casa de Samantha? – mexia uma panela no fogo –
-- Vou ajudar com um trabalho. Ela tem um computador em casa, e fica mais fácil para fazer a pesquisa.
-- Eu não entendi muito bem essa aproximação dela nesses últimos meses, e agora vai te levar em casa. – Apagou o fogo – Minha filha tome cuidado.
-- Não se preocupe mamãe, eu acho que ela mudou muito. Eu vou dar um voto de confiança.
-- Tudo bem, eu confio em você, só não confio nela.
Carolina riu do receio de dona Carmem, ela sabia que era realmente improvável para qualquer pessoa que conhecia o histórico das duas acreditar que elas poderiam iniciar uma amizade, ver isso acontecendo então era quase surreal. Mas Carmem confiava em Carolina, ela sabia que a filha era muito madura para sua idade e preferia deixa-la conduzir sua vida da maneira que ela preferisse, apesar de saber que sempre estaria ali para lhe apoiar sempre que precisasse.
– Acariciou o rosto da filha e beijou sua testa – Pode ir, mas não vá para casa tarde.
-- Pode deixar. – Beijou a mãe –
Dona Carmem olhou para Samantha com um olhar ameaçador, como se a garota pudesse ler seus pensamentos, tremeu ao encarar a mãe da colega, deu um sorriso amarelo e tentou sair daquele contato o mais rápido que pôde.
-- Vamos. Mas eu não posso voltar tarde.
-- Tudo bem, vamos aproveitar nosso tempo.
Samantha e Carolina foram conversando até a casa grande que a garota morava, em uma área nobre da cidade, uma rua com casas bonitas, carros na garagem, muros altos, típico lugar de gente rica, era o que passava na cabeça de Carolina, que estava a costumada a morar em um lugar onde as casas não são acabadas, muitas casas em um mesmo quintal, feitas de tijolo e sem embolso.
-- Chegamos. – Abriu o portão –
Samantha morava em uma casa com três andares, o terceiro é um terraço com várias mesas de jogos, uma piscina grande ficava na parte de trás do terreno, onde havia a área da churrasqueira com umas cadeiras espalhadas pela grama, na garagem tinham dois carros estacionados. Carolina estava impressionada.
Samantha entrou e gritou o nome da empregada, avisando que estava em casa. Maria veio ver a menina e foi apresentada a Carolina.
-- Maria! Cheguei! – subia as escadas –
-- Menina! Onde você estava até agora? – veio reclamando enquanto enxugava as mãos em uma toalha – Eu estava preocupada.
-- Eu estava na escola com Carol. – Apontou para a menina tímida –
-- Ah, que bom que você trouxe uma amiga, você nunca traz ninguém em casa! Eu vou preparar um lanche para vocês.
-- Obrigada Maria, mas nós já lanchamos na escola. Vem Carol.
-- Obrigada. – Carol respondeu sem graça –
As duas subiram uma escada larga que dava para o segundo andar, onde ficavam os quartos. Samantha abriu uma porta grande e entrou, para o espanto de Carolina, seu quarto era maior que sua casa inteira.
-- Esse é o meu quarto! – Jogou a mochila no chão –
-- Samantha! Mas o seu quarto é maior que a minha casa! – colocou a mão na boca –
-- Vem ver o meu banheiro. – Segurou a mão da garota –
Samantha abriu a porta e Carolina ficou espantada com o tamanho da casa de Samantha, pensou o quanto gostaria de morar em uma casa parecida com aquela.
-- Que legal! Você tem uma banheira no seu banheiro!
-- Eu adoro encher com água morna e ficar horas ali bebendo whisky com água de coco.
-- Seus pais sabem que você bebe desse jeito? – olhou espantada –
-- Meus pais não se interessam com o que acontece comigo. – Olhou para o chão – Quando eu fui para o hospital, quem foi me buscar foi Maria.
Samantha confiava em Carolina, e acabava contando algumas situações que só guardava para si. Carolina aos poucos ia descobrindo uma Samantha diferente da que se mostrava no meio das outras meninas da escola.
Elas se encararam e a tensão que se formava fazia com que tudo ficasse mais intenso. Samantha queria se aproximar, mas estava com receio de ser rejeitada. Carolina pensava se não estava fazendo algo muito errado, mas queria tanto segurar Samantha em seus braços novamente e sentir seus lábios sobre os seus.
A distância encurtava involuntariamente, enquanto todos os medos e receios das duas ficavam para trás. As bocas enfim se encontraram em um beijo tímido no começo, mas que ficou intenso à medida que as mãos encontravam os corpos sedentos de desejo. O calor que emanava dos corpos das duas garotas era quase palpável, o dançar das línguas se explorando era um bailado tímido de início, mas depois foi tomando forma de uma linda dança sensual a medida que as duas perdiam o medo de se conhecer.
As mãos de Samantha seguravam a cintura de Carolina, apertando com cuidado, apenas para afirmar que estava entregue àquele beijo, àquele momento, Carolina timidamente elevou o s braços enlaçando o pescoço da colega, e uma das mãos se embrenhou dentro de seus cabelos. O arrepio foi inevitável, as duas descobriam algo jamais imaginado, elas se conectavam como peças perfeitas, o encaixe era perfeito.
Batidas na porta interromperam as duas, Maria trazia o lanche que prometeu, e deixou as meninas desconcertadas. Afastaram-se e lembraram que precisavam respirar, as duas estavam ofegantes e acabaram rindo enquanto se olhavam embriagadas de desejo depois daquele beijo avassalador. Até que Maria chamou novamente fazendo finalmente com que as duas conseguissem se mover.
-- Samantha, abre aqui minha filha.
Samantha olhou sem graça para Carolina que começou a rir de nervoso, as duas acabaram rindo muito da situação, e foram abrir a porta.
-- Oi Maria.
-- Menina, eu não conseguia segurar a maçaneta. – Entrou com uma bandeja nas mãos—
-- Obrigada Maria, você é meu anjo. – Beijou o rosto da mais velha – Mas eu te avisei que já tínhamos lanchado. – Riu --
-- Que nada. Agora comam, você não se alimenta direito. Qualquer coisa que precisar é só me chamar lá na cozinha.
A senhora deixou o quarto e Samantha fechou a porta com chave, Carolina tentou analisar aquela atitude, mas não conseguiu assimilar muito bem quais eram as intenções da colega, mas não quis se preocupar com isso, resolveu deixar as coisas acontecerem naturalmente.
-- Por que você fechou a porta? – perguntou provocativa –
-- Para não sermos interrompidas. – Sorriu --
Samantha colocou a bandeja com o lanche sobre a mesa de estudos e caminhou até Carolina. Seu olhar era pura luxúria, seu desejo era evidente e sem vergonha, Carolina apenas observava o olhar da outra sobre si e sentiu um latejar entre suas pernas apenas com aquela atmosfera, sem saber muito bem o que aquilo significava ela ficou meio atordoada, mas manteve-se firme esperando e ansiando por Samantha.
-- Eu sempre esperei por esse momento. – Acariciou o rosto da menina –
-- Que momento? – sussurrou –
-- Esse.
Samantha beijou Carolina com fome, fome de seus lábios, de sua carne, de sentir suas unhas cravarem sua pele, o desejo que sentia em ter a menina em seus braços era tão forte que não conseguia mais guardar para si.
Carolina a abraçou e aceitou o beijo, sentindo o calor do corpo de Samantha, a menina rica que ali parecia tão vulnerável, tão entregue. Estava em seus braços contando seus segredos, mostrando sua mais pura intimidade. Tudo era novo, para as duas, Carolina estava descobrindo um mundo novo de possibilidades, o amor não era inalcançável como ela sempre acreditou, e isso poderia ser vivido com uma outra garota, Samantha estava descobrindo que a vida não era apenas jogos de interesse, não era apenas sex*, e sex* poderia sim ser com sentimentos, ela que sempre achou que nunca seria capaz de amar, estava deixando essa barreira cair. Samantha afastou o rosto e olhou Carolina em admiração.
-- Você é tão linda! – colocou uma das mãos dentro do cabelo da menina – Eu quero fazer amor com você.
Carolina ficou em silencio e seu corpo retesou, não sabia o que fazer, apenas a encarou. Suas lembranças de infância retornavam como uma enxurrada em sua mente, trazendo sentimentos confusos sobre o que estava prestes a acontecer. Carolina sentiu um medo imenso correr pelas suas veias, e em um ataque de pânico se desvencilhou de Samantha e ficou de costas para a menina.
Samantha não entendeu a reação de Carolina, ficou com medo de perder o pouco do que conseguiu conquistar ao dizer aquelas palavras para a garota.
Carolina sentia tanto medo, que começou a tremer, suava frio, não conseguia respirar, não imaginava que uma situação tão normal e corriqueira para tantas pessoas iria lhe trazer tanto pavor. Mesmo não sendo com um rapaz, mas o ato sexual era algo que lhe trouxe memórias terríveis e ela não sabia como enfrentar isso.
Sem saber o que estava acontecendo com Carolina, Samantha tentava organizar suas ideias em sua mente, enquanto a via cada vez mais distante, se afastando literalmente dentro do quarto.
-- Carol, desculpe. Eu fui muito rápida? Eu não queria te assustar. – Apoiou a mão no seu ombro –
Carolina estava tão assustada, até mesmo com sua própria reação que se afastou, não permitiu a aproximação da outra.
-- Carol, o que foi? – deu um passo para trás –
Carolina não conseguia falar, apenas chorou, memórias das noites em que foi abusada vieram como cenas em um filme de terror. Samantha não entendia o que estava acontecendo, e ficou preocupada.
Como quando era criança, Carolina apenas desabou no quarto e sentou em um canto abraçando os joelhos e abaixando a cabeça para chorar, tentava se controlar, mas o pavor e a dor eram mais fortes que sua racionalidade e ela estava perdendo aquela batalha, sentia-se frágil na frente de Samantha, sentia-se derrotada ali naquele estado tão exposta, tão desesperada. Samantha assistiu sem falar nada.
Depois de um tempo, a garota se aproximou novamente com mais cuidado, sentou-se à frente de Carolina e tocou seu braço, a garota que parecia mais calma a olhou com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas.
-- Carol, o que houve? Eu sinto muito, eu fui muito rápido. Não queria fazer nenhum mal a você.
-- Eu sei. – Limpou o rosto com as mãos – Posso usar o seu banheiro?
-- Claro!
Levantou e ajudou Carolina a levantar, a acompanhou até a porta do banheiro e ela entrou fechando a porta atrás de si.
Samantha ficou do lado de fora esperando a menina sair, apreensiva, sabia que algo de muito errado havia acontecido. Andava de um lado para o outro dentro do quarto quase abrindo um buraco debaixo dos próprios pés.
Carolina foi até a pia e lavou o rosto inúmeras vezes, tentando apagar a vergonha que sentia, por ter desabado na frente de Samantha, não queria falar sobre isso com ninguém, muito menos com ela, não imaginava que sua reação quando chegasse esse momento seria tão ruim. Nunca tinha pensado nisso antes, e agora que aconteceu, precisava organizar seus sentimentos, nada havia acontecido, foi a simples menção ao ato que desencadeou tantos sentimentos devastadores, ela estava se sentindo uma bagunça.
Depois de se recuperar, resolveu que era hora de ir para casa. Abriu a porta do banheiro e encontrou Samantha sentada na cama com o olhar fixo para o local de onde ela acabou de sair, ela levantou na mesma hora.
-- Eu preciso ir embora. – Abaixou a cabeça e andou até a mochila –
-- Carol, espera um pouco, não vai agora, vamos conversar. – Segurou o braço da menina –
-- Não Samantha. Não quero conversar. – Puxou o braço para se soltar – Eu sabia que isso não ia dar certo. – Balançou a cabeça negativamente – Eu não nasci para relacionamentos.
-- Não diga isso, você está sendo muito radical, o que houve? Eu sei que isso para você é novo, mas não precisa de tanta frescura. – Colocou as mãos na cintura –
Samantha por um momento perdeu a paciência e voltou a agir com altivez, como foi contrariada, não queria aceitar a rejeição, considerando isso uma ofensa pessoal da parte de Carolina, ela nunca recebia um não.
-- Você não me conhece, e não sabe nada sobre mim para dizer se isso é frescura ou não. – Colocou a mochila nas costas –
Carolina se sentiu ofendida, Samantha não sabia a dor que ela sentia, lógico que não, ela não contara, e nem pretendia contar. Logo para Samantha, ela sabia que isso seria um trunfo nas mãos da outra, ainda não confiava plenamente na menina rica. Tantos sentimentos contraditórios jorravam dentro do seu peito, ela só queria sair dali e respirar.
-- Desculpe, é que eu estou confusa, eu não fiz nada demais. – Coçou a cabeça – Você começou a chorar, eu estou preocupada. Você não me diz nada.
Respirou fundo – O problema não é com você, é comigo. Então não se preocupe. Agora eu preciso ir. Melhor esquecer isso tudo.
Carolina passou por Samantha e abriu a porta, saiu feito uma bala, e deixou a garota dentro do quarto com inúmeras interrogações na cabeça. Samantha apenas caminhou até a janela e ficou assistindo Carolina cruzar o jardim e alcançar o portão, percebeu uma hesitação na morena, mas ela acabou saindo e ganhando a rua.
Milhares de sensações passavam pela cabeça de Carolina, enquanto caminhava pela rua distraidamente, parecia que só voltara a respirar depois que saiu do portão da casa de Samantha. Nunca pensou que seria tão difícil encarar seus traumas quando chegasse o momento. Para coroar seu desespero, ainda tinha que ser com Samantha. Ela ainda não confiava na menina, então pareceu muito mais complicado relaxar.
Colocou seu fone de ouvido e ligou o walkman para tentar relaxar, caminhava sem prestar muita atenção ao que fazia, estava no automático e ouviu uma música que parecia lhe questionar sobre seus receios e medos, sobre quem ela era e onde queria chegar.
Beautiful (Marilion) Belo https://www.youtube.com/watch?v=vFWRDfxA02k
Everybody knows that we live in a world Todo mundo sabe que vivemos num mundo
Where they give bad names to beautiful things Em que se dão nomes feios para coisas belas
Everybody knows that we live in a world Todo mundo sabe que vivemos num mundo
Where we don't give beautiful things a second glance Em que não damos um segundo olhar às coisas belas
Heaven only knows we live in a world Somente os Céus sabem que vivemos num mundo
Where what we call beautiful is just something on sale Onde o que chamamos de bonito é apenas algo posto à venda
People laughing behind their hands As pessoas rindo por trás de suas mãos
While the fragile and the sensitive are given no chance Enquanto aos frágeis e sensíveis não é dada nenhuma chance
And the leaves turn from red to brown E as folhas, de vermelhas tornam-se marrons
To be trodden down Para serem pisadas
To be trodden down Para serem pisadas
And the leaves turn from red to brown E as folhas, de vermelhas tornam-se marrons
Fall to the ground Caem ao chão
Fall to the ground Caem ao chão
We don't have to live in a world Nós não temos que viver num mundo
Where we give bad names to beautiful things Onde damos nomes feios às coisas belas
We should live in a beautiful world Nós deveríamos viver num mundo bonito
We should give beautiful a second chance Onde damos às coisas belas uma segunda chance
And the leaves fall, from red to brown E as folhas caem, de vermelho viram marrom
To be trodden down Para serem pisadas
To be trodden down Para serem pisadas
And the leaves turn green to red to brown E as folhas, de verdes, tornam-se vermelhas, e marrons
Fall to the ground Caem ao chão
And get kicked around E ficam perdidas por aí
You strong enough to be Você é forte o bastante para viver?
Have you the faith to be Você tem fé para viver?
You sane enough to be Você é sensato o bastante para viver?
Honest enough to say Honesto o bastante pra dizer?
Don't have to be the same Não precisa ser igual
Don't have to be this way Não precisa ser assim
C'mon and sign your name Venha e assine seu nome
You wild enough to remain beautiful Você é louco o bastante para permanecer belo
Beautiful Belo
Beautiful Belo
And the leaves turn from red to brown E as folhas, de vermelhas tornam-se marrons
To be trodden down Para serem pisadas
Trodden down Serem pisadas
And we all fall, green to red to brown E nós todos temos quedas, do verde ao vermelho, e para o marrom
Fall to the ground Caem ao chão
We can turn it around Mas nós podemos mudar isso
You strong enough to be Você é forte o bastante para viver?
Why don't you stand up and say Porquê você não se levanta e diz?
Give yourself a break Se dê um tempo
They'll laugh at you anyway De qualquer maneira eles irão rir de você
So why don't you stand up and be beautiful Então por que você não se levanta e seja belo?
Beautiful Belo
Black, white, red, gold, and brown Negro, branco, ruivo, loiro, e moreno
We're stuck in this world Estamos presos a este mundo
Nowhere to go Sem ter pra onde ir
Turnin' around Mudando de atitude
What are you so afraid of? Você tem medo de quê?
Show us what you're made of Nos mostre do que você é feito
Be yourself and be beautiful Seja você mesmo e seja belo
Beautiful Belo
Chegou em casa com a certeza de que não foi feita para relacionamentos, que mesmo que quisesse, não conseguiria namorar alguém, estava fugindo de seus fantasmas, queria apenas seguir com o plano de se formar médica e viver sozinha.
E era nisso que iria focar.
Fim do capítulo
Oi meninas.
Dia certo, rsrs.
E agora? Carolina sentiu finalmente o peso do trauma deixado pelos abusos que sofreu, ela pensou que tinha sido forte suficiente para deixar todo aquele horror para trás, mas quando foi confrontada a viver novas experiências se perdeu dentro de si mesma, será que Samantha vai se dar por vencida?
E Lúcia, o que ela vai fazer com essa informação?
Meninas, eu quero agradecer o carinho de vocês, ao ler o conto, e ainda deixar um comentário para contribuir com a escrita.
Um grande beijo para JeeOli, minha amiga Lai, Lis, Patty_321, Mille e Olivia.
Um beijo maior ainda para minha Lu, eu te amo!
Até o próximo capítulo meninas. Comentem, de repente coloco um capítulo extra.
Beijos
Cris Lane
Comentar este capítulo:
Zaha
Em: 02/11/2018
Oiee amiga!!
Lúcia vai aprontar uma das boas, será que Sam vai negar e de novo magoar Carol? Provavelmente pq ninguém pode saber sobre sua sexualidade....
Era de se imaginar que a primeira vez de Carol seria difícil, as lembranças voltariam como se fosse a própria realidade, um trauma que ela não trabalhou, apenas negou, deixou bem guardado. Sam n vai desistir...
Sam perdeu a paciência, mas MT gente perderia, ainda n sendo como Sam. Se um n sabe o q se passa e a pessoa reage assim, muitos podem definir como frescura pq n conseguem encontrar uma explicação, pensa q fez algo mal e ataca...
Esse capítulo foi levinho...essa Ângela parece que gosta dela, mas n percebeu ainda..rs. Cheia de pretendentes essa Carol!! Kkkk.
Carol n segue seu próprio conselho: Ficar sozinha...sempre tem uma q a convence, mas n dará certo mesmo pq ela não solta certas coisas...tipo Sam. Me pergunto o que a prende a ela.
Ei, n sou má c Roberta, apenas n tenho feeling c ela e digo essas coisas. Sabe q sempre busco compreender, mas ela é chatonilda!! Hahahaha. Necessita um pouco de positivismo na vida,mesmo que o ambiente q cresceu n tenha ajudado e nem agora. Hay que buscar!!!
Beijaooooio, Puminha!!!
Resposta do autor:
Oi amiga.
Tudo bem?
Lucia agora tem uma carta na manga, pessoas como ela sabem muito bem aproveitar a fraqueza alheia.
Esse trauma realmente será difícil de digerir, Carol pensava que estava livre dele, mas percebeu que tudo será muito complicado para ela, será que Samantha não vai mesmo desistir?
Carol tem algumas pretendentes, mas será que ela vai se abir? A relação com Samantha ainda terá muitos altos e baixos, talvez o que a prende a SAmantha é o desconhecido, as diferenças entre as duas, de alguma forma, Carol tem curiosidade na outra, talvez isso seja o ponto alto dessa relação tão conturbada.
Roberta é chatonilda? kkkk sempre tem uma amiga chata, rsrs.
Puminha, kkkkkkkk. Ok.
Espero a próxima resenha.
Beijos.
Cris
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olivia
Em: 03/11/2018
Ola Cris,você vai encotrar o texto , com trecho da Clarice lispector, no livro. OS,SENTIDOS DA PAIXÃO, a INVEJA, destrinchado pelo escritor. Renato Mezan! Eu achei maguinifico ,!BJS
Resposta do autor:
Oi Olivia,
Muito obrigada, vou procurar sim.
Espero que esteja gostando da leitura.
Beijos
Cris Lane
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Zaha
Em: 02/11/2018
Oiee amiga!!
Lúcia vai aprontar uma das boas, será que Sam vai negar e de novo magoar Carol? Provavelmente pq ninguém pode saber sobre sua sexualidade....
Era de se imaginar que a primeira vez de Carol seria difícil, as lembranças voltariam como se fosse a própria realidade, um trauma que ela não trabalhou, apenas negou, deixou bem guardado. Sam n vai desistir...
Sam perdeu a paciência, mas MT gente perderia, ainda n sendo como Sam. Se um n sabe o q se passa e a pessoa reage assim, muitos podem definir como frescura pq n conseguem encontrar uma explicação, pensa q fez algo mal e ataca...
Esse capítulo foi levinho...essa Ângela parece que gosta dela, mas n percebeu ainda..rs. Cheia de pretendentes essa Carol!! Kkkk.
Carol n segue seu próprio conselho: Ficar sozinha...sempre tem uma q a convence, mas n dará certo mesmo pq ela não solta certas coisas...tipo Sam. Me pergunto o que a prende a ela.
Ei, n sou má c Roberta, apenas n tenho feeling c ela e digo essas coisas. Sabe q sempre busco compreender, mas ela é chatonilda!! Hahahaha. Necessita um pouco de positivismo na vida,mesmo que o ambiente q cresceu n tenha ajudado e nem agora. Hay que buscar!!!
Beijaooooio, Puminha!!!
Resposta do autor:
Oi amiga.
Tudo bem?
Lucia agora tem uma carta na manga, pessoas como ela sabem muito bem aproveitar a fraqueza alheia.
Esse trauma realmente será difícil de digerir, Carol pensava que estava livre dele, mas percebeu que tudo será muito complicado para ela, será que Samantha não vai mesmo desistir?
Carol tem algumas pretendentes, mas será que ela vai se abir? A relação com Samantha ainda terá muitos altos e baixos, talvez o que a prende a SAmantha é o desconhecido, as diferenças entre as duas, de alguma forma, Carol tem curiosidade na outra, talvez isso seja o ponto alto dessa relação tão conturbada.
Roberta é chatonilda? kkkk sempre tem uma amiga chata, rsrs.
Puminha, kkkkkkkk. Ok.
Espero a próxima resenha.
Beijos.
Cris
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patty-321
Em: 02/11/2018
Que dó da jovem Carol . Marcas do passado tenebroso. Samantha ficou no ar. Que situação . Bjs
Resposta do autor:
Oi Patty
Pois é, situação complicada para as duas, Carol não consegue se libertar dessas lembranças do passado e Samantha ficou sem entender nada, será que as coisas irão se ajeitar pras duas?
Capítulo hoje, te espero nos comentários.
Beijos
Cris Lane
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Mille
Em: 01/11/2018
Olá Cris
Lucia descobriu o segredo e deve usar uma verde para colher madura com a Sam e ela vai cair na da Lucia aí sim acho que ela vai chantagear para magoar a Carol.
Carol revivendo o trauma para ela será difícil se entregar e a outra pessoa tem que ter paciência e não ficar brava como a Sam reagiu.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Oi Mille
Pois é, agora Lucia está com a faca e o queijo na mão, só resta saber o que ela vai fazer com isso.
Esse tipo de trauma as vezes se esconde dentro de nós, e apenas se mostra tão forte quando estamos em uma situação parecida, aí percebe-se o quanto essa questão ainda não foi digerida. Infelizmente Carol terá que lidar com isso agora, e não será uma coisa fácil de se fazer.
Espero que esteja gostando.
Até o próximo capítulo.
Beijos
Cris Lane
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Pryscylla
Em: 31/10/2018
Que triste, ela tinha que ter um acompanhamento psicológico para superar tanta dor.
Bjus
Resposta do autor:
Oi Pryscylla
Verdade, agora que ela percebeu que esse trauma não foi superado como ela imaginou, ela terá que buscar ajuda novamente. Isso será muito importante para a vida dela.
Espero por você no próximo capítulo.
Beijos
Cris Lane
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NovaAqui
Em: 31/10/2018
Tenso! Agora os traumas do passado surgindo
Triste esse momento
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Oi NovaAqui
Pois é, esse tipo de situação é muito tensa mesmo. Ela precisa de ajuda para conseguir superar esse trauma, e agora que ela percebeu que não estava livre desse peso do passado, Carol terá que buscar essa ajuda. Mas, ela é forte e tem tudo para conseguir, vamos aguardar.
Espero que esteja gostando.
Aguardo você no próximo capítulo.
Beijos
Cris Lane
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