AMOR ANIMAL por Rose SaintClair e Sylvie
PatrÃcia
Patrícia
Cheguei na porteira da fazenda da minha vó ainda trêmula de ódio. Eu não sei o porquê de todo esse sentimento ruim. Talvez pela situação que eu me encontrava. Talvez pelo que eu passei nesses últimos dias. Talvez por estar na estrada há quase dois dias. A viagem de São Paulo até São Gabriel do Oeste no Mato Grosso do Sul é cansativa para se fazer de carro dirigindo sozinha. Só sei que eu queria chutar qualquer coisa que encontrasse pelo caminho.
Minha raiva aumentou quando aquela peoa começou a rir de mim. “Quem ela pensa que é?”. Desci do carro e abri a porteira. “Que merd* isso, por que a vovó não arruma um portão eletrônico? Tão mais fácil!”. A sede da fazenda era a alguns quilômetros afastada da estrada e eu teria que tomar cuidado redobrado na direção. Alfredo roncava do meu lado.
Minha cabeça começou a divagar e eu acabei rindo. “Mas você é uma anta mesmo né, Paty? Tentando trocar o pneu errado!”. Lembrei da facilidade da mulher trocando o pneu. Parecia que não era nada. “Também, aqueles braços fortes! Deve ser da lida do campo!”. Quando ela tirou a camisa e ficou de regata branca eu não consegui não olhar para o seu corpo. Ela era linda. E não usava sutiã! O suor escorria pelo pescoço e sumia no vale entre os seios durinhos e bem definidos. “PÁRA! O que é isso agora, Patrícia? Virou sapatão? Ficar olhando os seios de outra mulher! Tá, deve ser pra ver se eram silicone.... sim era isso!".
Ainda bem que nunca mais iria vê-la. Geralmente não me enturmava com o pessoal da lida, que me achavam esnobe. Na verdade, era timidez mesmo. Cheguei na frente da casa de minha avó e tia Zefa veio correndo usando suas botas, camisa polo e jeans.
— Filha! Fez boa viagem? Acabei de fazer um café para a sua vó que tá no escritório.
— Oi, tia! Fiz sim! Só uns probleminhas. Vou lá dar um beijo na vovó. Pede pra alguém me ajudar com as malas?
— Menina do céu! Trouxe São Paulo inteiro? Pra que tanta mala?
— Ai, tia, deixa de ser exagerada. São só quatro malas e três bolsas de viagem...
— Paty, Paty.... onde você vai usar tudo isso? Aqui é roça esqueceu?
— Ah, tia! Quero andar bem arrumada! – Dei um beijo na Zefa e fui entrando na casa da minha avó com o Alfredo no colo.
Zefa era a melhor amiga de minha vó e seu braço direito. Tomava várias decisões por ela. Eu a conheço desde que eu nasci e pelo que sei ela mora na fazenda desde que minha mãe era pequena. Se mudou logo depois que o vovô morreu.
Entrei feliz reconhecendo lugares e odores que me lembravam a infância. Eu amava aquela fazenda, mas poucas vezes mamãe permitia que eu viesse até aqui. Podia contar nos dedos as vezes em que meus pais me deixaram passar as férias aqui. Minha mãe e minha avó não se davam bem e, conhecendo bem a minha genitora, com certeza a culpa era dela. Dona Luiza era uma pessoa difícil de lidar e meu pai acatava tudo o que ela dizia.
A porta do escritório estava aberta e vi minha avó belíssima atrás da grande mesa de carvalho mexendo no notebook. Dona Carolina estava em forma para os seus quase setenta anos. Morena clara, com um ar aristocrático e olhos azuis profundos, agora cobertos por óculos de leitura. Vovó vestia roupa de montaria e seus longos cabelos brancos estavam em um coque. Fiquei alguns minutos encostada na porta admirando aquela mulher que eu amava tanto.
— Vai ficar aí ou vai vir dar um beijo na sua vó? – Ela falou sorrindo sem tirar os olhos do computador. Corri e me atirei no seu colo. Vovó era daquelas pessoas que só de você estar perto te fazem bem.
— Eu tava morrendo de saudade, vó.
— Eu também, Patyta, eu também. Deixa eu olhar para você – Ela se afasta um pouco e me olha como que procurando algo. — Ele... ele não...
— Não, vó. A última vez que ele me bateu foi quando eu liguei para a senhora, mas não fiz o que a senhora falou. Não tive coragem de prestar queixa.
— Mas precisa, menina! Esse canalha vai ficar impune? Lembra que você me ligou do hospital? Se eu não estivesse com o tornozelo torcido eu iria correndo! Zefa que não deixou. Pelo menos sua mãe ficou com você?
— Dona Luiza estava em um spa junto com papai. E ela achou que eu estava fazendo drama.
— Às vezes acho que sua mãe foi adotada. Ela é completamente sem noção! Ainda bem que você teve uma babá decente. A Maria foi a sua mãe de verdade! Que Deus a tenha.
— Deixa, vó, eu tô acostumada.
— Deixa? Deixa? Deixa o cacete! Você teve uma costela fraturada! Estava com a cara toda roxa!! – Vovó estava vermelha. Fiquei com medo que a sua pressão aumentasse e ela tivesse um infarto.
— Calma vó, você vai ter um treco!! Eu tô aqui não tô?
— O dinheiro que eu te mandei ajudou? – Vovó me enviou um dinheiro em uma conta nova que eu fiz essa semana.
— Sim, vó! Eu ainda tenho tudo em conjunto com ele: clínica, contas bancárias, investimentos... tudo. Então essa conta nova me fez ver o quanto eu era dependente dele. Ele controlava tudo! Todos os gastos! Até quando eu ia na depiladora ele queria saber quanto gastei.
— Aquele galalau, se fazendo de bom moço! Eu nunca gostei dele, desde que eu o conheci naquele Natal, quando vocês eram apenas namorados. Zefa também não gostou dele.
— Pelo menos agora eu tô aqui, vó!
— Isso, minha linda. Vida nova. Amanhã mesmo vamos na cidade falar com o Ramiro, meu advogado. Vamos entrar com os papeis do divórcio e também da partilha dos bens. Você tem metade da maior Clínica Veterinária de São Paulo e eu não admito você deixar aquele abusador com tudo.
— Ai, vó, será?
— Sim! E a gente já vê aquele prédio de dois andares que eu tenho na rua principal e você coloca a sua clínica veterinária! Aqui na cidade não tem nenhuma especializada em pet.
— Vó, eu não sei o que fazer para agradecer tudo o que o que você está fazendo por mim – Falei emocionada abraçando aquela mulher tão parecida fisicamente comigo e ao mesmo tempo tão forte e determinada, coisas que eu nunca fui, mas queria aprender a ser.
— Agora me diz porque você tá como se chafurdou na lama?
Contei para a vovó sobre o pneu furado o que lhe tirou inúmeras gargalhadas. Desde criança sempre fui atrapalhada. E as coisas pioravam porque minha mãe sempre foi preocupada apenas com o próprio umbigo. Eu era a criança que ia fantasiada para a escola no dia em que não era pra se fantasiar. A criança que fazia apresentação de dia das mães e dia dos pais para Maria, minha babá. Meus pais nunca iam. Eu era a criança que sempre era esquecida em shopping, supermercados, escola. Desde cedo eu aprendi que devia procurar um segurança quando minha mãe me esquecia. Acho que foi por isso que eu me casei tão cedo. Queria ter alguém que realmente se preocupasse comigo. Mas como na minha vida nada é fácil...
Me despedi da vovó e falei que iria até meu quarto descansar e tomar um banho. No corredor, achei estranho encontrar a tia Zefa saindo do quarto da vovó, mas deixei passar. Ela deve ter ido pegar alguma coisa emprestada.
Entrei no meu quarto e lembranças de dias felizes preencheram o meu coração. Após o banho deitei na cama junto a Alfredo. Estava quase dormindo quando a imagem daquela mulher loira veio a minha cabeça... a expressão séria quando estava trocando o pneu... a boca carnuda... os cabelos loiros... os braços fortes e torneados... os seios médios e durinhos... suspirei e me rendi ao sono.
Fim do capítulo
Oi gente linda! Com vocês Patrícia Dantas!
O que acharam? Comentem e não esqueçam de favoritar as autoras pra receber tudo que a gente posta!
beijos no core <3
Rose
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Donaria
Em: 19/11/2018
Olá autoras!!! Estou me deliciando com a historia, aproveitar a folga e ler tudo de um tapa só, e encher isso aqui de comentarios criticos e literarios, todos embasados em meu vasto conhecimento em contos de sacanagem....rsrsrsrs. A proposta da historia é maravilhosa, unir mundos distintos e mostrar que o amor não tem barreiras, nasce em lugares inospitos...e não importa se você casou com um galalau sacana e covarde, quando o verdadeiro amor chegar....nem irá se lembrar das dores anteriores. E vocês ainda estão recheando tudo isso com muito humor e personagens deliciosos....a Paty é ....to aqui revirando os olhos pra essa coisinha que é a Paty. Adoro historias com vovozinhas desinibidas e livres de qualquer preconceito, dona Carolina já tem meu respeito. Dona Carolina e Zefa iram dar o que falar. A Paty já deu sinais de que a cawboya fofa, vulgo lorenza, ja mexeu com seu imaginario, e que comecem as tretas.....beijossss autoras lindas do meu coração!!!! A cristiane Schwinden tem que liberar logo essa porra de emojis nos comentarios....rsrsrsrsr. Eu ia fazer uma farra só.
Resposta do autor:
Ai sim quero emojis!
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maria lucia
Em: 07/11/2018
Capitulo bom e curto.
Resposta do autor:
hehehhe <3
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dannivaladares
Em: 02/11/2018
“PÁRA! O que é isso agora, Patrícia? Virou sapatão? (...)"
Siiiim, bem sapatão!
Uma marrentinha patricinha na vida de uma ogra fofa.
Adorei a combinação.
Abç,
Danni.
Resposta do autor:
Paty sempre foi só que nunca deixou esse lado aflorar. Vai saber o porque nos próximos hehehehe
Que bom que tu tá gostando
beijaoo
Rose
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HedaWarrior
Em: 29/10/2018
Essa Lorenza é perigo hehehe
Mas aposto que irei gostar muitíssimo. Haha
E eu que agradeço por vcs compartilharem essa grande história.
bjooorz!
Resposta do autor:
Oi Mel salinda
Turubom?
beijooo
Rose
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HedaWarrior
Em: 29/10/2018
Patrícia teve um relacionamento difícil...
Sei não hein, a vovó tem algo com a Tia Zefa ;) haha
Gostei muito de conhecer um pouco da Patrícia... Ansiosa pelo próximo capítulo hehehe.
bjooorz!
Resposta do autor:
Oi amore, eu já estou arriada por essa chiliquenta linda.
Quarta termos um pouco mais de Lorenza
Espero que vc curta essa bicha bruta.
E a Zefa é uma figura.
Um beijo grande.
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preguicella
Em: 29/10/2018
Eitaaa, Zefa e a avó são casal, logo no inÃcio do capÃtulo achei isso, mas a saÃda do quarto só confirma! Isso é bom Paty não vai precisar sofrer com preconceito, além do dela, que já está negando a atração da peoa! hahaha
Ah, solta capÃtulo extra essa semana, por favorzinho! A gente tá precisando para esquecer esse domingo de terror, vendo magno malta fazer oração da vitória! A gente não merecia isso! Não merecia!
Bjus
Resposta do autor:
oi amore,
vcs ja sacaram muito mais rapido que a Paty,,,hehehehe
Acho que ela sera dura na queda, masssss...
Será que Lorenza vai conseguir domar essa fera?
Quarta tem um capitulo novinho, para uma melhor apresentação da Lorenza.
bjo grande
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NayGomez
Em: 29/10/2018
KKkkkkkkkkk Esse Paty é demais ela não sapata só tava vendo se a outra usava silicone Kkkkkkkk Raxei com essa kkkkkk. Hum.. Então paty sofria violencia domestica?! Espero que esse cretino nao apareça por la . Huuuuuuum tia Zefa no quarto da vovó, ai tem coisa kkkkkkkkkkkkk . Obg pelo cap .
Resposta do autor:
Tu viu menina... ai ai ai , será que ela vai conseguir entender tudo que se passa em volta dela?
quarta tem mais um capitulo, este será com a Lorenza, espero que curta!
bjossss
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