Em decorrencia do fluxo atual da historia, esse capitulo contem trechos de violencia
Capítulo 34
Capitulo 33 - Caroline
Eu estava em uma casa, um espaço claramente bem mais cuidado que o cativeiro que eu fui deixada desde o sequestro no aeroporto. Depois de examinar a Yasmin, mulher do tal Grilo, eu respirei fundo e tentei mais uma vez me acalmar o maximo que pude. Não posso deixar essa garota perceber o quanto a situaçao dela é complicada, muito menos posso mostrar o quanto eu estou perdida e sem recurso algum aqui. Não acredito que fui sequestrada por ser uma boa medica, ser capacitada. Juro que ainda não acredito.
Olhei rapidamente ao meu redor, buscando entender quais eram os recursos que eu teria disponivel para aquele parto. Posso dizer que nenhum, a não ser que o mofo da parede se torna-se penicilina, o que jamais iria acontecer. Em breves segundos, coisa muito rapida, imaginei a carinha da Fernanda naquela situaçao, dando patada em todo mundo para esconder seu panico, não pude deixar de me acalmar e me alegrar por perceber que conheço essa menina a ponto de entender suas atitudes mais viscerais. Quando olhei para o chao, de um modo bem rapido, bati o olho na correntinha que a Fer havia me dado, dourada, feita de cristais da encosta do rio Douro. Ela nunca deixou de estar comigo, de estar ao meu lado, de me dar forças.
- Yasmin, preciso que você fique aqui mais um tempo ok?! Vou conversar rapidamente com o Puca e com o seu namorado e logo mais eu retorno para conversarmos. Tudo bem?
- “ Ta tudo bem dotora”?
- Por enquanto a unica coisa que você deve pensar é no bem estar do seu bebe e o quão lindo ele sera. - mantive meu profissionalismo maximo, apesar de saber que um erro apenas e eu estaria morta em uma vala. Calmamente fui ate a porta e olhei para o Puca, que compreendeu a necessidade da presença e me acompanhou.
- O que foi marmota? Como ta a menina?
- Puca, ela precisa de centro cirurgico agora. A criança dela esta atravessada, não vai evoluir para um parto normal. Sem contar que pela quantidade de sangue que tem naquela cama, ela vai chocar ( ficar sem sangue) em breve. Ou abordo ela cirurgicamente ou ela morre.
- Marmota para de ser dramatica. Todo mundo tem parto domiciliar hoje em dia. A menina pode ter tambem.
- Eu sou a especialista aqui, não sou?. Se estou dizendo do que ela precisa é por que precisa. Cade o Grilo chefao hein?! Quero falar com ele.
- Quero falar com ele! - repassou a frase em tom de deboche - Você acha que manda em alguma coisa por aqui? Acha mesmo?
- Puca, você me sequestrou porque conhecia minha capacidade e competência. Se você quer aquela menina vida daqui 2 ou 3 horas, preciso de um centro cirurgico, material e pessoal qualificado. E não é pra amanha, é pra ontem. - eu não estava gritando, mas estava falando bem rígida e bem firme com ele. Não quero saber quem é ou não é essa garota, mas quero que ela tenha atendimento de qualidade.
O Puca me olhou com cara de bosta, como se pudesse me metia a mao na cara, pra falar a verdade, na posiçao que ele esta, ate pode. Ele desceu a escada e sumiu por um tempo. Eu consegui ouvir a voz dele ao fundo falando com alguém, provavelmente com o Grilo. Mas isso eu não tinha certeza. Alguns minutos se passaram, e eu continuei aguardando, ate que o Caroço, o brutamontes responsável por me puxar, empurrar e chutar, apareceu na escada mandando eu descer. Mantive minha calma, apesar da ansiedade, raiva e medo.
- “Dotora”, qual o role? Como ta a Yasmin?
- Grilo, apesar de você ter mandado me sequestrar, vou ser o maximo profissional possivel. Sua namorada precisa de cesaria, a criança está de atravessado, não da pra fazer esse parto em casa. Sem contar que ela já perdeu muito sangue. Ela precisa de hospital, equipamentos e atendimento especializado.
- “ Dotora” faz suas magicas, a yaya não vai pra hospital nenhum. - falou ate com relativa calma, algo que eu não estava esperando.
- Grilo, se você quer um filho saudavel e uma namorada, preciso dessa estrutura - comecei a perder a paciencia - e quer saber? Esse é o minimo. Você tem o que uns 40 anos? Aquela garota não passa dos 18. Por você ser mais velho, o minimo era orientar ela a fazer o prenatal. Ela deve ter um mioma absurdo, que impediu daquela criança rodar. Tenha o minimo de vergonha na cara e deixa ela ir para um hospital ter essa criança e não é uma opçao isso.
- Se ela for pro hospital ela vai pro xilindro. Ela não sai daqui, não vai.
- Você me sequestrou porque precisava da minha ajuda. Sem equipamento certo, material, equipe, ela morre e rapido. Ela não tem nem pre natal, um ultrassom e teria pego isso. Tem noçao de como foi negligente com seu proprio filho? - nesse momento eu já havia perdido o medo e ganhado coragem. Não teria essa conduta nunca como medica, de gritar com um familiar, mas aqui eu sou bem menos que isso.
- Ei, pega leve “ae dotora”. Respeito com o chefe. - falou o tal do caroço, com a arma na mao, olhando pro grilo e pra mim, um olho no peixe e jm no gato.
O Grilo olhou pro Puca, como se procurasse respostas ou apoio. O que aparentou é que ele estava mesmo preocupado com o filho e a menina, apesar de eu pouco acreditar.
- Caroço, fica de “zoi” na dotora. Tenho que falar com o Pucao.
- Ate parece que a Yasmim tem esse tempo todo para voces ficarem conversando. Eu preciso de uma resposta agora. - o Grilo me olhou de um jeito que eu fiquei quietinha no mesmo momento. Só o odio que ele apresentava na expressão foi o suficiente para fazer minha calma e coragem sumirem absolutamente e o medo voltar a tomar conta de mim.
Os dois, Puca e Grilo, foram para um canto da sala, onde ficaram conversando alguma coisa. Os dois estavam inicialmente conversando, mas em alguns momentos discutiram. Eu estava de longe, com o tal do caroço colado no meu cangote e me segurando pelo braço. O mais nojento era ver como eles gostavam disso tudo, o Caroço sorria e gargalhava a cada expressão de pânico que eu tinha, meu medo era excitatorio para ele.
Apesar de eu não participar da conversa eu pude entender algumas pequenas porções, o Grilo perguntou pro Puca “ la tem o que a dotora precisa”, em um outro momento falou “ faço o que com ela depois, meto bala?”. Meu medo estava crescendo mais e mais, apesar de eu não querer representar em nenhum momento. Minha reação foi segurar a corrente que a Fer me deu e pensar nela, pensar naquela tarde linda no Douro, pensar nos beijos e no quanto ela me faz bem. Sera que o Lucas avisou ela do sequestro? Sera que o Lucas sabe do sequestro? Deve saber, claro que sabe. Tenho que acreditar nessas pequenas coisas positivas.
- “Dotora”, vou te arrumar tudo que “ce” precisa pra operar a YaYa. Tu não vai nem olhar pro lado, tu só vai fazer o parto e seu trabalho, entendeu?! Se eu perceber uma palhaçada, qualquer uma, depois do moleque nascer te meto bala sem dó. - eu engoli a seco a saliva e concordei com a cabeça, com os olhos enchendo de lágrimas e prontos para chorar. - E pelo amor de Deus, para de chorar caralh*, já to de saco cheio desse chororo. Caroço poe ela no saco e leva pra dar um role.
- Deixo onde chefe?
- Larga la na central. Vamo sair geral em 2 p, um lance só. - eu não entendi absolutamente nada do que eles falaram, a unica coisa que eu entendi era qur eu iria para algum lugar, para sair desse espaço físico que estou.
Não voltei mais para o quarto da Yasmim, logo depois que o Grilo passou as ordens para o Caroço, ele segurou o meu braço e saiu me puxando. Me assustei a princípio, depois consegui acompanhar o passo dele. Durante todo tempo que ele me puxava pelo corredor, ele foi falando coisas horriveis pra mim, que se eu chorasse ele me matava, que o Puca não iria me proteger pra sempre, que faria o que quisesse comigo. Minha capacidade mental estava quase se esgotando. Tentei todo o tempo ficar repassando o procedimento e não deixar esse terror dominar.
O Caroço me puxou por um tempo e depois me jogou de novo naquele quarto escuro e mofado que eu estava antes, mandou eu calar a boca e saiu. Um tempo depois voltou, jogou um saco de pano preto em mim e mandou eu vestir. Segui as ordens dele. Logo em seguida senti ele pegando de novo no meu braço e me arrastando, dessa vez o caminho foi um pouco mais longo, sendo que havia uma luminosidade crescente. Quando a luz estava bem forte comecei a ouvir barulho de carro e de pessoas falando, devo estar na rua. Logo em seguida o Caroço mandou eu entrar no carro, rápido. A pergunta é: como entrar em um carro se não estou vendo nada? Simples, é só um brutamontes te jogar lá dentro.
O “passeio” de carro foi por um trajeto rápido, não demorou muito. Quando chegamos, a ação do Caroço continuou delicada, me puxou com tudo do carro e me arrastou para algum lugar. A luminosidade reconfortante do sol foi sumindo aos poucos e o frio preenchendo o espaço. Onde eu estava agora era diferente do primeiro lugar, mas por causa do saco preto na cabeça, eu não pude ver que lugar é esse. O cheiro era parecido com o de hospital, mais precisamente de centro cirúrgico. Como eles conseguiram um centro cirurgico?
Continuei com o saco preto no rosto e sendo arrastada por mais um período. Quando finalmente paramos, o Caroço me soltou, jogando e mandou eu sentar. Logo em seguida o saco que estava no meu rosto, impedindo minha visão, foi retirado, permitindo que eu confirmasse, estava em uma sala cirurgica.
Bati rapidamente o olho pelo espaço, e observei a sala. Era efetivamente um espaço hospitalar. Eram 2 salas conectadas, ligadas por uma pequena porta, me lembrava bem as salas de transplantes de orgaos. Havia um material de ventilaçao e equipamentos como qualquer hospital. Não sei que espaço é esse, mas quem montou, ate que montou bem direitinho, aparentemente pelo menos.
Fiquei la na sala por um tempo, sozinha, apenas com o “meu fiel escudeiro”, Caroço, me olhando da porta. Em um dado momento começaram vozes fora da sala, em um espaço externo, dentre as quais pude reconhecer a do Puca e Grilo. Dito e feito, logo eles entraram na sala, trazendo a menina, Yasmin, andando. Eu apenas olhei, incrédula, essa garota deveria estar em total e completo repouso. O Puca falou pra ela entrar na sala e me chamou do lado de fora, junto com o Grilo.
- Marmota, o que posso te oferecer é isso. É uma sala pequena, mas cirurgica. O suficiente pra você fazer o parto da menina.
- Puca, estamos em um hospitalar?
- Para de complicar marmota, só faz a porr* do parto e vamos acabar com isso.
- To perguntando porque olha como aquela menina - me referindo a Yasmin - está palida. Ela já perdeu muito sangue, vamos precisar de bolsa de sangue e de um anestesista. Sem contar que preciso de um assistente cirúrgico. Quando pedi pra você uma sala cirúrgica, eu me referia a um equipamento hospitalar.
- Caroline, vou ser o mais claro que posso. O que dá pra te oferecer é essa sala, da seus pulos e faz seus milagre. De assistente tem eu, anestesio tem um camarada vindo. O resto é a gente mesmo, do jeito que vai dando.
- Puca, como voces tem um centro cirurgico? Com toda essa rede de coisa e tals?
- Para de fazer pergunta marmota, você vai começar a irritar o Grilo e eu não vou conseguir te proteger.
- Ah, tadinho, você ta tentando me proteger? Bem você que me indicou pra ser sequestrada. Caraca que irônico não? - ele teve aquela expressão de novo, que ia meter a mao na minha cara. Ele respirou tudo e continuou falando.
- O lavatório é ali. Quando você quiser começar me avisa. O anestesio falou que chega em uns 15 minutos, como é a mina do chefe, ele veio rapidão.
- Eu vou falar com ela e ver o estrago que voces fizeram por ela vir andando ate aqui. Palhaçada Puca, não sabe que no quadro dela, o sangramento piora. Palhaçada. - sei que eu não deveria bater boca, mas é o Puca, se tem um imbecil que vai me ouvir reclamar nesse lugar é ele.
Voltei para a sala e conversei com a Yasmin, ela estava com mais contraçao que antes e muito mais dor. Algo que já era de se esperar, pensando no quanto ela andou para chegar aqui. Expliquei pra ela que teria que fazer uma cesaria porque a criança estava virada, ela aparentemente compreendeu e estava calma até, apesar de toda a dor. Nesse tempo que conversei com ela chegou o tal do anestesista, um “profissional” que eu jamais trabalharia na vida, um cara cheirando a pinga, palitando os dentes, com a camisa aberta. Essa é a condição que tenho para trabalhar no momento, então vou fazer o meu melhor.
- Puca, vem se paramentar ( colocar roupa de cirurgia). - enquanto estavamos lavando as maos para começar, eu continuei falando com ele - Puca, lá dentro eu sou a especialista, você vai apenas seguir minhas ordens, estamos entendidos? Já me basta que você não é ginecologista, se bater de frente não vai dar nada certo. Eu sei que quando eu terminar isso aqui eu já vou estar morta, então vamos pelo menos fazer o parto dessa garota.
Ele não respondeu nada, continuou sério e se paramentou. Não me dei nem ao trabalho de perguntar o nome do anestesista, nem quero saber. Quando voltei para a sala cirurgica, a Yasmin já estava anestesiada e pronta para fazer. Incrivelmente, essa estrutura que eles tem é hospitalar mesmo, havia todas as pinças e instrumentos que eu precisava para fazer o parto da menina. Em geral, em um ambiente “normal”, eu faço as cirurgias de um jeito leve, calma, as vezes até cantarolando, mas dessa vez, as circunstancias estão me deixando rigida, séria, preocupada. Apesar de eu saber que tenho que dar meu melhor nesse procedimento, meu pensamento não é capaz de estar junto comigo, estou pensando que vou morrer quando isso tudo acabar, na Fernanda que deve estar me odiando por eu nem ter mandado mensagem, no Lucas que deve estar me procurando, esperando eu aparecer. Tantas coisas.
- Marmota, você não vai morrer. Eu já falei que tem minha proteção aqui dentro. Tenta ficar calma. Isso eu te garanto.
- Só me pergunto, como acreditar exatamente no cara que me sequestrou e me trouxe pra ca? Fica bem dificil. - O silencio voltou a reinar na sala, sendo quebrado apenas pela minha voz orientando ações dele ou perguntando alguma coisa para o ”anestesista”
O parto correu até que de um modo tranquilo, o problema todo aconteceu depois que a criança saiu. Precisei deslocar o Puca para limpar o bebe e cuidar dele, e nesse intermédio que eu cuidava da criança a Yasmim começou a sangrar muito mais que o esperado e eu não conseguia dar conta sozinha do sangramento. A sorte é que apesar de criminoso, o Puca até que é um medico esperto, enrolou a criança em uma coberta, entregou pra mae da yasmim e voltou para a cirurgia. Enquanto me ajuda a conter o sangramento todo, ele gritou algumas instruções de cuidado.
Ficamos quase 2 horas trabalhando na Yasmim, controlando sangramento e reparando tudo que podíamos, posso dizer que se fosse outro médico, ela teria perdido o útero aos 18 anos. Fiz o possível e o impossível para manter ela com o utero, deu certo. Posso dizer que estou orgulhosa do meu trabalho, mais ainda da calma e profissionalismo que tive enquanto trabalhei com o Puca e protegi o filho do Grilo.
Posso dizer que o meu maior desejo nesse momento é um banho quente, uma comida gostosa e minha cama. Estou com o corpo sujo de 14 horas de aviao (Portugal - Brasil), de ficar naquele quartinho de fungo, sangue meu das porr*das que levei, líquido amniótico (a água que sai quando “a bolsa estoura”), sangue da Yasmim. E estou absurdamente morrendo de fome, nem lembro quando foi minha última refeição de verdade, mas pelo ronco do meu estômago faz um bom tempo.
Em geral eu fico de olho nas minhas pacientes logo depois do parto, vendo se estão bem, se nada de errado aconteceu. Mas no caso da Yasmin eu não pude. Assim que o parto acabou, eu vi o Grilo e o Caroço discutindo, e logo depois o Puca entrou na conversa. Eles olhavam pra mim e falavam. Posso dizer que esse foi um momento de medo súbito, de um temor que eu desconhecia. Eu já havia relativamente aceito que depois do parto eu não seria mais importante e que eles poderiam me descartar facilmente.
De longe eu ouvi o Puca falando : “ ela é cirurgiã, pode ficar aqui ajudando”. Depois o Grilo gritou várias coisas, não consegui entender muito, mas em geral falava de pedir resgate, ligar pro Lucas. Quando o Caroço percebeu que eu estava prestando atenção na conversa deles, ele fechou a cara e veio na minha direção, apenas tive tempo de colocar o braço sobre o rosto. O primeiro gesto dele foi um murro, que fez eu cair no chão, seguido de chutes. Não fui capaz de ficar acordada por muito tempo, quando um dos chutes atingiu meu rosto, apaguei, sem controle algum sobre minha consciência.
Acordei com uma dor pulsátil e absurda no meu ombro. Quando tomei consciência de onde eu estava, entendi que voltei de algum modo para o quarto mofado e escuro. Minhas mãos estavam amarradas com aqueles lacres de plastico, efetivamente machucando minha pele. Não tenho ideia de quanto tempo fiquei apagada, muito menos de que dia ou que horas é hoje. Nesse lugar não tem janela, não tem luz, não tem vida. Estou tão desesperada que estou atonica e sem reação alguma
Quando eles entraram novamente no quarto, estavam com o celular na mao. Me lembro bem pouco do que aconteceu, como se fosse um sonho, na verdade pesadelo. O caroço me levantou e colocou sentada na cama, o Grilo gritava alguma coisa, eles colocaram a arma na minha cabeça e uma faca no pescoço, pediram para eu falar pro celular. Acho que estavam gravando, alguma coisa pro Lucas. Eu estava tão desnorteada que a sensação era de ter bebido muito alcool, sabe aqueles porres de vodka pura. Apenas repetia mecanicamente o que o Grilo falava na minha orelha. Ainda não acredito que isso está acontecendo comigo. Porque não me matam logo.
Antes de sairem do quarto o Grilo me segurou bem forte no pescoço me deixando sem ar. Ele estava falando alguma coisa, parecia importante, eu nem estava ouvindo mais. Até ouvi o texto, mas não fui capaz de interpretar nada. As frases vinham de longe, como se fosse de outro mundo: “ Se você contar qualquer coisa que viu aqui, vou pessoalmente te matar. Vou matar sua mulher, seu irmão e até o molequinho. Tá me entendendo, to sendo gente boa de te soltar depois do resgate, por mim você morria aqui, agora”. Recebi mais chutes e socos. Já nem sei como estou viva depois de tanto apanhar. Quando eles sairam, só tive forças para fechar meus olhos e apagar mais uma vez.
Acordei assustada, havia uma gritaria ao fundo, um barulho de explosão. Um cheiro horrivel, fumaça entrando naquele quarto escuro. Barulho, eu acho que de tiro. Estou com aquele lacre prendendo minha mao, meu corpo doi intensamente. Não tenho forças para levantar.
Um barulho intenso, a porta do quarto que estou se abre, abre como uma explosão. Luz. Alguem está segurando uma lanterna. A gritaria se identifica. Alguem segura meu braço, me ajuda a sentar.
- Vítima na mao, vítima na mão - a mulher grita aos outros. Acho que ela é policial - Carol, fica tranquila, acabou. Acabou. Você está segura agora. Acabou. - Eu ainda não entendi o que está acontecendo parece que estou em outro espaço, vendo de longe. A mulher segurou me rosto e olhou forte nos meus olhos - Caroline, acabou. Você está segura. Eu sou Flavia, agente da policia civil, você está segura. Quando finalmente consegui compreender o que a mulher estava falando, não aguentei, cai nos braços dela e comecei a chorar, chorar de soluçar.
Fim do capítulo
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