Capítulo 33
Capitulo 32 - Fernanda
- Fernanda, eu não posso dizer que sei o que está sentindo, não posso nem dizer que imagino. Não consigo nem imaginar minha namorada em uma situação assim, sequestrada. O que eu posso te dizer, com toda e completa certeza - ela segurou minha mão e olhou nos meus olhos, de modo verdadeiro, intenso - eu vou fazer o que estiver ao meu alcance para trazer sua menina para casa de novo. Isso eu prometo.
Assim que a Flavia me falou isso, eu não fui mais capaz de me segurar, principalmente porque o Lucas não estava mais na sala. Eu desabei, completamente. Como pode acontecer isso? Eu conheço a Caroline há menos de 2 meses, mas ela me conquistou de um jeito que eu não consigo pensar na minha vida sem ela. Nem mesmo quando a Milena me largou para ir para Cambrigde, eu fiquei tão sem chão.
As lagrimas caiam dos meus olhos sem nenhum tipo de filtro, sem me dar conta de onde eu estava ou quem estava na minha frente.
- Fernanda, eu preciso que você seja forte e firme. Infelizmente, essa situação vai ficar pior. É possivel que enfrentemos ainda uma fase de negociação de valor pelo resgate, voces tenham que suportar a emoção da invasão ao cativeiro e inumeras outras situações. O Lucas, irmão da Caroline, aparenta ser uma pessoa extremamente centrada, firme, mas ele esta esgotado, perdido nele mesmo. Você vai precisar segurar essa barra, pela sua mulher. Imagina o quanto ela vai precisar de você quando for libertada! Sequestro causam consequencias emocionais que leva-se anos para superar, você terá que dar esse apoio para a Caroline. Precisa ser firme. - A Flavia me olhou firme, mas com toda a calma do mundo, me passando confiança, paz. Como ela é capaz de trabalhar com familiares de sequestrados? Sei la, a Caroline consegue trabalhar com gestante que vai dar luz a crianças mortas. Que vida drastica e feia.
Quando eu finalmente tive forças para sair da delegacia, procurei o Lucas. Ele estava sentado na escada, com as maos apoiadas no rosto, tentando respirar fundo e se acalmar. Não quis assustar o menino, passei a mao pelas costas, chamando ele.
- Vamos embrora Lucas? Esse lugar é horrivel. Não estou a conseguir ficar mais aqui.
- Não consigo dirigir Fernanda. Pode levar o carro pra mim? Você dirige?
- Dirijo sim Lucão. Deixa que eu levo. Me de o endereço da sua casa.
Peguei o trajeto entre a zona sul, próximo a Congonhas até perto da vila Mariana. Eu desconheço o trajeto, para minha sorte existe GPS. O Lucas foi completamente em silencio o caminho todo. Eu fiz faculdade em São Paulo há alguns anos atras, mas foi São Paulo interiorzão, passei pouco tempo na capital. Com a santa ajuda do GPS quase meia hora depois estacionei o carro na frente de um predio de uns 20 andares, com a cerca de vidro, um jardim elegante.
- Entra com o carro, tenho vaga para estacionar. - apenas balancei a cabeça e concordei. Fui seguindo as orientações dele até colocarmos o carro na vaga da garagem. Ele pediu para eu acompanha-lo, seguimos até um hall onde havia alguns elevadores. O prédio era elegante, aparentemente um lugar calmo. Descemos no 12 andar. Apenas continuei a acompanha-lo.
Na porta do apartamento havia uma plaquinha, pendurada, dizendo “Aqui vive uma familia feliz”. Confesso que achei lindo, sempre sonhei em poder ter uma casa assim, com pessoas próximas, realmente sendo uma familia feliz. Nunca tive isso. E de verdade, me alegro pela Carol e o Lucas, apesar de tudo que enfrentaram, terem uma família, serem próximos.
Ele abriu a porta dele e me convidou para entrar. Meus olhos percorreram rapidamente o local. Era um apartamento, aparentemente de um tamanho medio. Logo de frente havia uma pequena sala, com sofa, televisão. Havia uma sacada, com acesso a vista. Sentada no sofa estava uma menina, por volta de uns 20 - 23 anos, não muito mais velha que isso, magra, com o rosto abatido tambem, mexendo no celular e anotando diversas coisas.
- Clarinha, essa é a Fernanda. Acho que você sabe quem é, não?! - a menina levantou do sofa, olhou para mim, com muita calma e plenitude. Abriu um sorriso, fofo, como se eu conhecesse ela ha mil anos.
- Claro que eu sei quem é. Obrigada por ter vindo Fer. A Carol vai precisar muito de você que esse pesadelo acabar. Você é igualzinha ao que eu imaginei, ela me descreveu você varias vezes.
- Acho que estou super em desvantagem aqui. Voces estão a me conheceire muito mais que eu a voces. Caroline teve culpa nisso. Fico muito feliz em te conhecer Clara, a Carol me falou muito sobre você e como você ajudava ela.
- Ela fez muito por mim, estar aqui apoiando voces é o minimo que eu posso fazer.
- Clara, a Jaqueline está onde?
- Ela teve de ir ao escritório pegar alguma coisa, pediu para eu ficar aqui, aguardando o Bruninho chegar da escola. Tudo bem Lucas? Acabei ficando aqui.
- Aff, Clara, você é de casa. Sabe que pode ficar a vontade. Eu preciso pelo menos lavar meu rosto e tirar essa cara de destruido, o Bruno não pode perceber essa merd* toda. Fe, fica a vontade por ai, eu já volto - acabei sentando ao lado da Clara, para podermos conversar enquanto o Lucas não voltava.
- Fer, de verdade, obrigada por você ter vindo de Portugal. Eu sei que a Carol vai muito precisar de você, ela estava encantada pela Portuguesa. Eu achava lindo ela falando de você. Fer, a carol sofreu muito na vida, precisa ser feliz e te dou todos os meus votos. Mesmo.
- Eu não sei nem como me portar nisso tudo. Eu sou namorada dela, esposa, nada disso. Eu sou uma pessoa que ela conheceu em uma viagem, pode não ser nada. Mas eu estou quebrada por dentro. Minha vontade é sair pela cidade procurando ela, trocar de lugar, fazer qualquer coisa pra ajudar a Caroline. Me sinto tao de mãos atadas.
- Fer, eu conheço a Carol a um tempo maior que você. Acredite, você não é uma simples conquista de viagem. Nem a Carol é mulher de fazer isso. Eu vi de perto o quanto o casamento dela estava desgatado, abusivo, morto. O quanto ela queria ser feliz mas sem machucar a Cristiane. Vi o quanto ela estava ansiosa e morrendo de medo de ir para Portugal. Eu fiz a cagada de não chegar na hora no aeroporto. Era pra ela estar aqui, feliz e contente almoçando com a familia dela, rindo com o Bruno pulando no colo dela. - os olhos da menina começaram a se encher de lagrimas. Ela realmente se sente culpada por algo que não é culpa dela.
- Clara, precisamos nos manter firmes e fortes. Tenho certeza que ela jamais vai admitir a gente mal, triste e chorando. Quando ela descobrir que larguei meus pacientes pra vir para o Brasil… caraca…. Ela vai me dar uma puta bronca.
- Vai mesmo. O mundo pode cair mas você nunca pode negar atendimento a ninguem por seus problemas pessoais. - ela respondeu, dando uma breve risada, como ae lembrasse de coisas boas da Carol.
- Ela é linda Clara. Em todos os sentidos. Como ser humano, como médica, como mulher. Me encantou em tao pouco tempo. Começamos tao em pé de guerra, mas posso dizer que a culpa foi minha. Estava fugindo de algo tao claro. - me senti tao bem recebida naquele espaço e pela Clara que a conversa fluiu facilmente e por um bom tempo.
Conseguimos nos distrair um tempo, a expressão dela melhorou, até a do Lucas depois que ele entrou na conversa ficou mais aliviado. Demos risadas, acho que a conversa e a distraçao fez bem a todos, para nos mantermos sobrios e atentos a cada mudança ou açao do sequestro da Carol.
A casa tinha varias fotos do Lucas, esposa e filho. Mas tambem tinha varias fotos com a Carol junto. Fiquei sabendo que o Bruno, filho do Lucas era afilhado da Carol, isso explica bem o porque ela fala tanto do menino. Em nenhum momento deixamos de pensar ou falar da nossa ginecologista preferida, ela estava no meio de todas as conversas, mas sempre de um modo leve, alegre.
O Lucas foi o primeiro a querer almoçar, comentou com a gente e pediu uma comida pelo celular. Falou que o Bruno, draga do rio tiete, iria chegar querendo comer tudo na casa. Eu bem que acredito. Nem demorou muito e o interfone do apartamento tocou, avisando que a comida havia chego.
O Lucas desceu para buscar a entrega e voltou com a comida, a jaqueline que é esposa dele e o Bruno, que estava dormindo no colo dele. Em nenhum momento eu parei para pensar em ter uma família, filhos, essas coisas. Mas vendo eles, me encheu de vontade. Não sei, pode ser bobagem, mas eu pensei nisso pela primeira vez e a caroline estava nesse pensamento, em nenhum momento eu exclui ela disso ou imaginei outra pessoa, por exemplo a Milena. Não, se eu me arriscasse a ter filhos e cuidar de uma casa uma família, a Carol precisa estar junto. Posso ate estar me precipitando de um jeito tao esdrúxulo que doi, mas ela é a unica pessoa que eu sinto que pode ser minha parceira em uma caminhada dessas.
O Lucas foi colocar o Bruno no quarto e a jaque ficou na sala conversando comigo e com a Clara.
- Deu tempo de você voltar antes do Bruno chegar. Ainda bem. - a clara começou puxando conversa.
- Sim, estou tao assustada com essa coisa toda da Carol que eu nem queria que ele fosse para a escola hoje. O Lu que me acalmou e mandou ele pra escola. - A jaque olhou pra mim, de um modo simpatico mas não tao receptivo como a Clarinha. - Você deve ser a Fernanda, certo? Sou a jaque, esposa do Lucas - eu cumprimentei ela.
Ficamos todos batendo papo enquanto almoçavamos. O Lucas estava abatido ainda, mas ficou completamente branco quando a Jaqueline lançou no almoço.
- A chris vai vir pra ca depois do plantao. Eu contei pra ela sobre o lance do sequestro, que foi uma quadrilha de tráfico de órgãos. Ela perdeu a linha por completo, queria largar o plantao, mas eu dei uma segurada. A Carol vai sair bem desse sequestro, mas do casamento eu não sei - e olhou diretamente pra mim, como se tudo quanto ao casamento da Carol fosse minha culpa. Eu não tenho papas na lingua, nunca tive.
- Se estás a falar isso pela minha presença, estás a perder seu tempo. Estou aqui por causa da Caroline, mesmo que pra isso eu tenha que aguentar a christiane. E outra, não tenho problema algum com ela. Quero apenas a Caroline bem.
- Porque avisou ela Jaqueline? Ela não tem nada a ver com isso tudo. - esse foi o Lucas irado com a esposa dele. Ele claramente não gosta da Chris, apesar de eu ter chegado hoje, já fui capaz de perceber isso.
- Lu, para de bobagem. Elas ainda são casadas. A Chris tem o direito de saber sobre a esposa dela. Pensa se fosse ao contrário, você não iria querer saber de mim?
- Jaque não podemos ficar interferindo nelas. A Christiane não se importa com a Carol há tempos, vai se importar agora, com o sequestro? E o drama que ela vai fazer quando ver a Fê aqui?
- Mozi, não vou discutir com você. Já avisei ela. E continuarei avisando. - e ela mais uma vez olhou séria e seca pra mim. A Jaque claramente tinha escolhido um lado nessa história.
Continuamos a almoçar, em um silêncio sepulcral. Às vezes a Clara me olhava, como se falasse para eu me acalmar, não dar pano pra manga. Eu quase não comi, estava irada, nervosa, cansada e a todo tempo lembrando da Carol. Ela não deve ter comido nada, deve estar com frio, largada, juro que só quero ela bem, não precisa nem ser bem e comigo, só bem eu já fico feliz.
Depois do almoço a Clara me chamou de canto, toda sem graça, mas como sempre, sendo um amor de pessoa.
- Fer, você não quer ir lá pra minha casa? Eu não acho que a Jaqueline vai ser gentil e educada com você. Ela é super amiga da Chris, você já deve ter percebido. Minha casa é bem simples, é um kitnet na República, mas cabe o colchão e tem banho quente e muito carinho.
- Não quero incomodar ninguém, falei pro Lucas que fico num hotel. Só preciso reservar um. Sai tao correndo de trás os montes que nem roupa eu peguei.
- A Carol e o Lucas são da ideia que se recebeu, tem que ceder a casa e serem excepcionais anfitriões. Eu não tenho todo esse recurso deles, mas garanto um espacinho pra você, em paz e com as informações da Carol.
- Clarinha, eu vou aceitar então. O Lucas ta bem destruído já. O menino tá abatido, triste, choroso que só.
- Ele ta preocupado com o resgate. Porque vão pedir uma hora. Ele não tem grana, eu menos ainda. Ele tem uma poupança mas com pouco só. Nem juntando tudo não dá muito dinheiro, dependendo de quanto pedirem, teremos muitos problemas a frente.
- Vou ajudar no que eu puder. Mas vamos esperar primeiro os sequestradores ligarem. Aí vemos o que fazer.
Nos mantivemos o tempo todo na sala, tensos, esperando um telefone ou celular tocar ou qualquer coisa acontecer. Eu não aguentava mais de ansiedade e agitação, minhas pernas quase estavam indo sozinhas procurar e buscar a Caroline por São Paulo. Sei que é sem cogitação, mas esse é o meu desejo.
Quando deu por volta de umas 15h, 14h40. A campainha do Lucas tocou. Eu gelei, travei. Estava tão ansiosa por qualquer notícia que o simples tintilar do aparelho me agitou. Acabei pulando do sofa. Todos me olharam estranhos.
- Me desculpem, estou a achaire que é o “telefono”.
- É só a campainha Fe, fica tranquila. Vou atender. Quer uma água para se acalmar?
- Não precisa, estou bem.
Ele seguiu para a porta e observou pelo olho mágico, ele respirou fundo e olhou pra mim, disse alguma coisa que não fui capaz de compreender. Em seguida ele abriu a porta. No exato momento em que ela entrou pela porta eu soube o que o Lucas havia falado e soube quem era, sem mesmo nunca ter visto.
Ela entrou com uma cara fechada e apesar de eu não conhecê-la, pude perceber que estava com olheiras e abatida também. Achei que havia uma certa semelhança entre nós duas, isso deve determinar o gosto de mulher da Caroline. A Christiane tem minha altura, estava com o cabelo solto, pouco abaixo dos ombros, castanhos, mas com luzes loiras. Olhos verdes, intensos, não pude deixar de pensar que a Caroline deve amar os olhos da esposa, que aperto no peito. Ela estava vestindo uma blusa de alcinha, amarelo ouro, e uma calça jeans. Apesar de tudo, posso pensar claramente que a Caroline e a Christiane devem formar um casal bem bonito juntas, mas provavelmente sem alegria alguma.
Assim que ela entrou cumprimentou o Lucas com um beijo e um abraço. O Bruno que já havia levantado da soneca veio correndo pro colo dela, perguntando onde estava a tia “Caol”. No momento da pergunta dele pude ver os olhos dela enchendo de lágrimas, ela aparentava estar sentindo a tristeza e a ansiedade de todo o sequestro.
Ela seguiu com o Bruninho no colo, cumprimentou a Jaqueline, que olhou intensamente pra ela, com uma expressão comunicativa que apenas as duas compreenderam. Nesse momento ela finalmente olhou pra mim. Os olhos verdes ficaram mais intensos e as pálpebras se estreitaram, ela sabe quem sou. Sabe que sou a mulher que estava com a Caroline em Portugal, sabe que beijei e dormi com a mulher dela, ela sabe completamente de tudo.
- Você, quem é? - essa foi a única coisa que ela foi capaz de falar verbalmente, mas com o olhar ela falou mil outras coisas.
- Fernanda. - respondi secamente.
- Chris, essa é a Dra Fernanda, estava trabalhando com a Carol em Portugal. - O Lucas tentou entrar no faroeste para segurar as pontas. Eu concordei com ele, mas todo o tempo mantendo meu olhar fixo nela, impondo meu espaço, impondo o que eu sinto pela Caroline.
Sei que elas são casadas, mas conversei muito com a gineco em portugal, nada do que fiz foi responsável pelo fim do casamento delas, pelo contrário fui responsável por fazer a Carol sorrir novamente, sonhar e acreditar na vida.
- Trabalha com a Caroline? Veio de Portugal até aqui por que?
- Sim, trabalhei com ela. Vim em solidariedade, quero saber se ela está bem, acompanhar o sequestro.
- Humm - ela não respondeu mais nada, apenas me olhou fundo nos olhos, sem piscar, sem respirar. Ali ela demonstrou que sabe bem demarcar o território e que eu estava jogando no campo dela, no espaço dela. - Lucas, me explica o que o delegado falou. Não entendi direito, ela foi sequestrada para operar tráfico de orgãos?
- Não Chris. Ela foi sequestrada por uma quadrilha de tráfico de órgãos. A esposa de um dos chefes da quadrilha está gravida, prestes a ter filho. Sequestraram a Carol para ela fazer o parto da criança. Eles tem uma rede de roubo a equipamento hospitalar, medicamento. pelo que entendi sequestram pessoas para roubar os orgãos. - O Lucas continuou a conversa com a Christiane, explicando e repassando tudo que o delegado e a Flávia, investigadora havia falado. Ressaltando principalmente quanto às próximas fases, a possibilidade de pedido de resgate, a necessidade de atendimento e cuidado psicológico que a Carol vai precisar.
A Christiane ficou atenta a toda informação que o Lucas passou, chorou em alguns momentos, mas sempre coisa rápida, só algumas lágrimas e logo parava. Em alguns momentos ela me encarava de rabo de olho, em silêncio, me observando. Quando percebia que eu tinha visto, desviava o olhar. Ela até pode ser casada com a Carol, mas se pensa que vou deixar barato ela está bem enganada. Tudo comigo é por fases, primeiro quero a Carol livre desse sequestro, bem, saudável e calma. Segundo que estarei aqui para quando ela precisar desabafar sobre esse momento infernal que está passando. Terceiro, o que estou sentindo pela gineco é único, vou dar meu melhor pra conquistar ela, quantas vezes precisar. Quarto, apenas vou embora se a Caroline falar que não me quer mais aqui. MAs antes de qualquer coisa quero ela livre desse sequestro e desse sofrimento todo que está enfrentando.
Conversei com o Lucas sobre eu ir para a casa da Clarinha. A princípio ele recusou e não aceitou, disse que é responsabilidade dele me receber bem, mas depois de alguns argumentos, ele acabou cedendo e concordou que a casa da Clara seria o melhor lugar pra mim nesse momento.
Passamos o resto do dia na mesma apreensão, aguardando uma ligação da polícia, dos sequestradores, da Caroline, do IML, sei lá, de alguém nos dando o próximo passo ou nos falando que nossa musa estava bem. Quando já se passava das 22 horas, a Clara decidiu que já estava na hora de irmos, e que não havia mais nada a se fazer por hoje. Concordei com ela, desejando por alguns segundos um banho e uma cama confortável.
Me despedi da Jaqueline, que foi muito educada como em todos os momentos, apesar de não ser simpática e de deixar muito claro que nessa balança ela pesa para a louca. O Bruno estava super sonolento já, mas quis um beijo meu, e me deu um abraço. Quanto a Christiane, eu não sabia bem se me despedia dela ou ia embora direto, resolvi que no máximo ela receberia um aceno de cabeça meu, é o meu ápice de educação. Quando passei na frente dela, para ir pegar a mochila que trouxe com o passaporte e o documento, ela segurou o meu braço e falou baixinho, mas bem nítido e claro, ao pé do meu ouvido:
- Eu sei quem você é. Conheço seu tipo de pessoa. Saiba que eu estava brigada com a Carol, mas ela é minha. Você pode até querer brigar, mas te garanto que nesse jogo eu já ganhei. Não se mete comigo. - eu puxei o meu braço da mão dela, não respondi, apenas olhei pra ela, com toda a força e garra que eu poderia olhar, quis deixar bem claro que ela não me assusta, nem um pouquinho.
Seguimos, eu e a Clara, para a porta, acompanhadas da Jaqueline. O Lucas pediu licença e foi colocar o Bruno soneca na cama mais uma vez. Enquanto eu estava na porta, aguardando o elevador chegar, ao fundo ouvi um toque de telefone, um tintilar musical que me gelou a alma e apertou o coração. Coloquei o rosto pela porta ainda aberta e olhei, o Lucas estava branco mais uma vez, com o celular no ouvido, com expressão de pânico. Em um único olhar para ele eu entendi, era o sequestrador no telefone, negociando a mulher por quem sou apaixonada.
Fim do capítulo
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Elizaross
Em: 18/10/2018
Essa Cris é uma babaca de marca maior...Filha v perdeu essa parada faz tempo vai cuidar da sua atleta querida vc fez a sua escolha então cai fora sem noção..
Fernanda, aguente firme a Carol te escolheu e vai colocar essa Cris no seu devido lugar.. assim que tudo isso acabar.
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