Capítulo 32
Capitulo 32 - Fernanda
No momento que o Lucas falou do sequestro eu não pensei muito, liguei para um jato que prestava serviço para as fazendas Ganati e reservei meu voo. Eu posso estar me precipitando, mas acredito que a Caroline vai precisar de muito abraço, beijo e carinho depois que essa confusão toda acabar. A minha sorte é que ainda estou em Tras os montes, em menos de 3 horas eu já estava embarcada no pequeno jatinho, com destino ao Brasil.
Minha ansiedade estava a mil, não só a ansiedade como o medo. Fiquei anos sem aparecer no Brasil, uns 6 anos na verdade. E confesso que minha vontade não era voltar assim, no olho do furacão, mas posso dizer que o que sinto pela Carol vale todas essas sensações angustiantes.
A única coisa que quero é saber que a gineco está bem, não foi machucada. Colocar ela no colo e dar cafuné até ela dormir e esquecer tudo isso. Sabe o que eu penso? Ninguém sabia que ela estava em Portugal, ou melhor, ninguém sabia que ela estava voltando a não ser o Lucas e a Clara. Alguém deve ter descoberto isso e encomendado o sequestro dela, foi algo mandado. Ou ela foi muito azarada de chegar no Brasil e pegarem ela.
A viagem entre Portugal e São Paulo pareceu uma eternidade. E de fato é mesmo. Fizemos duas paradas para abastecer o jato e a equipe esticar as pernas. Entre os trechos eu tentei dormir um pouco, mas cada vez que meus olhos fechavam, eu pensava na Carol. Como ela está? Eu trocaria de lugar com ela. Já fiz tanta coisa errada na vida, que eu mereço muito mais esse sofrimento que ela.
Em umas das paradas que o jato fez, eu consegui comprar umas 2 camisas. Bem perto de aterrissar pedi um kit de higiene para a aeromoça. Fui ao banheiro, lavei o rosto, escovei os dentes e prendi o cabelo como dava, passei um desodorante e troquei a camisa. Foi o máximo de apresentavel que eu consegui ficar. Ficou até que bom, em vista de eu ter chorado por um oceano, viajado 13 horas sem nem estar esperando e ter tido minha namorada sequestrada. Não acertamos nada sobre titulos, e para falar a verdade não me importo, mas quero a Carol bem e ao meu lado.
Assim que o jato pousou no campo de Marte em São Paulo, eu liguei meu celular. O Lucas ficou de me buscar no aeroporto. Eu nem sei onde vou ficar, que roupa vou vestir, nada foi planejado. Eu simplesmente sai de urros para o Brasil em menos de 3 horas. No máximo estou carregando minha documentação e minha saudade da Carol. Assim que desci do jato, senti o mormaço e o calor do verão Brasileiro. Quase corri de volta para o ar condicionado. Depois de tanto tempo morando em Urros, respirando o ar gelado e andando na neve, chegar no Brasil em pleno verão de 35º é assustador.
Caminhei da area de pouso até o desembarque, nunca havia estado nesse aeroporto. É bem menos cheio que congonhas ou Guarulhos. Assim que acessei o hall, bati o olho buscando de algum modo encontrar o Lucas. Nunca havia visto ele, no máximo em uma foto que a Carol me mostrou. Mas posso dizer que não foi difícil, quando bati o olho na Caroline de barba eu sabia que era ele. Como pode? Os dois são estupidamente parecidos, a mesma expressão de centrado, mesmo queixo com covinha, mesmo olhar firme, só muda que ele tem uma barba por fazer, mas super delineada e modelada e o cabelo curto, bem penteado, com gel. Antes dele perceber que eu cheguei, ou percebeu que era eu que ele estava esperando, dei uma olhada no Lucas, não o conheço, mas ele estava com olheiras fundas, uma cara de abatido, cansado. Não esperava menos que isso, principalmente pela Caroline ter sido a pessoa que praticamente criou ele e por serem tão proximos e unidos.
- Lucas?!
- Isso. Você é a Fernanda né?! Caraca, como minha irmã escolhe as mulheres mais bonitas.
- Hahaha, que nada. Ela que é uma pessoa linda, eu dei sorte. - ele deu risada e me abraçou, me cumprimentando.
- Fe, posso chamar assim né?! Você tem mala, mochila, alguma coisa?
- Claro, pode chamar como quiser. Eu não trouxe nada, só essa mochila mesmo. Vem correndo, ou melhor voando, depois que conversei com você.
- Veio rapido mesmo. Foi tranquilo conseguir passagem?
- Eu liguei para um jato que tenho contato e fechei a viagem. Depois que falei com você já fui para o aeroporto. Como está tudo?
- Fe, você se importa se tomarmos um café? Com essa correria toda nem café da manha eu tomei. É o tempo de comermos alguma coisa e vou te atualizando. - Ele tem alguns jeitos da Caroline, principalmente por ser centrado e extremamente educado. Não pude deixar de imaginar uma adolescente brincalhona e sorridente, perdendo a mae e depois o pai sumindo, a alegria dando lugar a seriedade, a responsabilidade de proteger o irmão mais novo que ficou. A felicidade em ter feito dele um homem honrado e justo.
- Não não, posso lhe acompanhaire. Acabei por aprender a tomar café com a Carol nesse mes. - Andamos até a lanchonete que havia proximo. Ele procurou rapidamente uma mesa livre, esperou eu sentar e logo em seguida sentou. Levantou a mão aguardando o garçom. Pediu um capuccino e uma pao com alguma coisa, aproveitei e pedi um suco e um pedaço de torta.
- Seu sotaque é bem puxado para o português de Portugal, você viveu lá sempre?
- Não, eu nasci no Brasil e cá fiquei até os 5 anos. Fui a Portugal e cresci lá, no distrito de Tras os Montes, quase de fronteira com a Espanha. Voltei para o Brasil por volta dos 16, cursei medicina e depois retornei.
- Ah, você viveu um tempo aqui no Brasil. A Carol me contou um pouco sobre você, mas eu não gravo bem as coisas. Sabe, como penso que eu deveria ter ido buscar ela no aeroporto. Eu pedi para a Clarinha ir, para eu poder ver um paciente. Quantas vezes coloquei a profissão antes da minha família? - Ele estava carregado, dava para sentir. Se ele for mesmo como a irmã, deve estar segurando toda essa bomba do sequestro nas costas, sem ter conversado com ninguem.
- Lucas, tenho certeza que a culpa não foi sua, e a Caroline tambem deve achar isso. Foi uma infelicidade.
- A Clara tá desolada, ela viu a Carol entrando no carro do cara, do sequestrador. Ela não teve reação de correr lá nada, ficou travada. Também está se sentindo super culpada. Eu não só deixei de fazer uma tarefa simples para a minha irmã, como ainda coloquei a Clara na linha de frente disso tudo.
- Lucas, o que iria mudar se você tivesse ido no aeroporto buscar a Carol? Acredito que absolutamente nada. O que tem que acontecer conosco, acontece, felizmente ou infelizmente. Tem alguma noticia desde que ná dois conversamos? Descobriram algo?
- Conseguimos, na verdade o delegado conseguiu, a gravação do aeroporto. A Carol foi levada por um médico que fez faculdade com a gente, com ela. Ele foi meu veterano, mas era da turma dela, um tal de Puca. O foda é que nem o nome dele eu lembro, só do apelido mesmo. O delegado falou que vai investigar e ver se descobre alguma coisa.
- Mas eles pediram resgate, entraram em contato? Alguma coisa?
- Por enquanto nada, nem pra mim, nem pra polícia, nem pra Christiane. Eu fiquei a noite toda em pé, procurando o que eu tinha da faculdade para ver se descobria alguma coisa dele, nome, familiares, mas nada. Até achei umas fotos antigas na atlética, mas nada relevante. Estou sem chão Fe, sem chão, trocaria de lugar com ela sabe?!
- Lucas, você precisa ser forte, ter fibra para segurar essa situação toda. A Carol não iria gostar de te veres assim para baixo, tens que encarar isso, ser firme. Nós vamos achar ela, pode até demorar um pouquinho, mas vamos ter ela de volta.
Ele apenas confirmou com a cabeça e bebeu o café que havia pedido. Quando terminou de comer pediu uma água e a conta. Eu me prontifiquei a pagar.
- Quanto deu? Vou lá no caixa pagar.
- Claro que não Fernanda, você é convidada da minha irmã e minha, deixa aqui que eu pago. - Tentei insistir mais uma vez, mas o Lucas é firme como a Carol - Fe, você quer que eu te deixe em algum lugar especifico? Quer ir lá pra casa? Estamos todos concentrados lá para caso haja alguma nova informação.
- Eu nem sei. Vim tão correndo que não reservei hotel, não peguei roupa, nem troquei dinheiro, vim apenas com os euros que estavam na carteira.
- Então vamos lá para casa. Pode ficar lá o tempo que precisar.
- Não Lu, vocês já estão cheios de problemas, vou procurar um hotel próximo e fico lá apenas acompanhando as noticias.
- Até parece Fernanda, se minha irmã volta do sequestro a e descobre que eu te deixei num hotel, e não te acomodei na minha casa, ela vai me dar um sermão gigante e me arranca o que tenho nas pernas. Não conhece a Caroline brava, ainda mais com o que ela chama de educação básica. “Ce é Loko”, ela me quebra na porr*da.
- Que nada, ela é um amor de pessoa.
- Com vocês ela é. Comigo a tratativa é na porr*da. Você vai lá para casa e não tem mais negociação. Depois vemos o resto.
O celular do Lucas tocou, ele automaticamente foi tomado por uma expressão de preocupação, me pediu licença e se afastou para atender a ligação. Fiquei observando ele de longe, ele estava preocupado mesmo, falava no celular andando de um lado ao outro. Quando desligou o telefone, colocou a mão no rosto, como se respirasse fundo.
- Desculpa Fernanda, era uma ligação muito importante. O investigador que está cuidando do sequestro da Carol precisa conversar com a gente, ele descobriu alguma coisa. Pediu para eu ir na delegacia agora. Você vem comigo?
- Ora pois, claro. Vou te acompanhares, sem dúvida.
Andamos de um modo apressado até o local onde estava o carrro do Lucas, era um daqueles modelos clássicos, com cara de carro de executivo, prata. Assim que entrei percebi mesmo o carro de um médico, o jaleco estava pendurado no banco do carro, no banco de trás estava o estetoscópio e a cadeirinha de bebe. No banco do passageiro tinha varias apostilas e folhas espalhadas, ele pediu desculpa, juntou tudo e jogou no banco de tras, espalhando mais ainda as coisas. Eu não pude deixar de lembrar de toda a extrema organização que a Caroline teve nesse tempo que estava em Portugal.
- Conheço essa cara Fernanda, todo mundo faz. É a expressão do como posso ser irmão da Caroline e ser bagunceiro? Pelo visto você conheceu a organização doentia que ela tem.
- Chegava a ser doentia mesmo, gente. Como ela pode ser tão organizada? Lá em Urros, ela ficou hospedada na minha casa, esse mês todo que ela ficou, eu não vi uma peça de roupa fora do lugar ou jogada em cima da mala. Ela deixava tudo assustadoramente arrumado.
- Você entrou em alguma cirurgia com ela?
- Não.
- Se acha a mala dela organizada, tem que um dia assistir uma cirurgia dela. Ela é a única médica que consegue operar alguém e deixar a sala limpa e organizada depois. Se não tivesse o paciente e o sangue, você não diz que teve uma cirurgia lá. Chega a ser assustador.
- Sabe o que acho lindo nela, aquela malinha de atendimento dela. Logo quando ela chegou em Urros, teve um parto de emergência lá. Ela com aquela maletinha deu uma salvada, tinha quase tudo que ela precisava lá.
- Isso ai ela aprendeu com a minha mãe. Minha mãe dizia de toda pessoa é um potencial paciente e que você sempre vai ser o médico da situação, estando preparado ou não. Então ela sempre levava para qualquer lugar uma maletinha com umas pinças e uns fios de sutura, alguns frascos de anestésico, gaze, essas coisas todas. Se saísse de casa sem a porr* da maletinha, voltava para pegar. A Carolina faz a mesma coisa.
- Você lembra bem da sua mãe?
- Bem, bem, não. Eu tinha uns 11 anos quando ela faleceu. Então peguei ela já doente, não lembro muito dela com saúde ou algo do tipo. Lembro que meu pai chamava a Carol de marmota e minha mãe odiava isso, sempre tinha alguma reclamação para parar os apelidos. Era um barato. Eu lembro mais dessas coisas.
- Marmota? Porque?
- Meus pais são cariocas, criados na beira da praia. Passaram isso para a Carol. Ela adora calor, nadar. E toda vez que ia na praia, ela abria um buraco do lado do guarda sol, e ficava lá igual uma marmota tomando sol. No frio, ela comia a casa inteira, ai meu pai falava que era a marmota se preparando para hibernar. Esse apelido pegou até na época da faculdade, ninguém chamava ela de Caroline, só de marmota.
- Ela não comentou nenhuma vez desse apelido. Acho que ela deve saber que eu chamaria ela de marmota pra sempre.
- Fe, obrigada por ter cuidado dela em Portugal. Sei que deve ter sido difícil, mas obrigada.
- Lucas, o que eu vou falar você pode achar que é baboseira de apaixonado, mas a Carol me encantou desde o primeiro momento. Eu tentei lutar contra isso, mas depois de alguns dias eu queria ela comigo pra sempre. Quando você me contou do sequestro, meu mundo acabou, tive um aperto tão grande no peito. Não seria capaz de ficar em Portugal sabendo que ela estava aqui, sabe-se lá como. Não sei o que somos, se somos namoradas ou não, e também não sei como ela vai ficar quando ver a esposa dela, mas eu estou aqui como uma amiga, uma pessoa que quer ela muito bem, quero dar apoio depois que essa merd* toda “acabaire”.
O Lucas apenas deu um sorriso e continuou dirigindo.
Não demorou muito e estávamos estacionando na lateral da delegacia. Acho que nunca entrei em uma, havia um medo e ansiedade em mim. Algumas viaturas estavam estacionadas na frente, com policiais mal encarados e sérios, olhando tudo. O Lucas subiu as escadas e eu o acompanhei. Assim que chegamos ele foi a um balcão, se apresentou a um funcionário mal humorado, que mandou nos sentarmos e aguardar. O lugar tinha cheiro de fechado, de velho, as paredes eram de um branco sujo e as cadeiras furadas. Ao fundo havia algumas risadas de amigos em happy hour, ou algo similar a isso, ao mesmo tempo que um homem gritava “me solta” e outras coisas. Um lugar no mínimo incômodo e angustiante.
Aguardamos na sala de espera por mais de meia hora, uns 50 minutos na verdade. Durante esse tempo o Lucas ate tentava puxar assunto, mas eu podia ver como ele estava apreensivo e nervoso. Ele me perguntou sobre portugal, sobre minha faculdade, mas a realidade é que nenhum dos dois era capaz de engatar uma conversa de verdade. Quando finalmente chamaram a gente para subir na sala do investigador já estávamos anestesiados.
- Lucas, desculpa a demora. Tivemos algumas ocorrências desde que conversei com você. “Senta” aqui, vamos conversar. E a sra é? - me perguntou um senhor de uns 50 anos, com bigode branco, mas todo atlético, tirando a barriga de chopp. Ele usava uma camisa branca com o distintivo pendurado no peito.
- Sou amiga da Caroline. Estou a acompanhaire o Lucas nesse momento complicado.
- Tudo bem senhora. Esperem mais um pouco, quero que mais uma pessoa participe da nossa conversa - o senhor pegou o telefone e ligou para algum lugar, solicitando para uma moça ir até a sala dele. Não demorou muito tempo, uma garota por volta dos 28 ou 30 anos entrou na sala. Claramente a minha reação foi “ a sapatão que habita em mim, saúda a sapatão que habita em você”. Ela tinha uma postura firme, militarizada, quase que assustadora. Mas foi muito educada e gentil, esticou a mão cumprimentando o Lucas e depois eu. Depois disso o delegado voltou a falar com a gente - Essa é a Flávia, ela é agente do grupo de operações especiais. Quero que ela participe dessa nossa conversa. Depois que conseguimos as gravações do aeroporto, acompanhado de você identificar o sequestrador e o retrato falado, colocamos essas informações no sistema e conseguimos a imagem exata.
- Você reconhece essa pessoa? - a policial mostrou a foto de um homem, por volta de uns 35 anos, de oculos. O Lucas bateu o olho e na hora já respondeu.
- Pra mim esse é o Puca, bem mais velho que a ultima vez que o vi, mas é ele.
- Exato. Esse é o Jorge Puca, um dos lideres de uma organização de trafico de orgãos.- ela falou, assustando eu e o Lucas.
- Trafico de orgãos? - Eu não consegui ficar quieta aguardando ela falar - O que tem a Caroline com isso?
- Estamos acompanhando de perto essa gangue há algum tempo. Um dos líderes está com a mulher gravida. Estamos aguardando o momento do parto, onde todos estarão mais dispersos para abordar eles. Será uma ação mais perigosa, considerando que terá um recem nascido no meio de todo mundo. Acreditamos que a Caroline foi sequestrada por essa organização, exatamente por isso, por causa do nascimento da criança. Considerando que ela é ginecologista e conhecia o Jorge Puca.
- Faz sentido, principalmente porque o Puca conhecia a Carol. Mas como eles fazem transplante de orgãos? É algo que precisa de espaço especializado, medicos. A Caroline não foi sequestrada para pegarem os orgãos dela?
- Lucas, eu não posso te garantir uma motivação exata do sequestro da sua irmã. Estamos trabalhando com essas hipóteses. Acredito mesmo que a Caroline foi sequestrada em condição do nascimento do filho do chefe, do Grilo. Eles possuem uma rede absurda, de sequestro de pessoas para a retirada de orgãos e aliciamento de pessoas para a venda dos orgãos. O Puca é o responsável pela retirada e colocação do orgão, por ele ser médico e ter uma breve experiência em cirurgia. E acreditem, eles possuem um centro cirúrgico, quase que um hospital, no meio da favela de Paraisópolis.
Tanto eu como o Lucas estávamos em completo silêncio e choque. Imaginamos um sequestro boca de porco, com um cara perdido, querendo grana ou algo simples. Mas se for efetivamente essa teoria, a Caroline está muito ferrada, imagino ela no meio de uma favela, perdida, chorando, com uma arma na cabeça. Não consigo tirar da cabeça essa cena que a minha imaginação montou.
- Eles sao uma quadrilha muito bem organizada e gerenciada. Atuam no roubo de materiais hospitalares, sequestro de pessoas, venda e trafico de orgaos, assasinatos para a retirada desses órgãos. Estamos trabalhando neles a um bom tempo. Posso garantir no tocante a minha tarefa policial que farei o que couber a mim para trazer a Caroline de volta para vocês.
- Quando vocês vão invadir o lugar? Quero ir junto. Sou medica posso ajudar.
- Senhora, quanto a data de abordagem, isso é algo sigiloso, não posso expor esses dados da operação. E quando a senhora participar da abordagem, isso é algo sem a menor possibilidade. A senhora sendo médica ou não, sendo o papa ou o presidente, para sua própria segurança, não tem acesso a abordagem. - a Flávia, educada, mas muito firme, nos respondeu.
- O que devemos fazer então? Aguardar novas notícias? - o Lucas arrematou a conversa.
- Sim dr. Peço que aguardem nosso próximo contato. Prometo que faremos nosso melhor.
O Lucas estava claramente desolado, mais do que quando ele me buscou no aeroporto. As olheiras que já estavam fundas, ficaram mais escuras. Os olhos dele ficaram mais cansados que a algumas horas atrás. Já eu, estava nervosa, agitada, ansiosa. Acho que se eu tivesse ideia de onde fica esse cativeiro deles, eu me enfiav* lá e trocava de lugar com a Caroline. Não me sai da cabeça a imagem dela, la no Douro, linda, sorrindo, feliz. Quero ter essa imagem dela, por mais que nesse momento eu ache que ela está triste, sangrando, chorando. Na melhor das hipoteses, ela foi sequestrada apenas para fazer o parto e será liberada depois, estou me fixando profundamente nessa ideia, nessa expectativa. Não quero nem pensar na ideia de trafico de orgaos ou qualquer coisa do tipo.
Terminado a conversa com o delegado e a investigadora, o Lucas pediu licença e saiu da sala, não sei se para chorar ou se para quebrar tudo. Ele estava definitivamente perdido. Eu não tive reação de sair, me mantive na cadeira como já estava. O delegado saiu da sala, dizendo que precisava fazer outras coisas, e reforçou que eu tinha todo o tempo que precisasse.
Me mantive sentada, chacoalhando as pernas, pensando em mil alternativas. A Flávia, investigadora, trocou de lugar e se sentou ao meu lado, onde inicialmente o Lucas estava.
- Fernanda, a Caroline é sua menina?
- Não tivemos tempo para determinar um título ao que somos. Mas posso te garantir que o que sinto por ela vai além de qualquer outro sentimento. Eu trocaria de lugar com ela nesse exato momento, sem pensar.
- Fernanda, eu não posso dizer que sei o que está sentindo, não posso nem dizer que imagino. Não consigo nem imaginar minha namorada em uma situação assim, sequestrada. O que eu posso te dizer, com toda e completa certeza - ela segurou minha mão e olhou nos meus olhos, de modo verdadeiro, intenso - eu vou fazer o que estiver ao meu alcance para trazer sua menina para casa de novo. Isso eu prometo.
Fim do capítulo
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