Capítulo 69 - Na Ilha da Magia
A ILHA DO FALCÃO -- CAPÍTULO 69
Na Ilha da Magia
Isabel pediu um papel e uma caneta para o barman e colocou sobre o balcão.
-- Anota aí -- ela bateu várias vezes com a ponta do dedo sobre o papel -- E nem adianta dizer que não sabe de nada. Não existem segredos entre você e a Alexandra.
-- Isso porque eu sou esperto. Percebo tudo o que está acontecendo ao meu redor. Não sou como certa pessoa que não enxerga um palmo diante do nariz.
Ela cruzou os braços na altura do peito, forte indicativo de que não gostara do comentário.
-- Você sabe que existe uma grande possibilidade de não sair vivo daqui. Não é mesmo? -- Isabel perguntou sem disfarçar um tom de irritação.
André deu um passo para trás quando Isabel arregalou os olhos.
-- A verdade dói, né kirida? -- ele deu mais um passo para trás -- Não vou dar o endereço...
Isabel deu um passo para frente.
-- Ah, vai sim!
-- Aiiii... Socorro! Monnn... -- André protegeu-se com os braços como se tivesse medo de ser partido em pedacinhos.
-- Esperem! -- Ramon se colocou entre os dois -- Calma, pessoal -- o rapaz se virou para o esposo, pegou a mão dele e esfregou suavemente os dedos -- Acho melhor você dar o endereço para ela.
-- Não posso escrever o endereço. Eu não sei -- disse, empinando o nariz.
-- Ah, é? -- Isabel perdeu a paciência. Levantou o braço e foi pra cima do rapaz.
André corria ao redor da mesa enquanto falava. Isabel corria atrás dele.
-- Eu não posso escrever o endereço..., mas, posso levá-la até lá...
Isabel parou repentinamente de correr.
-- Pode?
-- Posso -- ele respondeu ofegante, fechando os olhos -- Que susto! -- ele apoiou-se na mesa com a mão sobre o peito -- Você não vai conseguir chegar até a poderosa, sem eu para guiá-la.
-- Tá certo. Então vamos.
-- Não posso ir agora. Tenho um negocinho para resolver antes.
Isabel meneou a cabeça, pensativa, olhando diretamente para ele. Talvez fosse melhor marcar para mais tarde. Assim, teria tempo de chamar Victória para ir junto.
-- Tudo bem, André. Eu volto às 15 horas. Escutou? Às 15 horas.
Num estalo, Isabel girou sobre os calcanhares e foi embora.
-- Deselegante! -- André mostrou a língua quando ela deu as costas.
-- Não provoca a Isa, André. Você sabe como ela é brava.
-- Não tenho medo -- tirou o celular do bolso e começou a digitar um número -- Não se preocupe comigo, Mom. Talvez tenha que me ausentar por alguns dias.
Ramon meneou a cabeça de um lado para outro.
-- Vai começar tudo de novo -- resmungou o rapaz.
Pelo modo em que a olhava, Talita compreendeu que Natasha não acreditava em Carolina.
-- Eu sei que não devia ter me deixado levar pela conversa da Carol, mas já está feito é tarde demais. Tarde demais para voltar atrás e fugir, tarde demais para fingir que nada aconteceu. Não consigo esconder que o que sinto é amor.
Natasha não queria que Talita estivesse apaixonada justo por uma mulher como Carolina. A irmã não servia para ela; não para sempre, não até o fim da vida. Tudo que Carol desejava era um romance leve, sem consequências, sem amarras.
-- Sinceramente, não considero a Carol alguém confiável. Por outro lado, a doutora não é nenhuma virgem inocente. Considero a doutora uma mulher sofisticada, experiente. Então, não vou me meter no caso de vocês.
Talita sorriu. Gostava do modo como a empresária encarava as situações. Sem julgamentos, críticas e parcialidade.
Ela foi incapaz de se negar ao toque de Carolina, incapaz de reafirmar o bom senso e fugir de qualquer contato íntimo. Agora teria que conviver com a possibilidade de se decepcionar novamente, disse a si mesma.
-- A Carolina vai ter que rebol*r muito para reconquistar a minha confiança. O que ela fez com a Andreia foi um absurdo. Guardasse para si as suas desconfianças. Ela tem todo o direito de ter a sua própria opinião, mas ela não tem o direito de acusar sem provas.
-- Eu concordo com você. Confesso que estou pisando em ovos.
Talita já se preparava para sair quando a enfermeira bateu à porta e entrou.
-- Com licença. Vim coletar o material para o exame.
Sem esperar por uma resposta, ela foi logo amarrando o garrote elástico no braço da empresária.
-- Se doer mordo a sua orelha! -- Natasha franziu o cenho.
-- Credo! -- a enfermeira exclamou, olhando para ela, horrorizada.
Talita balançou a cabeça, os olhos brilhantes de divertimento.
As nuvens se dissiparam para revelar um panorama simplesmente impressionante através da janela do avião. Alexandra e Bruna puseram-se admirar, boquiabertas, a maravilhosa ilha que surgia lá em baixo.
Alexandra olhou para Bruna e cantou:
-- Um pedacinho de terra, perdido no mar!... num pedacinho de terra, beleza sem par!...
-- Jamais a natureza reuniu tanta beleza, jamais algum poeta teve tanto pra cantar... num pedacinho de terra, belezas sem par -- Bruna completou.
-- Gosta do hino de Florianópolis, doutora?
-- Gosto.
-- Então não estraga.
-- Eu canto bem, você é quem ouve mal -- entreolharam-se durante alguns segundos, até que por fim, Bruna concordou -- Tá, eu canto mal, mas canto com sentimento.
-- É, realmente. Sua voz parece um lamento. Ainda bem que as suas mensagens são escritas, se fossem cantadas nem os espíritos suportariam.
-- Você fala como se fosse a Shakira. Se enxerga.
Alexandra deu de ombros.
-- A minha sogra tem a voz tão feia que toda vez que ela começa a cantar, o marido corre para a varanda para os vizinhos verem que ele não está batendo nela.
O aviso de "Apertem os cintos de segurança" acendeu, e Bruna, automaticamente, verificou se o cinto estava travado.
-- Dentro de 15 minutos pousaremos no Aeroporto Internacional de Florianópolis, Hercílio Luz -- anunciou a voz aveludada da aeromoça -- Por favor, verifiquem se a bagagem de mão está no compartimento, e fechem as bandejas das poltronas.
-- Fala sério Alexandra. O que você pretende me trazendo para Florianópolis? Não vejo de que forma eu posso ajudar essas pessoas.
-- Você vai ajudar a descobrir aonde o pequeno Gavião está.
-- Falcão.
-- Foi o que eu disse -- o avião mergulhou para se aproximar da pista e Alexandra respirou fundo. Seu estomago revirou - As pessoas que não me acham muito religiosa deveriam me ver no avião -- comentou suando frio -- Você pode psicografar uma carta. Da mesma forma que fez para mim.
-- Vou repetir o que disse para você naquela época. A comunicação dos espíritos, não é obtida com a facilidade de uma ligação telefônica. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra! Se as comunicações entre as criaturas terrenas nem sempre são fáceis, que dizer das que se processam entre os espíritos e os homens? Muita gente procura o médium como se ele fosse uma espécie de cabine telefônica. Mas nem sempre o circuito está livre e muitas vezes o espírito chamado não pode atender.
-- Foi fácil com o meu pai -- insistiu Alexandra.
-- Nem todos os espíritos, estão em condições de comunicar-se com facilidade. Além disso, a manifestação solicitada pode ser inconveniente no momento, tanto para o espírito quanto para o encarnado. Entendeu?
-- Entendi -- Alexandra passou uma mão pela testa, amaldiçoando por dentro o medo que sentia de viajar de avião -- Mesmo assim você vai tentar. Vai que alguém lá em cima atende e esteja a fim de nos ajudar.
A aterrissagem foi rápida e sem problema. O aeroporto estava movimentado. O avião taxiou tranquilamente no terminal, enquanto os passageiros e a tripulação recolhiam seus pertences.
Após breve caminhada pela pista, chegaram ao terminal.
-- Alguém vem buscar a gente?
-- Eu falei com a Elisa por telefone. Ela já deve estar esperando por nós.
No salão ao lado, as pessoas aguardavam para receber os passageiros. Muitas carregavam placas para se identificar. Não foi difícil para Alexandra reconhecer a senhora parada atrás da aglomeração.
Alexandra caminhou na direção dela, para parar bem ao seu lado.
-- Oi -- ela berrou, próximo ao ouvido da mulher.
Elisa a encarou, aturdida. O ouvido zumbindo.
-- Você sempre foi assim tão louca? -- indagou, sabendo que essa, provavelmente, não era a coisa mais gentil a dizer naquele momento, mas não conseguiu evitar.
Alexandra olhou-a séria e se pôs a caminhar, Bruna e Elisa foram obrigadas a acompanhá-la.
-- Estou num péssimo dia -- continuou -- Acho melhor não me contrariarem.
Bruna podia argumentar que na opinião dela Alexandra só tinha dias ruins, mas não o fez. Estava ocupada demais correndo atrás da loira. Tentando alcançá-la.
-- Vou leva-las até o hospital. A Natasha está esperando por vocês. Tudo bem? -- indagou Elisa.
-- Tudo ótimo -- Alexandra retrucou depressa, diminuindo o passo um pouquinho -- Ela sabe que eu sou a comandante da operação? -- seus impressionantes olhos verdes estavam ocultos pelos óculos escuros.
Elisa fez uma careta, mas se recusou a responder.
-- Não dê ouvidos à Alexandra -- a médica deu uma palmadinha de leve no ombro da senhora -- Ela é tão amarga, que eu acho que na outra encarnação foi um pé de boldo.
No hospital, Natasha estava ansiosa pela chegada da médium.
-- Você está exagerando, Natasha. O tempo das caminhadas será aumentado gradualmente conforme a recuperação -- disse Talita, fazendo um gesto discreto para a fisioterapeuta.
-- Estou completamente recuperada. Não tenho tempo para frescuras. Tenho vontade de sair desse hospital agora mesmo.
-- Onde você estaria se fizesse tudo que tem vontade? -- perguntou a fisioterapeuta.
-- Presa -- respondeu Natasha, irritada.
Talita sentou-se na beirada da cama, fitando-a com visível contrariedade.
-- O que espera que a médium faça?
-- Espero que ela me diga aonde a Andreia está. Só isso.
-- Só isso? -- a médica passou a mão pelo rosto e saltou da cama -- Volta para a cama. Chega de caminhada.
De repente, uma batida à porta interrompeu-as.
-- Entre -- disse Talita, após alguns instantes.
A porta se abriu e Elisa apareceu acompanhada por duas mulheres.
-- Finalmente! -- disse Natasha, assim que elas entraram.
-- Natasha, essas são...
Alexandra deu um passo à frente e empurrou Elisa para o lado.
-- Essa é uma operação ultrassecreta, secretíssima, confidencial e reservada. Então, por favor, os perus de fora queiram se retirar.
Todos olharam admirados para Alexandra, que puxou uma cadeira e se sentou.
Bruna revirou os olhos. Ela se sentia tão sem palavras enquanto Alexandra, obviamente, se mostrava tão à vontade. Não sabia se a aplaudia pela ousadia, ou se batia pela cara de pau.
Fim do capítulo
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Anny Grazielly
Em: 14/09/2020
Aiaiaiaia... que encontro mais louco esse entre Alex e Nat... kkkkk... ja espero muitas loucuras nessa operação ultra-secreta... kkkkk....
Kkkkk a Alexandra é tão parecia com a Natasha, que até a autora confundiu o nome delas.
As duas juntas não vai prestar rsrsrs.
Espero que saiam todos vivos desta operação utra secretissima kllk
Bjs
Resposta do autor:
Boa tarde darque.
Eita que o alemão Alzheimer passou por aqui. Kkkk... estou confundindo cafetão de gravata com capitão de fragata.
Bridaduuu... pelo toque. Bora arrumar.
Beijão.
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Mille
Em: 25/10/2018
Oi Vandinha
Essa operação vai ser a maior graça e acho que a coitada da Sofia vai sofrer as consequências quando a Alex executar o plano.
Isabel e cia vai se mala e cuia atrás da Alex aí sim pegar ela pela orelha e dar uns puxões.
Natacha já está vendo que a poderosa Alexandra já chega causando.
Bjus e até o próximo capítulo.
Resposta do autor:
Boa tarde Mille.
Poderosa, linda e maravilhosa. Não esqueça que além de loira e linda, ela ainda é inteligente.
Palavras dela mesma.
Beijão Mille. Até.
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Keilaspm
Em: 24/10/2018
Sempre ótimos os novos cap
Ainda mais com Xanda e Bruna só quero ver Isabel e vitória aparecendo aí pra fechar com tudo Isabel sempre brava mulher terrível meu deus amo
Resposta do autor:
Boa tarde Keilaspm.
Obrigada.
Isabel e Vic chegando em Floripa. Ai, ai, ai.
Acho que não vai dar certo.
Beijão pro cê.
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NovaAqui
Em: 24/10/2018
Ainda bem que é só para encontrar Andréa. E ainda bem que ela está com Marlon em segurança. Não é nada muito absurdo. Se fosse em outras condições, Natasha surtaria com Alexandra.
Acho que as duas vão se dar bem e ainda vão enlouquecer Bruna e Elisa kkkkk
Ansiosamente vou aguardar o próximo capítulo.
Um boa noite!
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Boa tarde.
Pensa na confusão, NovaAqui.
Beijão. Até.
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