Capítulo 7 – A namorada da minha namorada.
Capítulo 7 – A namorada da minha namorada.
Duda e Jéssica estavam cada vez mais próximas. As duas sempre se encontravam escondidas no estacionamento para ficarem aos beijos.
Os dias foram se passando e Felipe e Arthur foram sentindo a ausência de sua amiga.
Em uma segunda-feira, como era de costume, os três irem ao cinema, pois era dia de promoção.
-Ela não vem né?
-Sabemos onde ela está.
-Sim, com a Jéssica.
-Lipe, você não acha que deveríamos intervir nesse relacionamento? Ela está muito submissa a essa garota. A Jéssica manda completamente nela e a Duda faz tudo o que ela quer. Ela é nossa amiga. Ela vai acabar se machucando.
-Deixa isso pra lá Tuco.
-Vamos embora, sem a Duda o dia do cinema não tem graça.
-Não tem mesmo. Vamos!
Quando os dois estavam indo embora:
-Lipe, você quer ir à minha casa?
-Quando?
-Hoje! Vamos, os meus pais vão adorar te conhecer.
Na casa de Arthur, Lipe conheceu os pais e a irmã dele.
-Nossa Brou! Sua irmã é mó gata!
-Own, respeita a minha irmã, ela só tem 13 anos.
-Desculpa Tuco, foi só um elogio. E eu acho que meu amigo já ficou com ela.
-Eu acho que você deve estar se confundindo.
Felipe jantou na casa de Arthur e na hora de ir embora agradeceu.
-Agradece a sua mãe. A janta estava maravilhosa e a dona Andreia é muito gentil.
-Agradeço sim. Lipe, eu estava pensando e eu tenho uma ideia para separar a Jéssica da Duda.
-Tuco, já falei pra você esquecer isso.
-Você não sente falta dela? Ela nos abandonou.
-Eu sinto. Mas não estamos sozinhos, nós temos um ao outro. E a Jéssica faz a Duda feliz. Elas estão felizes juntas. Pensa na felicidade dela e esquece isso, tá bom?
-Tá bom!
Arthur sentia falta da presença de Duda e queria que as coisas fossem como antes, Duda parecia outra pessoa, parecia que não tinha mais personalidade própria, seu mundo agora girava em volta da Jéssica. Então no outro dia ele pôs seu plano em prática, ligou para o pai de Duda, dizendo ser da escola e que sua filha estava passando mal e que precisava ser pega na hora da saída.
Naquele dia, o pai de Duda, saiu da empresa, entrou em seu carro, quando foi estacionar na escola viu sua filha beijando uma garota. Elas estavam aos beijos naquele estacionamento vazio.
Ele não teve reação nenhuma na hora, voltou para a empresa, fingiu que nada tinha acontecido.
À noite, quando chegou em casa chamou Duda para conversar, disse que flagrou as duas e que era para Duda se afastar da garota e por isso iria enviá-la para fazer um intercâmbio no Canadá.
Quando Duda foi contar para seus amigos o que tinha acontecido. Felipe já olhou para Arthur com olhar de negação e desprezo, ele sabia que foi armação de Arthur, mas não podia contar nada para Duda, pois Arthur também guardava um segredo seu. Ele tinha medo de que Arthur contasse para alguém sobre seus pais e uma tragédia iria acontecer. Ele não poderia correr esse risco, ainda mais agora que seu pai estava menos agressivo em casa. Então Felipe achou melhor guardar esse segredo da armação de Arthur para o bem de todos.
Arthur sentindo com peso na consciência pelo o que fez e temendo que o pai de Duda realmente a mandasse para outro país, sugeriu o “namoro fake” e Duda adorou a ideia. Levou Arthur em sua casa fingindo ser seu namorado. E o pai de Duda caiu (ou fingiu que caiu) na mentira. Ele adorava Arthur, pois Arthur parecia ser bem ambicioso contando para seu sogro que pretendia seguir uma carreira administrativa depois que terminasse a escola.
Duda tentou explicar a situação para Jéssica, que não gostou muito da ideia, mas esse namoro caiu como uma luva para as duas, pois agora Duda podia sair mais vezes com Jéssica e dizia para seus pais que estava na casa de Arthur.
Essa mentira se estendeu por tanto tempo que o ano passou e eles estavam agora no último ano da escola.
Um dia, Arthur quis levar Duda pela primeira vez em sua casa. Duda aceitou.
Na casa de Arthur:
-Mãe, a minha namorada vai vim aqui hoje.
-Até que enfim vou conhecer sua namorada, meu filho.
-Mãe, ela vem almoçar, ela é vegetariana! Então nada de carne, por favor!
-Vegetariana?
-Sim, ela é defensora de protetores de animais.
-Tudo bem, vou pensar no que vou preparar de especial.
No dia da visita de Duda, ela estava um pouco nervosa. Apertou a campainha e Arthur foi atender.
-O que é isso?
-Um buquê de Tulipa Azul Turquesa, não está vendo? Trouxe pra sua mãe, eu iria trazer um buquê de rosas, mas essas tulipas estão tão lindas e são as minhas favoritas. Espero que ela goste.
-Mas pra quê tudo isso? Não precisava de tudo isso!
-Aihn, para de ser chato! Se eu tenho que fingir que sou sua namorada, então tenho que agradar a minha sogra.
-Mãe, pai, essa é a Duda a minha namorada. Essa aqui é a minha mãe Andréia e meu pai Agnaldo.
-Trouxe para você Dona Andréia. - Lhe entregou o buquê.
-Que linda e adorável a sua namorada Arthur.
-Cadê a sua irmã Arthur?
-Ela está fazendo trabalho de escola na casa de uma amiga. Esse ano ela mudou pra manhã, agora ela é do ensino médio também, Ela tem 14 anos. Quando ela chegar eu vou te apresentar. Enquanto a Fabi não chega vou te apresentar a minha vó Adelaide, ela está no quarto dela, vamos lá.
-Ah! Tudo bem.
No almoço, só Agnaldo comia carne, Arthur, Dona Andréia e Duda estavam comendo salada de abóbora com arroz-cateto integral. Todos estavam em silêncio quando o senhor Agnaldo começou a puxar assunto:
-Você é muito bela menina, meu filho tem bom gosto. Eu estava começando a achar que o Arthur fosse Gay.
Dona Andréia, que sempre era muito educada, estava tentando amenizar as palavras do seu marido.
-Claro que se fosse! Nós aceitaríamos. É porque o Arthur nunca trouxe nenhuma garota em casa antes, aí o Agnaldo tava achando que o Arthur e o amiguinho dele, o Felipe fossem namorados. Mas ele é um bom menino, seria um bom genro também.
-O Lipe, conheço, é nosso amigo.
-Sua mãe disse que tenho que ser mais moderno. Eu aceitaria, mas claro que entre esse garoto e ter essa linda e educada garota como nora. Eu prefiro ela.
-Agnaldo, vamos comer. Fico Feliz por você meu filho! -Disse sorrindo para Duda.
E Agnaldo e Andréia se olharam.
Momentos depois, Fabi chegou para almoçar e ficou o tempo todo encarando Duda.
Depois do almoço e depois de Duda passar quase o dia todo na casa de Arthur com seus pais, ela resolveu ir embora, ele pediu para ela esperar na sala, enquanto ele trocava de roupa para levá-la até o ponto. Ela estava sozinha na sala com Fabi.
-Eu te conheço da escola. Eu só não entendo, o que uma garota como você, está fazendo namorando com o otário do meu irmão.
-Eu amo o seu irmão, ele é um grande amigo, quis dizer namorado. É um bom namorado.
Arthur desceu as escadas e foram embora.
Um dia, Arthur estava em casa e a campainha tocou, quando ele abriu a porta:
-A Fabi está?
-Quem é você?
-O “ficante” dela.
-A minha irmã só tem 14 anos, não tem idade para ter “ficante”.
-E daí? Eu também só tenho 14 anos.
Arthur bateu a porta na cara do garoto e ele foi embora.
Fabi desceu as escadas toda arrumada.
-Onde você vai?
-Cadê o cara?
-Que cara? Só vi um garoto e mandei ele ir embora.
-Por que você fez isso?
-Porque você é uma criança.
-Para de querer mandar em mim. - Ela disse abrindo a porta.
-Se você sair vou contar pra mãe.
Ela fechou a porta e subindo as escadas para voltar para seu quarto.
-Você é um bosta, você vai ver o que vou fazer.
Outro dia em frente à escola, Duda estava esperando Jéssica para elas irem até algum outro lugar depois da aula e Fabi chegou:
-Oi Duda!
-Ah! Oi Fabi!
-Tá esperando a sua namorada?
-Do que você tá falando? Não, não. Estou esperando uma amiga.
-Então você está esperando aquela sua “amiga/namorada” meio japa que você dava uns amassos no estacionamento? O Arthur sabe disso?
No mesmo instante, Duda ficou branca, pálida e nervosa. Fabi era muito popular na escola e poderia soltar essa bomba para todos da escola.
-Quem te contou essa mentira?
-Ninguém me contou, eu vi vocês duas no estacionamento, eu costumo fumar maconha escondida lá.
-E o que você quer em troca, pra ficar calada?
-Quero que você me leve pra sair.
-Que? Claro que não! Eu namoro com o seu irmão, ele vai me odiar.
-Ele não precisa ficar sabendo.
-Te encontro no “Snooker Karaokê” esse final de semana então?
-Como você sabe do Karaokê?
-Tenho minhas fontes.
No bar da Sheila no final de semana:
-Oi Duda!
-Oi Sheila!
-Cadê a Jéssica?
-Hoje ela não pôde vim. Essa aqui é a minha cunhada Fabi.
-Oi, Prazer!
-Prazer Sheila!
-Vai cantar hoje Duda?
-Hoje não Shey! Não é a mesma coisa cantar sem a Jéssica. Hoje vou querer só umas fichas para jogar e pede pro Leon levar a mesma bebida de sempre.
-Tudo bem, toma aqui suas fichas.
As duas estavam se divertindo jogando, quando Leon chegou com um coquetel e lhe entregou.
-Sex on the beach! Adoro essa bebida.
-Eu aprendi a gostar com a Jéssica. Vamos sentar, mas você não vai beber, você não tem idade para isso.
-Nem você tem. Já fiz coisas que você não pode nem imaginar.
-Como você consegue ser assim?
-Assim como?
-Você não tá nem aí para o que as pessoas falam de você.
-O que as pessoas falam de mim?
-Você sabe!
-Pode falar.
-Te chamam de vagabunda.
-Se ser vagabunda é ser livre e poder ficar com quem eu quero, sem ter ninguém mandando em mim e nem baixando a cabeça pra ninguém, então eu sou vagabunda mesmo, então pra quê eu vou ligar para o que as pessoas dizem.
-Eu queria ser assim igual a você e não ligar para o que os outros dizem.
-Quer um conselho? Taca o “foda-se”. Sabe Duda, você tem que ser o que você é. Todos vão “falar” de você por algum motivo: Se você é homossexual, negra, branca, magra, gorda, rica, pobre... Você só não pode deixar de ser o que você é pelo o que as pessoas falam de você.
Duda estava ali, pensando: “Nossa! Estou recebendo conselhos de uma pessoa bem mais nova que eu”.
-Você é legal Fabi.
-Você também é muito legal Duda.
Fabi queria muito beijar Duda para se vingar de Arthur. Esse era seu plano, ela iria até tirar uma foto. Então ela beijou Duda ali mesmo no bar. Duda não fugiu do beijo mesmo achando muito estranho.
Depois do beijo.
-Por que você fez isso?
-Pra ser sincera com você, eu queria me vingar do meu irmão, mas estando aqui e depois que te beijei, essa sensação de ódio e vingança passou. Me desculpa.
Duda sentiu-se usada e resolveu voltar para casa e Fabi concordou em terminar aquele encontro naquele exato momento.
Fabi prometeu a Duda que não iria contar a ninguém o que viu entre Jéssica e ela.
No outro dia, Duda contou para Jéssica que Fabi havia a beijado.
-Eu juro pra você que foi ela que me beijou, foi muito estranho! Ela só queria me usar para se vingar do seu irmão.
-Você sentiu algo?
-Claro que não. Ela é uma criança. Você acredita em mim?
-Claro que acredito! Já que está sendo sincera comigo, só tem uma coisa que me preocupa. Você já beijou o Arthur?
-Claro que nunca beijei o Tuco!
-Ele já te tocou alguma vez?
-Nunca! Ele é meu amigo, só topou esse namoro fake para eu não ser mandada para o exterior pelo meu pai, se hoje estamos juntas, você deveria agradecê-lo.
-Eu acredito em você, mas é que eu tenho ciúmes.
-Para com esse ciúme bobo. É você que eu amo.
Alguns dias depois, Arthur chegou em casa um pouco bravo. Fabi chegou um pouco depois:
-O que você tem?
-Um amigo do Lipe disse que ficou com você!
-E qual é o problema disso?
-Eu tenho vergonha de você. Da sua reputação.
-Logo você falando de reputação maninho. Sua namorada tem namorada. - Fabi não queria ter contado, mas na fúria que estava acabou soltando – E sua namorada ainda me beijou.
-Ela o que?
-É isso mesmo! A gente se beijou.
-Mentirosa!
Arthur abaixou a cabeça, suspirou e perguntou:
-Fabi, como é beijar a Duda?
-Ah, você sabe.
-Sim, eu sei, mas quero que você me prove que está falando a verdade.
-Ela tem um beijo quente e demorado, ela tem um jeito de pegar na nossa nuca que passa os dedos entre nosso cabelo que nos faz arrepiar toda a espinha, abala até a alma e seu beijo era tão doce que parecia até que eu estava extraindo toda a sua doçura pela boca e depois que a beijei me veio uma sensação muito estranha, era uma sensação de redenção, como se eu limpasse meu coração e não quisesse mais fazer o mau, apenas o bem.
Arthur ficou suspirando e quando Fabi terminou de falar, ele fechou a cara e disse:
-Eu te odeio!
No outro dia na escola:
-Por que você não me contou que beijou a minha irmã?
-Ela que me beijou.
-Não foi isso que ela me disse.
-Você não acredita em mim? Eu juro. A Jéssica acreditou em mim.
-Você contou pra ela e não contou pra mim? Jéssica, Jéssica, sempre Jéssica claro!
-Você tá com ciúmes? De quem? Da Jéssica ou da Fabi?
-Não é ciúme Duda! É minha imagem que está em jogo. Eu já tenho fama de “estranho”, se a Fabi abre a boca e conta o que ela sabe, eu vou virar chacota na escola.
-Calma! Eu vou falar com ela.
-Dá um jeito, por favor.
Fabi nunca contou nada para mais ninguém do que sabia. Apesar de tudo, ela sentia um carinho muito grande por Duda e elas se tornaram grandes amigas.
Fim do capítulo
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