Ully por May Poetisa
Prata
20.
Taquicardia, é a palavra que me define ao pisar na arena e observar a elite do judô mundial toda reunida. São mais de 700 atletas de diferentes nacionalidades, representando cerca de 120 países. Felizmente, o Brasil tem tradição neste torneio, com mais de 40 medalhas acumuladas e meu sonho é contribuir com o aumento. A equipe brasileira é formada por 22 judocas, sendo que 7 já subiram ao pódio do mundial, enquanto, 8 são estreantes, como eu. É uma honra, ficar ao lado de campeões olímpicos e participar da competição mais importante do calendário internacional do judô.
A estreia do Bruno foi impecável, ele fez um imbatível Uchi mata (“golpe de ataque que visa derrubar o rival por meio de um movimento de perna aliado ao giro do quadril”).
Acompanhei com atenção todas as disputas do período matutino, pois, desta forma aprendo muito e estudo as técnicas das adversárias.
No horário do almoço, retornamos para o hotel com a nossa equipe, nos alimentamos juntos, descansamos por aproximadamente uma hora. Durante este tempo procurei meu equilíbrio, não posso deixar prevalecer a insegurança e a ansiedade.
Fiz alongamento no vestiário, rezei, pois, “a solução não cai do céu, mas minha força vem de lá.”.
Minha primeira adversária, uma canadense renomada. Pisei no tatame e me concentrei.
Nos primeiros instantes do confronto, eu venci com um ippon. A minha única explicação para este feito: sede por vitória. Fiquei muito feliz por vencer este duelo preliminar, mas, comemorei de forma contido, porque sei que é só o começo desta longa batalha. Cumprimentei a minha adversária, abracei e agradeci o Francisco. Em seguida, o Bruno me parabenizou. Procurei pela Zípora, mas, não consegui localiza-la, já que as arquibancadas estavam movimentadas. Fui até o vestiário, apanhei meu celular na mochila e sorri ao ler a mensagem dela:
Judoca, parabéns!
Zí, muito obrigada.
Queria agradecer pessoalmente, mas, nem foi possível. Logo já me chamaram para conversar sobre a disputa do dia seguinte. Elaboramos algumas estratégias e em seguida voltamos para o hotel. Depois do jantar, liguei para a minha família, contei sobre a vitória e eles me parabenizaram. Antes de dormir também liguei para a Zípora.
- Alô!
- Zí, pode falar?
- Sim, deixa eu só achar um local menos barulhento.
Aguardei por alguns minutos.
- Estou num pub.
- Nos falamos depois.
- Pode dizer.
- Divirta-se!
Foi tudo o que eu disse antes de desligar. Não sei por qual razão, mas, fiquei enciumada. Com quem será que ela está? Por onde anda? Com quais companhias?
Ela retornou e eu não atendi. Desliguei o celular e cansada adormeci. Na manhã seguinte, Bruno participou da primeira luta e novamente venceu com êxito. Infelizmente, outro favorito da nossa equipe foi eliminado precocemente, a chave dele era muito complicada e ele ainda acabou machucado. Nosso segundo dia competindo, foi cheio de altos e baixos. No começo da manhã, uma vitória impecável; já no final do mesmo período, uma eliminação inesperada. Já a tarde nem foi diferente. Minha luta, foi com uma grega, conhecida por seus diversos títulos, ela além de forte, é muito esperta. Em certo momento da luta, nós duas já estávamos cansadas, resolvi utilizar uma variação de técnicas e obtive êxito. Consegui aplicar um waza-ri e na sequência finalizei com um ippon. Já no final daquele mesmo dia, nossa campeã olímpica perdeu no último segundo. Bruno e eu, ficamos felizes com nossos resultados, porém, junto da nossa equipe também compartilhamos a tristeza, pela derrota de dois judocas que habitualmente lideram o ranking. A noite voltei a ligar para a minha família.
Quando eu já estava deitando meu celular tocou e era a Zípora.
- Alô!
- Oi, tudo bem?
- Sim e você?
- Também. Poxa, você desligou tão rápido ontem.
- Nem queria atrapalhar tua diversão (alfinetei).
- Você nem atrapalha.
- Sei.
- Hoje, foi complicado né? Comemorei bastante quando você finalizou a luta.
- Foi uma das lutas mais difíceis e amanhã tem mais.
- Você vai vencer!
- Assim espero e você não saiu hoje?
- Só fui em um museu.
- Pelo visto você está aproveitando bastante a viagem.
- Queria a sua companhia, mas, você precisa ficar em concentração com a tua equipe.
- Já você tem encontrado companhias melhor que a minha (voltei a alfinetar).
- Ciúmes?
- Não.
- Você é a única companhia que me interessa.
- Foi bom no pub ontem?
- Seria melhor contigo e eu me comportei, sou só sua!
- Boba!
- Por você (falou e sorriu).
- Amanhã é minha última luta.
- Então é amanhã que vou te ver no pódio e depois vou te roubar só para mim.
- Vai?
- Claro! Agora vou te deixar descansar e amanhã este horário quero estar contigo.
- Também quero (falei e foi minha vez de sorrir).
- Durma bem e bom descanso.
- Obrigada e boa noite!
Dormir pensando nela já virou uma tradição. Tive uma noite de sono muito boa, apesar de toda a ansiedade.
Ouro, medalha conquistada pelo Bruno, que apresentou o seu melhor desempenho.
Prata, medalha que obtive, após duelar com uma japonesa, que tem o título de melhor judoca do mundo. Fiquei próxima da vitória, contudo, fui imobilizada por ela no final do combate. Ser medalhista no meu primeiro mundial, já é uma grandiosa conquista. Subir no pódio, no segundo lugar mais alto, é uma honra e continuarei batalhando. Foi apenas o começo e sei que estou no caminho certo. Comemorei muito junto da minha equipe e com a medalha no pescoço fiz uma vídeo chamada. Minha família adorou.
- Francisco, cadê o Bruno?
- Já voltou para o hotel arrumar as malas.
- Nem vi ele saindo.
- Ele estava com pressa, pois, já está com passagem comprada para Itália.
- Então também vou para o hotel, assim me despeço dele. Até mais e obrigada por tudo.
Quando cheguei ao hotel, fui direto para o quarto do Bruno, queria me despedir antes dele viajar.
- Ully, entra!
- Cara, você mandou muito bem.
- Obrigado. Você também se saiu muito bem. Desculpa não ficar para comemorarmos.
- Sem problemas. Seu pai falou que você vai para Itália e queria me despedir.
- Amiga, me deseje sorte, vou precisar.
- Como assim?
- Sou discreto e reservado, por isso, ainda nem tinha comentado contigo. Você é tipo como uma irmã e vou me abrir contigo (falou sentando na cama e fechando a mala).
- Eu também te considero como um irmão.
- Minha viagem para Itália, é para resolver assuntos do coração. Espero que ainda dê tempo e que eu não tenha perdido o amor da minha vida.
- Me explica!
- Eu não aceitei um pedido de namoro. Não estava com tempo e nem mesmo com cabeça. O pedido foi no começo deste ano. Só que eu optei pelo judô. Sacrifícios fazem parte da vida. Felizmente, obtive todas as vitórias almejadas para este ano, tanto eu, como também meu pai, estamos realizados, pois, consegui superar nossas expectativas. Só que apesar de todas estas conquistas não estou completamente feliz.
- Nossa!
- Espero que não seja tarde, que eu ainda tenha chances. Eu achei que não conseguiria conciliar um relacionamento e a minha carreira. Deveria ao menos ter tentado.
- Eu te desejo muita sorte. Vai dar tudo certo e mande notícias.
- Obrigado.
Nós nos abraçamos e nos despedimos. A história do Bruno me abalou e estou na torcida para que dê tudo certo, ele merece ser feliz. Ao sair do quarto dele, tomei um longo banho e decidi que também estava na hora de resolver assuntos do coração. Rapidamente arrumei minhas malas. Em seguida, liguei para ela, que atendeu no primeiro toque.
- Alô!
- Acabei de arrumar as minhas malas e liguei para avisar que você já pode me roubar.
- Uau!
- Desistiu?
- Não. Vou te mandar por mensagem o endereço do hotel que estou hospedada e até daqui a pouco.
Informei o endereço para o taxista e fui ao encontro dela. Minha entrada já estava liberada na recepção. Subi, apertei a campainha e ela me recebeu com um belo sorriso.
- Parabéns!
- Obrigada.
Colocamos minhas coisas num canto, ela fechou a porta e me abraçou.
- Senti saudades (contei).
- Eu também.
O cabelo dela estava úmido e ela estava usando um roupão branco.
- Logo que desligamos, entrei no banho e estava indo me trocar quando a campainha tocou.
- Desculpa por nem ter avisado antes. Eu queria te ver.
- Fiquei muito feliz.
Nossos olhares se encontraram. Em silêncio ficamos nos admirando. Não sei de onde tirei coragem, talvez tenha deixado à vontade falar mais alto e beijei-a. Eu me abriguei nela, aos beijos deitamos na cama e eu senti uma alegria gigantesca. Ela é tão linda.
- Eu te amo! (Ela afirmou olhando dentro dos meus olhos).
Fim do capítulo
Sim, acabou na melhor parte kkk
Título do próximo capítulo: Amor!
Grata por cada leitura. Beijocas.
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Anny Grazielly
Em: 24/12/2020
Aiaiaiaiaiaiaiaia... que lindasssss
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Renata Cassia
Em: 24/10/2018
Poxa acabou logo nessa parte ????. Vem logo próximo capítulo porfavorzinho????
Resposta do autor:
Olá! Renata, como vai?
Foi para deixar um suspense kkkkk
Prontinho já voltei e até breve! Beijos e abraços, May.
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Mille
Em: 24/10/2018
Oi querida May
Como termina na melhor parte kkkkkk estou zangada mm mm
Ully tomando a iniciativa foi ótimo a conversa com o Bruno deu um empurrão nela.
E aí o próximo sai amanhã???? ( carinha pidona)
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá! Querida amiga Mille,
não fique zangada não s2
viu só peguei sua dica sobre conversar com ele ;)
Até breve! Beijocas
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NovaAqui
Em: 23/10/2018
Essa medalha deu coragem para Ully rsrsrs
Rolou um beijo esperado pelas duas.
Muito bom e melhor ainda saber que terá continuação no próximo capítulo.
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Nada como uma boa medalha né rs
Outro abraço fraterno para ti e até breve!
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Bia08
Em: 23/10/2018
Que delícia de história.. e não vale acabar na melhor parte kkkkkk
Ully tomando atitude, adoro!!!. Bjs
Resposta do autor:
Fico feliz por você achar uma delícia. Continuei a melhor parte rs
Finalmente atitude por parte dela né, quem diria kkk Bjs!
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