Coincidências por Rafa e
Capítulo 14
-- Hora? Para que? – Haidê a olhou por segundos e baixou a cabeça. – Amor, por favor, não me esconde nada.
-- Quero que se lembre do quanto lhe amo. – declarou emocionada. - Confia em mim?
-- Sempre. – apertou a mão da mulher mais alta.
-- Preciso desse tempo.
-- Por favor, confia em mim também. Quero ser a primeira a saber se algo estiver lhe acontecendo. – Haidê a beijou e se levantou. Ela abriu a calça e tirou, depois abriu os botões da camisa, expondo o abdômen com cicatrizes. Lívia a observou segurando o olhar no corpo da namorada.
-- Essa é a mulher que você diz amar. – mostrou-se encarando-a. Lívia estava surpresa com as cicatrizes, sabia que havia algo de errado, mas não imaginava o que seria, ela permaneceu em silêncio. - Lívia, eu tenho meus medos, minhas inseguranças, meus fantasmas... – estava com os olhos cheios d´água. - Eu tenho um problema... – estava nervosa e não conseguia olhar diretamente para loira que a escutava atentamente. – Quando meus pais sofreram aquele acidente, eu estava lá... Eu e meu irmão mais novo. – seus olhos pareciam perdidos, frios, mas as lágrimas rolavam. - Fiquei presa nas ferragens... – limpou o rosto. - O carro começou a pegar fogo.... Um homem que passava pela rodovia, nos viu e tentou ajudar. Eu gritava pedindo ajuda e ele apareceu. Conseguiu me tirar do carro, mas, em algumas partes do meu corpo, ficaram cicatrizes profundas de queimadura. – mostrou-se novamente, não conseguia segurar as lágrimas com as lembranças que doíam tanto.
-- Haidê... – tentou interrompê-la, mas a advogada ignorou.
-- Doem ainda Lívia, quando me vejo na frente do espelho.... Quando... – a encarou após limpar, novamente, o rosto. – Você me pede para ir adiante eu tenho medo de mostrar meu corpo e ser rejeitada... Tenho medo que seu amor não resista, não aguente essa realidade. – Lívia se aproximou e puxou para um abraço. A princípio foi rejeitada, mas insistiu e apertou o abraço.
-- Shiii... Vem aqui. – envolveu a mulher maior entre seus braços, beijou seu rosto – Não chora amor... Estou aqui.
-- Perdi meus pais, meu irmão e fiquei com estas marcas... – sentiu os beijos da loirinha e depois Lívia a olhou dentro dos olhos azuis.
-- Eu a amo demais, não posso lhe perder por conta de cicatrizes... – beijaram-se. – Por favor, não abre mão da gente por conta desse passado de dor, vamos construir nossa história juntas... Eu sei que posso lhe amar e fazê-la feliz. – Haidê a avaliou e se afastou, ficou em pé e limpou o rosto antes de prosseguir.
-- Lívia, eu perdi tudo... Perdi meu filho. – Lívia a olhou surpresa e tentou falar algo, mas a advogada se adiantou. – Eu tinha um filho... – sorriu com a lembrança. – Era tudo para mim: meu mundo, meu tempo, minha vida... – a olhou nos olhos. – Ele ficou preso no cinto, não consegui retira-lo a tempo, por mais que tentasse, o homem que me puxou, também tentou, mas o carro explodiu e só então percebemos que minha roupa estava em chamas. Fiquei dias, semanas... Meses entre internações, cirurgias plásticas e fisioterapia... Eu não tive a chance de velar minha família, meu filho... Eu não os vi e nem pude me despedir... Só havia restos de ossos. – Lívia não reconhecia a mulher que estava a sua frente. - Quando saí a única coisa que me motivava a continuar a viver era a vingança.
-- Vingança? Fala do homem que bateu no carro do seu pai? Não foi acidente?
-- Não só dele, mas de todos os outros por trás. – continuou sem se importar com a pergunta.
-- Por trás? – Haidê a olhou com ódio e aquilo a magoou.
-- Uma quadrilha de contrabandistas e traficantes que queriam as terras de minha família. Pessoas perigosas, ligadas a máfia e carteis.
-- Cartéis de...
-- Cartéis que fomentam guerrilhas.
-- Então...
-- Quer saber se sei quem são? Sei.
-- Então vai leva-los a julgamento? Tem provas para processa-los?
-- Processar? – sorriu com sarcasmo. – O julgamento já começou e quase todos receberam suas sentenças.
-- Como assim?
-- Receberam as sentenças de morte. – declarou como se saísse fogo dos seus olhos.
-- Não tem isso no Brasil.
-- Eu matei cada um deles. – falou com ódio no olhar. – Escolhi a maneira mais cruel para cada um. – Lívia não a reconhecia.
-- Haidê...
-- Ainda falta... – a olhou nos olhos e falou baixo. - Os principais mandantes e...
-- Para! – gritou e andou pelo quarto. – Agora estou entendendo seus sumiços... Jaques... – parou observando-a após se lembrar do moreno. – O que ele tem com tudo isso?
-- Pensamos que ele ou Antony fossem os cabeças.
-- Pensamos? Quem está mais nisso?
-- Eu e Ulisses. – Lívia balançou a cabeça em negação.
-- Claro, a dupla de irmãos. – Haidê se aproximou e segurou o rosto de Lívia, fazendo-a olhar nos olhos.
-- Eu nunca amei Jaques, era só uma forma de me aproximar dele e do pai.
-- Mas Antony morreu antes. – Haidê a olhou de forma diferente, chamando sua atenção. – Espera aí... Haidê, você não pode... – não conseguiu completar.
-- Eu matei Antony Di Monti.
-- Mas você não estava lá, chegou depois...
-- Eu o matei, assim como matarei Jaques.
-- Eu não reconheço a mulher carinhosa e atenciosa que amo. – Haidê a segurou olhando-a nos olhos.
-- Sou eu, a mesma que morreria por você.
-- Morreria ou mataria? Essa a minha frente é uma assassina. – respondeu demonstrando a decepção que sentia. – E se um dia eu lhe decepcionar, vai me matar também? – a advogada parou fitando-a.
-- Eu nunca lhe machucaria. – pegou as mãos da loirinha. – Lívia, eu a amo demais, nunca lhe faria mal. – a surfista se afastou, soltando-a.
-- Eu não a reconheço mais... – segurava as lágrimas. – Não sei quem é você.
-- Sou Haidê Aqueu, a mulher que lhe ama e que voltou a ter um sentido na vida depois que lhe conheceu.
-- Eu... – baixou a cabeça e andou em círculos. – Eu não acredito que tenha feito um discurso sobre moral, amizade e sinceridade ontem, agora revela isso... Haidê, você consegue ser pior que todos eles juntos, inclusive Jaques. – a morena ouviu em silêncio, não tinha mais argumentos. – Assassina, isso que se tornou.
-- Assassina de assassinos, de pessoas que matam sem se importar com o mal que fazem... – declarou entre os dentes, de maneira altiva. – Eu julgo aqueles que estão acima da lei, os malditos bastardos que compram uma justiça corrompida e cega.
-- Meu Deus, você se acha uma justiceira. – lamentou.
-- Eu não me acho nada além do que sou. – Lívia a olhou mais uma vez e calçou o tênis. – Você...
-- Eu vou embora. – a olhou nos olhos.
-- Imaginei que não iria digerir estas informações. – pegou a calça jeans e a camisa para vestir.
-- Haidê... Eu preciso de um tempo para processar tudo isso.
-- Melhor terminar com dignidade... – saiu em direção a varanda. – Lembre-se que têm outras vidas de inocentes envolvidas nisso, espero que mantenha silêncio. – saiu deixando-a sozinha. Lívia a olhou pela última vez e saiu.
Lívia desceu as escadas e esbarrou em Helena.
-- Ela contou não foi?
-- A senhora tem dúvidas? – limpou o rosto.
-- Lívia, por favor, ninguém pode saber ou toda nossa família será exterminada.
-- A senhora acredita mesmo que um parvo como Jaques mataria alguém? – mostrou toda dor e decepção em sua voz.
-- Ele seria capaz de muitas coisas, você não o conhece. – respondeu em um tom sereno.
-- Dona Helena, o que sua neta está fazendo não a torna melhor e nem pior, ela se tornou igual a eles.
-- Lívia, o luto pode ser uma arma poderosa: ele pode transformar a pessoa em uma arma de morte, rancor ou apenas em um ser vazio, sem propósito. Poucos aqueles que encaram como um processo natural, que causa dor e tristeza, necessária para a evolução espiritual. Haidê não é diferente, retiraram tudo o que ela tinha de valor.
-- Isso não serve como justificativa para outras mortes, ela está julgando e condenando de acordo com seu próprio de código de conduta.
-- Acredito que você a ame e saberá avaliar a tudo com coerência.
Lívia saiu e Helena subiu para falar com a neta que preferiu ficar sozinha.
-- Vó, conversamos depois, agora preciso ficar sozinha. – olhou para o mar e lembrou da loirinha. – Meu amor... – limpou a lágrima que rolava pelo rosto.
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Lívia chegou em casa e Bá a chamou para falar sobre Jaques, mas ela não quis escuta-la.
-- Agora não Bá, eu preciso ficar sozinha.
-- Aconteceu alguma coisa entre vocês?
-- Não Bá. – passou a mão pelo cabelo. – Só preciso ficar sozinha. – foi para o quarto.
-- E se Haidê aparecer? – perguntou de forma divertida. A surfista parou e a olhou.
-- Ela não vai aparecer. – saiu desanimada.
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Uma semana depois...
Mariana se despediu da sócia, estava preocupada com o comportamento dela após o rompimento com Lívia. Ulisses havia lhe contado tudo, também estava preocupado, mas preferiram deixa-la agir em seu tempo. Haidê estava sozinha no escritório, a secretaria estava saindo quando Jaques chegou.
-- A doutora Haidê? – perguntou olhando-a com indiferença.
-- O senhor pode entrar, ela está em sua sala. – ele balançou a cabeça e saiu na direção indicada. A advogada estava desligando o computador quando ele entrou, surpreendendo-a.
-- Jaques?
-- Oi amor, eu vim lhe buscar. – tentou beijá-la, mas Haidê não correspondeu.
-- Buscar? Para que? – afastou-se.
-- Como para que? – tentou puxá-la, mas foi rejeitado.
-- Para que sair da sua casa, apenas para me buscar? Se não me falhe a memória, você mora em uma cidade que ficar pouco mais que duas horas de distância. – reformulou a pergunta de forma irônica se afastando.
-- Ah, eu vim resolver uns assuntos com minha irmã. – respondeu indiferente.
-- Que assuntos?
-- A empresa está falindo e ela como membro da família, tem a obrigação de nos ajudar.
-- Ajudar? – estava perplexa – Jaques, Lívia não tem obrigação nenhuma com esta família.
-- Ela vai deixar a mãe e o irmão passando apertos quando pode ajudar? – Haidê começava a se irritar.
-- Jaques, eu quero conversar com você. – estava sem paciência, resolveu colocar um ponto final na ligação dos dois.
-- Sobre? – voltou a olhar o relógio – Não tem como ser em algum restaurante? Estou faminto. – levantou-se ajeitando o terno. Haidê engoliu seco e sentiu o nó na garganta. – Olha, se você tem mesmo algo de importante para me falar, vamos a algum restaurante, estou com fome, não sou você que passa o dia aqui e se esquece do mundo.
-- Vamos Jaques. – levantou-se vencida. Os dois foram até o restaurante preferido de Jaques. Ele mesmo fez o pedido, sem se preocupar com o que a noiva iria comer. – Jaques, este restaurante é caríssimo, você não acha que poderíamos ter ido a um mais razoável?
-- Haidê, eu venho aqui desde que me entendo por gente, não seria hoje que faria diferente.
-- Quando era criança, seu pai tinha dinheiro. – olhou firme para o moreno - Talvez hoje seja uma coisa supérflua. Precisa economizar para ajudar na sua empresa. – alertou preocupada com a possível exploração a loirinha, não estava pensando nele.
-- Não são míseros reais que irão ajudar. – respondeu irritado e mudou de assunto. – A vadiazinha delinquente não me recebeu, não estava na empresa e em casa aquela velha inútil disse que não aparece desde ontem. – Haidê estava bebendo água e quase se engasgou.
-- Como assim? O que aconteceu?
-- Aconteceu Lívia. – afirmou com ironia. - Ela pensa que abrirei mão das coisas a que tenho direito... – bebeu um pouco de água. – Sabe, eu até conversei com Pedro, ele entrará com ação para me ajudar.
-- Pedro o que?
-- Isso que lhe falei. – pegou nas mãos da morena. – Haidê, quero lhe pedir para não o incomodar amanhã, pedi que estudasse o processo, quero deixar a vadiazinha sem nada.
-- Vadiazinha? – segurou a raiva. – Não é elegante falar de forma tão pejorativa assim. Imagina uma roda de amigos como Melissa Cristina ou Isadora e de repente, meu noivo abre a boca e faz um comentário horrível. – ele sorriu com ironia.
-- Querida, se eu não a conhecesse pensaria que você está protegendo a minha meia irmã. – foi mordaz em seu comentário e Haidê segurou o olhar em sua direção.
-- Eu quero entender o seu comentário. – ele sorriu.
-- Mas você que é a advogada. – completou com a mesma ironia.
-- Não sei o que quer de explicação, mas posso garantir que não tem direito a nada do patrimônio de Lívia. – bebeu um pouco de vinho. – Mas se Pedro lhe garante causa ganhe, estou em uma das cadeiras da sala de audiência para assistir esta verdadeira aula de direito.
-- Amor, parece até que torce por Lívia. Existe algo mais entre vocês?
-- Será mesmo que estou torcendo por ela? A que se refere quando fala: algo mais? – entrou no jogo, mas foram interrompidos pelo garçom que trouxe a comida.
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-- Lívia, onde você está?
-- Bá, não posso falar agora.
-- Não aparece em casa desde ontem, onde você está?
-- Estou com Milena, feliz? – olhou para médica deitada em um sofá. – Depois eu ligo. – desligou o telefone e sorriu para a amiga que lhe fez um sinal com a cabeça, chamando-a para cheirar o pó sobre a mesa.
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-- Você não tocou na comida. – observou enquanto terminava o vinho.
-- Jaques, nós precisamos conversar.
-- Não na hora do jantar. – depositou a taça sobre a mesa e sorriu. – Basta a conversa que tivemos antes.
-- Jaques, amanhã eu preciso acordar cedo, poderíamos ir embora para conversarmos? – estava prestes a perder o pouco de paciência que restava.
-- Dormir? Pensei que iriamos esticar um pouco. – piscou com malícia.
-- Não. – foi incisiva. – Pede logo a conta.
-- E a sobremesa?
-- Jaques ou nós vamos conversar, ou me levanto daqui agora e lhe deixo sozinho. – o homem fez o que a noiva pediu, quando a conta chegou, ele colocou a mão no bolso e procurou a carteira.
-- Amor, eu acho que deixei a carteira em casa. – Haidê estreitou os olhos perigosamente.
-- Você viajou até aqui sem sua carteira? Não percebeu isso? – antes que ele respondesse, ela pagou a conta. – Essa foi à última vez que paguei algo para você. – o moreno ia falar algo, mas foi interrompido – Você antecipou nossa conversa e foi da pior forma possível, porque eu queria ser mais delicada. Jaques, diante de tudo que aconteceu e vem acontecendo, terminou. – colocou as mãos sobre a mesa se apoiando e encarou o homem nos olhos. - Eu não aguento mais ser um suporte. Deixei de ser uma mulher para ser um muro para você se encostar. – levantou-se com toda sua altivez – Chega!
-- Haidê...
-- Não me procura mais. – falou um pouco mais alto, chamando atenção de algumas pessoas.
-- Calma... – pediu falando baixo. – Sente aqui e vamos conversar.
-- Não enche mais! Não me procure e esqueça que me conheceu.
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Dias depois...
-- Lívia, eu preciso que assine estes papéis.
-- Hoje não Fernando, estou de saída.
-- Como assim? Chegou não faz uma hora.
-- Só vim pegar algumas coisas. – sorriu. – Estou em período de férias.
-- Férias? Lívia, você enlouqueceu?
-- Fernando, preciso desse tempo. – o homem se aproximou e a observou melhor. – Não acredito que usou drogas.
-- Eu? – sorriu.
-- Onde está seu juízo?
-- Não enche! – olhou o homem e disse com autoridade. – Eu sou a chefe dessa merd*, eu mando. – Fernando a puxou pelo braço.
-- Eu sou o seu padrinho e prometi a seu pai que cuidaria de você como filha e não vou admitir que estrague sua vida. – Augusto apareceu interrompendo os dois.
-- Ei, estão se divertindo sozinhos?
-- A sua amiga perdeu o juízo. – respondeu irritado.
-- Lívia, você bebeu? – foi irônico.
-- Ela usou alguma coisa.
-- Estou aqui, por favor, vamos me respeitar? – disse tentando se livrar da mão de Fernando que a segurava.
-- Então respeite a si mesma e todos a respeitarão. – a puxou pelo braço. – Vou leva-la para casa.
-- Pode deixar Fernando, eu a levo. – Augusto fingiu concordar. – Acho que dona Dirce vai terminar o que você começou.
-- Acho bom mesmo, ou terei que tomar atitudes drásticas. – saiu irritado. Os dois amigos se olharam e sorriram.
-- Fingi irritação com tudo. – balançou as mãos.
-- Vai me levar para casa?
-- Vou é levar para diversão! – os dois bateram as mãos.
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-- Faz uma semana que você está assim e eu não vou compactuar com essa autodestruição. – Mariana declarou olhando-a sentada em sua mesa no escritório.
-- Estou cheia de processos, não tenho tempo para diversão.
-- Jura? – perguntou com ironia. – Acho que trabalhamos no mesmo escritório.
-- Sua área é diferente da minha.
-- Olha, seu irmão está chegando e conversamos sobre o que aconteceu, já que minha melhor amiga e sócia não confia mais em mim. – aproximou-se da morena. – Eu não vou lhe deixar sozinha, não nessa hora. – sentou-se e ficou em silêncio observando-a.
-- Vai ficar aqui? – perguntou irritada.
-- Ficarei aqui até que decida sair comigo. – Haidê a olhou irritada. – E não adianta olhar assim, eu não saio e se pensar em ir para casa, farei o mesmo lá. Não tem mais aquele estorvo como Pedro no meu pé, então terei tempo suficiente. – viu a amiga revirar os olhos e se levantar.
-- Já vi que você, vovó e Ulisses tiraram o dia para me encher. – pegou a bolsa e saiu. – Vamos a esta diversão tão maravilhosa. – chamou com ironia.
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-- Luciano veio de São Paulo para nos acompanhar nesta noitada.
-- Maravilhoso. – respondeu sem ânimo.
-- Vai continuar com este bom humor? – perguntou olhando-a rapidamente enquanto parou em um sinal.
-- Não estou na... – tentou lembrar o nome. – Viber? – olhou pela janela e sentiu a mão da amiga apertando a sua. – Ulisses também vem para este grande encontro? – perguntou sem olha-la.
-- Ele não, mas Úrsula, Érika e Ramiro estarão. – sorriu.
-- Ótimo! Um verdadeiro exército da salvação.
-- Não seja ranzinza. – sorriu. – Jaques deu notícias?
-- Depois que Pedro entrou com a ação contra Lívia ou depois que terminamos?
-- Sabe que estou cuidando desse caso. – a olhou rápido. – Não se preocupe.
-- Não estou preocupada com essa palhaçada.
-- E o que a preocupa?
-- Ele deu entrada, enquanto o advogado extraordinário e melhor amigo dela não se manifestou.
-- Refere-se a Augusto?
-- Ela tem outro representante da ordem como melhor amigo?
-- Ulisses está investigando-o. – Haidê a olhou surpresa.
-- Como assim? Qual o motivo?
-- A mesma desconfiança a que acabou de se referir. Nunca lhe falei porque sabia que iria brigar com a loirinha, mas já o vi várias vezes chapado. – Haidê revirou os olhos.
-- Acha que eu não sabia disso?
-- Sabia? – perguntou surpresa.
-- Lívia usou várias vezes com ele.
-- Lívia? Ela é atleta.
-- Era. Agora que não é mais...
-- Meu Deus, o que será dessa menina?
-- Ela não confia em uma assassina, só em dependentes químicos, por isso não posso fazer nada. – Mariana estacionou o carro e olhou para a amiga.
-- Eu sei que está sofrendo, não precisa demonstrar outra coisa.
-- Sofri quando perdi minha vida. – olhou para Mariana. – Não tenho mais nada a perder. – saiu.
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-- Lívia, aquela gatinha está lhe olhando. – Milena apontou com a cabeça.
-- Hum, carne nova para o banquete! – Augusto gritou abraçado as duas mulheres. Lívia sorriu com o comentário.
-- Por que não ir lá e me apresentar? – brincou e saiu em direção ao grupo de garotas que olhava para loirinha. – Boa noite! – disse sorrindo. – Meu nome é Lívia e ficaria feliz que se juntasse a mim e meus amigos.
-- Sabemos quem você é. – respondeu sorrindo.
-- Isso é ótimo, facilita o processo excluindo as apresentações. – abraçou-se as meninas. – Vamos para minha mesa, a noite fica por minha conta.
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Luciano e Ramiro conversavam animados enquanto esperavam Mariana e Haidê.
-- Cara, aquela garota ali é muito gata.
-- Está cego? Não vê que ela está dando mole para loirinha baixinha?
-- Caraca veio, eu não tinha percebido. – olhou em direção ao grupo. – Bem que eu queria ser aquele cara ali do meio. – Luciano riu com o comentário e foi neste momento que a irmã apareceu acompanhada da sócia.
-- O cirurgião mais gato de São Paulo. – Haidê disse ao vê-lo. Luciano se levantou e abraçou primeiro Mariana.
-- Saudades dessa morena linda!
-- Ei, poderia ao menos dizer que sou a advogada mais gata da cidade. – Mariana reclamou.
-- Esse mérito é meu. – Haidê disse chamando atenção dos dois, após cumprimentar Ramiro. – Mas você pode mentir para evitar discussão com sua irmã. – Mariana sorriu, viu que o humor da amiga havia melhorado com a presença do irmão, os dois eram muito amigos.
-- Minha gata! – a abraçou forte e depois lhe deu um selinho. – Querida, está cada dia mais linda.
-- Seus olhos... – disse baixinho em seu ouvido. – Só o rosto, sabe que meu corpo continua o mesmo. – brincou em tom de desabafo. Luciano a olhou e cochichou.
-- Para mim continua a mesma gata de sempre.
-- Então garotos, o que estão bebendo? – Mariana interrompeu.
-- Uísque.
-- Caipirinha. – responderam ao mesmo tempo. Luciano fez sinal chamando o garçom.
-- Haidê?
-- Eu vou lhe acompanhar na caipirinha.
-- Mari?
-- Quero uma cerveja. – olhou para Ramiro e viu que estava empolgado com algo. – O que está olhando?
-- Aquele grupo de garotas. Estava afim da moreninha mignon, mas veio a loirinha e lançou a rede antes, não deu tempo para meu charme. – brincou e Mariana olhou em direção ao grupo, ficou dura ao perceber quem era a loirinha. Haidê lhe perguntou algo e percebeu a palidez da amiga, acompanhou o olhar e viu quando Lívia beijou uma moreninha.
-- Ei meninas, o que está acontecendo? – Luciano perguntou olhando na mesma direção.
-- Haidê, nós podemos ir para outro lugar.
-- O que está acontecendo? – Luciano repetiu a pergunta.
-- Aquela loirinha é Lívia.
-- Isso! Lívia Fachini, aquela surfista. – Ramiro gritou sorrindo e empolgado, só então percebeu as expressões dos amigos. – O que tá pegando gente?
-- Aquela é a ex de Haidê. – Luciano respondeu.
-- Ex? – estava surpreso. - Haidê, você é lésbica?
-- Isso Ramiro, seja mais discreto, as pessoas não ouviram a notícia.
-- Querida, nós podemos sair daqui e ir para outro lugar. – Luciano explicou segurando sua mão, mas foram interrompidos com a chegada de Úrsula e Érika.
-- As gatas maravilhosas chegaram. – todos olharam com desânimo em direção as duas. – Ei gente, o que está acontecendo aqui? Algum velório? – Érika perguntou com o mesmo entusiasmo de antes. Mariana fez sinal que sentasse e só então Luciano explicou as duas. Úrsula olhou para o grupo com ar de reprovação. – Ela é muito infantil. – Érika concluiu e foi Mariana que a repreendeu com o olhar, mas Haidê surpreendeu a todos.
-- Vamos ficar aqui. – Haidê saiu do silêncio que estava até o momento e olhou para Luciano. Conversaram sobre outros assuntos, tentaram ignorar a presença da loirinha. Haidê estava entretida com as brincadeiras das amigas, ouvia a tudo com atenção, a mesma que mantinha na surfista, observando-a às vezes com um discreto olhar.
-- Quem não lhe conhece bem até acredita que você ignorou por completo a presença da loira surfista. – Haidê olhou para Luciano e beijou seu rosto.
-- Por isso que lhe amo. – sorriu.
-- Eu iria adorar lhe comer se gostasse de mulher. – ela deu uma gargalhada. O grupo que estava tocando no pequeno palco, optou por músicas mais lentas, o que deixou Haidê mais empolgada. – Adoro essa música. – sorriu com a expressão do amigo que fingiu não entender o comentário. - Quer dançar?
-- Só se for agora. – levantou-se e deu a mão a advogada que aceitou com um sorriso. Os amigos gritaram e assobiaram animando-a mais, o que chamou atenção do grupo onde Lívia estava.
-- Mila, olha só quem está dançando ali. – Augusto cochichou no ouvido da amiga.
-- Quem? Aquele gato?
-- Sou lá de achar homem bonito? Estou falando da morena com ele.
-- Ah, mas eu tenho que mostrar isso para Lívia. – levantou-se e falou algo ao ouvido da amiga que virou-se e olhou em direção ao casal. – Viu como ela está se divertindo sem você? – Lívia estava surpresa, sem reação, apenas olhou para morena.
“Como ela é linda!” – pensou observando-a. – “Quem é o idiota com ela? Eu já vi esse cara.” – estava sem reação, foi a moreninha quem lhe puxou, afastando seus pensamentos.
-- Vem me comer gatinha. – chamou e Lívia despertou.
-- Olha só, vamos sentar um pouco e beber.
-- Você disse que me levaria ao paraíso. – choramingou.
-- E vou, mas depois. – respondeu beijando-a, mas sem perder Haidê de vista. A advogada viu o momento em que as duas se beijaram, não demonstrou, mas aquilo havia lhe deixado muito irritada.
Fim do capítulo
Meninas, desculpem a demora, mas o trabalho, problemas de saúde na família e a revisão da segunda parte de Erros e Recomeços me tirou todo o tempo, ainda tenho estudos e um novo filhote que adotei da rua. Agora vamos voltar de onde paramos e espero que gostem.
Beijos
Comentar este capítulo:
Mille
Em: 24/10/2018
Oi Rafa
Dessa vez a Haide abriu o jogo para a Lívia e deixou ela pensar em tudo que falou. E o jeito que a loirinha achou foi ficar chapada do os amigos das onças. Que ainda faz da Haide como a errada da história por está dançando com um cara.
Jaques querendo uma parte do patrimônio da Lívia.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Ela vai ter jeito ainda, vai amadurecer. Beijos
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Thaci
Em: 24/10/2018
Boa noite, Rafa!
A Lívia,ela foi muito dura com a Haidê. E agora está perdida e com aqueles falsos amigos. Ela tem que tomar uma corça bem dada. O que será que o Jaques está aprontando para tirar a grana da Lívia?
E a Haidê como vai reagir perante este momento do beijo? Já estou com os lacrimejando com a cena.
Nota mil sempre. E esse romance: Erros e Recomeços que você está revisando que ainda não li. E já está na segunda fase. Quero lê.
Aguardando cenas impactantes do próximo capítulo.
Resposta do autor:
Ela vai se arrepender, aguarde o retorno... Beijos
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