Coincidências por Rafa e
Capítulo 13
-- Pode ir em seu passeio.
-- Vó, como posso deixar a senhora sozinha com Yan desse jeito? – estava sentada na cama do menino que estava com dores.
-- Ele só comeu demais. – concluiu entregando uma xicara de chá.
-- Só? – sorriu. – Ele acabou com o estoque de comida da casa.
-- Tia, tá doendo... – reclamou com a mão na barriga.
-- Não tem como sair. – pegou a xícara. – Beba esse chá.
-- Eu pedi ajuda. – Helena declarou segurando o sorriso.
-- Ajuda? – levantou-se. – A senhora chamou Ulisses? – Helena deu uma gargalhada.
-- Sim. Ele já está subindo. – piscou. Segundos depois ela saiu para atender a porta. Haidê cruzou os braços, foi até a escada, Helena abriu a porta e ela se surpreendeu.
-- Júnior?
-- Haidê! – disse sorridente.
-- Pode entrar. – Helena deixou passar. Haidê o olhou de forma avaliadora.
-- Nossa menino, você está mais musculoso. – a velha senhora declarou apertando os músculos do jovem.
-- “Tô malhando o pau”. – explicou-se e olhou as duas mulheres. – Uau! Vocês “tão” cada dia mais parecidas, “cuspidas e escarradas”. – Haidê jogou a cabeça de um lado para outro, enquanto Helena sorriu.
-- Desaparece Júnior. – Haidê respondeu.
-- Desaparecer? – perguntou sem entender.
-- Vire pó e desapareça. – ordenou em tom de enfado. O rapaz ia abrir a boca, mas Helena o interrompeu.
-- Você já tomou café?
-- Não, Mel me fez “acordá” tão cedo que eu que “gargarejei” para acordar o galo. Ela queria que eu chegasse cedo. – respondeu sorrindo. Haidê revirou os olhos, Helena conhecendo bem a neta, resolveu interromper novamente.
-- Espera só um minuto que coloco alguma coisa para você. – olhou a neta. – Minha filha, Melissa Cristina achou melhor deixar Júnior aqui para ajudar com Yan.
-- Ajudar? Quem teve essa ótima ideia?
-- Ela e Ulisses. – a morena passou a mão pelo rosto. – Assim você terá tempo para Lívia.
-- Lívia? Vó, eu liguei mais cedo avisando que não vou mais, ela terá um acesso... – foram interrompidas pelo interfone que Júnior atendeu e abriu em seguida a porta. Lívia viu o loiro musculoso e se negou acreditar que seria o sobrinho da morena.
-- Olá! Eu quero falar com Haidê.
-- Haidê! – gritou, a morena desceu olhando de um para outro.
-- Esse é Júnior, amigo de Cristina, quase irmão de Isadora.
-- Sou seu amigo também Haidê... – abraçou a morena que o olhou com a expressão fechada – Tem Junior pra todo mundo. “Tamo junto, tu sabe disso”. – Helena não parava de rir, ainda mais com a expressão de Lívia que parecia surpresa e até assustada.
-- Vó, leva Júnior para comer lá dentro, porque eu e Lívia precisamos conversar.
-- Claro. – estava se divertindo com o jovem rapaz – Venha comigo, Júnior. Iremos preparar algo reforçado para alimentar esses músculos. Do que gosta?
-- A senhora não precisa ter trabalho. – sorriu. - Com esse calor todo, eu me aguento só com um sorvete de “ploc”.
-- Não seria sorvete de flocos? – Helena perguntou puxando-o pelo braço após olhar a cara fechada da neta. Os dois entraram na cozinha e Lívia cruzou os braços com uma expressão debochada.
-- Está com fome também? Aceita um sorvete de ploc? Ops! Quis dizer, um café ploc-ploc?
-- Não comece ou posso lhe castigar. – Haidê piscou provocando-a.
-- Não comece você, estou chateada. – olhou para cozinha. – O que ele faz aqui?
-- Ele é um bom amigo, veio ajudar com Yan, assim tenho mais tempo para você. – a puxou pela mão. – Uma boa pessoa, mas prefiro em silêncio. – as duas começaram a rir.
-- Por que deixou o recado cancelando nosso encontro? – Haidê a abraçou.
-- Yan comeu muito e está mal. – deu um selinho na loira. – Está com cólicas, diarreia.
-- Quer leva-lo ao médico?
-- Vovó deu um dos chás milagrosos dela, vamos esperar.
-- Posso esperar com você? – Haidê a beijou, apertando-a entre seus braços.
-- Eu vou adorar e tenho certeza que vovó também. – olhou para loirinha. – Não apresentei vocês. – Lívia deu uma gargalhada.
-- Nós já nos conhecemos bem.
-- Eu sabia! – gritou e apertou o abraço. Lívia a beijou. – Já comeu?
-- Ainda não. – respondeu sem desgrudar os lábios, permanecia mordiscando-a.
-- Vou pegar algo para comermos, quer me esperar lá no quarto?
-- No seu quarto com sua família em casa? – perguntou surpresa.
-- Todos sabem quem você é... – mordeu o pescoço da loirinha. - Quanto a Yan, depois apresento os dois. – olhou em direção a escada. – Terceira porta a esquerda.
-- Eu acho. – abraçou-se e beijou a morena, afastou-se depois de mordiscar seu lábio inferior. – Estou com sede. – brincou.
-- Eu levo suco. – respondeu no mesmo tom.
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-- Que gata em Haidê! – revelou entusiasmado, a morena bateu na cabeça loira.
-- Não se anima, ela tem dona. – pegou uma jarra e serviu dois copos de suco.
-- Não vai comer aqui? – Helena perguntou a neta.
-- Lívia está me esperando lá no quarto.
-- Isso é bom! – balançou as sobrancelhas.
-- Eu sei o quanto você acha bom, não esqueci do elevador. – o loiro engoliu e ficou vermelho. – Melhor pensar no “pequeno Júnior” longe da linda Lívia. – Helena pigarreou. – Nem começa vó, eu sei que a senhora se diverte com a propagação da discórdia.
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Lívia subiu as escadas e olhou o amplo corredor. Foi na direção indicada pela morena, passou por um quarto com a porta entreaberta, imaginou que seria o quarto de Yan, preferiu não aparecer, mas o menino se levantou e chamou sua atenção.
-- Ei... – chamou baixinho e Lívia se virou. – Eu não conheço você. – a loirinha sorriu.
-- Eu sou Lívia.
-- Ah! – a olhou direito. – Deve ser a namorada da minha tia. – ela se aproximou.
-- Então, você é Yan. – afirmou.
-- Aqueu. – colocou a mão para trás. – Eu sou Yan Aqueu. – sorriu convencido e Lívia percebeu a mesma altivez da morena.
-- Muito prazer, Yan Aqueu. – esticou a mão. – Bem parecido com sua tia.
-- Eu sou mais parecido com meu pai. Ele é fortão, luta muito. Tia Dê às vezes briga com ele... – sorriu com malícia e falou baixo. – Ele apanha toda vez. – ela sorriu, ouviram um barulho. – E, tenho que ir, ela disse pra ficar deitado. – correu para o quarto. Lívia sorriu e foi para o quarto da morena.
“Como é organizada! Toda metódica.” – sorriu olhando o quarto organizado e com uma linda vista para o mar. – “Ainda fala da minha vista.” – viu um notebook aberto com uma playlist tocando baixinho, aumentou o volume e sorriu ao perceber a série de músicas. – “Ela é uma caixinha de surpresa.” – pensou enquanto ouvia a música sorrindo.
“Closing time, open all the doors/ And let you out into the world/ Closing time, turn all of the lights on/ Over every boy and every girl/ Closing time, one last call for alcohol...”
-- Gosta do Semisonic? – perguntou após entrar segurando uma bandeja.
-- Não é meu som favorito, mas conheço essa música de um filme.
-- Vários filmes. – sorriu. – Essa música deve ser da época que você usava fraldas. – Lívia estreitou os olhos perigosamente.
-- Cuidado grandona, ou eu lhe mostro quem é o bebezinho chorão. – Haidê sorriu e colocou a bandeja sobre a mesa no canto, ao lado do notebook e se aproximou, sendo envolvida em um abraço.
-- Vou gostar disso. – respondeu sorrindo, beijaram-se. – Vem comer, estou com fome.
-- Eu também.
-- Novidade! – Lívia lhe fez cócegas.
-- Quase não como, sou uma lady. – Haidê deu uma gargalhada.
-- Qual sua playlist? O que vai de bom nela? – Lívia sorriu. – Músicas de surf?
-- Não. – estava sorrindo com as expressões da morena. – Eu gosto muito de MPB, bossa...
-- Nada agitado? – interrompeu fazendo caretas.
-- Lady Gaga? Entra como agitada? – perguntou com um olho aberto e outro fechado, gesto que Haidê amava.
-- Você pode tudo. – a beijou.
-- Pode passar isso por escrito? Preciso me garantir.
-- Não precisa de papel, minha palavra basta.
-- Um Aqueu honra o que diz?
-- Os descendentes do meu pai com toda certeza.
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O interfone tocou e Júnior se levantou para anteder.
-- Vó Lena, acho que vai ter sangue hoje por aqui.
-- O que está falando?
-- Jaques tá lá embaixo, tá ligada?
-- Ligada a uma notícia ruim dessa nunca estou, mas fazer o que? – levantou-se terminando de tomar seu chá. – Só para lembrar, o perigo nele não é o sangue e sim o veneno.
-- O que falo?
-- Ele não vai subir, sabe que não vou com o tipo dele, vai esperar Haidê descer.
-- Ainda bem que a senhora gosta de mim, não quero ser assado naquela panela enferrujada.
-- Não é panela e nem ferrugem. O termo certo seria cozido. – sorriu. – Mas ali faço outras porções, além de caldos. – Júnior tinha medo de Helena, temia ser “assado” no caldeirão dela. – Agora vou lá, avisar a Haidê.
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-- Nem conversei direito com dona Helena.
-- Duas pessoas que quase não falam. – antes de Lívia responder, Helena bateu pedindo licença. – Pode entrar vó.
-- Desculpem meninas, mas o encosto está aí?
-- Quem? – Lívia perguntou curiosa.
-- Aqui em casa?
-- Aqui no andar não. Esqueceu que circulei todo o andar com sal? Vai ter que descer e despachar a mandiga lá de baixo mesmo.
-- Círculo de sal? De quem estão falando? – perguntou a Haidê.
-- Jaques. – respondeu observando-a.
-- Vai terminar com isso hoje, não é? – Lívia perguntou irritada. Helena olhou para neta e ela entendeu o que queria falar.
-- Querida, por favor, confie em mim. – pediu olhando-a nos olhos.
-- Haidê...
-- Só um tempo. – Lívia retribuiu o olhar, permaneceram assim por segundos. A loirinha meneou a cabeça em negação olhou rapidamente para Helena e respondeu com desanimo.
-- Vou só calçar meu tênis e saio.
-- Não precisa. – Haidê a segurou pelo braço.
-- Ele não sobe aqui, eu já deixei claro que não gosto de tipos assim. – dona Helena tentou amenizar o clima.
-- Então...
-- Então eu vou lá na portaria e converso com ele.
-- Despache o feitiço do mal. – Lívia sorriu com o conselho da velha. – Aproveite que a maré está alta e mande-o por lá. - Haidê revirou os olhos.
-- Fique com vovó, eu já volto. – estava saindo quando Lívia a chamou.
-- Será que pode vestir uma roupa? – a morena se olhou e viu que estava de pijama.
-- Ah! Tudo bem.
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Jaques a esperava com impaciência, andando de um lado a outro enquanto fumava.
-- Jaques, não lembro de combinarmos alguma coisa.
-- Bom dia querido! Saudades de você. – disse com ironia.
-- Jaques, desculpe. Passei toda a noite acordada, meu sobrinho está doente.
-- O moleque está aí? O pai dele também? – ela revirou os olhos.
-- Ulisses está em missão no exterior.
-- E você ficou de babá? Não basta aquela velha que não me deixa subir ao seu apartamento.
-- Vai falar mal da minha avó?
-- Estou mostrando o quanto esse povo se aproveita de você.
-- Não vou discutir.
-- Onde esteve durante esta última semana?
-- Estava em São Paulo resolvendo algumas coisas para Melissa Cristina. – pensou no único álibi que interessaria o homem.
-- Estava sozinha?
-- Quem mais poderia estar comigo? – ele a avaliou e olhou para cima.
-- Poderia ter me avisado, ou quem sabe me convidado para ir lá.
-- Jaques, estou cansada... Passei uma semana difícil e uma noite pior.
-- Está bem. – aproximou-se para abraça-la. – Vá se arrumar para sairmos.
-- Eu não vou.
-- Como assim? Quero ficar com minha noiva e matar a saudade.
-- Hoje não. – afastou-se.
-- Haidê, sinceramente, o que nós temos?
-- Podemos ter qualquer coisa, mas hoje não. Estou cansada para discutir relação.
-- Eu sei o que está acontecendo. – pegou mais um cigarro e acendeu. – Vou na casa de Lívia. – ele saiu irritado sem se despedir. – Ele sabe. – falou para si mesma e pegou o celular. – Ulisses...
-- Fala aí patroinha.
-- Ele sabe.
-- Sobre?
-- Eu e Lívia... Quanto ao resto, acredito que desconfia.
-- Possibilidade de fazer mal a loirinha?
-- Alta.
-- Posso me encarregar disso.
-- Difícil vai ser convencê-la a deixar.
-- Não precisa saber agora.
-- Tenho que avisá-la, ele foi para casa dela.
-- Uma brincadeira com ele agora até que cairia bem.
-- Não me conte nada, estou sem tempo. – desligou.
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-- Só precisa de um pouco de paciência.
-- Ela não vai terminar com Jaques. – afirmou com tristeza.
-- Paciência é uma ótima virtude.
-- Uma virtude nobre que não me pertence. – bebeu um pouco do suco.
-- Nobreza é algo que vem da alma, então você tem, mas não exercita. – sorriu. – Haidê tem essa história de artes marciais, meditação, pratica o silêncio, mas no fundo tem a mesma impaciência que a sua.
-- Então ela sabe como me sinto com essa história com Jaques.
-- Sabe sim, e se ainda não deu um ponto final é porque pensa em você.
-- Em mim? Não, ela está pensando em não magoa-lo.
-- Magoa-lo? – sorriu mais uma vez. – Ela não está nem aí para ele, está preocupada com você e o que ele lhe faria.
-- Jaques não me faria nada, eu não tenho medo.
-- Mas deveria. Nunca subestime o oponente. – Lívia pensou em falar quando Haidê entrou.
-- Lívia, por favor, ligue para sua casa e peça para avisar que está viajando.
-- Avisar? Viajando? O que está falando.
-- Jaques está desconfiado, ele foi na sua casa, precisamos despistar.
-- O que tem se ele descobrir?
-- Lívia, por favor, isso é importante para mim.
-- Querida faça o que está lhe pedindo, depois ela explica. – Helena interveio em favor da sua neta. Lívia pegou o celular e ligou para Bá, explicando-lhe toda a situação. Enquanto conversava com dona Dirce, Jaques apareceu em sua casa.
-- Ele chegou em casa. – Haidê se sentou preocupada.
-- Eu não sei mais o que fazer. – avisou a Helena que olhou de uma para outra e se aproximou da neta, beijando-lhe a cabeça.
-- Quem sabe esta não é a hora? – perguntou após lhe beijar a cabeça e sair. Lívia avaliou a cena e depois se aproximou, sentando-se de frente para morena.
Fim do capítulo
Meninas, para quem comentou, responderei mais tarde. Só enviando o capítulo ou acabo me enrolando mais.
Beijos
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Fab
Em: 06/09/2018
Oi minha querida autora!!!!
Fiquei um tempo sem acessar o site por conta do trabalho e dos estudos... e eis que quando acesso me deparo com “Uma pequena aposta” finalizada e continuidade de “Coincidências”, fiquei super feliz, pois não é segredo que gosto muito de suas histórias, da forma que você escreve. Falo do enredo e do português bem escrito. Você também sabe que gosto de ler devagar e saboreando, rs, por isso demorei tanto chegar aqui. E agora estou sofrendo porque tenho que esperar a postagem do capítulo seguinte... acho que desacostumei... rs, então não demore, please!? rsrs
Será que só eu desconfio que a chefe dessa máfia é Milena?
Um abração, dona Rafa!
Ps: você disse que teremos surpresas com Rafa e Fê?? Ai meu coração!! Amo os Matteus e mooorro de saudades. É a continuação do livro? Diz que sim, diz que sim, siiiim!!!
Mille
Em: 22/08/2018
Olá Rafa
Jacques aparecendo é sinal que já chegou informação da Haide e Lívia estão juntas. E Está na hora de contar a loirinha e assim juntas acabar com a raça do Jacques.
Junior é o cara que nos diverte com seu jeito de falar.
Bjus e até o próximo capítulo
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KarineGont
Em: 22/08/2018
Acho que morro de ansiedade até o próximo capítulo!
Tô adorando a estória
Bjs
Resposta do autor:
Morre nada, só aguardar. Beijos
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