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Blind por Bruna DX

Ver comentários: 8

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Palavras: 4670
Acessos: 2484   |  Postado em: 23/10/2018

Capítulo 29

 

 

 

Puxei todo o ar que consegui e olhei no fundo de seus olhos. Deus, por favor, faça com que ela cumpra o que acabou de me prometer! – pensei. Busquei o melhor modo de começar a contar, mas não tinha, então soltei de uma vez.

 

-- O Edson vem me assediando há algum tempo...

 

Adele virou o rosto em minha direção. Seus olhos estavam avermelhados, sua feição dura e seu queixo visivelmente travado. Alguns segundos se passaram e ela ainda me olhava daquela maneira, sem pronunciar uma única palavra ou mexer um músculo sequer.

 

A respiração dela não estava normal, assim como a minha. Aqueles azuis penetrantes estavam me deixando angustiada. Nunca antes os tinha visto daquela forma, pareciam estar repletos de raiva, de algum sentimento que eu não sei definir.

 

Eu estava tão tensa esperando alguma reação dela que meus ombros já reclamavam, estavam tensos e doloridos. Baixei a cabeça sentindo meu coração comprimir, afinal, Sam estava certa, Adele ficaria furiosa comigo. Agora eu só tinha que esperar as consequências.

 

Mesmo de cabeça baixa percebi a movimentação ao meu lado. A loira levantou do sofá onde estava sentada em um rompante, assustando a mim e o coitado de Sherlock que nos assistia deitado no outro canto da sala. Mirei a inglesa que parou à alguns metros de mim, com uma mão na cintura e outra tampando o rosto.

 

-- Repete o que você disse... – ela disse em um tom baixo, porém, nada cortês.

 

Busquei o seu olhar mas ele parecia não me enxergar bem ali, diante dela. Seu rosto agora parecia ainda mais vermelho, e eu fiquei ainda mais tensa, temendo ainda mais a reação de Adele.

 

-- O Edson ele tem me...                      

 

-- Para! -  ela balançou a cabeça em sinal negativo.

 

-- Adele, amor...

 

-- Há quanto tempo você vem me escondendo isso Ana Beatriz?

 

A sala começou a me trazer uma sensação sufocante, quase claustrofóbica.

 

-- Acho que desde o primeiro dia que entrei na revista ele já me olhava de uma maneira diferente, mas a primeira vez que ele se insinuou de verdade pra mim, dizendo que tudo tinha um preço e ele ia me cobrar o dele, foi lá em Salvador. E depois, - parei um pouco puxando o ar – na sala dele, ainda essa semana.

 

-- O que ele quer dizer quando fala que tudo tem um preço?

 

-- A viagem. Ele quis dizer que o fato de eu estar naquela equipe não foi por acaso, ou por meu merecimento e justamente por isso ele diz que eu tenho um preço a pagar a ele.

 

Adele cruzou os braços sobre os seios e me deu as costas. Um silêncio cortante dominou a sala, e tudo o que eu conseguia ouvir eram as batidas descompassadas do meu próprio coração. Levantei do sofá e caminhei até ela. Parei bem próxima estudando as expressões corporais dela para só então me aproximar.

 

Colei meu corpo ao dela e passei os braços diante de sua cintura. O corpo dela estava tenso. Seu peito subia e descia rapidamente. Beijei a pele desnuda de seu ombro exposta por uma regata preta.

 

-- Por que não me contou? Por que não me deixou saber o que você estava passando? – sua voz era quase um sussurro.

 

-- Tive medo de você reagir mal, de fazer alguma loucura.

 

-- Eu não sou nenhum animal irracional Bia, eu sei fazer as coisas usando a razão. Você podia ter me contado, porque eu não estou ao seu lado apenas como um enfeite qualquer que você põe na estante e fica admirando, eu sou sua namorada...

 

Nesse instante me dei conta de que ter escondido isso dela a magoou.

 

-- Que droga Bia! Isso vem acontecendo há muito tempo, e eu aqui sem saber de nada.

 

-- Desculpa não ter contado amor. – apertei mais sua cintura – Eu realmente tive medo da sua reação, de que você perdesse a cabeça e fizesse algo contra ele, e além disso, não é uma coisa muito fácil de falar, eu levei um tempo para conseguir exteriorizar o que estava acontecendo.

 

Adele girou o corpo e ficou de frente pra mim. Só agora percebi que ela chorava. O azul límpido estava maculado pelo tom avermelhado, e o olhar era de profunda tristeza. Adele me abraçou apertado e o seu choro intensificou.

 

-- Eu sinto muito princesa, sinto muito por você ter passado por isso sozinha. – ela dizia em meu ouvido – Eu devia ter te protegido, devia ter estado colada contigo nessa viagem. – soluçou – Devia ter tirado aquele homem daquela revista há muito tempo! Me sinto tão impotente por não ter feito nada pra impedir o que aconteceu com você.

 

-- Não fica assim meu amor. – afaguei as suas costas.

 

-- Ele conseguiu, ele... – a frase morreu eu sua garganta.

 

-- Não, ele não conseguiu me tocar. Tentou, mas não passou de palavras sujas e uma única tentativa.

 

-- Você vai denunciar ele, não vai?

 

-- Vou! Mas preciso da sua ajuda nisso. E Adele, eu descobri quem é a outra garota que fez a denúncia e logo depois retirou.

 

A loira se afastou de meu corpo para olhar para mim.

 

-- Quem é?!

 

-- A Cléo. – o espanto em seu rosto foi inevitável – Vem, senta aqui que eu vou te contar tudo o que ela me disse.

 

Nos acomodamos no sofá enquanto eu segurava a sua mão, como uma forma de passar pra ela um pouco de tranquilidade, não sei. Comecei a relatar pra ela o que aconteceu durante o almoço, falei tudo o que Cléo havia me confidenciado, e a cada palavra pronunciada, mais espantada ela ficava.

 

Contei também com o mínimos detalhes o que Edson havia falado e feito desde o primeiro dia que dei de cara com ele. Adele se mostrou desconfortável diante do que eu dizia, e eu, ao contar isso pra ela, me sentia da mesma forma. Porque querendo ou não, sendo certo ou não, a gente sentia sim uma pontinha de vergonha por ter sido alvo de algo assim.

 

Minha namorada voltou a me abraçar, firme, forte, e com o cheiro e a sensação peculiar de que não havia lugar melhor em todo o mundo do que aquele.

 

Com uma raiva contida – porque apesar de não dizer, seus olhos a entregavam – ela disse que teria uma conversa com Jack e lhe pediria ajuda. Depois ela se afastou e pegou o celular em sua bolsa, discando um número qualquer enquanto me tinha debaixo de seu campo de visão.

 

Alguns segundos foram necessários para que eu identificasse que ela falava com algum advogado, na verdade, uma advogada de nome Renata. A loira dispensou alguns minutos naquela conversa e quando finalizou respirou fundo antes de voltar a se aproximar de mim.

 

-- Você confia em mim?

 

-- Como não confio em mais ninguém.

 

Ela me deu um sorrisinho de lado, sarcástico, e eu sabia que isso se devia ao fato de dizer que confiava nela, e mesmo assim não ter contado a ela sobre Edson, o que deixava um gosto de controvérsia.

 

-- Precisamos ir a um lugar.

 

-- Agora?

 

-- Sim. Preciso apenas trocar de roupa e fazer mais duas ligações.

 

-- Para onde vamos?

 

-- Apenas confie e deixe o resto comigo.

 

Certo, eu não gostava muito disso. Era meio tenso saber que você estava prestes a ir a um canto que você não fazia a mínima ideia de onde era. E pior ainda, fazer algo que você não tinha a mínima chance de cogitar o que seria. No entanto, eu devia a ela um voto de confiança, e além disso, tenho certeza de que ela não me colocaria em uma situação desagradável. No fundo, podia até imaginar para onde estávamos indo.

 

Concordei com ela e a deixei na sala, falando ao celular enquanto fui para o quarto para também trocar de roupa. Vesti uma calça jeans, uma blusa de mangas e calcei um all star branco que estava ao lado da cama.

 

Adele entrou em seguida, separou uma roupa no guarda roupa e começou a se despir. Sentei-me na cama e passei a admirar a mulher maravilhosa que trajava apenas peças intimas diante de mim.

 

-- O que foi? – perguntou quando percebeu meu olhar nada inocente sobre o seu corpo.

 

-- Você é maravilhosa.

 

-- Sou?

 

-- É. E eu te amo!

 

Com passos cadenciados, parecendo estar em um desfile ela se aproximou de mim e segurou meu rosto entre suas mãos. Beijou minha boca suavemente, de uma forma tão lenta e envolvente que me deixou fora do eixo. Instantaneamente surgiu uma humidade no meio da minhas pernas.

 

Do nada, minha cabeça tinha ficado em branco, tudo havia sumido e única coisa que eu conseguia pensar e enxergar, era a minha namorada.

 

Sem pensar muito segurei sua cintura e puxei seu corpo sobre o meu, a fazendo deitar, de uma forma até desajeitada sobre mim. Subi um pouco mais na cama e voltei a puxá-la pra mim. Adele sentou sobre minha cintura e voltou a me beijar. Ela mordiscava meus lábios e passeava por aquela área com a sua língua enquanto movia-se sobre mim em um rebol*do torturante.

 

Mas para meu desespero ela parou de me beijar e saltou para fora da cama. Fui abraçada por um sentimento de desalento fortíssimo, tão forte que eu quase fiz bico diante da loira que tinha um sorriso maldoso nos lábios.

 

-- O que...aconteceu?

 

-- Em primeiro lugar, temos que sair. E em segundo lugar, você está de castigo.

 

Sentei-me na cama e fiz a minha melhor cara de espanto.

 

-- Eu? Por quê?

 

-- Você sabe! Mas eu vou deixar claro. Você não deveria ter me escondido algo tão sério assim Bia. Não quero nem pensar se algo a mais tivesse acontecido. Portanto, essa é a primeira e última vez que você me esconde algo. Certo?

 

-- Certo. Não farei mais isso, prometo.

 

-- Ótimo! Mas isso não te livra do castigo.

 

-- Isso é sério?

 

-- Muito sério.

 

-- Por quanto tempo?

 

-- Você vai saber. E a propósito, eu também te amo. – ela me dá um selinho, outro daquele sorriso maldoso e deixa o quarto.

 

Era só o que me faltava mesmo!

 

Deixamos o apartamento de Adele e em menos de meia hora ela estacionava o carro. Realmente estávamos onde eu imaginei que estaríamos, em uma delegacia, mais especificamente, na Delegacia da Mulher.

 

Antes de deixar o carro mais uma vez ela me pediu confiança. Mas tenho que confessar que estar ali, diante da delegacia fez o meu estômago revirar em puro nervosismo e receio. A gente costuma ver por ai que a mulher vítima de assédio sexual e estupro acabam sendo acusadas de serem as causadoras.

 

Adele deu a volta no veículo e abriu a porta, me estendendo gentilmente a sua mão. Entramos na delegacia de mãos dadas, e o modo como algumas pessoas na área da recepção – em sua maioria de funcionários do local – nos olharam, um olhar torto e de reprovação me deixou incomodada. Minha namorada apertou a minha mão ao se dar conta disso.

 

Demos alguns passos e para minha surpresa, avistamos mais a frente duas pessoas conhecidas ao lado de outras pessoas não conhecidas. Jack e Cléo estavam lado a lado naquela delegacia. Mirei minha namorada e novamente ela havia assumido aquela expressão dura, com o maxilar travado.

 

Jack e Cléo se adiantaram, nos cumprimentando e nos abraçando. Quando Cléo me abraçou perguntei baixinho o que ela fazia ali, e ela disse que a loira havia a convencido de dar um basta naquilo.

 

A fotógrafa me apresentou a mulher que estava ao seu lado e eu me recordei de já ter visto uma fotografia dela. Era Nívia, a namorada de Cléo. Adele me apresentou a morena alta que estava acompanhando os três, era Renata, advogada que fazia parte do corpo jurídico de sua construtora.

 

Feita as apresentações, em uma breve conversa, Renata nos explicou o que faríamos ali e disse como funcionariam todos os procedimentos. Ela nos orientou e nos deu segurança sobre o que deveríamos contar, além de dizer que logo depois entraria com um pedido de medida protetiva para nós duas, fazendo Edson ficar distante em pelo menos 100 metros de nós.

 

Jack nos garantiu que também agiria junto ao corpo de sócios da revista e pediria o afastamento imediato do editor chefe.

 

Cléo foi a primeira a entrar para prestar a queixa. Enquanto aguardávamos assistia toda a ansiedade de Nívea, que andava de um lado para o outro sem conseguir ficar sentada por pelo menos 10 segundos seguidos.

 

Cléo apareceu depois de mais de meia hora. Os olhos vermelhos e levemente inchados denunciavam a sua instabilidade emocional. Nívea correu para abraça-la.

 

Era a minha vez! Respirei fundo algumas vezes sentindo minhas pernas fraquejarem e o embrulho em meu estômago aumentar. Adele me abraçou e sussurrou em meu ouvido palavras que pudessem me acalmar e acalentar, mas que passaram longe de seu verdadeiro objetivo.

 

Entrei na sala indicada e dei de cara com uma mulher, a delegada Catarina. Uma mulher de sorriso gentil que me tratou com suavidade e diria até que compaixão o tempo todo. Ela fez as palavras fluírem e conseguiu tirar o peso que eu achei que sentiria em meus relatos.

 

Passava-se de meia noite quando Adele e eu chegamos de volta ao apartamento. Sentia-me verdadeiramente cansada, tanto física, quanto emocionalmente. A loira foi a primeira a tomar banho, e enquanto ela estava no banheiro, organizei algumas coisas em minha bolsa pensando como seria o dia de amanhã.

 

Já no banheiro, permiti que algumas lágrimas caíssem. Chorei não só por mim, mas por todas as mulheres que já sofreram agressões, assédios e estupros. Chorei por aquelas que infelizmente foram caladas da forma mais brutal e violenta, por aquelas que ainda sofriam em seu silêncio e por aquelas que acreditavam na regeneração de seu agressor.

 

Quando voltei para o quarto encontrei a minha loira sentada enquanto mexia em seu celular. Assim que percebeu a minha presença ela deixou o celular sobre a mesinha ao lado da cama e me chamou para o seu lado. Praticamente corri até ela que me recebeu de braços abertos.

 

-- Toma. Eu fiz pra você, vai te ajudar a ter uma noite de sono melhor. – ela diz me estendendo uma caneca de chá.

 

Agradeci e tomei o líquido quentinho sentindo tudo em mim aquecer e relaxar. Minha namorada tomou a xicara vazia de minhas mãos e depositou também na mesinha ao lado, depois deitou e me puxou para o seu peito. Me enrosquei nela e soltei de uma vez o ar de meus pulmões.

 

O carinho em meus cabelos e a música suave que ela cantava de forma sussurrada em meu ouvido logo me fizeram dormir. Dessa vez tive uma noite tranquila, sem sonhos ou pesadelos.

 

 

**********

 

Estávamos estacionadas diante da revista. Adele ainda tentava me dissuadir da idéia de trabalhar. Desde que acordamos, ela tenta me manter em casa, argumentando que não queria que eu tivesse o desprazer de encontrar com meu chefe, e que, além disso, hoje rolaria uma reunião com todos os sócios e acionistas, convocada por meu sogro, era melhor ficar longe.

 

A loira acreditava piamente que depois dessa reunião Jack conseguiria apoio de todos e finalmente afastaria Edson da frente da redação. Eu já não tinha essa mesma certeza, mas mesmo assim, torcia muito para que a minha namorada estivesse coberta de razão.

 

Fico aqui a imaginar o que ele faria se descobrisse que Cléo e eu o denunciamos por assédio e mesmo assim tivéssemos que conviver diariamente com ele. Acho que ele faria da nossa vida um verdadeiro inferno.

 

Talvez fosse isso que a loira estivesse tentando evitar. Porém, era meu trabalho, e eu estava com um artigo para ser terminado e entregue ainda hoje porque ele precisava sair na próxima edição que seria confeccionada até o final de semana.

 

O carro estava silencioso e minha namorada evitava me olhar. Eu achava até fofinho o bico que ela exibia por senti-se contrariada – um pouco mais que apenas contrariada. Provavelmente haviam se passado coisa de 10 minutos e nós ainda estávamos ali.

 

Eu não queria sair e deixá-la chateada, mas nada do que eu falava conseguia amolecer ela. Quando queria, Adele conseguia ser bastante cabeça dura. E era óbvio que ela não daria o braço a torcer. Tenho até a impressão de que ela queria me vencer no cansaço, provavelmente achando que ficarmos ali, diante do prédio, naquele silêncio tiraria a minha paciência e eu finalmente a ouviria.

 

Até bravinha aquela inglesa ficava um charme! O olhar duro, maxilar travado e os braços cruzados diante do tórax davam um ar interessante pra ela, até mesmo por saber que era apenas uma tentativa de me vencer.

 

-- Adele?

 

-- Sim?

 

-- Não fica assim amor.

 

-- Certo.

 

-- Eu não vou descer desse carro enquanto você continuar com esse bico armado.

 

-- Não estou com bico armado, e do mesmo modo, não sairei daqui com esse carro até que você desista dessa idéia sem pé nem cabeça de trabalhar hoje.

 

-- Não é sem pé nem cabeça amor, é meu trabalho e eu preciso terminar esse artigo. A viagem atrasou e muito o andamento disso, não posso mais adiar.

 

-- Então vamos continuar aqui. – ela sentenciou sem me olhar.

 

-- Você ta parecendo criança.

 

-- Idem.

 

Revirei os olhos e cruzei os braços do mesmo modo que ela. A real é que alguém teria que dar o braço a torcer, porque tenho certeza de que ela cumpriria o que diz e não sairia dali se não fosse para me deixar em casa.

 

-- Podemos fazer um acordo?

 

-- Faça sua proposta. – ela diz virando o rosto em minha direção pela primeira vez em muitos minutos.

 

-- Tá. O que acha de eu entrar, terminar esse artigo e assim que o fizer ir pra casa? Juro que termino isso em coisa de meia hora.

 

A loira arqueou a sobrancelha direita e me examinou por alguns instantes e em seguida bufou. Ponto pra mim! Sabia o que viria a seguir.

 

-- Esses seus acordos deveriam ser proibidos. – comentou colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha – Ok! Você tem meia hora para entrar e sair.

 

Quase bati palminhas, mas me contive por achar que se eu fizesse, ela daria pra trás.

 

-- Ótimo! Posso lhe dar um beijo?

 

Ela sorriu de canto e tirou o cinto de segurança para se aproximar de mim. Adele começou roçando sua boca na minha e em seguida capturou meu lábio inferior e o sugou. Estremeci. Mas o pior ainda estava por vir, na verdade, o melhor, e veio quando ela agarrou-me pela nuca e com pressa invadiu minha boca com sua língua astuta.

 

Agarrei a lateral de seu rosto e correspondi ao beijo sentindo que eu estava derretendo lentamente. Não sei quanto tempo durou, mas durou o suficiente para me roubar todo o ar e todo o meu senso. Nossa! Acho que nunca vou me acostumar com a forma com que ela me “pega”. Mas ela pode continuar “pegando”, por favor!

 

-- Te espero aqui embaixo. – disse ao se afastar.

 

-- Tem certeza?

 

-- Absoluta.

 

Dei-lhe um selinho e desci do carro sentindo todo o meu corpo mole, febril. Ow mulher essa minha!

 

Cumprimentei a quem eu encontrava no caminho e quando cheguei à redação dei de cara com um pequeno alvoroço, não era uma bagunça generalizada, mas claramente não era o comum daquela redação.

 

Sentei e liguei o meu computador. A sala de Edson estava fechada. Queria perguntar ao Júnior se ele já havia chegado, mas o viado falava ao telefone enquanto anotava alguma coisa em um pequeno bloco de papel.

 

Por segurança, a primeira coisa que fiz foi copiar o artigo para um pen drive pessoal. Não sei o porquê já não havia feito isso antes, isso teria evitado a necessidade de ter vindo até aqui, e consequentemente esse pequeno embate que tive com a minha namorada. Muito provavelmente neste momento nós duas estaríamos em casa, na nossa cama, bem quietinhas, como ela me propôs.

 

Abri o meu arquivo no computador e comecei. Os parágrafos começavam a surgir na tela rapidamente, e eu me concentrei integralmente naquilo para terminar no tempo que eu havia dito que terminaria.

 

Mesmo concentrada, consegui perceber a presença de uma pessoa parada bem diante da minha mesa. Levantei o olhar e encontrei Edson, me encarando seriamente.

 

-- Posso falar com você? – perguntou quase entre dentes.

 

-- Sim.

 

-- Na minha sala.

 

-- Edson eu...

 

-- Na minha sala, agora! – disse batendo a mão espalmada em minha mesa.

 

O barulho ecoou por toda a redação e atraiu para nós vários olhares curiosos. Meu coração já batia em qualquer lugar dentro de meu corpo, no entanto, não era dentro de meu peito. Senti meu corpo inteiro estremecer, por susto pelo que ele acabara de fazer, e claro, por medo. Tive a impressão de que ele não estava para brincadeiras, conversas ou meio termos.

 

Abri a boca para dizer que eu não podia deixar a minha mesa agora, queria evitar entrar na sala dele, porém, antes que eu falasse alguma coisa ele me agarrou pelo braço e me fez levantar, me arrastando por entre as mesas até a sua sala. Tentei me desvencilhar, mas ele era muito mais forte. A mão grande apertando o meu braço doía, mas não tanto quanto o meu peito que palpitava feito louco.

 

-- O que você pensa que está fazendo sua vadia? – ele pergunta ao praticamente me jogar dentro da sala e a trancar.

 

-- Edson, me deixa sair.

 

-- Acha que vai conseguir convencer alguém com esse papinho de assedio? Eu sou um homem de negócios, tem nome e tenho gente graúda do meu lado. Acha que vai conseguir me atingir? Você vai sair daqui e vai retirar essa queixa ridícula.

 

-- Não! Eu não vou retirar queixa alguma. – disse estufando o peito e tirando coragem não sei de onde.

 

Os olhos de Edson injetaram-se de sangue subitamente. O cara diante de mim parecia um cão raivoso, e talvez o meu sistema nervoso simpático tenha começado a agir, correspondendo à situação de estresse e liberando adrenalina em meu corpo, porque o medo sumiu e eu comecei a desafiá-lo.

 

-- Dessa vez você não vai conseguir se safar Edson, eu vou levar essa acusação até o fim! Você pode não ficar preso, mas o nome que você faz questão de dizer que tem, será manchado, e essa acusação ira te perseguir para sempre.

 

Ele se movia pela sala e isso fazia com que eu me movimentasse também. Estava quase me sentindo uma presa prestes a ser devorada.

 

-- Você vai se arrepender por isso.

 

Dito isso ele veio em minha direção. Mas o que aconteceu a seguir aconteceu tão rápido que eu não tive a capacidade de registrar os detalhes da cena que acontecia bem diante dos meus olhos.

 

Mas o que captei foi que Adele passou ao meu lado feito um furação e depois Edson caia sobre a própria mesa derrubando boa parte do que estava ali em cima. O homem parecia espantado e tinha a mão sobre o queixo.

 

Adele estava entre ele e eu, de costas pra mim. Suas mãos tinham os punhos cerrados e seus ombros subiam e desciam rapidamente, indicando a respiração desregular.

 

-- Nunca mais na sua vida chegue perto dela! – vociferou.

 

-- Ah, a filhinha do papai veio defender a putinha da revista, foi?

 

A loira mais uma vez partiu pra cima dele, o agarrando pelo colarinho da camisa social. O sacudiu e o ergueu, fazendo quase sentar sobre a mesa que ainda estava caído. Rapidamente eu me aproximei dela e toquei o seu ombro a fim de fazê-la parar. Tive medo de Edson revidar e ela se machucar.

 

Jack adentrou a sala, acompanhado de mais dois homens de terno preto, os seguranças da My Sprinter.

 

-- Por favor, acompanhem este senhor até a saída. – disse Jack.

 

-- Eu não vou sair daqui!

 

-- A partir deste momento você está afastado de suas funções Edson, e permanecerá assim até o final dos processos em que foi acusado. Sua entrada nesta revista está proibida, e espero que não tente driblar a ordem que deu aos seguranças.

 

-- Você não pode fazer isso! – gritou.

 

-- Posso, e vou! É melhor sair, antes que eu mesmo ponha mais uma acusação eu seu currículo. Por favor, levem-no. – voltou a dizer meu sogro.

 

Os homens saíram praticamente arrastando Edson para fora da sala enquanto ele ainda gritava suas indignações e prometia que iríamos nos arrepender. Adele me abraçou contra o seu peito e eu a abracei de volta.

 

Repousei minha cabeça e consegui ouvir o coração de minha namorada que ainda batia acelerado. Agora que a adrenalina começava a baixar, senti vontade de chorar, mas segurei. Adele fazia carinho em minhas costas e beijava o topo de minha cabeça.

 

-- Está tudo bem amor? – ela perguntou.

 

-- Está.

 

-- Tem certeza querida? Não é melhor irmos para uma delegacia? – Jack pergunta apontando o meu braço avermelhado.

 

-- Quero ir pra casa.

 

Se eu fosse para qualquer outro canto que não fosse para casa eu desabaria, não agüentaria segurar por muito tempo. Meus nervos estavam em frangalhos!

 

-- Nós iremos. Como foi a reunião pai?

 

-- Dessa vez eu consegui convencer o restante dos sócios e acionistas, ele não voltará para esta revista a menos que prove inocência, o que sabemos ser impossível.

 

-- Vou falar com a Renata e pedir para que ela agilize o pedido de medida protetiva pra você e para Cléo.

 

-- Faça! Aqui eu já dei ordens com o aval de todos, ele não entra.

 

-- Vamos princesa?

 

Assenti e ela passou o braço por cima de meu ombro. Deixamos a sala assim e ainda havia alguns pares de olhos que nos encaravam com imensa curiosidade. Não me importei de expor minha relação com Adele naquele simples ato, tudo o que eu queria era tê-la perto, cada vez mais perto de mim, isso me dava uma segurança absurda.

 

Ao passar na minha mesa para pegar meus pertences, encontrei todos arrumados e organizados. Mirei Júnior e ele me sorriu tristemente sussurrando um “Sinto muito. Fica bem”.

 

Entramos no carro em silêncio. Adele assumiu o volante e assim que pôs as mãos sobre o volante notei os nós dos dedos de sua mão direita machucados, avermelhados e levemente inchados, talvez até feridos. Eu sou mesmo uma tonta!

 

-- Desculpa. – pedi quando ela deu partida no carro.

 

-- Por quê?

 

-- Devia ter lhe dado ouvidos, assim nada disso teria acontecido.

 

-- Não precisa me pedir desculpa princesa, agora tudo vai ficar bem. Vamos para nossa casa? Tenho que cuidar do amor da minha vida...

 

 

 

Continua...

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá meninas! Como vocês estão?

Bom, pra variar, me enrolei com um seminário da faculdade que o professor resolveu passar de última hora. Me desculpem por não ter voltado antes, tá?

E então, Edson finalmente foi afastado da revista. O que vocês acham que acontecerá agora? Perceberam algo na última frase de Adele?

 

Beijos e até o próximo!


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Comentários para 29 - Capítulo 29:
anny silva
anny silva

Em: 25/10/2018

Boa noite mais que capítulo maravilhoso 

Esse edson vai ser um pe no saco ainda viu

Que cara maid idiota.

Esperando o próximos flor bjsssss


Resposta do autor:

Olá Anny! Tudo bem com você?

Edson não vai largar o osso tão cedo, e ele ainda vai dar as caras. Ah homem nojento! É um completo idiota, um filho da ****

Beijos amore, até o próximo!

Responder

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Renata Cassia
Renata Cassia

Em: 24/10/2018

Amando a história, não demore muito para escrever os próximos capítulos. Bjs????


Resposta do autor:

Olá Renata! Tudo bem com você?

E eu amei seu comentário. Que bom que tá amando e continua por aqui, acompanhando. Levei um puxão de orelha foi? Pode deixar que vou tentar agilizar mais a saída dos capítulos. Tá?

Beijos e até o próximo!

Responder

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 24/10/2018

Ai, que stress...momento tenso, entendo perfeitamente a Adele se sentir magoada pela falta de confiança de Bia. E por outro lado o receio da Bia em contar o que estava passando. Mas como Adele é tudo de bom nessa vida, ja tomou providências e afastaram o coisa ruim. Que não vai deixar por isso mesmo, prevejo incomodaçoes futuras mesmo com a tal ordem de restrição. Aguardemos... E novamente parabéns pela história, está uma delícia de ler. Quase tão deliciosa como Adele, né? hahaha Beijos! 


Resposta do autor:

Olá Leticia! Tudo bem?

Pois é, Bia devia ter confiado mais na namorada e contado tudo desde o princípio, talvez tivesse evitado os avanços de Edson, e com certeza, evitado esse clima meio ruim entre elas. Só que contar algo assim, realmente não é tão fácil, requer muita coragem. Adele é um máximo, não é não? Edson não parece ser o tipo de cara que engole sapos e fica calado, então veremos como ele vai reagir.

Vixe, se é quase tão deliciosa quando a Adele eu tô me dando bem aqui rsrsrsrs. Obrigada amore! Obrigada por seu carinho e por acompanhar sempre. 

Beijos e até o próximo!

 

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Blume
Blume

Em: 24/10/2018

ola,

 

uma boa noticia... pelo menos por enquanto o clima ficara bommm

amando o  conto.

bjbj


Resposta do autor:

Olá Blume! Tudo bem com você?

Agora o sim vai dar uma apaziguada. Um pouquinho d epaz é sempre bom, né? As meninas merecem só amor...

Obrigada amore.

 

Beijos e até o próximo!

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Mandyletta
Mandyletta

Em: 23/10/2018

Boa noite, autora linda que salva os meus dias toda vez que posta um cap <3

Aaaa pq Adele tem q ser tão maravilhosa?? Queria uma inglesa dessa na minha vida rs.

Aff q esse Edson ainda vai aprontar muito, minhas bbs q se cuidem

Bjs 


Resposta do autor:

Boa noite leitora linda que me deixa imensamente feliz quando deixa um comentário fofo! Sério que um capítulo ajuda a melhorar o seu dia? Ai ai 

Essa mulher é demais! Um arraso dentro e fora da cama (ops, falei demais kkk). Vou mandar boas vibrações daqui, pra quem sabe você esbarrar com uma inglesa assim por aí rsrsrs

Edson ainda não está fora do jogo, e com certeza vai aprontar. Se ele ameaçou, ele provavelmente vai cumprir. Ele não engoliu o fato de ter sido afastado da revista, e vai culpar as meninas por isso, então, elas vão precisar ficar de olhos bem abertos.

Beijos amore, até o próximo!

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Thaci
Thaci

Em: 23/10/2018

Boa noite, autora magnífica! !!!

Tomou papudo!!! Bem feito,isso foi pouco para você,Edson.

E meninas cuidado,que esse verme ainda vai aprontar. 

E que lindo o que Adele falou: Vamos para nossa casa. Vou cuidar do amor da minha vida. Quero uma namorada assim. 

Autora,nota mil sempre.


Resposta do autor:

Oi Thaci! Booooa noite coisa mais fofa deu!

Concordo com você, foi pouco, merecia ter levado mais alguns, só mais alguns, porque né, não sou adepta de violência (mas ele merece).

As meninas precisam sim abrir o olho e ficarem bem espertas, porque essa peste não ameaçou a toa, e isso quer dizer que algo contra elas ele vai aprontar. Se liguem!

Diga ai, Adele tem que ser estudada, não é não? Um ser maravilhoso desse não pode ser deste mundo! Essa inglesa tem um amor imenso pela Bia, e tenho certeza de que ela faria qualquer coisa pela namorada. Um amor desses bicho!

Leitora nota mil, sempre!

Beijos amore, até o próximo!

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Pryscylla
Pryscylla

Em: 23/10/2018

Que namorada é essa? Eu quero uma dessa pra mim kkk 

Bj


Resposta do autor:

Oi Pryscylla! Tudo bem?

Adele é uma fofa! Quem não quer uma namorada dessa, não é? Vou mandar boas vibrações aqui pra quem sabe um clone dela cruzar seu caminho kkkk

Beijos amore, até o próximo!

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Elizaross
Elizaross

Em: 23/10/2018

EU AMO ADELE, quero ela pra mim kk (desculpa ai Bia)

Esse embuste ainda vai aprontar se cuidem meninas.... Esse verme não morreu.

Quero ver esse castigo aiii

fortes emoções!!!

 


Resposta do autor:

Olá Elizaross! Tudo belezinha?

Vixe, tome cuidado não viu Bia! Tem gente de olho na tua namorada kkkk
Adele realmente é uma pessoa incrível, uma namorada maravilhosa, e ai não tem jeito, a gente fica aqui na espectativa de aparecer uma inglesa dessas na nossa vida.

Justamente! As meninas precisam se cuidar, porque uma ameaça nunca pode ser tomada como algo relevante, e não dá pra confiar no Edson.

Ah, esse castigo...tadinha da Bia.

Beijos amore, até o próximo!

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