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Blind por Bruna DX

Ver comentários: 8

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Palavras: 4309
Acessos: 2522   |  Postado em: 18/10/2018

Capítulo 28

 

 

Praticamente não dormi. O mínimo movimento da Adele eu despertava e esperava ela me chamar, ou voltar a dormir. Como todo mundo sabe, meus sentimentos são sempre a flor da pele, e a minha preocupação com ela não poderia ser diferente. Vê-la pálida, abatida e gélida daquele jeito realmente me deixou apreensiva quanto a sua saúde, mas eu não podia forçá-la a ir ao médico.

 

Alcancei o celular dela e desativei o alarme antes que ele tocasse, – sim, eu tinha a senha, assim como ela tinha a minha - queria que ela dormisse um pouquinho mais. Selei suavemente nossos lábios e com cuidado, deixei a cama. Caminhei pelo corredor até a cozinha me espreguiçando.

 

Sherlock, meu eterno companheiro de cozinha se juntou a mim quando parei junto a pia enchendo a pequena chaleira de água. Enquanto ela enchia, voltei a me espreguiçar, erguendo os braços unidos acima da cabeça.

 

-- Essa camisola é indecente!

 

Dei um gritinho e levei a mão ao peito. Podia sentir meu coração batendo em algum lugar da minha garganta. Tinha esquecido completamente que tínhamos visita em casa.

 

-- Que susto Sam!

 

-- O que foi que você andou fazendo de errado hein sua pervertida? – perguntou balançando as sobrancelhas sugestivamente.

 

-- Bom dia pra você também, sua besta. – joguei o pano de prato que estava estendido na alça do fogão em sua direção.

 

-- Bom dia. – disse rindo do meu rubor – Como ela está?

 

-- Ontem, depois que ela se alimentou, pareceu ficar mais coradinha. - E mais tarada – pensei. – O semblante abatido até aliviou um pouco, mas não consegui dormir bem, fiquei praticamente a noite toda velando o sono dela, preocupada.

 

Enquanto eu conversava com minha amiga andava de um lado para o outro aprontando um café pra ela e uma comida leve para Adele.

 

-- Não esperava outra coisa de você.

 

-- Você me conhece como ninguém, não é?

 

-- Como a palma de minha mão, e é justamente por isso que eu tenho que voltar a insistir: pelo amor de Deus, conta logo tudo para a Adele. Esse cara está passando dos limites.

 

-- Ai Samanta! Você quase que me entrega! Inclusive eu acho que ela ouviu muito bem o que você disse, até esperei que ela me questionasse ontem mesmo, e só não o fez porque realmente não estava se sentindo bem.

 

-- Beatriz o que está acontecendo é algo muito sério, você não pode fingir que não é, ou simplesmente tentar contornar tudo sozinha. Já basta o que o canalha do teu irmão fez.

 

-- Eu sei disso. E eu não vou tentar resolver tudo sozinha, eu vou contar pra Adele.

 

-- Quando?

 

-- Bendita hora que eu resolvi te contar isso! – disse revirando os olhos – Vai ficar no meu pé, não vai?

 

-- Ah vou sim!

 

Bufei consternada. Não pensei muito quando chamei minha amiga até a casa da Adele para conversar sobre aquilo, se tivesse pensado um pouquinho, teria desistido da idéia imediatamente, porque conhecendo ela como eu conheço, saberia que ela não me daria trégua até que eu contasse para minha namorada.

 

Talvez inconscientemente eu tivesse contado a ela justamente porque sabia que a coragem me faltaria, e ela insistiria e me daria força necessária para que eu não sucumbisse ao meu medo de toda aquela situação e suas consequências.

 

-- Hoje! Vou contar pra ela hoje.

 

-- Quando?

 

-- Meu Deus! Larga de ser chata.

 

-- Você me pediu conselhos, e eu estou dando. Aproveite enquanto ainda é de graça e não reclame.

 

-- Podemos fazer um acordo? – tentei.

 

-- Sabia que estava fácil demais. Vai Beatriz, manda!

 

-- Prometo que conto pra ela hoje. Ela vai me buscar na faculdade e quando chegarmos aqui, antes mesmo de tomarmos banho e jantarmos, eu conto. Porém, só farei isso se ela estiver realmente bem.

 

-- Tá. Tudo bem. Mas vou lhe dizer uma coisa: quanto mais o tempo passar, mais insustentável a situação vai ficar. O cara já ta cheio de mãos pro teu lado.

 

-- Nem me lembra disso. Eu conto hoje, mesmo tendo medo da reação dela.

 

-- Tenho certeza de que ela vai ficar furiosa, e não só com o asqueroso do teu chefe, com você também, e eu não tiro a razão dela.

 

-- Você não ta ajudando Sam.

 

-- Só estou dizendo a verdade.

 

-- Tá. Agora me ajuda a terminar logo esse café da manhã que eu preciso alimentar minha inglesa.

 

-- Ownt.

 

Samanta e eu terminamos o café da manhã em um tempo consideravelmente rápido. Troquei a água e abasteci a vasilha de ração do Sherlock. Deixei Samanta que já havia tomado banho beliscando alguma coisa no balcão da cozinha e fui tomar o meu banho.

 

Sai do banheiro enrolada em uma toalha, e outra em meus cabelos molhados. Encarei a cama e Adele dormia profundamente. Os cabelos esparramados pelo travesseiro como uma pequena cascata e as pernas desnudas e descobertas pelo lençol eram pra mim um convite quase irrecusável. Sorri e dei as costas para aquela bela imagem antes que eu caísse em tentação.

 

Fiz o mínimo de barulho no quarto enquanto me arrumava. Voltei a me aproximar da cama quando já estava pronta e sentei na pontinha. Passei a mão sobre o rosto dela enquanto a chamava baixinho.

 

-- Ei minha loira, acorda!

 

-- Hum?

 

-- Acorda meu amor.

 

Adele me lançou aquele sorriso de canto e piscou os pequenos olhos algumas vezes.

 

-- Como está se sentindo?

 

-- Com fome. – disse em tom jocoso.

 

-- Já preparei o nosso café. Samanta está lá na cozinha.

 

-- Ah, mas minha fome era de outra coisa.

 

-- Meu Deus como você é tarada.

 

-- Como não ser, com uma namorada que nem você?

 

-- Boba! Vai, toma o seu banho e vamos tomar café. – dei-lhe um selinho e cheirei o seu pescoço.

 

-- Tá certo. – diz já levantando da cama.

 

-- Quer ajuda?

 

-- Não amor, eu estou bem, e se você fosse me ajudar íamos acabar deixando a Samanta nos esperando na cozinha por muito tempo.

 

Adele beija meus lábios e some por entre as portas do banheiro. Deixei-a tomando banho e fui para a cozinha, para fazer companhia para minha amiga. Minha loira aparece no cômodo pouco tempo depois, esbanjando humor. As bochechas rosadinhas me deram certo alívio.

 

Tomamos café num clima animado, e minha namorada nem parecia a mesma pessoa que havia entrado em casa ontem. Ela realmente estava bem, e por incrível que pareça, isso me fez tremer dos pés a cabeça, afinal, prometi contar tudo a ela se ela estivesse bem hoje a noite. Controverso, não é?

 

Deixamos o apartamento todas juntas. Samanta rumou para casa a fim de trocar de roupa para seguir para o seu escritório, e nós duas fomos para o trabalho. No percurso Adele me contou o que havia acontecido na construtora, e uma das informações me fez ficar relativamente contente. Ela finalmente havia se livrado do Antunes.

 

Quando me contou sobre a obra interditada, ela pereceu tensa e um tanto preocupada. Disse que ela mesma assumiria a frente daquele projeto, ou seja, ela estaria mais ocupada do que normalmente estava. Trabalho é trabalho!

 

Fiz ela me prometer que o aumento de suas demandas não atrapalharia em sua alimentação, e consequentemente em sua saúde, e ela me garantiu que se cuidaria. Mas por via das dúvidas, eu ficaria de olho nela.

 

Despedimos-nos com beijos ainda dentro de seu carro, na frente da revista. Passei pela recepção e antes de apresentar meu crachá na catraca eletrônica fechei os olhos e inspirei fundo. Quase fiz uma oração para que Edson não estivesse na revista hoje, ou pelo menos, não nos encontrássemos. Melhor, que eu nunca mais tivesse que cruzar com ele!

 

Eu tentava agir normalmente, mas a questão é que a presença de Edson me deixava cada vez mais tensa. Ontem ele havia me chamado em sua sala e eu tive que obrigar minhas pernas a se moverem. A cada movimento dele eu sentia um aperto no peito, e ele sempre sorria, provavelmente por ler em minhas expressões o que eu sentia perto dele. Ele gostava de me aterrorizar.

 

Acomodei-me em minha mesa me sentindo tensa, completamente travada. O que eu comecei a sentir dentro daquela redação era uma sensação tão ruim. Sentia-me desprotegida e vulnerável. Essa era uma das piores sensações que já senti na vida.

 

Júnior chegou eufórico e começou a me contar sobre sua noite com um boy que ele conheceu no final de semana, e que ele jurava ser o amor da vida dele. A conversa animada e a forma afetada com que ele costumava descrever os eventos acabaram me distraindo, e quando o expediente realmente começou, mergulhei de cabeça nos afazeres do dia.

 

Para meu total alívio, Edson não havia dado as caras na redação. Quem havia passado pela redação com aquele sorriso galante tão parecido com um que eu conhecia bem, foi Jack. Cumprimentou a todos, conversou com um, com outro e me deu aquele sorriso que Júnior intitulava “especial”.

 

Apesar de ainda não ter tido muito contato com ele fora do trabalho, eu gostava dele. Pelo que Adele me contou de suas atitudes deu pra perceber que ele era um cara íntegro, e acima de tudo, um paizão.

 

-- Você ta firme mesmo com a loira gostosa? – perguntou assim que Jack deixou o ambiente.

 

-- Não chama ela assim Júnior! E sim, eu estou firme com ela, muito firme.

 

-- Queria eu fazer uma viagem, meu boy aparecer lá pra me fazer uma surpresa e me pedisse em namoro de uma forma tão linda e fofa. Depois colocasse aqui no meu dedinho uma aliança dessas, igualzinha a sua. Mas oh, é inveja branca, ta?

 

Tive que rir do comentário dele. Quem no mundo não ia querer uma surpresa como aquela, não é mesmo? Sim minha gente, eu tenho a namorada mais linda e perfeita do meu mundo.

 

Entre uma conversa ou outra com o meu colega – que parecia ter sido carregado nos 220 v de tão elétrico que estava – meus artigos e revisões, a manhã foi se passando. Um pouco antes do almoço Adele me ligou avisando que infelizmente teria que passar em um canteiro de obras, e isso custaria o nosso almoço.

 

Pensei em chamar Júnior para almoçarmos pelas proximidades da revista, mas ele já tinha marcado algo com o tal carinha. Cogitei Samanta, mas ela provavelmente estaria bem atarefada por ter chegado ao escritório atrasada. Bufei. Eu realmente odiava almoçar sozinha.

 

Parei praticamente no meio da praça, incerta sobre o quê, e onde comeria. Pegar um ônibus e ir até o shopping era uma opção claramente descartada, perderia tempo se assim fizesse. Era tão mais fácil quando Adele aparecia com aquele lindo sorriso e dizia onde iríamos comer.

 

No automático, meus pés foram me levando para a cantina italiana. Pensei em retornar para onde estava, afinal, Daniele costumava almoçar por ali, e definitivamente eu já tinha bastante tensão na minha pacata vida para querer dar de cara com a minha ex (ou coisa assim).

 

Ah, quer saber? Eu vou! Caminhei até lá e logo na entrada me surpreendi pela quantidade de gente que abarrotava o estabelecimento. Tive um pouco de dificuldade de encontrar uma mesa vaga, mas para minha sorte, a que encontrei ficava ao lado de uma janela com vista para a rua. Eu e minha mania observar tudo.

 

Pedi o meu almoço e enquanto esperava mexia em meu celular, mais precisamente, em meu Facebook. Pedro havia postado algumas fotos em um passeio ao lado de Natália. Aquele lugar era lindo e com certeza eu queria ir até lá, claro, acompanhada da minha namorada.

 

Voltei o meu olhar para o lado de fora bem a tempo de ver Cléo atravessando a rua na direção da cantina. Sorri e acenei efusivamente para ela quando a vi passar pela grande porta principal. Com um sorriso discreto ela se aproximou de mim.

 

-- Oi Bia! – ela cumprimentou.

 

-- Oi Cléo! – animei-me com a presença dela – Senta aí!

 

-- Não sabia que comia nessa cantina. – disse já se acomodando.

 

-- Quando minha namorada me abandona esta é uma das minhas poucas opções para um bom almoço.

 

-- Adoro essa cantina.

 

-- Eu também.

 

Os nossos pedidos chegaram e nós estávamos no meio de uma conversa animada. O assunto ia de músicas à séries, e Cléo tentava me convencer a assistir duas séries que ela acompanhava e gostava muito.

 

-- Ei! Nesse final de semana é o aniversário da Nívea, vamos comemorar em uma casa noturna gay, lá perto do Dragão do Mar. Tentei convencer a minha namorada e fazer algo mais clássico, mas não rolou. Topa ir com a gente?

 

-- Não sei se estou muito animada para uma balada, mas vou falar com a Adele e te dou uma resposta.

 

-- Tudo bem então. Mas pense com carinho...

 

Sorri diante da carinha pidona que ela fez.

 

-- Pode deixar.

 

O rumo da conversa mudou, de repente já estávamos falando de um assunto que me fez lembrar do que eu vi durante a viagem que fizemos para Salvador, e consequentemente lembrei de Edson.

 

-- Cléo, posso te fazer uma pergunta?

 

-- Claro. – ela disse pegando o copo de refrigerante em cima da mesa e bebericando.

 

-- Você sabe alguma coisa sobre uma denúncia de assedio que foi feita contra o Edson e depois foi retirada repentinamente?

 

Os olhos de Cléo esbulharam-se e ela teve que levar a mão a boca para conter um pequeno acidente com o líquido que ela tomava.

 

-- Bia... – desviou o olhar.

 

-- Você sabe, não sabe? Me conta! Quem era essa garota? Por que a denúncia foi retirada sem mais nem menos?

 

-- Esse é um assunto do qual eu não queria falar.

 

-- Por favor, Cléo. Eu preciso que os meus argumentos e tudo o que eu fale seja convincente o suficiente, esse cara não pode sair impune mais uma vez. Tenho que falar com essa garota.

 

A fotógrafa voltou a mirar seus olhos em mim. O rosto exibia um leve rubor. Estava estampado a surpresa e ela perecia procurar palavras em sua mente.

 

-- Deus! Eu não quero acreditar que isso aconteceu de novo. – ela fechou os olhos e suspirou – O Edson te assediou?

 

Encarei-a sem saber ao certo quais palavras deveria usar, mas como todas elas fugiram, eu apenas balancei a cabeça afirmando. Um silêncio incômodo tomou conta da mesa. Nos encarávamos sem nada dizer.

 

-- A outra garota era eu Bia.

 

-- O quê? – quase gritei.

 

Cléo tirou os óculos de grau do rosto e passou as mãos espalmadas sobre os olhos. Um sinal claro de que tocar nesse assunto realmente deveria ser bem doloroso pra ela. Os castanhos agora molhados me fitavam mas pareciam perdidos.

 

-- Tudo aconteceu assim que eu entrei na revista, há uns dois anos atrás. Desde o primeiro momento eu percebi os olhares dele, mas na época, eu era ingênua e não me considerava nada atraente, então pensei que era coisa da minha cabeça. Mas as ações dele foram se tornando cada vez mais incisivas, os olhares ficaram de lado e ele passou a realmente investir, se insinuando pra mim em toda oportunidade que ele encontrasse. Em um certo dia, eu acabei me distraindo e ficando na redação mais do que o necessário e foi ai que aconteceu...

 

-- O que aconteceu?

 

-- Eu estava indo para a sala de arquivos, estava atrás de uma edição antiga, uma tiragem de meados de 1990 da revista. Edson entrou logo atrás de mim, me empurrou contra a parede e tentou me beijar enquanto enfiav* as mãos por baixo da minha blusa e tentava me apalpar. Consegui me esquivar e me afastar, apontei o dedo na cara dele e disse que não estava ali pra isso. Eu não queria nada com ele. Sai do prédio correndo, e não sei como, mas cheguei na casa da Nívea. Eu chorava tanto que ela demorou para conseguir compreender o que eu dizia. Quando finalmente consegui relatar tudo, ela ficou enfurecida e praticamente me arrastou até uma delegacia e então eu fiz a denúncia.

 

-- Por que você retirou a queixa?

 

-- Foi tudo muito difícil pra mim Bia. Esse era o meu primeiro emprego, eu trabalhava diretamente com ele. Depois do que aconteceu eu passei quase uma semana sem voltar a trabalhar, coloquei um atestado simplesmente por não conseguir olhar na cara dele. Mas assim que retornei ele voltou a me procurar, mas dessa vez, para me ameaçar. Era uma ameaça em cima da outra, e no fundo eu não levava a sério, achava que estava protegida dele, mas não era bem assim. Ele começou a aparecer na frente da minha casa, ele não se aproximava de mim, mas deixava claro que estava ali, bem perto. Ele me seguia o tempo todo.

 

-- Que canalha!

 

-- Tive uma briga feia com a Nívea quando resolvi deixar a denúncia pra lá. Ela não concordava, mas eu não aguentava mais ter ele como a minha sombra. Eu ameacei sair da revista, mas tiveram medo de que um escândalo explodisse e não deixaram.

 

-- O Jack, ele...                                                                                                                          

 

-- Não. Ele não sabe que a vítima – sorriu triste – era eu. Eu não sei como o Edson fez, mas os outros sócios estavam do lado dele e trataram de esconder o meu nome de todo o processo. Meu nome nunca foi exposto, e ninguém nunca soube, que era eu, tudo foi encoberto. Depois disso, me mudaram de função e eu passei a fazer parte da área de fotografia e imagem. Edson nunca mais chegou perto de mim, até a viagem.

 

-- Esse homem é louco Cléo! Ele é asqueroso, ele é...ele é...Meu Deus! Esse homem tinha que estar preso.

 

-- Eu sinto muito. – ela disse em um tom pesaroso.

 

-- Por quê?

 

-- Porque se eu tivesse mantido a denúncia ele não teria feito nada contra você.

 

-- Não sinta. Eu entendo o que você fez, ele te coagiu, te ameaçou. Você não tem porque se culpar ou se sentir envergonhada. Te agradeço por ter confiado em mim e ter me contado. Sei o quanto deve ter sido difícil reviver as lembranças, mas...

 

-- Você quer minha ajuda, não é?

 

-- Sim. Eu não sei o que podemos fazer, mas a gente precisa fazer alguma coisa. – segurei sua mão sobre a mesa e dei um leve aperto – Juntas seremos mais fortes, te garanto.

 

Ela sorriu fraco e assentiu. Depois ela perguntou o que o canalha do Edson havia me feito, e eu contei a ela tim tim por tim tim. Isso pareceu ser um incentivo a mais pra ela, e ela me garantiu com firmeza de que me ajudaria. Na verdade, nos ajudaria.

 

Não conseguimos terminar a nossa refeição. Eu sentia como se tivesse um nó em minha garganta, nada desceria. Retornamos para a revista caladas, cada uma perdida em seu próprio pensamento.

 

Antes de seguirmos cada uma para o seu setor eu a abracei apertado e sussurrei em seu ouvido um “Vai ficar tudo bem”. Fui para a minha mesa sentindo como se tivesse carregando o mundo sobre os meus ombros.

 

Torci fervorosamente para que eu não desse de cara com o Edson, ou eu não sei do que seria capaz. Saber o que ele fez com a Cléo, despertou em mim uma ira, uma vontade louca de esganar ele. Até esqueci o que ele me fez, e só conseguia me colocar no lugar daquela garota. Se levar em consideração a idade dela o tempo que já se passou, ela era quase uma menina. Uma menina!

 

Que nojo desse homem. É revoltante saber que existem homens assim andando em nosso meio com o peito inflado de orgulho e um ego machista, camuflados por trás da boa imagem, que se resume apenas ao exterior, porque o interior, é podre.

 

No fundo, Edson e meu irmão não era tão diferentes. Um era assediador, que usava do seu gênero para diminuir a mulher como um objeto sexual que está ali apenas para satisfazê-lo. E o outro, batia no peito e dizia “Eu sou homem” – trazendo junto o lado homofóbico - e assim tentava impor suas vontades e seus pensamentos esperando que baixássemos a cabeça e o acatássemos.

 

Passei o resto do dia meio perdida em pensamentos. Júnior vez ou outra cutucava minhas costelas para chamar a minha atenção. No meu artigo eu não consegui colocar nem uma vírgula a mais.

 

Quando o final do expediente chegou eu peguei a minha bolsa e sai em disparada para o ponto do ônibus. Eu não teria cabeça para assistir uma longa aula, portanto, decidi ir para casa, tomar um banho e esperar Adele chegar em casa.

 

Já dentro do ônibus mandei mensagem para o celular dela avisando que estava indo para casa. Não expliquei, apenas disse que estava indo para casa e que ia fazer o nosso jantar – coisa que nem sei se conseguiria fazer.

 

Sherlock me recebeu na porta como sempre, no entanto, ele parecia compartilhar de meus sentimentos já que estava quieto e apenas me acompanhava pela casa. Chegava a ser estranho passar por aquela porta e não ter ele pulando em minhas pernas. Dei-lhe um pouco de atenção, afagando os pelos curtos e fui para o banho.

 

Tomei um banho demorado e quando sai, sai decidida a fazer um jantar. Conhecendo minha namorada, sabia que ela chegaria faminta, e provavelmente cansada.

 

Abri uma garrafa de vinho e me servi de uma taça enquanto preparava o jantar. Estava na segunda taça quando ouço as chaves de Adele tilintarem na porta. Fechei os olhos e respirei fundo.

 

-- Oi meu amor. – disse me abraçando por trás e beijando suavemente meu pescoço.

 

-- Oi!

 

-- O que houve? Você não tinha aula hoje?

 

-- Me senti indisposta e resolvi vir pra casa.

 

-- Está se sentindo bem?

 

-- Estou, é só uma dor de cabeça. – girei o rosto para olhá-la e forcei um sorriso – E você, voltou a sentir algo parecido com ontem?

 

-- Nadinha! Estou muito bem. – disse humorada.

 

Era incrível como nem mesmo um dia cheio e puxado conseguia tirar dela esse humor e esse sorriso fácil que ela tinha.

 

-- Vá tomar um banho. Estou terminando o jantar.

 

-- Achei que não estava com fome, mas foi só passar por essa porta e sentir esse cheirinho gostoso que a minha barriga reclamou. Vou tomar um banho rapidinho!

 

Adele voltou a beijar meu pescoço e se distanciou, mas voltou para pegar a minha taça e tomar um longo gole do meu vinho, partindo em disparada pela casa logo em seguida. E ela ainda dizia que eu parecia uma menina.

 

Acabava de colocar a mesa quando a loira adentrou a cozinha exalando um cheirinho gostoso.

 

-- Prontinho! Já estou merecendo alguns cheirinhos aqui. – disse me abraçando e apontando o próprio pescoço.

 

Cheirei e mordi com vontade, fazendo sua pele arrepiar.

 

Jantamos enquanto ela me contava sobre o seu dia. Quando foi a minha vez de falar, resumi tudo à uma única e seca frase “Foi bom”. Os azuis de brilho intenso me encararam confusos, talvez buscando algo de errado.

 

Emendei um outro assunto e assim terminamos o nosso jantar. Adele foi a primeira a deixar a mesa, e munida de uma taça de vinho que ela acabara de colocar, foi sentar-se na sala. Eu não estava em meu normal, e ela estava sentindo isso. Acho que eu estava seca com ela.

 

Caminhei a passos lentos até a sala. Adele assistia a algo na TV e sorvia calmamente a sua taça de vinho. Sentei ao seu lado e encarei o perfil bonito de minha namorada. Ela não me olhou, mas suspirou no instante em que me sentei.

 

-- Eu sei que tem algo acontecendo Bia... – falou ainda sem me olhar – Confia em mim e me conta o que está te angustiando.

 

-- Eu confio em você.

 

-- Então me conta. Divide comigo. – era quase uma súplica – Eu fiz alguma coisa de errado?

 

-- Não meu amor! – adiantei-me e segurei seu rosto – Você não fez nada de errado, pelo contrário. Eu só tenho medo da sua reação, não sei como você vai receber o que eu tenho pra te contar.

 

-- Apenas conta...

 

-- Certo. Mas antes você tem que me prometer que não vai agir por impulso.

 

-- Prometo!

 

Puxei todo o ar que consegui e olhei no fundo de seus olhos. Deus, por favor, faça com que ela cumpra o que acabou de me prometer! – pensei. Busquei o melhor modo de começar a contar, mas não tinha, então soltei de uma vez.

 

-- O Edson vem me assediando há algum tempo...

 

 

Continua...

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Oi meus amores! Voltei! Demorei?

Mais um capítulo, e espero que gostem. Não deixem de comentar, hein? Olha que eu sinto falta!

Beijos e até o próximo!


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Comentários para 28 - Capítulo 28:
anny silva
anny silva

Em: 19/10/2018

Tar de brincadeira como vc para nessa parte em?

Continua logo pfv

Anciosa pelo proximo capítulo 

Bjsss


Resposta do autor:

Olá Anny! Tudo bem?

Opa! Fica brava com eu não, foi só pra fazer um pouquinho de suspense...não goste menos de mim, tá? Quer dizer, da história...

Guenta ai!

Beijos amore, até o próximo!

Responder

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Thaci
Thaci

Em: 19/10/2018

Boa noite, autora hiper magnífica! !!

Agora a cobra vai fumar.!!!

Agora se prepara Edson,que tu vas receber o que bom.  Vaaaaaaiiiii Adele. Ansiosa pelo próximo capítulo.  Nota mil. 


Resposta do autor:

Olá Thaci! Tudo bem? 

Você falando assim eu me derreto toda! Brigada meu anjo.

Ora se não! Agora o caldo vai começar a entornar. Edson que se cuide e não invente de ainda vir com as mãozinhas bobas dele pra cima da Bia.

Go Adele!

Beijos amore, até o próximo!

Responder

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Mandyletta
Mandyletta

Em: 19/10/2018

AAAAA COMO ASSIM VC PARA NA MELHOR PARTE?? ASSIM MEU CORE NÃO AGUENTA KKK

SURTANDO AQUI COM ESSE FINAL E JÁ QUERENDO O PRÓXIMO.

Bjs


Resposta do autor:

Oi Mandyletta! Tudo bem?

Pois é, eu soltei o capítulo e sai correndo kkkk. Mas não fica com raiva não, é só pra deixar um suspense e um gostinho de quero mais. Mas oh, segura o coração ai pra aguentar até o final da história kkkk

Beijos amore, até o próximo!

Responder

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Elizaross
Elizaross

Em: 19/10/2018

Segura a ADELE!!!..

corre Edson, corre. o furação vai te pegar.... e ja vai ser tarde.,. 

 

 


Resposta do autor:

Oi Elizaross! Tudo bem?

Corre Edson, corre que a loira vai te pegar! Não sou adepta de violência, mas ele bem que tá merecendo um sacode, não é não?

Adele furação, gostei! kkkkk

Beijos e até o próximo!

Responder

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Pryscylla
Pryscylla

Em: 19/10/2018

Como assim? Ela contou de firma tão brusca, me reconhecendo agora kkkkkkkkkk

Bjus 


Resposta do autor:

Oi Pryscylla! Tudo bem?

Pra não perder a coragem e contar logo ela acabou mandando na lata. kkkkk você se reconhecendo e eu aqui dizendo que sou do mesmo jeito. No medo, conto no "pei bufo". 

Beijos e até o próximo!

Responder

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preguicella
preguicella

Em: 19/10/2018

Eita que agora a treta tá armada!

Tomara que elas bolem um plano pra ferrar esse tal de Edson de uma maneira irreversível!

Bjuuu
Resposta do autor:

Olá Preguicella! Tudo bem?

Agora é que o caldo vai entornar! Realmente, elas precisam de um bom plano pra mandar esse cara para bem longe de uma vez por todas.

 

Beijos e até o próximo!

Responder

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 19/10/2018

Ufaaaaa!! Enrolou o que deu mas finalmente contou. Só acho que Adele vai ficar muuuuito p&*§ com o tal Édison e não vai cumprir a promessa que fez pra Bia. Acho bem bom, por outro lado ele não é filho de um outro sócio ou algo assim? (aquela preguiça básica de ir procurar em capítulos anteriores hahaha). Complicaria a situação mas Jack é o dono, ou sócio majoritário creio eu. Enfim...Go Adele II! 

Beijo, volta logo! 


Resposta do autor:

Olá Leticia! Tudo bem com você?

Pois é, demorou, enrolou, protelou, mas finalmente contou! Com certeza Adele vai ficar muito puta com ele. Afinal, quem não ficaria, não é mesmo? A promiessa que Bia fez a loira prometer é um tanto difícil de ser cumprida diante dessa situação, mas vamos ver como ela se sai. 

Edson é indicado de um dos sócios da empresa e consequentemente, protegido por ele. kkkkk Entendo a preguiça de procurar, eu mesma tenho as vezes. Go Adele!

Beijos e até o próximo.

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Socorro
Socorro

Em: 19/10/2018

Agora a coisa vai ficar boa kk

Adeus babaca no Edson vou adorar esse embuste recebendo o que merece

Go Adele !!


Resposta do autor:

Olá Socorro! Tudo bem?

Esse embuste tá merecendo mesmo uma boa lição, não é não? Ele terá o que merece!

Go Adele!

Beijos e até o próximo.

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