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La Santa Muerte pt 2
No trajeto de volta para casa me deparei com uma procissão de Santa Muerte. As ruas estavam congestionadas, e pude observar com calma a movimentação, à frente da procissão homens carregavam a imagem da santa quase em tamanho real. Uma orquestra tocava músicas tradicionais. Me fez recordar de quando era criança, meu pai nunca me acompanhava nas procissões. Isso era feito apenas pela minha mãe e pelas empregadas, algumas delas eram devotas da santa. Me vi menina correndo atrás da imagem da multidão pelas ruas da cidade.
Fui tomada de um impulso, tirei os saltos e mandei o motorista encostar o carro.
—Patroinha, pode ser perigoso— Tentou me dissuadir o segurança.
—E o treinamento para intervir em tumulto que eu paguei? Foi grana jogada fora?
—Não Senhora— Disse hesitante o homem.
—Então não fode.
Desci do carro e segui a procissão, dançando e acompanhando as letras das músicas. A nostalgia me trouxe instantes de felicidade. A multidão estava tão concentrada nas orações que minha presença passou desapercebida. Os seguranças me acompanhavam de longe, não me perdiam de vista. Quando me dei conta, já estava toda suada, meus pés empoeirados e a várias léguas de onde estava o carro. Era como se eu estivesse me despindo, minha alma estava mais leve. Era só uma cidadã comum exercendo sua fé, a normalidade fazia bem de vez em quando.
Voltei para o carro também a pé, completamente suada, pés sujos. Tal como era nos meus tempos de criança. A alma mais leve, já podia pensar com certa clareza e com toda a certeza os ventos já me sopravam favor de novo. Era bom voltar para casa me sentindo bem, os dias não tinha sido fáceis. Na verdade, eu não me lembro de nenhum dia sequer que eu não me vi envolta de medo. Medo de ser morta, medo da polícia, medo das máscaras caírem. MEDO.
O dia amanheceu e como de costume estava às 8 no congresso, meu Smartphone caterpillar tocou, algo novo havia acontecido. Abri a rede segura e de pronto ouvi a voz masculina.
—A operação foi um sucesso. Começamos já no próximo mês.
—Esses japoneses são uns idiotas— Dei uma risada involuntária.
—Mas foi por pouco, precisamos pisar em ovos com eles. Nunca conseguiremos novamente uma oportunidade como essa. Você foi genial Alejandra, parabéns.
—Semana que vem eu assino contrato com a JPMOTORS. O alto investimento das ValleCopore deixou o mercado asiático agitado. As ações subiram. Está tudo dentro do esperado. Arrisco em dizer que até melhor que o esperado.
—E quando eles entram em operação no México?
—Então, minha ida para Dubai tem a ver com isso. Vamos assinar os contratos dos investimentos e estou levando um corretor para a venda do terreno onde eles vão construir as instalações das tecelagens.
—Você podia vender os terrenos da zona industrial e ficar com a grana da corretagem—Orientou o homem.
—Tenho planos para aqueles galpões.
—O corno manso vai viajar com você? —Perguntou com ar de deboche.
—O que você acha? Oficialmente, vamos viajar para comemorar bodas de estanho ou qualquer outra merd* que seja.
—Que barra.
—Eu que o diga, preciso desligar. Tenho uma festa para organizar.
Desliguei o aparelho e disquei o ramal de um dos meus homens.
—Fala, Patroa—Respondeu na primeira chamada.
—Trago boas notícias— Respondi enfática.
—Já estou sabendo, patroa. E tomei a liberdade de já colocar a Champagne no gelo. A decoradora já está aqui arrumando tudo. A festa vai ser ao redor da piscina.
—Maravilha— Respondi entusiasmada.
—As garotas, serão as mesmas de sempre? —Questionou o homem.
—Não, quero as do catalogo do curso de medicina.
—Como quiser, minha patroa.
Porta à fora do gabinete, tive que encarnar meu papel de senadora apoiadora das morais e bons costume. Por dentro estava em êxtase pelos meus feitos no crime. Estava chegando em lugares que meu pai nunca havia sonhado em alcançar. Tive algumas reuniões no congresso, mas a minha mente estava na comemoração da noite.
Eu sentia orgulho de mim mesma e este sentimento tinha que ser degustado a cada gota. Cheguei na fortaleza Valle quase fim de tarde. Já não tinha mais sol, passei pelo imenso jardim iluminado e decorado. Um garçom me ofereceu uma taça de Champagne. Aceitei de pronto, subi até meu quarto e me preparei para a grande noite. Um vestido provocante preto com uma abertura na frente quase deixando os seios à mostra, par de saltos louboutin pretos, carreguei um pouco mais na maquiagem. Estava pronta, ao longe ouvi a música e avistei a iluminação que pareciam aquelas show de um rockstar. Quando desci até o jardim, várias meninas já se preparavam para entrar na piscina. Quando me viram, uma a uma vieram me cumprimentar. Depois de tirar uma casquinha de cada uma delas, uma mulher loira com um penteado clássico, vestido branco,de meia idade veio ao meu encontro.
—O que achou delas, Leja? Se tiver alguma que não te agradou pode falar que eu mando ir embora— Disse a misteriosa mulher.
—Não, são todas lindas...Você sabe exatamente de como eu gosto.
—Eu sei, foi eu que te ensinei tudo—A elegante mulher afagou meu rosto. Fechei os olhos para receber o carinho.
— Mas isso já faz tempo. Vamos deixar a nostalgia para outra hora.
—Mas eu nunca me esqueço de você. E por isso reservei o melhor para o final.
—E o que seria? —Neste momento o garçom me serviu de mais uma taça.
—Duas Sérvias, virgens.
—Uau, adorei. —Respondi em espanto.
—Um amigo do leste Europeu separou elas para mim. Veja o que eu não faço por você? Devia me dar mais valor.
—Eu dou, suas comissões são altíssimas.
Visivelmente irritada a mulher se afastou bufando. A festa estava rolando a todo vapor. Rodadas e rodadas de cocaína na mesa de ébano dentro da mansão era o que mais se via. As meninas sentavam em meu colo, e eu aproveitava cada pedaço delas. Aos poucos pude ver em cima da mesa a quantidade de garrafas de bebidas vazias irem aumentando. A música eletrizante, mulheres de biquíni dançando ao meu redor. Todas querendo chamar minha intenção. Eram várias delas. Loiras, morenas, ruivas, asiáticas. PSYCHEDELİC PROGRESSİVE tocando no ultimo volume. É exatamente o tipo de música que faz aumentar ainda a sensação de bebedeira. Umas das garotas dançava em minha frente com um short curto, coloquei uma nota de 500€ em sua minúscula parte de baixo.
Deixei as meninas no sofá e fui circular pela festa, a essa altura estavam todas bêbadas. Tirei meus saltos e vestido fui para a piscina externa. Onde tinha mais algumas várias meninas, se pegando entre si, consumindo cocaína. Uma verdadeira Sodoma e Gomorra. Me joguei de cabeça na piscina, a sensação foi boa que tive vontade de ficar mergulhada por mais tempo. Por muito mais tempo. Quando subi a superfície um dos seguranças já estava na borda da piscina se preparando para entrar, achando que tinha acontecido algo comigo.
—Que foi? —Todos ao redor me olhavam assustados — Continuem a festa, porr*.
Quando sai da piscina, uma empregada estava com roupão me esperando. Quando acabei de me vestir com a peça, a cafetina veio novamente ao meu encontro.
—Você está se perdendo. Tome cuidado, acho que você devia ir devagar—Disse em tom preocupado.
—Vai fazer papel de mão agora? —Respondi com sarcasmo enquanto secava meus cabelos com a toalha
—Eu só me preocupo com você, sempre me preocupei. Foi um pedido do seu pai, ele me pediu para cuidar de você.
—Sério? E quando ele pediu isso? Enquanto você ch*pava o pau dele?
—Alessandra, me respeita— Vociferou a mulher de meia idade.
—Que foi? Foi só uma pergunta. Esse pedido foi antes ou depois de você ter ch*pado o pau dele? —No mesmo momento a mulher me esbofeteou bem no meio da cara.
—Você não devia ter feito isso, sua maldita. Eu vou— Antes que eu terminasse a frase ela completou.
—Vai me processar? Mandar um dos seus homens me matar? Ah, me poupe de suas ameaças Alejandra. Nossa relação está muito acima disso.
—E o que te faz pensar assim? Se toca, todo aquele amor que um dia eu senti por você MORREU, Pamela. Morreu. Foi morto e enterrado no dia que eu peguei você na minha cama com o meu pai. Todos os planos, todos os projetos de vida que eu tinha feito pra gente...Você os matou, um a um.
—Mas eu já te pedi perdão— Disse a mulher com os olhos cheios de lágrimas.
—Eu nunca vou te perdoar por ter me transformado nisso que eu sou hoje. Você matou qualquer possibilidade de eu ser normal. E isso não tem perdão.
—Vamos reconstruir isso juntas, vamos embora. Eu vendo a boate, você dá um fim nisso tudo e a gente vai viver em Veneza, esse era seu sonho, não se lembra? —Disse a mulher chorando enquanto tentava acariciar meu rosto, sem sucesso.
—Era, já não é mais. Pega suas putas e vai embora. Quando precisar dos seus serviços de novo minha equipe entra em contato.
Fim do capítulo
Espero que gostem, meninas
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