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  • Capítulo 68 O Livro das Sombras (Parte 2)

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An Extraordinary Love por Jules_Mari

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Palavras: 4970
Acessos: 4232   |  Postado em: 21/10/2018

Notas iniciais:

 

Boa noite a todxs, 

Cá estou com mais um capítulo para vocês, e podem perceber que estou relutante com o fim rs... 

Ps: Ele não é tão grande quanto eu gostaria, mas estou optando por postar um pouco menores, para manter o nosso dia em meio a minha rotina complicada. Espero que gostem. 

Boa leitura e semana! 
Xeros!

Capítulo 68 O Livro das Sombras (Parte 2)

Cosima não pensou em questionar mais acerca da lacônica e misteriosa resposta de Helena, embora tenha permanecido com a incomoda duvida sobre o conteúdo daquela misteriosa caixa, pois ela merecia permanecer guardada junto ao que de mais secreto havia para a Ordem.

Pode aprender nesses últimos dias convivendo com Helena que ela não era o tipo de pessoa de meias palavras. Ou seja, se ela desejasse contar o que havia ali dentro, o teria feito de forma direta e incisiva. Se demorou observando aquela singular mulher e se permitiu  perceber o quanto ela era dedicada à Ordem e mais especificamente a Delphine. Ainda estava impressionada com o relato do que ela passou nas mãos do Martelo e de como, para a surpresa de todos, ela estava recuperada após poucos dias e que já estava retomando as suas atividades e treinos. Ela parecia ser incansável.

- Sabia que as encontraria aqui! – Uma vozinha um tanto quanto grave se fez ouvir no meio do quarto. – Ei... Eu não sabia que tinha essa sala aqui. O que tem ai dentro? – Manu forçava a passagem entre Helena e Cosima.

- Nada que seja da sua conta criança! – Siobhan a segurou no colo, mas se arrependeu de imediato ciente que aquela era a pior argumentação que poderia usar com aquela pessoa, pois isso só aguçaria ainda mais a sua curiosidade sobre-humana. – Pelo menos por enquanto! – Apertou o pequenino nariz dela e piscou um dos olhos. Manu cocegou os seus olhos e bocejou enquanto falava algo, arrancando risos das três mulheres.

- O que foi? – Questionou visivelmente incomodada por ser o alvo dos risos.

- Nada pequena! – Helena se aproximou dela. – Apenas estamos pensando em copiar esse seu visual rebelde aqui. – Mexeu nos bagunçados e amassados cabelos da menina.

- Ei... – Manu se esticou e bagunçou o cabelo de Helena que fingiu correr dela, que saltou do colo de S. – Ei Cosima! – Manu parou diante de uma série de fotos que haviam passado despercebidas por Coisma no dia anterior. – Duvido você me dizer quem é essa aqui. – A morena riu e se aproximou, pensando que a menina estaria lhe mostrando mais uma das inúmeras fotos de Delphine. De fato a sua amada estava na maioria daquela série indicada por Manu, mas o dedinho da menina estava sobre uma onde uma garota ruiva, de pouco mais de doze anos que recebia algum tipo de premiação das mãos da Mestra da Ordem. Ao se aproximar e ler a legenda daquela imagem ficou encantada e surpresa ao mesmo tempo, com mais uma prova da imortalidade de Delphine.

- Siobhan... É você? – Cosima virou-se para S que parecia um pouco mais vermelha que o usual e deu de ombros.

- A própria. – Helena foi quem respondeu evidentemente divertindo-se com o constrangimento de sua antecessora. - Ela foi uma das melhores alunas da turma dela... Diria até que de todas as turmas. – Piscou um dos olhos para S.

- O que você está recebendo Sra. S? – Manu questionou. A mulher curvou-se e releu aquela legenda.

- Na escola temos alguns torneios e aqui eu venci o de Conhecimentos Históricos da Ordem. – Disse com um orgulho que não lhe era muito comum, pois não era do seu feitio vangloriar-se por algo.

- Qual foi sua pontuação final S? – Helena a questionou.

- 98,7! – Respondeu coçando a testa. A reação de Helena indicou para Cosima e Manu que era uma numeração impressionante.

- Esse número já foi batido? – S a observou por alguns instantes e olhou aquelas imagens, até encontrar a que desejava.

- 99,5... Quase 100! – E apontou a autora daquela proeza. Quando Helena, Cosima e Manu se aproximaram a menina questionou.

- Quem é ela?

- Gibson! – Helena respondeu com denotado orgulho e surpresa.

- A Stella? – Cosima questionou diante de uma jovem menina de cabelos loiros, trazendo no rosto a mesma impetuosidade dos dias de hoje.

- Isso mesmo! – Siobhan respondeu com bastante orgulho. – Ela foi a melhor aprendiz que tivemos.

- O que é o Instituto Chermont? – Cosima questionou diante de uma série de imagens de épocas diferentes onde turmas de jovens meninas posavam vestindo uniformes semelhantes.

- É a escola para onde eu vou muito em breve! – Respondeu uma empolgada Manu. A mulher arregalou os olhos e pensou que mais informações da Ordem ela ainda desconhecia.

- Somos muito maiores do que você possa imaginar Cosima! – Siobhan se adiantou diante da evidente expressão de confusão da mulher diante dela.

- Então existe uma escola para...

- Bruxas? – Helena gargalhou com aquela pergunta. – Você anda lendo muita ficção juvenil.

- Não Cos... É uma escola para meninas... A Eve... A Delphine, sempre presou pelo acesso a educação para todas nós. Ela sempre defendeu que o nosso empoderamento começa com o acesso ao conhecimento. – S usou de toda a sua eloquência para responder. – Qualquer jovem menina pode estudar no Instituto, mas é claro que estamos atentas àquelas que apresentam algumas questões especiais. – Piscou um dos olhos e acariciou o topo da cabeça de Manu.

- Onde está você Helena? – Perguntou curiosa.

- Eu não estudei no Instituto. – Ela respondeu secamente. – Ei Manu, vamos tomar café da manhã? – Segurou na mão da menina e saiu do quarto.

- Eu disse alguma coisa errada? – Cosima perguntou um tanto confusa.

- Não! A Helena foi “descoberta” por nós já tarde. – S respondeu enquanto seguiam as duas. – O raríssimo dom que ela possui, dificultou que víssemos nela a grandiosidade que hoje todas respeitamos. -

- Então ela não sabe de toda a história, não é? – Cosima questionou, ficando mais atrás com S enquanto caminhavam de volta ao elevador.

- Manu é muito inteligente e também bastante intuitiva. Muita coisa ela simplesmente sabe. Embora não compreenda o todo e de fato, o conteúdo dos Diários da Evelyne e mais especificamente o que tem nesses pergaminhos... – Tocou o que a morena segurava em mãos. – Não é para uma criança. Muito longe disso. – Cosima voltou a encarar aquele cilindro perfeito que guardava um dos maiores tesouros da Ordem do Labrys.

- Acredito que não mesmo.

- Cosima... Precisas saber que o que está escrito aqui já tirou o sono de quem já ousou ler seu conteúdo. – A morena engoliu em seco. – A Helena mesmo, foi a ultima a ler esses papeis antes de você e ela me relata que ainda hoje tem pesadelos com o que tem aqui. – Cosima parou diante daquela ultima informação de Siobhan que olhou para trás percebeu que talvez não tenha sido muito feliz com as palavras usadas. – Entenda criança, existe uma mística muito poderosa em torno da Ordem e especialmente em relação a Delphine. – Cosima anuiu lentamente com a cabeça.

- Não tenho mais tanta certeza se quero saber a verdade... – A hesitação era natural, mas a curiosidade gritava em sua mente. Sabia que leria de uma maneira ou de outra, mas aqueles alertas lhe deixaram verdadeiramente apreensiva.

- Infelizmente não se trata mais de querer... Você precisa fazê-lo! – Foi direta e incisiva. Cosima arregalou os olhos e não conseguiu retrucar aquela afirmação.

- Ei... Vocês duas vem ou não? – A voz de Manu as recebeu assim que saíram do elevador. – Sabiam que matar uma criança de fome é crime? – Foi inevitável para ambas não rir da pose da pequena, com o queixo em riste e as mãos na cintura, com o bater de pés indicando a sua infantil impaciência.

- Estamos indo Manu! – Cosima respondeu. – Não podemos deixar a pequena passar fome. – Piscou para S. Embora ela mesma não estivesse com um pingo de fome, mas sabia que a criança não a deixaria em paz para realizar a leitura como deveria.

A medida que se aproximavam da saída daquele corredor, a vozinha de Manu embalava a caminhada delas, pois a criança saldava todos que encontrava pelo caminho e era inevitável para quem quer que cruzasse seu caminho, não sorrir para ela. Contudo, algo chamou a atenção de Siobhan, que pode ver pelas janelas por onde passava uma estranha movimentação do lado de fora da Fundação. Imediatamente colocou-se em alerta.

- O que foi S? – Cosima percebeu a mudança brusca de postura na mulher mais velha.

- Tem alguma coisa acontecendo. – Postou-se a frente de Cosima e caminharam tentado ouvir o que era dito na sala de entrada da Fundação. E antes que as duas pudessem reagir e percebessem a reação de surpresa numa paralisada Helena, irromperam no salão no exato momento em que Manu alardeou a chegada inesperada de alguém.

- Delphine!

Siobhan paralisou de imediato e com força apertou o braço de Cosima que instintivamente segurou a mão da mulher e não conseguiu controlar o tremor de seu corpo, evidenciando o seu nervosismo. As duas ainda não estavam a vista, mas puderam ouvir a voz dela.

- Oi Manu. Cadê o meu abraço? – A menina que também estava parada diante da presença dela, olhou de rabo de olho para S, com os imensos olhos azuis arregalados e a boca entreaberta. - Manu? – A voz de Delphine estava cada vez mais perto, indicando que ela estava vindo em direção a menina.

A tensão preencheu aquele ambiente e aquela hora da manhã ainda havia pouco movimento na Fundação e apenas elas estavam ali. Helena buscou os olhos de Siobhan como alguém que está se afogando e busca desesperadamente por algo para se agarrar, e a mesma reação dela era vista no rosto da ruiva. Instintivamente todas voltaram sua atenção para a pequena e perceberam quando ela cerrou ambos os punhos e olhou fixamente para Cosima que apertou ainda mais a mão de S e anuiu positivamente para a menina.

- Del! – Manu lançou-se a correr em direção a ela e jogou-se nos braços da mulher que a recebeu em seu colo em meio a um abraço apertado. – Que saudade eu estava de você.

O som da voz de Delphine atingia Cosima com uma força que nenhuma outra pessoa seria capaz de compreender. Parecia que cada célula em seu corpo respondia a ela, fosse desperta por ela e seu acelerado coração pode ser sentido em cada parte de seu corpo. Mas havia algo na voz da sua amada que lhe feria profundamente.

- Oh Manu... Como eu precisava desse abraço! – A confissão de Delphine endossava o temor de Cosima. O do quanto sua amada estava triste e sofrendo com a sua suposta morte. Nesse instante, Delphine entrou no campo de visão dela e de S que quase protestou com a dor que sentia em sua mão tamanha era a força que Cosima imprimia nela. – Oi Helena, como você está? – Ainda com a menina no colo, estendeu o braço direito e tocou no ombro da amiga.

- Eu... Eu... – O nervosismo inesperado dela chamou a atenção da loira que franziu o cenho, estranhando aquela postura de sua Protetora.

– Onde está a S? – E virou a cabeça procurando pela mulher. Todas ali suspenderam suas respirações e parecia que via a movimento de Delphine em câmera lenta.

- Ela está ali! – A voz alegre de Manu indicou quem Delphine procurava. A loira virou em direção de S e Cosima e de imediato não esboçou reação alguma, mas como se uma pressão insuportável que ela estava sentindo atingisse seu ápice, desceu a menina ao chão e arriou os ombros, num evidente sinal de derrota.

- Oi S! – Caminhou em direção a ela. As duas mulheres não conseguiam passar impune ela energia que emanava de Delphine a medida que ela se aproxima e em poucos passos ela estava diante de Siobhan que tinha Cosima logo atrás dela, como se tentasse se esconder inutilmente.

Porém, para o estarrecimento de todas ali, Delphine apenas abraçou Siobhan, obrigando-a a soltar a mão de Cosima e envolver sua Mestra com seus braços.

Uma boquiaberta Cosima estava a míseros centímetros de Delphine, tanto que conseguia sentir o maravilhoso perfume dela, era capaz até mesmo de receber as lufadas de ar que ela soltava, pois respirava com intensidade devido ao choro que não conseguia mais represar. Cosima engoliu em seco e instintivamente ergueu a mão para tentar tocar o antebraço de sua amada. Subitamente Delphine ergueu a cabeça que estava afundada no pescoço de Siobhan e olhou para onde Cosima estava.

Novamente todas pararam de respirar! Contudo, a loira baixou os olhos e afastou-se de Siobhan.

- Eu precisava de vocês! Estava a ponto de enlouquecer em Paris... Não sei S... Realmente não sei como continuar vivendo sem ela! – Siobhan arregalou os olhos e viu uma cabisbaixa Delphine lhe dar as costas e retornar em direção a Helena. S olhou por sobre o ombro e percebeu que Cosima estava tão confusa quanto ela. As duas olharam para Helena e viram que ela tinha o olhar surpreso e focado em um ponto.

As duas seguiram a direção dos olhos dela e encontraram a pequena Manu, com as duas mãos nas costas e com a mais divertida das expressões no rosto, emoldurada por um largo e triunfante sorriso. Para o estarrecimento dela, a menina piscou um dos olhos para elas.

De alguma maneira que ninguém poderia se quer imaginar, Manu estava mexendo com a cabeça da poderosíssima Evelyne Chermont, impedindo que ela visse Cosima.

A incredulidade estava estampada nas faces daquelas três mulheres. Definitivamente ninguém tinha a mínima noção do que aquela menina era capaz de realizar e parecia que era a coisa mais fácil para ela, que não havia feito esforço algum e a surpresa logo deu lugar a um sentimento não tão agradável. O temor do que aquela pessoa poderia fazer.

- O que vocês têm? Eu já vim sem avisar várias vezes! – Delphine estava incomodada com aquela reação abobalhada das suas irmãs.

- Del? Você já tomou café da manhã? Eu, a Helena, a S e a... Nós quatro. É! Nos quatro estávamos indo nesse exato momento. – Manu corrigiu-se a tempo.

- Confesso que não como a várias horas...

- Então vamos!

“Cos... Não se preocupe, eu tomo conta da Del pra você!” Manu comunicou-se com a morena em sua mente.

“O... Obrigada Manu.”

“Isso mesmo Sra. S... Acho melhor a senhora esconder a Cos...” Siobhan estremeceu! Jamais havia tido alguém em sua mente antes, e só conseguiu obedecer.

- Vão indo na frente. Eu irei logo após repassar algumas instruções. – Siobhan informou e assistiu Manu seguir com Delphine e Helena para a copa da Fundação.  Cosima ficou parada, no meio daquela sala ainda em total descrença, mas ao mesmo tempo sentindo uma dor até então desconhecida por ela. Esteve não perto de sua amada e invisível a ela. E vê-la sofrer daquela maneira, chorar diante de suas irmãs... Nada poderia prepara-la para algo assim.

- Ela não me viu S!

- E nem consegue lhe sentir. – Indicou o Milah no pescoço da morena.

- Mas o que faremos agora? – Exasperou-se.

- Temos de mantê-la escondida. Não sei por quanto tempo a Delphine pretende ficar aqui e também não sei até quando a Manu conseguirá ludibriar a mente dela. – Caminhou de um lado para o outro pensativa e por fim puxou Cosima pelo braço.

- Mas você não teme que ela veja em suas mentes que eu estou aqui? – Questionou enquanto entrou no quarto que estava ocupando.

- Ela poderia fazer isso sim. Facilmente se quisesse. Mas ela mesma nos prometeu que jamais entraria na mente de uma irmã. – Cosima a encarou pensativa. – E ela jamais descumpre uma promessa.

- Então eu tenho de sair daqui! – Começou a se despir para vestir roupas mais adequadas e a exasperação dela era evidente.

- Calma criança! Não precisaras ir a lugar nenhum!

- Como não?

- Esse castelo é muito maior do que possas imaginar. – Lhe piscou um dos olhos. Ficarás escondida bem aqui. Mas antes, pegue o que necessitas. – Cosima ainda hesitante, obedeceu ao comando da mulher mais velha e recolheu algumas coisas e tomou um banho tão rápido quanto o seu estado permitia. Siobhan ainda a ajudou a trocar os curativos de seu ferimento.

Pouco mais de uma hora depois estava descendo para o primeiro piso daquela gigantesca construção e Cosima apenas se deixava guiar. O caminho que tomaram as levou a passarem bem próximas a copa e a porta entreaberta permitiu que Cosima tivesse uma nova visão de Delphine. Ela sorria diante de algum argumento da pequena menina, mas apesar disso, os olhos dela traziam um pesar intenso e tudo o que Cosima mais desejava naquele instante era poder retirar aquele penduricalho enfeitiçado que pendia em seu pescoço e correr para abraçar Delphine e arrancar-lhe toda a dor que ela sentia.

Ponderou por alguns instantes qual seria a reação dela. Raiva? Alívio? Era poderia ser capaz de perdoar a todas que engendraram toda aquela artimanha? Cosima realmente temeu. Já experimentou e leu sobre o temperamento daquela mulher e tudo isso tornava imprevisível qual seria a reação dela.

- Cosima? – A voz de Siobhan a trouxe de volta. – Por aqui! – S indicava um alto portal que as levava até uma porta de madeira sem maiores adornos. Assim que passaram por ela Cosima experimentou uma familiar sensação, como se estivesse tendo um Déja Vú.

- Eu já estive aqui. – Sussurrou enquanto contemplava as paredes que ladeavam aquele corredor que ia descendo.

- Sim Cosima! Foi aqui que você foi tratada. – S indicou o local onde estava o seu ferimento. A morena levou a mão até seu abdômen e surpreendeu-se ao perceber para onde estava sendo levada, agora consciente.

- Essas são as Catacumbas da Ordem? – Perguntou em dom de adoração. Já havia lido sobre elas nas memórias de Melanie e nos estudos que teve acesso para a escrita de seu livro.  Siobhan apenas anuiu positivamente.

- Dificilmente a Delphine vem até aqui embaixo. – Um certo tom misterioso chamou aguçou a curiosidade de Cosima.

- Por que não? – A mulher ruiva ao seu lado parou e lhe encarou com receio.

- Você encontrara essa e outras respostas nesses pergaminhos. – Os apontou.

Cosima sentiu a atmosfera densa dos subterrâneos daquele castelo e não conseguia mais dizer quantos vãos adentraram para baixo. Sua cabeça girou um pouco devido a mistura de odores que sentia ali. O cheiro das pedras levemente úmidas juntava-se a sustâncias as mais variadas, o que indicava que alguma ou algumas coisas estavam sendo preparadas ali.

- Espere aqui! – Siobhan a deteve e não esperou pela resposta, pois mergulhou em uma das inúmeras salas que havia ali. Pensou que seria muito fácil perder-se naquele verdadeiro labirinto de tuneis e isso a remeteu até o belíssimo e misterioso labirinto vivo dos jardins do castelo de Delphine. Suspirou profundamente e olhou para cima, ciente da presença dela tão próxima e ao mesmo tempo tão distante. – Venha. – A ruiva retornou após alguns instantes e Cosima entrou num corredor com pouca luminosidade e a medida que se aproximavam do destino delas, a luz e o ar foi melhorando um pouco mais.

Enquanto caminhavam, a morena teve aquela mesma sensação de reconhecimento e quando passaram por uma das entradas, uma voz lhe soou familiar. Ela parou e ousou enfiar a cabeça ali e arregalou os olhos quando viu uma figura peculiar. Uma mulher alta, vestindo um longo vestido marrom, com uma longa e perfeita trança em sua extremamente branca cabeleira. Percebendo que estava sendo observada, aquela mulher se quer olhou para trás.

- Vejo que estás melhor! – Cosima estremeceu com aquela repentina afirmação. Mas instintivamente foi mergulhando naquela sala. Olhou ao redor e percebeu as incontáveis prateleiras repletas de potes e vasilhas. Muitos deles transparentes, revelando infusões e toda a sorte de preparos. Dependuradas em várias direções, plantas e ervas pendiam por todos os lados. No centro daquela sala uma longuíssima mesa de madeira estava repleta de livros, papeis, instrumentos e equipamentos que faziam lembrar um laboratório químico, só que bastante antigo. – Perdeu a fala?

- Oi? Não... Desculpe. – Cosima respondeu nervosamente ao se aproximar da mulher que virou-se para ela bruscamente assustando-a.

- Deixe-me ver! – A mulher partiu para cima de Cosima e já foi tentando lhe levantar a leve camisa que usava. A morena esboçou uma reação, mas o olhar assustador e imperativo que recebeu, derrubaram sua resistência. – Hum... Confrei. – Ela disse ao aproximar o rosto do curativo existente ali. Ela acertou qual a substância utilizada só pelo cheiro. – Muito bom. – Afirmou assim que desfez a bandagem e viu o estado de cicatrização do machucado. – Eu não lembrei dessa era... Hum! Quem a colocou?

- Manu... – Disse com um filete de voz.

- Aquela menina é realmente surpreendente. – Disse com um sorriso largo que deixou a mostra uma dentição perfeitamente branca que contrastava com o rosto que era escuro devido as tatuagens que o cobriam. Um de seus olhos era completamente branco enquanto o outro possuía uma ires negra como a noite.

- Ela é sim. – Cosima retribuiu o sorriso. – E eu gostaria de lhe agradecer por... Ter salvado a minha vida. – Amarrou o nó da bandagem. A mulher novamente lhe sorriu, mas essa reação logo desapareceu e seu semblante mudou para uma seriedade dura. A morena acompanhou a direção dos olhos dela percebeu que ela encarava fixamente o que trazia em mãos.

- O mais pesado dos pesos. – Disse com pesar na voz.

- O que? – Cosima questionou sem entender a principio o que ela estava querendo dizer. A estranha mulher afastou-se um pouco e caminhou por entre as prateleiras.

- “E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e dissesse: ‘Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro, e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio! – Ela parecia recitar o trecho de algum livro e, com certo esforço, a morena reconheceu o que se tratava. A mulher continuou. - A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez  e tu com ela, poeirinha da poeira!”

- “Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias: ‘Tu és um deus, e nunca ouvi algo mais divino!” – Cosima continuou a citação iniciada pela misteriosa mulher. – Nietzsche! – Apontou o reconhecimento daquela citação de forma surpresa.

- O que foi? Uma velha como eu não pode conhecer de filosofia?

- Não é isso... Me desculpe... Eu...

- Tudo bem criança. – Segurou Cosima pelo queixo e a encarou fixamente, o que causou um estranho calafrio na morena. – Mas esteja certa de uma coisa. O que tem aqui... Vai mudar a forma como você encara o mundo e... – Elevou os olhos, como se apontasse para algum lugar. – E de encará-la! – Cosima engoliu em seco pois soube exatamente a quem ela estava se referindo.

- Cosima! – Siobhan entrou exasperada. – Me desculpe minha senhora. Eu perdi essa moça nos tuneis... Isso não vai mais acontecer! Ela não vai mais importuná-la.

- Tudo bem Siobhan. – Ergueu uma das mãos. – Ela não me incomodou. – Virou-se e deu as costas para as duas. Quando Cosima virou-se para S, essa estava boquiaberta e silenciosamente lhe gesticulou questionando qual era o problema. A ruiva revirou os olhos e puxou Cosima pelo braço. – Boa leitura menina. – As duas olharam por sobre seus ombros e não viram mais aquela mulher, sentiram apenas uma mudança brusca na temperatura do ambiente.

- Cosima, você precisa saber que não podes ficar zanzando por aqui. Tem lugares que são...

- Proibidos?

- Reservados, seria a melhor palavra. Entenda, várias das mulheres que moram nesses túneis são idosas e tem uma visão um tanto quanto antigas, presam pelas tradições. – Cosima anuiu positivamente com a cabeça e a seguiu. Caminharam mais alguns minutos e a luz do dia começou a ser vista por pequenos buracos retangulares, indicando que voltaram a subir.

- Para onde estamos indo?

- Aqui! – Indicou a porta que a levava para uma sala, que lembrava um escritório, pois continha um birô, cadeiras e um sofá estilo divã sob uma janela. – Estamos a alguns bons metros de distância do prédio principal. Delphine nunca vem aqui. – Abriu uma das janelas para que o ar que parecia que não entrava a muito tempo, refrescasse e iluminasse o lugar. – Fique aqui. Lhe trarei comida e providenciarei que preparem o lugar para que possas dormir.

- Isso é uma prisão Siobhan? – Ironizou e a ruiva a olhou com dureza. – Desculpe. Sei que é para um bem maior.

- Sim! Bom... Tenho que ir agora, pois ela pode estar me procurando. Se precisar de alguma coisa, é só me ligar. – E lhe entregou seu celular.

- Obrigada! – Siobhan ainda lhe olhou antes de sair, e bateu a porta logo em seguida. Cosima ficou esperando o som da porta sendo trancada, mas esse som evidentemente não veio, pois não era uma prisioneira ali. Riu daquele pensamento e tratou de retirar um pouco do pó da poltrona de couro e sentou-se. Avaliou o conforto dela e gostou da sensação agradável. – Muito bem Cosima... – Disse para si mesma. – Não tem mais como adiar mais.

Depositou o cilindro que trazia sobre a mesa e com extremo cuidado, retirou o tampo que o fechava. Um vento mais intenso fez com que a janela batesse com mais força do que o normal, causando um sobressalto nela. Arrepiou-se e teve a certeza de que aquilo não foi por acaso. Fechou o casaco que usava e sacou do bolso as luvas cirúrgicas que solicitou para poder tocar naqueles documentos antigos. Sabia que o ácido presente no suor de suas mãos poderia prejudica-los.

Com extremo cuidado, retirou o rolo de papeis contidos nele e viu que eles eram vários. Gentilmente foi passando a mão sobre eles, para que perdessem o formato que possuíam devido a tanto tempo armazenados dentro de um cilindro.

O sol que incidia e entrava pelas janelas emitia raios indiretos sobre a mesa e revelavam que sob a segunda folha havia algum tipo de desenho e que seu contorno ficava cada vez mais evidente. Um disparar em seu coração foi o sintoma causado pelo reconhecimento daquele desenho. Não que o tivesse visto antes, mas em seu íntimo, sabia que ele retratava aquela cuja as história estava contida naquelas páginas e que era a dona de todo o seu amor.

Com extrema hesitação, segurou nas pontas daquela folha inicial e como se estivesse descobrindo o maior dos tesouros, respirou fundo, para se permitir experimentar toda a excitação da antecipação de algo absurdamente ansiado.

Lentamente a imagem foi sendo revelada e absolutamente nada do que pudesse se quer imaginar, se aproximava do que sentiu assim que seus olhos contemplaram aqueles traços perfeitos.

Suspirou em extrema adoração quando vislumbrou o esvoaçante cabelo loiro que tanto conhecia... O rosto de linhas harmônicas e perfeitas, traços sérios e firmes. Tudo isso emoldurado por aquele que era o símbolo máximo da Ordem. Um Labrys! Mas não qualquer um. O reconheceu da pintura que vira no quarto secreto, aquele que Evelyne empunhava. Só que agora ele era usado de forma magistral... Quase como se fosse uma extensão dela mesma... Como se fosse esculpido, construído exatamente para ela.

Sentiu-se preencher de uma profunda sensação de admiração e segurança que quase lhe impelia a reverenciar aquela imagem. E foi então que, pela primeira vez teve a real dimensão do que aquela mulher representava para a Ordem.

- Grandiosidade! – Sussurrou.

Com extremo pesar, afastou aquela pagina e a colocou com cuidado ao lado da pilha dos demais pergaminhos e sentiu-se preencher ainda mais pela emoção daquele momento ao perceber que naquela pagina seguinte havia uma lindíssima explicação do que aquela imagem realmente significava.

“Unidade... Irmandade... A Mestra da Ordem não é apenas uma. É todas!

As que foram...

A que é...

As que virão.

Pois esse é o rosto da Ordem. Força e leveza... Coragem e amor...

Aquela que empunha esse machado não é apenas mais uma mulher e sim todas elas. Ela é a Ordem. Por todas, pra defendê-las, pra levá-las adiante.

E ela não está só! Todas as que vieram antes dela e empunharam essa arma seguram a mão dela. Cada uma a sua maneira, todas necessárias para que o todo exista, e continue.

Irmãs!

Então ao mesmo tempo em que carregar esse símbolo é ter certeza de ser responsável por essa irmandade, isso também significa não estar sozinha, carregar todas consigo, seja em qual batalha for.

E justamente com esse conceito de união que transcende o tempo, essa arma se torna mítica.

E quem ousar enfrentá-la, enfrentará a todas. E o poder da justiça e verdade que elas... Arma e Mulher representam temor em seus inimigos.

Pois o feminino é a vida e a luz e pela vida das mulheres é que a Ordem do Labrys existe."

E Cosima chorou, tomada pela mais intensa das emoções!

 

Fim do capítulo


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Comentários para 68 - Capítulo 68 O Livro das Sombras (Parte 2):
Dafiny
Dafiny

Em: 06/01/2019

Ei, autora! :) (fiquei me perguntando se o seu nome utilizado aqui teria alguma coisa a ver com a romancista francesa, Jules Mary). 

Este comentário é mais como um agradecimento. Devorei a história (até aqui) em menos de uma semana e confesso que fiquei absurdamente encantada! A riqueza de detalhes e todo o conteúdo cultural! É simplesmente maravilhoso! 

As palavras que li mexeram comigo de um jeito que só me restou te agradecer pela incrível experiência. Tanto por poder vivenciar e sentir essa luta constante de nós, mulheres, como poder "fazer parte" dessa história de amor tão linda e tão bem narrada. 

MUITO obrigada! Não sei nem te explicar como essa leitura mexeu com meus sentimentos. Ansiosa para continuar. 

Um beijo!

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Lanezann
Lanezann

Em: 03/11/2018

Wowww!!!!!! Nietzsche?!!! Fala sério!!!

Amei... este com certeza é agora o meu romance favorito... e olha que o meu eleito anterior já estava comigo desde os 15 anos (A Casa de Thendara da Marion Zimmer)... 

 

Fantástica e surpreendente... Parabéns...

 

Continue por favorrrr... poste logo, poste sempre, poste pra sempre!!! 

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patty-321
patty-321

Em: 27/10/2018

Nossa!como a Manu poderosa. Del tao perto. Que lindo essas palavras finais. Tb me emocionei  bjs

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AMANDA
AMANDA

Em: 26/10/2018

Que horrível, ver e não sentir a quem se ama é muita tortura 

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 22/10/2018

Um lindo capítulo! Cosima se integrando cada vez mais dos segredos da ordem (interessante a interação com a velha senhora), agora realmente se apercebendo da grandiosidade da irmandade e de sua mestra. E, porque não, do seu papel em tudo. Porque ela é importante com certeza, e estes pergaminhos e tudo que contém neles e deixou Helena tao perturbada...deve ter algo a ver consigo. Estou aqui dividida entre querer saber de tudo e não querer o fim...imagino a autora que está ha um ano envolvida com a história. Por mim pode ir escrevendo bastante, especialmente depois que elas se reencontrarem (vai sair faisca porque Del/Eve vai brigar com todo mundo hahaha). Otima semana, beijo!

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