Boa noite a todxs,
Antes de tudo, perdoem a hora da postagem, mas ando bastante atarefada e isso me leva ao primeiro pedido de desculpas. Quis postar o capítulo antes mesmo de relê-lo para as correções, pois não queria me demorar demais. Então estarei realizando as devidas correções com ele já postado.
E o meu segundo pedido de desculpas deve-se a você(s) que por ventura estejam lendo essa estória de forma "errada", Talvez eu não tenha sido muito clara no decorrer desses mais de sessenta capítulos e mais de um ano, mas An Extraordinary Love é sobre, acima de tudo SORORIDADE, ou seja a IRMANDADE entre mulheres, ou seja que nos apoiamos em tudo e contra todos.
Então manas, desejo a todas nós muita força nesse momento em que um monstro de carne e osso ameaça a nossa existência. E para ele eu digo que SEMPRE SEREMOS RESISTÊNCIA!
Uma ótima leitura e saibam que podem contar sempre comigo!
Capítulo 67 O Livro das Sobras (Parte 1)
Desvencilhou-se cuidadosamente do aperta abraço daquela pequena criatura e afastou-se com cuidado para que a Manu não despertasse de seu pesado sono. Havia se deitado junto a ela, pois fora vencida pelo cansaço e pelo desconforto que o seu ferimento ainda em recuperação lhe causou. Passou muito tempo de pé e o esforçou cobrou seu preço.
Mas os pensamentos turbulentos tumultuaram seu sono e, poucas horas após ter se deitado, estava cedendo a sua ansiedade de ler o máximo de informações que pudesse e que lhe foram entregue. Sem mais resistir, circulou a cama e foi até a mesinha onde estava o primeiro dos dezoito volumes acerca da vida de Evelyne.
Acariciou a capa do grande e pesado volume e o contemplou por alguns instantes. Estava verdadeiramente temerosa do que encontraria naquelas páginas. Acreditava conhecer Delphine, mas acabara de reconhecer que não fazia realmente ideia de quem ela era, pois havia sido enganada. E surpreendeu-se consigo por não estar sendo consumida por algum tipo corrosivo de raiva e sentindo-se magoada por ter sido mantida no escuro quanto aquela informação. E chegou a conclusão de que não do que ter raiva e de nada adiantaria esbravejar contra aquelas que “mentiram” para ela.
Aprendeu a confiar no discernimento de Siobhan e, acima de tudo confiava em Delphine e se aquela verdade foi mantida em segredo dela, havia um bom motivo e, aos poucos, foi se conformando que ela era o motivo de sua própria ignorância. Exercitou a empatia e colocou-se no lugar de cada uma delas, especialmente de sua amada e pensou na hercúlea tarefa de explicar-lhe que a mulher que tanto amava, na verdade era uma criatura com mais de trezentos anos, ou seja uma imortal. Riu daquele pensamento e de imaginar qual teria sido a sua reação há uns meses atrás. Provavelmente iria explodir a achar que estavam brincando com a mente dela.
- Eu precisava estar preparada não é? – Disse baixinho, como se conversasse com a autora daquelas memórias que tinha em mãos. Testemunhou mais uma vez a sabedoria das mulheres da Ordem, inclusive da própria Delphine.
Voltou sua atenção para aquele livro novamente e mais uma relutou em iniciar aquela leitura. Sabia que deveria fazê-lo. Que não havia mais volta, mas ao mesmo tempo temia o que o conteúdo daquelas memórias poderia representar para ela.
E não estava enganada.
Sentiu uma leve pontada no local de seu ferimento, e achou por bem tomar um analgésico para amenizar aquela desconfortável dor. Na verdade estava protelando ao máximo para da inicio aquela leitura, por estar ansiando e temendo o que leria ali. Se as narrativas da Melanie já havia lhe tocado profundamente, não conseguia dimensionar o que iria sentir e tinha a certeza que não sairia ilesa aquele conhecimento.
- Vamos lá! – Suspirou profundamente e sentou-se na mesa sob um abajur que lançava o feixe amarelado e que combinava com a tonalidade das folhas do papel daquele livro. Especialmente aquela que trazia a caligrafia de Evelyne. Balançou a cabeça e ajustou os óculos no rosto, novamente confusa em ter que lidar com as identidades de... – Delphine. – Riu sem vontade e reverenciou o verdadeiro nome de sua amada. – Evelyne Chermont!
Sem mais demoras, procurou uma posição o mais confortável possível e deu início aquela que seria a maior jornada que ela se quer poderia imaginar.
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Manhattan, 20 de janeiro de 1674
Vazio! Escuridão! E a mais profunda dor.
Essa tem sido a sina de minha existência desde que o sentido de minha existência foi tirado de mim e desde que a vida como a conheci, se esvaiu junto com meu sangue e algo me foi dado em seu lugar.
Não posso chamar isso de viver... Eu simplesmente existo e, para ser honesta, não possuo a clareza do porque estou escrevendo tais palavras. Mas uma sábia mulher me disse que eu deveria enfrentar meus fantasmas e me sugeriu registrar tudo de alguma forma, nem que seja para ao final eu destruir cada frase, cada folha e, quem sabe, diminuir uma pequena fração dessa agonia que me consome.
Já se passaram quase dez anos desde e morte de minha amada Melanie... Daquela fatídica noite vermelha. Olho para minhas mãos e só as vejo ensanguentadas... Manchadas com todas as vidas que tirei naquele momento e desde então. Não importa o quanto as lave... Esfregue ao ponto de quase arrancar a pele. Mas o liquido vermelho, mesmo não mais visível para os outros, está nelas. Como uma lembrança permanente de tudo o que eu viz. Daquilo que me iludo dizendo que foi vingança, mas sei que nada justifica meus atos.
Será que dizer que eu estava fora de mim aliviaria minha alma imunda?
O fato é que tudo é muito confuso em minha mente. Tudo naquela noite está envolto em uma neblina densa. Tudo o que me lembro concretamente foram as palavras de minha mãe, implorando para que eu não me entregasse e depois daquilo... Nada! Um vazio que, naquele instante, me pareceu bastante reconfortante e acolhedor, onde a dor foi abrandada e fui envolvida por uma tênue tranquilidade.
Eu teria morrido?
Essa foi a minha questão naquele instante e hoje, após tudo que me foi relatado... Sim. Eu morri naquela noite e alguém retornou em meu lugar. Não a mesma Evelyne, pois não retornei sozinha.
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Cosima soltou o livro diante de sua incredulidade e levou ambas as mãos a boca, tentando conter seu grito que não saiu por muito pouco. Não foram necessárias muitas páginas para já se deparar com o inimaginável. Ainda estava tentando lidar com a ideia de que a mulher a quem tanto amava era uma criatura imortal, mas pelo pouco que leu presumiu que ela não era assim. Não nascera daquela forma e o que era pior, ela havia de fato morrido e de alguma maneira ela foi trazida de volta.
Intimamente soube que aquele evento tinha tudo a ver com Emanuelle Chermont, que agora ela sabia ser a mãe de Dephine. Soltou um longo e baixo assovio diante de mais aquela constatação. Os entrelaçamentos daquela história estavam se mostrando ainda mais intricados e absurdos. Isso a levou a virar em direção a cama, e contemplar a pequena menina que dormia alheia a tudo.
- Pequena Manu! – Disse baixinho reconhecendo o que já havia presumido. Assim como ela compartilhava algo com Melanie, aquela criança compartilhava com a até então mais poderosa Mestra que a Ordem já tivera. Até então porque agora ela sabia que a Grande Manu foi substituída por sua filha e que essa nunca veio a ter uma substituta, pois nunca morrera. Gesticulou efusivamente a esmo e riu. Era tudo o que lhe restava.
Mas algo lhe ocorreu. Evelyne estava escrevendo quase dez anos depois da morte de Melanie e nos livros e memórias a que teve acesso, a história da Ordem cessava ali. Todo o resto era mantido no mais absoluto segredo e teve uma mostra disso no quarto secreto. Não era mentira. A história da Ordem misturava-se a história de Evelyne. Suspirou mais uma vez, buscando a coragem para continuar aquela leitura que estava abalando com todas as estruturas dela. Era impossível prever o que estava por vir.
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O que é uma contradição, pois a solidão é a minha companheira. E aqui, nas colinas, as margens da tribo Lenape a qual visitei junto a Melanie, e em meio a vastidão de uma floresta intocada e ainda desconhecida pelos colonizadores britânicos, eu me sinto a mais solitária pessoa viva.
Ainda me é estranho usar essa expressão para me definir. Meu corpo é quente... O sangue corre em minhas veias, até as batidas de meu coração são poderosas e ritmadas. Para os outros eu sou uma pessoa normal, de carne e osso, mas algo é diferente em mim.
O alento da morte me é negado.
E acredites... Quem quer que sejas, eu já tentei acabar com meu próprio sofrimento inúmeras vezes. Veneno algum me intoxica, o máximo que consegui foi uma dolorosa dor de cabeça. Arma humana nenhuma é capaz de me ferir o suficiente para que a vida se esvaia em sangue. Definitivamente é uma maldição!
Maldição essa que me fora infligida por quem eu menos esperava. Minha mãe. E que teve inicio após a terrível morte de minha amada e querida Melanie.
O ódio de um pai, um homem asqueroso, ganancioso e que literalmente não media esforços para ter o que tanto queria. Seus homens... O Martelo, nos perseguiram pelos quatro cantos do mundo conhecido e após quatro anos, nos capturaram e... Nos separaram.
Então, para que possas entender quem ou o que eu sou hoje... Preciso retornar essa narrativa até aquele momento. Naqueles masmorras pútridas do Castelo Verger e de todo o sofrimento que passei, na tola ilusão de que isso isentaria e salvaria a vida de minha amada.
Foram horas intermináveis das mais desumanas torturas, infligidas a mim sob os mais sádicos métodos e artefatos. Minha pele foi arrancada de minha carne em várias partes de meu corpo. Outras partes queimadas para tão somente ter despejado sobre mim água salina.
E eu me obrigada a suportar tudo sem revidar, sob a esperança de que todo aquele sofrimento salvaria a minha doce Melanie. Minha Mel.
Aquele lixo humano que atende pelo nome de Armand Verger e muitos dos seus, vinham se divertir às custas de minha dor, me submetendo as mais variadas agonias. Como a vez em que estava com o corpo coberto de feridas e Armand, juntamente com os irmãos Hoff e vários outros pararam ao meu redor Pensei que o inevitável iria acontecer. Me violentariam.
- Por que demoraram tanto? – Disse no final de minhas forças. Eu não suportaria muito mais daquilo. Mas o nojento som da gargalhada de Armand ecoou naquela cela escura e fora seguido pelos demais.
- Eu jamais tocaria em sua imundice. – E cuspiu de lado. – Embora seja o que você mereceria... Sua aberração. – E apertou meu queixo com firmeza. – Mas sabem o que me ocorreu? – Ele questionou aos seus. – Será que besta já sentiu o poder e o vigor de um homem no meu de suas entranhas? – Meus estômago revirou e o que senti naquele instante nada tinha a ver com medo. Eu o odiava. Desejava poder mata-lo ali mesmo, mas não era possível. Pois me foi alertado que se algo lhe acontecesse, a vida de Melanie seria tirada. Então, eu precisava me submeter. Por ela!
Tive os trapos que usava rasgados, deixando-me completamente nua diante deles que não conseguiam esconder o cobiça em seus rostos e na forma como seus membros enrijeceram. Hans ousou partir para cima de mim, mas senti o gosto da carne e do sangue dele em minha boca, pois mordi a orelha dele ao ponto de quase arrancá-la.
Ele berrou e me esbofeteou.
- Parem com isso! – Armand ordenou. – Ela não merece nada que possamos oferecer-lhe. – Afastou-se um pouco, mas parou e ponderou por alguns instantes. – Exceto... – Vi com total repulsa, ele abrir a calça que vestia e deixar a mostra o seu membro irrisório. De repente comecei a sentir aquele liquido quente ser jorrado contra mim e logo percebe que Armar Verger urinava em mim, e seus homens fizeram o mesmo.
Usei de todo o meu poder e autocontrole para não lhes dar o prazer de ouvirem meus gemidos de dor, pois essa me dilacerava devido ao contato da urina em minhas feridas.
Passei aquela noite em meio ao frio congelante daquela cela e cheguei a pensar que não veria o raiar de um novo dia. Antes eu tivesse realmente morrido naquela madrugada. Pois o dia seguinte seria o mais terrível de minha vida.
Experimentei momentos de total perda de consciência naquele dia. Estava fraca, desidratada e bastante machucada. Certamente eu não demoraria para morrer e estava cada vez mais tentada a ceder. Contanto que eu tivesse a certeza de que minha amada estaria bem e com vida.
Então me deixei levarem para o que ouvir pelos corredores das masmorras ser o dia da execução e presumi muito tranquilamente que seria a minha. Afinal de contas eu estava presa sob o teto de um dos mais importantes colaboradores da Igreja Católica e um implacável caçador de... Bruxas.
Eu mal conseguia caminhar e acabei sendo arrastada pelos homens que haviam prendido aquele “mordedor” em meu rosto e que impedia que eu dissesse qualquer coisa, pois se o fizesse, teria o maxilar rompido. Pesadas e gélidas correntes envolviam meu corpo que fora vestido com os mesmos trapos imundos que eu vesti nos últimos dias.
Minha nudez seria ofensiva para hipócritas que estariam ali para verem a minha morte.
Perdi a noção do tempo, dos dias que passei enclausurada e quando finalmente voltei a ver o céu, já era noite. Contudo, as pessoas que já estavam lá gritavam em polvorosa e todos estavam vidrados em um ponto específico. Cogitei tratar-se de alguma outra execução antes da minha.
Assim que as pessoas perceberam a minha chegada, o silêncio começou a imperar. Parecia que eu era a grande atração daquela noite, pois eu era uma mulher que possuía uma “reputação”.
E aquele silêncio foi sendo quebrado quando os primeiros gritos tímidos de “bruxa” começaram, logo toda aquela turba berrava em minha direção e começaram a cuspir e a jogar toda sorte de coisas em mim.
Percebi, pelo canto dos olhos que já havia uma pira preparada e descobri qual seria a minha execução. A boa e velha fogueira. Suspirei resignada, aceitando aquele destino que me parecia irreversível. Mas, para minha surpresa, não fui levada até a pira, mas me posicionaram bem a frente dela. Queriam que eu visse algo. O peso daquela peça de metal dificultava os movimentos de minha cabeça, e eu só conseguia fita o meu reflexo na água turva da poça de lama que estava logo diante de mim. As correntes que envolviam meu corpo foram afrouxadas, tão somente para envolver meus braços abertos que me mantinha ajoelhada e acorrentada ao chão.
Os insultos continuavam e eu sentia a atmosfera maligna que imperava ali, pois aquelas pessoas tidas de bem, cuspiam e vomitavam sua ira. Muitos daqueles homens de família eu já havia visto na Promenade des Anglais, perdendo-se nos mais variados pecados da carne.
- Hipócritas... – Disse entre dentes, já sentindo a pressão daquela pessoa contra em mandíbula.
Foi então que um grito... Uma voz conhecida chegou ao meu ouvido e eu estremeci de imediato. Armand não seria capaz de obrigar a Melanie a ver minha morte.
Eu estava redondamente enganada. Todas as minhas forças sumiram, quando ouvi meu nome sendo gritado por ela.
- Evelyne!
Eu jamais provei tamanha agonia e desespero como naquele instante assim que meus olhos alcançaram os dela. E partilhamos da mesma agonia. Pude ver na mente dela que o choque que ela teve ao me ver era o mesmo meu.
Fomos ambas enganadas!
“Eve... Ele disse que pouparia você!”
“Ele me prometeu que lhe deixaria viva se eu não resistisse.”
- Senhores e senhoras... Meus irmãos! – A voz gélida de Armand calou a multidão. – É com profunda dor que eu estou hoje, diante de vocês e do senhor... – Ele baixou a cabeça e a voz dele ficou embargada. Ele estaria realmente triste? Por um instante eu achei que sim. – Mas como um servo de deus... É meu dever purificar esse mundo dos pecados nefandos da obscuridade e da magia negra!
- MORTE À BRUXA! – O público clamava ensandecido. E eu lutava com os restos de minhas forças, tentando me desvencilhar. Mas eu estava tão cansada... Tão fraca. Havia cortes em meu corpo que não mais cicatrizavam e eu não parava de perder sangue, outros inflamados que me faziam ter calafrios febris.
Seria aquela uma alucinação oriunda da febre? Pelas deusas como eu desejei que fosse. Mas não, ela estava lá mesmo, no centro da pira, com os braços erguidos sobre a cabeça e amarrados a um tronco. O lindo rosto dela estava lavado de lágrimas de desespero.
“Eu havia aceitado a morte meu amor.” Melanie me disse em pensamentos. “Desde que você pudesse ficar livre.”
“Eu também!” Foi tudo o que minha frágil consciência permitiu que eu coordenasse.
- E imaginem vocês meus irmãos, o quão doloroso é para um pai, ter de sacrificar sua própria carne!
- ALELUIA! – Todos bradaram em quase histeria.
- Mas minha carne pecou. Caiu em perdição... Graças àquela mulher! – Ele apontou para e novamente toda a raiva, nojo e desdém daquelas pessoas recaíram sobre mim. – Ela maculou minha pobre e inocente filha.
- É mentira! – Mel berrou, tentando se fazer ouvir em meio a multidão ensandecida. – Eu a amo! – Repetiu essa ultima frase várias vezes até que o silêncio imperasse e todos a olhassem boquiabertos. – Ela não fez nada de errado comigo. – Minha amada berrava a plenos pulmões e as palavras saiam entrecortadas pelos soluços do choro dolorido dela.- Ela me mostrou os mais profundo e verdadeiro amor... – Recebi o mais terno e carinhoso dos olhares.
- HERESIA! – Alguém gritou em meio à plateia e logo foi seguido. A declaração mais sincera que eu já havia recebido dela, perdeu-se em meio aquela algazarra.
- Vejam! Perdida! – Aramand praguejou e ergueu o braço com uma tocha acesa. O povo gritou em pura euforia e esse grito foi quase tão alto quanto meu e nem mesmo a dor descomunal em minha mandíbula me incomodou tanto quanto a dor em meu peito.
Naquele instante recebi o mais cruel dos olhares. Armanda sorria de canto de boca e percebi que não havia pesar algum em sua face. E ainda tive um rápido vislumbre de algo mais. Ele entregou aquela tocha a um homem encapuzado e abriu um grande livro de capa escura.
Parecia ser a bíblia sagrada, porém as falas que Armand proferiu em latin nada tinham a ver com escritos sagrados. Pensei inicialmente se tratar do Maleus, ou o Martelo das Bruxas, mas o pavor estampado no rosto de Melanie me disse que era algo ainda pior.
Um vento mais forte fez com que eu percebesse que ele de fato segurava a bíblia, mas havia folhas soltas. De imediato eu percebi do que se tratava. Aquelas eram as folhas que ele havia roubado do Nominis Umbra, antes de eu ter nascido. Aquele livro que estava sob a guarda de minha mãe e das demais anciãs da Ordem. Definitivamente ele planejava algo mais com a morte de Melanie.
Mas eu nunca soube o que havia naquelas páginas. Mas o que eu ouvia ele proclamar era aterrador.
“Potestas Aeterna!”[1]
- Não! – Tentei falar, mas o estrago em meu maxilar me impedia de dizer algo mais.
E então vi a chama da tocha ser lançada até os galhos e tocos de madeira seca que ladeavam aquela pira e muito mais rápido do que se pudesse imaginar, o fogo foi ganhando força. Eu não conseguia crer em nada daquilo. Esforcei-me o quanto pude, mas eu estava debilitada demais... Mas mesmo assim, trovões ao longe chamaram a atenção dos presentes ali.
Tentei me concentrar naquilo... Em trazer aquela tempestade até elas. Mas um soco seco em minha barriga abalou minha concentração. Os homens de Armand voltaram a me espancar, seguindo as ordens de seu mestre. Perdi a noção de quantos chutes e pontapés eu recebi e quando eles cessaram, os gritos de Melanie me feriram ainda mais do que aqueles golpes. O fogo já estava tocando a pele dela.
Mas confesso que eu não conseguia mais discernir o que era real ou não, pois minha consciência estava me abandonando.
“Não se culpe meu amor... Eu sempre a amarei e estarei com você.” Foi a ultima vez que ouvi a Melanie em minha mente. Felizmente a dor dela teve um fim rápido. E horror daquela cena, começou a fazer suas vitimas em quem assistia. Muitos passaram mal com aquele cheiro terrível ou com a visão aterradora da carne queimada soltando-se dos ossos.
É impossível para mim mensurar o tamanho de minha dor... Eu realmente jamais havia experimentado algo como aquilo. Estava sendo dilacerada em minha alma. E a tristeza tomou conta de todo o meu moribundo ser.
Sem ela... Eu não seria mais capaz de viver.
Aos poucos as pessoas foram deixando aquela praça. Muitas carregando um olhar de culpa e repulsa com o que tinha testemunhado naquela noite, e todos evitavam o meu olhar. Mal sabiam eles que eu estava no limite de minhas forças, que não energia nem se quer para repreendê-los. Eu simplesmente só queria deixar de sentir.
Mas, por mais que eu me esforçasse, nada naquele lugar me deixava em paz. Havia uma atmosfera tensa, carregada... Repleta de mal, dor e sofrimento e aquele terrível cheiro que jamais sairá de minha mente. Tudo aquilo me assombra e mesmo após tantos anos, se eu fechar os olhos toda aquela cena vem a minha mente. E tenho a certeza que esses fantasmas me seguirão até o fim de meus dias.
Porém, quando eu pensei que nada mais poderia ser pior e que a morte logo viria me buscar, eu o ouvi.
- Está doendo não é? – Armand surgiu de uma das sombras. – Eu espero que esteja lhe despedaçando por dentro.
Não tive a menor condição de retrucar ou dizer tudo o que ele merecia. Eu estava derrotada, fraca demais. Mas ainda assim percebi que ele não mais vestia as vestes da execução. Aquelas que traziam a cruz de cristo, essas eram escuras, com alguns poucos detalhes em dourado, mas confesso que naquele momento eu não estava interessada em mais nada. Desejava apenas morrer, e cheguei até a festejar a vinda dele, pois presumi que ele iria por um fim em minha tênue vida.
- Acabe logo com isso. – Foi tudo o que consegui dizer. Ele gargalhou e então outras vozes se fizeram ouvir. Seus homens também estavam ali, e vestiam a mesma túnica que ele. Me dei conta que eu estava testemunhando algum tipo de cerimônia do Martelo.
- Seu fim está próximo. Não se preocupe. Irás encontrar com a sua amada no inferno muito em breve, mas antes... – Ele esticou a mão para trás e recebeu um punhal de um de seus irmãos. E na outra mão também recebeu um pequeno pote de cobre. Tentei ao máximo manter a minha consciência, mas estava ficando cada vez mais difícil, porém o que estava prestes a testemunhar capturou todo o resquício de atenção que eu tinha. – Meus irmãos. Essa é noite... – Ele afastou-se e parou nem no centro do circulo que seus homens fizeram. Eles balbuciavam algo, mas eu realmente não consegui discernir o que era. Foquei em Armand. – Senhores do tempo... – Ergueu os dois objetos que tinha em mãos. O cáu carregado de pesadas nuvens tornava aquela atmosfera ainda mais opressora.
- O que você está fazendo? – Insisti, mas fui ignorada. Assisti com pavor em caminhar até a pira onde minha amada Mel foi morta a poucos instantes. Uma leve fumaça ainda saia da fogueira que ainda possuía algumas madeiras em brasa.
- Nessa noite... Lhes entrego a carne de minha carne... O sangue de meu sangue. – Parecia absurdo demais, mas Armand afastou algumas madeiras e sem reservas ou pudor algum, recolheu uma porção das... Cinzas de sua filha. – Junto a isso... – Voltou a erguer o bote, e num movimento brusco cortou a própria mão com a adaga e despejou várias gotas de seu sangue sobre a pequena porção de cinzas. Estremeci por completa. – Lhe ofereço o meu líquido vital e... O sangue da mais poderosa feiticeira de seu tempo. – No instante seguinte senti a frieza daquela lâmina entrar em minha carne e sair, permitindo que mais de meu sangue jorrasse sobre aquele mistura aterradora. – Em troca... Lhes suplico... – Pensei que eu estava novamente perdendo a consciência, mas na verdade estava sendo acometida por uma vigorosa náusea que revirou meu fraco e vazio estômago.
Armand Verger estava bebendo todo o conteúdo daquela impróvevel solução!
- Vida Eterna! – Aquela expressão soou tão aterradora até mesmo para mim, que estava acostumada a todo o misticismo da Ordem, alguém já havia estudado os mais fantásticos feitiços e poderes. Aquilo era completamente desconhecido para mim e me pareceu impossível. Porém, assim que ele terminou de beber, todas as luzes das tochas acesas ali.
A sensação era de como se tudo naquela praça se tornasse vazio. Não havia mais som algum, ou cheiro... Nada!
Num giro, minha mente pareceu também falhar mais uma vez e torci para que essa fosse a ultima. Mas ainda não havia chegado a minha hora. Como se lampejos alternados da realidade dançassem diante de mim, um grito seco ao longe me obrigou a abri os olhos no exato instante em que um daqueles homens caia ao chão e era pisoteado por um cavalo que eu realmente conhecia.
Era Minerva! E montando-a estava... Minha mãe! Mergulhei novamente na escuridão após um longo fechar de olhos e quando tornei a abri-los, vi dois homens ajoelhados implorando por suas miseráveis vidas, mas Izabelle não teve piedade, degolando a ambos com um único movimento de sua lâmina. Minha cabeça tornou a tombar e foi docemente amparada por Manu.
- Eve... Minha filha... Daqui... Carruagem... – Ouvi as ordens de Manu de forma entrecortada, devido a oscilação de minha consciência. E quando tornei a mim, senti o mundo balançando. Minha cabeça estava leve e percebi que não estava mais com aquele objeto prendendo minha mandíbula, mas ainda assim, meus ossos estava fora do lugar, pois tentei falar algo, mas a excruciante dor não me permitiu. Foquei no olhar desesperado de minha mãe, que berrava para que fossemos mais rápido e que não parássemos por nada.
Nova escuridão... Só que dessa vez me pareceu ser a derradeira! Porém... Quando me esforço, penso ouvir a voz de Manu... O rosto dela bem próximo ao meu, implorando para que eu não desistisse... Embora tudo o que eu mais queria era me entregar.
Após isso... Tudo o que me recordo é de todo aquele sangue ao meu redor e em minhas mãos. E das surreais palavras de Izabelle.
- Bem-vinda de volta minha Mestra!
Toda uma parte importantíssima de minha vida foi apagada de minha mente. Como se eu não a tivesse vivido e só acredito hoje, pois ouvi toda a narrativa de Izabelle, mas até para mim, aqueles eventos são aterradores demais e me encontro incapaz de os narrar aqui. E peço perdão por isso.
Certamente trata-se da face mais obscura da Ordem e as narrativas daquela noite são tão secretas que só puderam ser registradas pelas anciãs em seus pergaminhos secretos.
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Um misto de raiva com estarrecimento somava-se ao embrulho em seu estômago e a emoção do que acabara de ler lavavam o rosto de Cosima que tremia dos pés a cabeça. Seu coração batia descompassado e suas suadas mãos deixaram o livro despencar sobre a superfície de madeira, causando um som abafado, mas que não suficiente para acordar a menina que repousava a poucos metros dali. Percebeu que não necessitava mais da luz do abajur, pois já amanhecera. Conferiu as horas e ponderou por alguns instantes.
- Eu preciso desses pergaminhos! – Disse para e saiu do quarto sem nem se preocupar com a vestes de dormir.
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O estarrecimento era o que aquelas quatro pessoas partilhavam diante da impressionante imponência da propriedade Cormier.
- Eu já visitei alguns castelos medievais antes, mas isso aqui é outro nível! – Marc suspirou assim que retirou os óculos de sol ao sair do carro.
- Eu sabia que a Professora Cormier tinha dinheiro, mas isso realmente chega a ser ridículo. – René também não escondeu seu deslumbre.
Os quatro ficaram parados diante da escadaria de acesso, diante da porta frontal daquele imponente castelo. Com certa desconfiança, perceberam a aproximação de duas mulheres, impecavelmente vestidas em terninhos de cores sóbrias e óculos escuros.
- Bom dia. Podem deixar que estacionamos o seu carro. – A mais baixa delas sorriu educadamente e estendeu a mão. Todos olharam para Amélia e essa entregou as chaves de seu veículo a elas.
- Sejam bem-vindos e bem-vindas! – Uma voz cordial chamou a atenção deles que olharam juntos para a simpática senhora que vinha descendo as escadas. – Sou a governanta. – Estendeu a mão e fez questão de cumprimentar cada um deles. – A Srta. Cormier os está aguardando. Venham comigo. – A mulher subiu e os guiou. Assim que passaram pela porta principal, continuaram ainda mais boquiabertos com a imponência e o luxo contidos ali dentro. Tudo era grandioso e de um bom gosto impecável. Traço característico da professora deles.
- Se não fosse pelas paredes de pedra ou não saberia que estamos num castelo. – Sophie finalmente falou.
- Quantos anos vocês acham que ele tem? – René sussurrou para os amigos.
- Mais de quinhentos anos, isso eu posso lhes garantir. – A simpática governanta respondeu para a surpresa de todos. – Ela os encontrará na biblioteca. – Abriu a grande e pesada porta de madeira e assim que os quatro passaram, ela a fechou.
- Isso só pode ser uma brincadeira! – Marc disse após um longo assovio.
- Agora sabemos de onde vem tanta inteligência assim. – René cutucou os amigos.
E como verdadeiros ratos de biblioteca que era, trocaram olhares cumplices e partiram para contemplar o impressionante acervo contido ali. Sussurravam encantados os nomes de vários títulos, muitas vezes ousando a retira-los de seus lugares tão somente para serem acariciados e reverenciados. Estavam tão encantados com o que viam que nem se deram conta da porta sendo novamente aberta.
- Bom dia meus caros e minhas caras! – Os quatro paralisaram imediatamente e viraram-se para ela. René recebeu uma cotovelada de Amélia, pois ainda estava com um livro em mãos. Desajeitadamente o rapaz o devolveu para seu lugar de origem e baixou os olhos, evitando os de Delphine que estava séria ao extremo.
- A Sra. esta... Bem? – Marc quebrou aquele breve e desconcertante encontro. Delphine parou por um instante e um longo suspiro seguido de um retorcer de canto de boca foi a resposta que o rapaz obteve. Os quatro se entreolharam apreensivos e a assistiram caminhar e sentar-se em seu birô.
Se deram conta que aquela era a primeira vez que a viam daquela forma tão informal, em trajes leves, porém sóbrios. Os cabelos estavam soltos e o lindíssimo rosto era maculado por profundas olheiras, indicando que o sono não estava sendo um companheiro habitual dela.
- Vocês tem ideia do motivo pelo qual os chamei aqui? – Ela os questionou enquanto os analisava dos pés a cabeça e eles exibiam a postura de quem havia sido descoberto fazendo algo que não deveriam. Contudo, todos sabiam a que ela estava se referindo.
- Acreditamos que sim Professora. – Amélia respondeu com forçada confiança. Elas os olhou profundamente nos olhos e mal sabiam eles que estava tendo suas mentes varridas por ela.
Sentada em sua confortável cadeira de couro, ela os observava com os cotovelos apoiados nos braços da cadeira e ambos os dedos indicadores em riste acariciando o próprio lábio. Quando certificou-se de que poderia confiar neles, emburrou na direção deles algo que estava sobre a mesa. Instintivamente os quatro caminharam até aquela direção e viram que se tratava de um exemplar do livro de Cosima. Silenciosamente todos ali concordaram qual era a pauta desse assunto.
- Eu gastei uma pequena fortuna para manter tudo isso em segredo. – Eles ficaram boquiabertos. – Mas confesso que vocês me impressionaram. – Recostou-se em sua cadeira.
- Professora Cormier... – Marc tomou a fala após receber a aprovação dos amigos. – Nós apenas seguimos as pistas que a Cos nos deixou. E... – A analisou com cuidado. – Queríamos saber por que alguém iria desejar tirar a vida de alguém como ela. – Baixou os olhos ao constatar a desagradável reação da mulher à menção da morte de sua amada.
- A que conclusão chegaram? – Questionou e Marc gaguejou algumas vezes sem conseguir responder.
- Que a Ordem do Labrys ainda existe até os dias de hoje! – Amélia falou com impetuosidade. – E como no passado havia uma outra sociedade secreta que era antagonista a Ordem... Presumimos que ela ainda exista também. O... Martelo. – Delphine acenou levemente com a cabeça.
- Presumimos então que foram eles que... – René perdeu a breve confiança que sentiu naquele momento. – Atacaram a Cos e o Louis também. – Delphine arregalou um pouco os olhos, pois constatava que seus orientandos haviam ido longe demais.
- Ficamos em dúvida do porque eles fariam aquilo com Cos... Teria sido apenas porque ela havia mencionado a Ordem e o Martelo? – Marc continuou e prosseguiu após receber um olhar de aprovação de Delphine. – E isso nos levou até... A senhora. – Baixou os olhos como se prestasse obediência.
- Porque a mim?
- Achamos que a senhora... – Amélia seguiu a fala do amigo. – Faz parte da Ordem e que... Ocupa um lugar importante nela. E pelos estudos da Cosima, achamos até que a senhora seria...- A mulher parou sua fala e olhou para Marc, buscando o incentivo que precisava. Eles estavam tão preocupados em como explicar tudo que nem perceberam o olhar de canto de olho de Delphine para a jovem Sophie, que parecia estar prestes a colapsar.
- A Mestra da Ordem? – Ela concluiu o pensamento de seus estudantes. – Isso mesmo! – Levantou-se da cadeira e rodeou a mesa onde estava indo até Sophie e tomou as mãos dela nas suas, surpreendendo a todos. – E foi por isso que eles a mataram. – Apertou as mãos da jovem ruiva. – A culpa é inteiramente minha! – As lágrimas caiam incontrolavelmente do rosto da jovem que, para o estarrecimento dos demais, foi abraçada por Delphine. – Esse é o meu fardo criança... – Disse baixinho ao ouvido de Sophie que sentiu um caloroso alívio, como se toda a dor em seu coração fosse bruscamente arrancada.
- Obrigada, - Ela sussurrou assim que Delphine a soltou. Não soube ao certo pelo o que estava agradecendo, apenas sentiu que precisava fazê-lo. A loira sorriu levemente para ela.
- Eles queriam me ferir... Então me tiraram o que me era mais valioso. – Confessou. – O amor de minha vida. – Baixou os olhos e recostou-se em sua mesa. – Quanto ao seu amigo... – Disse após alguns instantes. – Ele era um espião do Martelo.
Os quatro arregalaram os olhos e ficaram boquiabertos com aquela revelação. Aquela era a explicação que faltava para aquele intricado quebra-cabeça.
- Mas ele se arrependeu... Ao final de tudo. – Ela achou que deveria acalentar os corações confusos deles. Lhe foi pedido que entregasse a Cosima e ele se negou a fazê-lo. E isso custou sua vida. – Todos foram tocados pela emoção e pelo medo que tudo aquilo significava.
- Mas como a senhora soube que descobrimos tudo isso? – René atentou-se para esse detalhe.
- Como eu disse... Investi muito dinheiro para a manter a Ordem em segredo e isso significa também ter os mais avançados servidores rastreando qualquer pesquisa realizada online que citassem a Ordem, o Martelo e... A mim. – Eles ficaram visivelmente impressionados.
- Mas eles precisam pagar por tudo que fizeram! – Sophie disse com denotada raiva. Delphine a olhou com intensidade.
- Eles pagarão! – Os quatro estremeceram diante da dureza daquela afirmação. – Mas então... Eu não preciso dizer-lhes que, por enquanto, devem fazer silêncio a respeito de tudo isso, não é?
Os quatro trocaram olhares cumplices e acenaram positivamente com a cabeça, concordando com o que lhes fora pedido.
- Pode confiar em nós professora! – Marc disse com o peito estufado.
- E não se preocupem... Vocês não sabem, mas estão sendo vigiados e... Protegidos! – Dessa vez a surpresa de todos foi imensa.
______
- Cosima... O conteúdo desses textos é algo que poucas de nós teve acesso ao longo de séculos. – Siobhan a alertou.
- Apenas as Protetoras e as anciãs sabem o que tem escrito ai. – Helena indicou o recipiente cilíndrico que Cosima segurava nas mãos. Ela o analisou com mais atenção e percebeu que ele era metálico e na fechadura havia um pequeno Labrys gravado no que ela presumiu tratar-se de ouro. – Não são os originais, pois esses são transcrições de aproximadamente cem anos. Aqueles que foram escritos por Izabelle estão em posse das anciãs. – Helena olhou para Siobhan.
- Nenhuma de nós os viu pessoalmente. – S respondeu o que certamente sabia que Cosima lhe perguntaria. – É um privilégio para muito poucas.
- Entre elas a... Delphine imagino. – Afirmou.
- Exatamente. – Helena lhe respondeu.
- Mas até onde sabemos, ela só os leu uma única vez, ou seja, só os viu uma vez em toda a sua existência. – Cosima sentiu-se temerosa do que poderia vir a encontrar naqueles escritos antigos. Se nem mesmo Delphine se quer conseguia narrá-los, ela seria capaz de compreender?
- O que eu vou encontrar aqui S? – Suplicou. Percebeu a troca de olhares das duas mulheres, e percebeu que ambas lhe olharam com compaixão.
- Cosima... Aqui, nessas palavras está a essência de tudo o que a Ordem do Labrys é. O verdadeiro significado de irmandade entre nós mulheres.
- Entenda... – Helena falou com firmeza. – No momento quando a maior ameaça para a nossa existência se mostrou... E quando falo da nossa existência, refiro-me as mulheres do mundo. No momento em que um mal personificado em um homem se elevou, foi quando a nossa união se mostrou ainda mais necessária. E sacrifícios imensuráveis precisaram ser feitos e nome de todas nós.
- Ouso dizer que o que aconteceu naquela noite nos porões desse castelo garantiu que nós três pudesses estar aqui, vivas, livres e lutando por tudo aquilo que acreditamos. – Cosima não conseguiu dizer mais nada, pois fora tomada pela emoção compartilhada pelas três.
Lentamente foram se retirando de um pequeno armário que ficava na sala secreta das memórias de Evelyne e quando a porta ia sendo fechada por Siobhan, Cosima percebeu que havia algo mais guardado ali.
- O que é aquilo? – Cedeu a sua curiosidade. E antes mesmo que Siobhan pudesse responder, Helena se adiantou.
- Algo que eu espero ter o privilégio de usar muito em breve!
[1] O Poder da vida eterna.
Fim do capítulo
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Thaci
Em: 17/10/2018
Boa tarde, autora hiper magnifica!!!
Que historia maravilhosa,me prendeu desde o primeiro capítulo. Ela me fez viajar no tempo. Me emocionei com o amor de ambas. Parabéns pela escrita. Aguardando cena do próximo capítulo. Esta história é sem dúvida nenhuma uma das melhores que já li aqui no Lettera. Nota mil.
Resposta do autor:
Boa tarde... Sou hiper-magnifica? Caramba! Muitíssimo obrigada pelo elogio viu?
Que bom que tens gostado de minha estória e que ela tenha lhe tocado dessa maneita. Escrevo para vocês mesmo.
Xeros
LeticiaFed
Em: 17/10/2018
Wooow, emoção atras de emoção nessa história. Cosima quase que literalmente atropelada por informações e eu pra la de curiosa com o que ela tera descoberto ao final e com o conteúdo dos pergaminhos que só as anciãs tem acesso. Torcendo para o reencontro com Del, mas sei que Cos precisa se inteirar mais dos segredos da ordem e ler um bocado (300 anos de memórias? ufaa...rsrs) ate este momento chegar. Estou como a outra leitora, fico poupando ate o meio da semana para ler, daí falta menos tempo até o próximo capítulo hahaha Ótima semana, bj!
Resposta do autor:
Como eu disse em algum outro comentário, estamos no ápice da trama então emoção é o que não irá faltar e as descobertas serão avassaladoras, pode acreditar.
Sim, a Cos precisa mesmo saber de tudo antes do... Final rs. E 300 anos de história é bastante coisa mesmo hein? rs.
Xeros
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patty-321
Em: 16/10/2018
Nossa! Qdo penso q não tem mais surpresas, vejo q elas estão apenas começando. Que estória. Fiquei presa na narrativa e sofri com o sofrimento das duas. Que dor a Melanie sentiu. Os quatro agora sabem do que se trata . Aqui no Brasil, o martelo qyerestá no poder. Triste e ver algumas irmãs se deixarem iludir. #EleNão. Bjs
Resposta do autor:
Me esforço para que as susrpresas sempre façam parte da trama, e ainda guardo algumas aqui na manga rs...
Fico imensamente feliz em saber que tenhas se envolvido tanto com a trama. Escrevo para vocês.
Quanto so nosso inimigo real, a luta é ardua, mas desistiremos.
#EleNão
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Nina
Em: 16/10/2018
Realmente, é uma leitura tão envolvente, que mesmo seus capitulos sendo até longos, acaba rápido e fico com a sensação de "mas já", as vezes fico protelando a leitura para ficar mais próximo ao capitulo seguinte, não está mais funcionando, cada dia mais ansiosa.Louca pelo reecontro, saber todas as reações. E se Cosima está viva, Del se torna mortal, consequentemente o imundo também, então vamos matar logo esse crápula, e viver felizes para sempre hahaha. Agora que a situação do país está bem preocupante, não sei como essas pessoas chegam a essas conclusões, e agora o medo do que está por vir me assola. Bjos querida autora. Até breve!
Resposta do autor:
Longos? Eu os tenho achado curtos rs... Mas que bom que tens gostado e ficado "presa" em minha trama.
E essa sua estratégia é curiosa, mas vale a pena. Adoraria poder atualizar em intervalos menores, mas meu tempo anda limitado com as aulas. Mas me esforço para sempre cumprir com o nosso dia.
O futuro é temeroso, mas não podemos desistir. As mulheres da Ordem não o fariam!
Xeros!
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Karla Medeiros
Em: 16/10/2018
Querida autora,essa sem dúvida tem sido a melhor escrita já lida aqui no lettera,rica em palavras o que me proporcionou um turbilhão de sentimentos,me vi presa a ela, se tornou um vício diário,me vi presa a história de corpo e alma, é como se eu estivesse vivenciando e viajando em cada palavra sua descrita aqui,ansiosa pelos próximos capítulos.....
Resposta do autor:
Muito me lisonjeia saber que consideras tão bem assim a minha estória,
Que bom que ficaste "presa" em minha trama e que tenhas apressiado a companhia das Mulheres da Ordem do Labrys rs...
Muito em breve estarei de volta.
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Flor de Liz
Em: 15/10/2018
Noooossa! Falta até o ar.... Ansiosa por mais um capítulo...
Resposta do autor:
Espero que tenhas recuperado o fôlego rs...
Xeros
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