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An Extraordinary Love por Jules_Mari

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Palavras: 8578
Acessos: 2788   |  Postado em: 07/10/2018

Notas iniciais: Boa noite a todxs! 
Antes de mais nada, gostaria de voltar a me desculpar pelo capítulo curtinho da semana passada, mas estou em atividades turbulentas, mesmo assim não poderia deixar de postar. Também tentei ver se conseguiria surpreendê-lxs durante a semana, e infelizmente também não foi possível então estou me contentando com a nossa postagem semanal. 
Espero que gostem bastante e aviso que foi um grande desafio para mim escrevê-lo. 
Por fim, mas não menos importante, muito obrigada pela companhia, me sinto acarinhada em cada um de seus maravilhosos comentários. 

Força a todxs nesse dia tenso de decisões. 
Xeros!

Capítulo 66 Descobertas (Parte 2)

As batidas de seu coração podiam ser sentidas dentro de sua cabeça, deixando-a completamente atordoada com a constatação que estava tendo naquele exato instante. No intimo de sua mente aquela absurda ideia já havia pairado por mais vezes do que ela gostaria de assumir, pois orgulhava-se de sua racionalidade analítica que a havia levado até os lugares onde desejou acadêmica e profissionalmente. Porém, todas as suas certezas começaram a ser solapadas quando entrou em contato com o universo que permeia a Ordem do Labrys, e mais especificamente à Delphine Cormier.

- Ela não está linda nesse quadro? – A alegre voz de Manu pareceu vir de muito mais distante do que ao seu lado e quando se virou para encarar a menina, viu um lindíssimo sorriso de alegria e admiração diante daquela impressionante tela de corpo inteiro. Cosima não se sentia mais capaz de construir qualquer fala coerente naquele instante e passou a apenas admirar aquela impressionante tela que era assinada por Nicolas Poussin. Esforçou-se um pouco e lembrou-se daquele nome proeminente do movimento barroco do século XVII o que tornava a figura estampada nele algo absurdo de ser compreendido racionalmente, pois os tempos históricos não coincidiam. Como um pintor que viveu há mais de trezentos anos poderia ter pintado um quadro de sua amada Delphine.

Ela, inconscientemente possuía aquela resposta. E essa ideia que estava guardada num recanto de sua mente vinha atingindo a superfície da sua consciência com cada vez mais força. Tratou de focar sua atenção às minucias daquela verdadeira obra-de-arte.

Tendo o corpo completamente tremulo ergueu seu braço, como se aquele movimento fosse o mais difícil de ser realizado e com a gentileza de quem temia tocar uma fina neblina com medo de dispersá-la, encostou as pontas dos dedos na tela que era sustentada por uma moldura grossa e com muitos detalhes em dourado, mas o que mais lhe interessava estava no centro dela.

A perfeição e o capricho com os detalhes e cuidado com as cores no trabalho de Poussin permitiam que aquela mulher ali retratada parecesse ter vida. Era quase possível perceber sutis movimentos, ou até mesmo quase sentir o perfume que ela emanava. Estranhamente nada daquilo lhe pareceu esquisito, pelo contrário, poderia até ser bem plausível. Cosima respirou fundo, preparando-se para aquela contemplação e contornou desenhando a extensão daquela pintura.

Nela estava uma imponente figura feminina de pé. Atentou-se às curvas e a minucia de cada pincelada, que lhe permitia ver até mesmo a quase imperceptível penugem dourada que cobriam as coxas dela, pois o vestido que lembrava uma toga branca, deixava-as a mostra, assim como os ombros e parte do colo dos seios dela. O movimento do vento estava lindamente presente na forma como os longos cabelos louros presos em uma trança frouxa pareciam ser sacudidos pelo vento, assim como na parte de baixo da toga, que estava afastada, revelando boa parte das vigorosas e longilíneas pernas dela.

Em plena devoção e tomada por uma vontade incontrolável, Cosima acariciou a tela contornando e subindo pelos joelhos e coxas. “Tão parecidas...” Permitiu-se pensar, dar uma voz secreta ao que estava ganhando uma força avassaladora em sua mente, dando vazão a toda loucura que fazia sua mente girar.

Completando aquela surreal imagem, desceu seus olhos pelo braço direito daquela figura e prendeu a respiração quando vislumbrou o que ela trazia em mãos. Em total reverência, Cosima acariciou a extensão daquela peça firmemente segurada pela mulher e de imediato reconheceu aquele artefato. O cabo de madeira era longo e perfeitamente adornado com detalhes em couro, o que tornava a empunhadura daquela arma agradável e firme ao toque. Pouco antes de o metal ter inicio, havia uma longa fita lilás amarrada àquela arma, atribuindo-lhe um paradoxal ar de leveza e força ao mesmo tempo. Finalmente contemplou aquelas peculiares lâminas que foram registradas com as imperfeições e falhas que provavelmente indicavam que aquela poderosa arma já havia sido utilizada muitas vezes. Tratava-se do mesmo Labrys que ilustrava tudo o que dizia respeito à Ordem. Suspirou cambaleante com aquela visão.

Ergueu ainda mais o rosto e precisou dar um passo para trás para contemplar o mais belo rosto que já tivera o privilégio de ver e, apesar de a expressão ser mais suave, dela possuir traços mais joviais, era exatamente o mesmo rosto que tanto conhecia e aquele que mais amava.

“Mas como?”

Voltou a ler a pequena placa dourada ao lado daquela tela e não conseguia crer no nome ali escrito, pois a mulher que via linda e imponentemente retratada naquela obra de arte era Delphine e não Evelyne. Contudo, sentiu sua mente ser lançada de volta a um estranho sonho. E como se uma luz fosse acesa em uma sala tomada pela escuridão, foi lembrada da sua peculiar experiência de quase morte.

A pequena e poderosíssima Manu havia segurado a sua mão, levando-a até o lugar onde ela deveria ir naquele exato momento.

E como numa ordenação de fatos, tudo começou a tomar forma em sua mente e novamente se viu em meio à outra época. Mais uma vez levada àquela fatídica noite onde Melanie, com quem compartilhava algo muito intimo, estava sendo morta. E mais uma vez viu aquela terrível cena. A jovem mulher sem vida, tendo seu corpo morto sendo consumido pelas chamas que já começavam a diminuir e diante daquela terrível pira a viu. Acorrentada ao chão, com o corpo bastante machucado, as roupas ensanguentadas e um assustador artefato preso ao seu maxilar, estava à mesma pessoa que acabou de ver naquela pintura e era a mesma mulher a quem devotava todo o seu amor.

- Evelyne... – Sussurrou quase sem forças. E como se toda a turba que envolvia aquela cena sumisse, o silêncio se instalou e a mulher que estava cabisbaixa ergueu o rosto, como se pudesse ouvi-la. Cosima estremeceu devido à ira e a dor que experimentou ao ver o estado do rosto dela que, mesmo sob ferimentos que o deformavam, conseguiu esbouçar um pequeno sorriso.

Cosima correu, para se aproximar dela e ter a certeza de que estava diante de seu grande amor. Tomada pela compaixão e o desespero, tentou puxar as correntes que prendiam os braços dela ao chão, mas foi em vão. Concentrou-se no artefato preso ao rosto dela, mas também não teve sucesso em retirá-lo e lágrimas copiosas caíram do seu rosto.

- Você voltou! – A mulher acorrentada sussurrou cambaleante, já quase sem forças, mas ainda assim o sorriso em seu torturado rosto, não se desfazia.

- Eu tenho de tirá-la daqui! – Olhou ao redor, tentando encontrar algum objeto que pudesse usar para tentar soltar aquela pobre mulher. Mas não havia nada. – Eu preciso salvá-la! – Gritou em pleno desespero.

- E você irá conseguir! – Uma voz feminina forte e poderosa se fez ouvir em meio a sua agonia. Ela reverberou em sua mente e estranhamente lhe soou familiar. Foi então que sentiu aquela reconfortante presença e assim que se virou para trás viu a pequena Manu, porém não fora ela quem falou, e não estava mais sozinha. Segurava a mão de uma mulher que possuía a mesma imponência que via em sua amada porém não era ela, mas sabia exatamente quem era.

- Emanuelle... – E com aquela constatação as duas, a menina e a mulher se entreolharam e silenciosamente se deu um poderoso reconhecimento ancestral. Era como se estivessem se olhando no mais impressionante a atemporal espelho.

- O que eu preciso fazer? – A angustiada criança perguntou a mulher que segurava sua mão. Emanuelle sorriu docemente e ajoelhou-se diante dela. A olhou com ternura enquanto acariciava seu rosto e admirava a beleza infantil daquela pequena pessoa.

- Você saberá criança! – A mulher respondeu com ternura. – Você sempre soube e sempre saberá! Está em você! – Piscou um dos olhos para a menina e ambas sorriram.

 Cosima cambaleou para trás, atordoada com aquela visão, pois assim que as duas olharam para ela possuíam exatamente o mesmo sorriso nos lábios. Parecia que estava olhado para duas gerações da mesma pessoa, separadas apenas por alguns anos.

 Emanuelle virou-se para a pequena Manu e segundo o rostinho da menina em mãos, encostou e tocou a testa dela com a sua. A mulher fechou os olhos e deixou que algumas lágrimas rolassem de seus olhos. Ela havia visto algo na mente da criança que a tocou profundamente.

- Manu? – A menina indicou que estava ouvindo. – Por favor, me perdoe... Tanta dor... Tanto sofrimento... – Freou sua fala, pois não deveria interferir em nada que havia visto, nem tão pouco aquela menina precisava sofrer antes da hora. – Mas... Quando tiveres dúvida de algo... Encontrará a resposta aqui! – Tocou onde seria o coração da garota e como se estivesse diante de um espelho, a criança fez o mesmo, tocando o peito da mulher. – E não se esqueça... – Olhou-a com intensidade. - Sempre poderás confiar na Evelyne! Contar com ela. – A menina anuiu positivamente com a cabeça. – As duas... – Emanuelle virou-se para Cosima. – Podem confiar em Evelyne. E... Por favor, não desistam dela.

Quando as três voltaram-se para onde Evelyne estava, não havia mais ninguém lá e Cosima exasperou-se. Mas antes que o desespero tomasse ainda mais seu coração a viu encolhida num canto. Só que ela estava diferente. Não havia mais correntes ou artefato de tortura em seu rosto. Os cabelos estavam mais curtos e ela trajava roupas diferentes.

- Delphine? – A chamou e ela ergueu a cabeça, indicando que a havia ouvido, mas que não a via. Lágrimas lavavam o rosto amado que agora não possuía mais machucados ou cicatriz alguma. Cosima sentiu-se a pior das pessoas ao vê-la daquela maneira. Mergulhada no mais miserável dos sofrimentos. Tudo o que mais desejava era correr para os braços dela e acabar com aquele sofrimento que tornava o ar sufocante.

- Vamos Cos... Ela está precisando de nós. – A menina segurou sua mão e no instante seguinte estavam de volta àquele quarto. Cosima piscou os olhos algumas vezes e, lutando contra tudo o que acreditava, libertou-se. Cortou as ultimas amarras que ainda prendiam sua mente decidiu lançar-se naquela loucura.

- Delphine é a Evelyne Chermont... – Não era uma pergunta, nem tão pouco uma afirmação. Apenas... Era! Encarou a menina que também parecia um pouco confusa e percebeu a poderosa ligação que também sentia com aquela criança. Suas almas também se reconheciam. Afastou uma mecha de cabelo dela e ambas derrubaram algumas lágrimas.

Cosima chorava devido a toda a emoção que estava tomando conta de cada pedacinho de seu ser com a constatação que acabara de ter.

 Manu por causa do que viu através dos olhos de Emanuelle. A menina ainda não compreendia muito bem, mas teve um vislumbre de quem ela era e de toda a escuridão que fazia parte de sua alma.

- Manu? – A menina enxugou os olhos com as mãos e olhou pra Cosima.

- Oi.

- Me mostre tudo! – Como se tivesse esquecido do que a fizera chorar, a menina abriu um largo sorriso, soltou a mão de Cosima e correu até a parede onde acendeu todas as luzes revelando que aquele ambiente era muito maior do que Cosima poderia presumir. As paredes eram cobertas com telas, fotografias e recortes de jornal emoldurados. Armários de vidro guardavam objetos, roupas e as mais variadas coisas que pertenceram a uma única pessoa.

- Bem-vinda ao Santuário da Evelyne! – Manu abriu os braços. – Bom, elas não chamam assim, eu que dei esse nome. – Piscou um dos olhos para Cosima. – É legal não é? – Cosima soltou um pequeno sorriso, mas ele se desfez quando caminhou pelo salão. – Aqui! – Manu a chamou. – Essa é a Evelyne... Todas elas são, mas... Eu só não entendo uma coisa... – A criança coçou a cabeça. – Porque ela precisa de tantos nomes.

Cosima abriu a boca algumas vezes e cambaleou um pouco. Sua ágil mente fez os cálculos baseados naquela primeira tela e nos livros e diário de Melanie e chegou a mais absurda das conclusões, mas que parecia ser muito mais que provável.

-MANU! – O berro de Siobhan ecoou pela sala e a pequena menina estremeceu, agarrando-se as pernas de Cosima. – O que você está fazendo aqui? E com a Cosima? – S caminhou pisando forte em direção a elas. Atrás dela as duas guardas atordoadas se entreolharam. – Vocês não as viram entrar? – A mulher voltou-se para as guardas que visivelmente envergonhadas e perdidas negaram com a cabeça. E então ela repetiu aquele mesmo nome o qual já perdera as contas de quantas vezes o fizera. – Manu! – Olhou bem séria para a menina que a essa altura estava escondida, tentando se proteger atrás de Cosima.

- Já estava mais do que na hora Siobhan! – As três viraram-se e viram Helena recostada na soleira da porta. – Tudo bem moças, vocês não tem culpa de nada. – Ela tocou no ombro de uma das mulheres. – Alguém... – Buscou o rosto de Manu que só mostrava os olhos por trás das pernas que a protegiam. – Bagunçou a mente de vocês. Podem voltar a seus postos. – As duas realizaram um tímido cumprimento a ela e saíram se desculpando.

- Mas não cabia a essa criança trazer a verdade para a Cosima! – Siobhan estava realmente transtornada. Sentia que todo o seu plano estava prestes a desmoronar e tudo graças a impetuosidade da mais incontrolável criatura que já conhecera.

- Tem certeza disso? – Helena a advertiu, deixando Siobhan sem palavras, pois a mulher percebeu o que sua irmã estava insinuando. Todas as peças estavam sendo encaixadas. Todas as pessoas que precisavam se encontrar estavam se encontrando e o tão esperado momento finalmente havia chegado. S coçou a testa e depositou a outra mão na cintura. Buscou todo o ar que podia, o prendeu nos pulmões, tentando encher-se da coragem necessária e torceu para ter os argumentos suficientes para se fazer entender por Cosima.

- Talvez tenha razão Helena. – Soltou o ar que estava represado e virou-se para a confusa mulher que tinha inúmeras dúvidas pairando em sua mente. – Minhas crianças... – Estendeu as mãos para Cosima e Manu e as duas fizeram o solicitado, mas com receio ainda. – Manu... – Suavizou seu tom de voz. – Você tem de obedecer mais as nossas ordens ouviu mocinha? – A menina coçou o nariz e anuiu positivamente com a cabeça. – E eu sei que não vai adiantar manda-la para o quarto agora. – A pequena mordeu o lábio, reafirmando que a mulher estava certa. – E Cosima... Temos muito o que conversar!

Siobhan se colocou no meio das duas e segurou suas mãos com ternura e segurança. Buscou o apoio em Helena e o recebeu sob a forma de um aceno de cabeça. Ela também caminhou, com certa dificuldade até um sofá Chesterfield antiguíssimo e jogou-se nele, sucumbindo às dores em sua perna. Lembrou-se de quando entrou naquela sala pela primeira vez e de como custou a acreditar em toda aquela história, de que servia a uma mulher de mais de trezentos anos de idade e possuía poderes impossíveis de serem mensurados. Mas então lembrou-se que ela era a sua amiga, alguém que ela conhecia, respeitava e amava e todo o resto perdeu tanta importância. Torcia para que o mesmo ocorresse com Cosima, embora soubesse que para ela, seria muito mais difícil, ela possuía um papel crucial em toda aquela história e que para isso acontecer, ela precisava aceitar e assumir quem ela realmente ela e, mais ainda, quem Delphine realmente era.

- O que você vê nessa sala? – Foi a forma que Siobhan encontrou para iniciar aquela dificílima conversa. Cosima franziu a testa e em seguida e esfregou com a base de suas mãos. Apesar de já estar aceitando o impossível, sentia dificuldades em verbaliza-la, Ensaiou algumas vezes a resposta, abrindo e fechando a boca várias vezes, mas falhou em todas. – Ou melhor... Você entende o que é essa sala? – Abriu os braços e girou no próprio eixo.

- Sinceramente? – Finalmente ela conseguiu responder e alternou o olhar entre Helena e Siobhan, que esperavam ansiosas por aquela resposta. – Eu... Consigo ver, mas... – Gaguejou algumas vezes e anuiu negativamente com a cabeça.

- Cosima? – Helena tomou a fala. – Eu sei o quanto isso pode ser difícil de se compreender a principio. Acredite em mim, pois há alguns anos atrás era eu quem estava em seu lugar, perdida, lutando contra a loucura que tudo isso poderia representar. Mas... É exatamente isso que você está vendo aqui. – Helena não conseguia ter papas na língua. – Quem é ela? – Levantou-se e mancou até aquela tela impressionante. – Vamos! Você sabe quem ela é... Você a conhece! – O tom imperativo da mulher poderia soar desagradável, mas era a firmeza que Cosima precisava. Afinal de contas, ela confiava nela, em Siobhan e sabia que a Ordem e sua filosofia eram reais.

Definitivamente não estava louca.

- É a Delphine... – Aproximou-se novamente da tela, parando pouco a frente de Helena.

- É quem ela escolheu ser agora! – Helena prosseguiu e abriu caminho para que Manu retornasse para o lado de Cosima e segurasse a mão dela. Logo Siobhan juntou-se a elas. – E ao mesmo tempo é quem ela é... Quem ela sempre foi. Nomes diferentes, personagens inventadas não mudam quem ela é. – Cosima novamente aproximou-se da pequena placa dourada que estava ao lado daquela tela e onde a informação mais surreal do mundo estava gravada.

- Ela é a Evelyne... – Finalmente conseguiu imprimir um pouco de convicção ao que intimamente já havia aceitado. Apenas ainda resistia, pois estavam falando ali de uma pessoa que não tinhas apenas várias identidades, mas que essas pessoas inventadas viveram em tempos diferentes ao longo de três séculos. – Mas... Como? – A aflição era algo evidente em sua voz e as duas outras mulheres se entreolharam e compartilharam de compaixão pela agonia daquela diante delas.

 - Cosima... Está tudo aqui. – Siobhan se pronunciou. – Absolutamente tudo o que você precisa saber está aqui. Toda a história de Evelyne Chermont e de como ela se mistura a história da Ordem. – Cosima novamente esfregou a testa, suspirou e mordeu seus lábios. Pegou-se pensando que o que mais queria naquele instante era justamente buscar o apoio em sua amada, adoraria tê-la ali ao seu lado exatamente para ajuda-la a compreender tudo aquilo. Mas infelizmente teria de fazê-lo sem ela e percebia que agora as coisas começavam a fazer sentido. A se encaixar.

 Agora ela percebia que tudo em sua vida a levou até aquele momento. Que Siobhan e as demais mulheres da Ordem, direta ou indiretamente, a guiaram para que ela chegasse até aquele instante. O livro e o diário que lhe fora entregue... A aceitação e a interferência na aproximação das duas e agora esse afastamento necessário, mesmo que baseado numa mentira. Por um instante olhou para as duas mulheres e permitiu-se sentir pena delas, pois quando Delphine descobrisse que ainda estava viva, temia o que poderia ser delas. Mas naquele momento o que mais desejava eram informações. Todo o conhecimento possível, já que sua mente curiosa estava ávida por saber de tudo.

 - Eu gosto dessa foto aqui! – Manu correu até a parede oposta de onde estavam. – Siobhan riu e acompanhou Cosima até lá. – A Delphine tá engraçada nela. – Quando Cosima focou na fotografia preta e branca visualizou sua amada, curiosamente trajando roupas masculinas, aparentemente discursando em meio a homens e mulheres no centro de um restaurante, cujo nome era Café du Monde. Com o queixo ao chão leu as informações trazidas numa placa de metal ao lado daquele retrato.

 - General Antoine Gailard... – Arregalou os olhos ao ver a data daquela imagem e do nome usado por sua amada. – 1863, Nova Orleans? – Virou-se para Siobhan.

 - Sim, nesse período a... – Siobhan olhou para Helena e essa deu de ombros, deixando para ela a decisão de como se referir a sua Mestra. Optou por manter aquela identidade a qual a confusa mulher diante dela a conhecia. – Delphine viveu sob uma identidade masculina e como podes ver pelo título, foi um general durante a Guerra Civil norte-americana[1]. – Cosima coçou a cabeça, fechou os olhos por alguns instantes e depois os abriu ainda mais confusa.  

- Mas a Delphine lutou ao lado dos Confederados? – Parecia absurdo para ela pensar que sua amada lutaria ao lado dos escravocratas do Sul dos EUA. Siobhan sorriu impressionada com a percepção racional de Cosima que, mesmo diante da constatação do impossível, conseguia realizar análises coerentes.

- Não perdes nada, não é mesmo? É lógico que a Ordem esteve ao lado dos abolicionistas do Norte, mas foi preciso que ela se infiltrasse na cúpula do exercito sulista para ajudar no desmembramento e derrocada deles. Nessa época a Delphine comprou a alforria de centenas de escravas e seus filhos. – Cosima arrepiou-se com aquela informação e atentou-se aos detalhes da imagem. Nela Delphine trajava uma calça clara, justa a suas longas pernas e com a cintura alta. O paletó que vestia era escuro comprido e acinturado, trazia nas mãos uma cartola alta que parecia ser da mesma cor do paletó e os cabelos estavam escuros e impecavelmente cortados extremamente curtos. Mas o rosto perfeito, anguloso e altivo era o mesmo que conhecia. Suspirou tomada por uma enxurrada de admiração ainda maior por ela.

- Mas porque a Del estava vestida de menino? – Manu protestou. As três se entreolharam e para a surpresa de das demais, foi Cosima quem tratou de responder a pequena curiosa.

- Manu... Em algumas épocas era muito difícil ser uma mulher e lutar pelo que acreditávamos. Ela tinha uma missão a realizar e para isso, foi preciso que ela usasse uma... Fantasia de menino. Certo? – Piscou um dos olhos para a criança e esperou que a pequena aceitasse aquela simples explicação. A ruguinha que se formou na testa dela indicava que ela não havia se conformado muito com aquilo, mas a aceitou momentaneamente.

– Se você gostou disso, vai adorar essas aqui! – Helena indicou uma série de fotos e recortes de jornal logo ao lado de onde estavam e tinha um dedo tocado uma delas em especial. Cosima soltou um sonoro suspiro de admiração, pois logo reconheceu o que todas aquelas imagens retratavam.

- O movimento Sufragista![2] – Sussurrou em total admiração. Não seria de se admirar que algo como a Ordem do Labrys estaria envolvida num dos maiores marcos das conquistas femininas.

- Isso mesmo. – Helena endossou e reforçou a foto a qual indicava. Cosima aproximou e viu um grupo de pelo menos trinta mulheres que estavam mais abaixo de um pequeno palco, no que parecia um teatro antigo. Sobre o tablado um grupo de cinco mulheres posava com os braços sobre os ombros uma das outras e segunda, da esquerda para a direita era ela. Sua amada novamente retratada. Buscou a informação que vinha na matéria de um jornal e leu os nomes até chegar naquele usado por ela.

- Gale Wright e... Não! – Cosima levou as mãos à boca. -  Emmeline Pankhurst! – Olhou para Siobhan e Helena e ambas anuíram com a cabeça e ela cambaleou para trás voltando a ler o titulo daquela matéria. – Reunião da Women's Social and Political Union – WSPU, onde podem ser vistas as lideres do movimento que pretende denunciar o sexismo institucionalizado no Reino Unido.

- Isso mesmo! A Gale... Delphine – Siobhan tentou atribuir um sentido em sua fala. – Foi o braço direito da Emmeline que além de líder da WSPU, possuíam uma função secreta ainda mais importante.

- Mentira?! Sério? – Cosima entendeu a que S estava se referindo. – Emmeline Pankhurst foi Mestra da Ordem? – Não foi preciso uma resposta, pois o sorriso da mulher mais velha foi a confirmação necessária.

De fato, Cosima estava ficando cada vez mais encantada com toda a história da Ordem e o que lhe fora dito estava se confirmando. Ela misturava-se a história da existência de Evelyne. Sim! Evelyne... Repetiu silenciosamente, internalizando tudo o que estava lhe sendo mostrado, comprovado, entregue. Não havia mais como lutar contra tudo aquilo e cada instante, cada nova descoberta, compreendia um pouco mais aquela singular e poderosa ligação que possuía com aquela mulher e com toda aquela história.

Seguiu a observação atenta ao que aquela sala tinha a lhe oferecer. E percebeu que havia uma cronologia perfeitamente construída e exposta naquelas paredes, onde o início de tudo era com Evelyne em sua existência, em seu nascimento.

- Espera! – Cosima parou de súbito, surpreendendo Siobhan e Helena. – Se Evelyne... Ainda vive até os dias de hoje, ela assumiu o lugar de sua mãe? – Questionou.

- Exatamente! – Siobhan respondeu satisfeita com a conclusão chegada por ela.

- Então quer dizer que ela foi a Mestra da Ordem do Labrys... Ou melhor...

- Ela nunca deixou de ser! – Helena verbalizou o que a outra havia concluído.

- Mas e todas aquelas mulheres que vi e essas aqui?

- Cosima... – S suspirou tentando encontrar o encadeamento correto de ideias. – Por que você acha que precisamos permanecer escondidas todos esses anos? Delphine gastou uma pequena fortuna nos escondendo e isso aqui é praticamente tudo o que se tem a respeito da Ordem. – A morena abriu e fechou a boca algumas vezes tentando buscar a resposta aquele questionamento, mas não tinha certeza se possuía a resposta certa.

- Como explicar ao mundo uma mulher de mais de trezentos anos, que não envelhece um dia se quer e que é praticamente imortal? – Helena sendo prática e direta como de costume.

- Como assim “praticamente”? – Atentou-se aquele detalhe. Helena arregalou os olhos e soltou o ar com força.

- Eles quase a mataram uma vez... Há três anos. – Cosima estremeceu com aquela possibilidade.

- Você não viu a cicatriz que ela possui na barriga?

- Ei! Quem tentou matar a Del? – Os esbugalhados olhos azuis de Manu misturam pavor e ira e isso ficou evidente no piscar das luzes daquele quarto.

- Calma criança! – Siobhan ajoelhou-se próxima a ela. – Isso já passou e a Delphine está bem! – Enxugou o rosto da pequena e forçou para que ela relaxasse seus punhos.

- Cosima... – Helena voltou-se para ela. – Tem muito ainda que precisas saber. – E gesticulou com a mão, para que ela continuasse a exploração daquele ambiente. Um tanto quanto receosa do que poderia ainda encontrar e ao mesmo tempo ansiosa por mais, prosseguiu.

- Chloe Stein... – Sussurrou assim que viu uma nova foto do que parecia ser um sarau literário na casa de ninguém menos que Gestrude Stein. – Minha nossa! Novamente Delphine estava com os cabelos escuros, cortados ao estilo da época, que era meados dos anos 1920. Na descrição da foto ela lia quase incrédula, a lista dos nomes que estavam presentes naquela sala, cuja companhia sua amada usufruiu ainda quando eram pouco conhecidos. - Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Pablo Picasso, Matisse... Minha nossa! – E como se tudo aquilo não já fosse o suficiente, aquela identidade usada por Delphine ativou algo em sua memória.

“Chloe...”

Imediatamente sua mente a levou para a noite do seu aniversário. Aquele seu dia mais que especial e que fora alçado para um dos dias mais felizes de sua vida, pois foi a primeira vez que se entregou de corpo e alma à mulher que amava. Aquela que definitivamente era sua alma gêmea. Lembrou-se daquele lindo presente que receberá. Um livro. Mas não foi qualquer livro... Foi uma primeira edição rascunhada, rabiscada pela própria autora que havia declarado um amor devoto a uma mulher de nome Chloe. Como se Siobhan estivesse lendo a mente de Cosima, ela indicou uma outra foto, em tamanho menor.

Finalmente, toda a emoção que vinha acumulando veio a tona sob a forma de lágrimas assim que viu aquele recorte especial de uma época que deve ter sido linda. Num lindo jardim, sentadas em cadeiras de metal, ao redor de uma mesa repleta de papeis estavam Delphine, cuja identidade era Chloe Stein e ninguém menos que Virginia Woolf.

Aquela que era uma de suas autoras favoritas, fora capturada em um momento em que olhava embevecida para Delphine, que segurava em uma das mãos algumas folhas, e na outra um cigarro. Ela entendeu de imediato quem fora Chloe para Virginia e isso só tornou o presente que recebera ainda mais especial.

- Nossa! Que pessoa é essa? – Uma incrédula Cosima encarou as outras duas e as três partilharam da mesma admiração devotada. Era impossível para qualquer uma delas mensurar tudo o que aquela mulher vivenciou, experimentou, sentiu...

- Tem mais... – Helena indicou uma matéria de jornal que trazia a notícia de um importante grupo de mulheres que fora apelidado de Valquírias e serviam como espiãs durante a II Guerra Mundial. E a líder delas era uma franco-canadense chamada Aurora Huet. Mais uma identidade de Delphine e ela trajava um uniforme do exercito canadense.

- Ela lutou durante a II Grande Guerra? – Perguntou estarrecida.

- Ela não só foi uma espiã... Ficou conhecida como a Viúva Negra dos Aliados, sendo a principal assassina e responsável por misteriosas mortes de vários generais nazistas. – Helena estufou o peito, deixando clara a sua satisfação com aquela informação. Cosima a olhou incrédula, sem saber ao certo se partilhava da admiração da outra ou do pavor em imaginar o que sua amada poderia ter feito ao longo de sua existência. Novamente lembrou-se de tudo que leu sobre ela antes de saber de toda aquela história e de como Evelyne caçava seus inimigos. Sentiu um estranho arrepio lhe subir pelas costas.

- Ainda não acabou! – Siobhan anunciou e Cosima olhou para ela duvidando que alguma coisa pudesse ser mais extraordinária do que aquilo. Eis então que em uma série de fotos que retratavam palestras e o que pareciam ser aulas, estavam duas mulheres que parecia debater acaloradamente. Cosima precisou se segurar no ombro de S quando leu as informações acerca das imagens.

- Professora Convidada Ella Russel e Professora Simone de Beauvoir em palestra no Departamento de Filosofia da Sorbonne! – O queixo de Cosima novamente foi ao chão. Delphine não só havia conhecido Simone, mas fora sua aluna e uma de suas colegas. – A Simone de Beauvoir fez parte da Ordem? – Virou-se ansiosa pela resposta.

- Ela foi uma importante colaboradora, mas nunca quis fazer parte direta. O que me lembro quando criança era de que ela e a Delphine discordavam em vários aspectos, mas se respeitavam muito.

- Ah sim claro... Só mesmo a Delphine para discordar na cara da Simone de Beauvoir. – Gargalhou e levou as demais ao riso.

- Do que vocês estão rindo? – Manu perguntou após coçar os olhos e soltar um longo bocejo.

- Coisa de gente grande Manu. – Cosima piscou um dos olhos para ela. – Mas acho que está na hora de você ir dormir. – Olhou para Siobhan que concordou.

- Só vou quando você for! – A pequena cruzou os braços enquanto piscava já com dificuldade.

- Tá bom... Vem cá! – Cosima a puxou gentilmente para o sofá de couro que havia ali que já estava parcialmente ocupado por Andromeda que protestou quando foi gentilmente empurrada para que a menina se deitasse. – Eu vou já já, mas enquanto isso você pode dar um cochilinho aqui. – A menina até pensou em protestar, mas o sono era mais poderoso e logo ela se aninhou junto a sua gata.

- Bom Cosima... Tudo isso é um pouco da história de Evelyne... Tudo aquilo que as suas Protetoras foram juntando ao longo de todos esses anos.

- Isso mesmo. Faz parte de nosso trabalho garantir que essa memória não se perca. – Helena confirmou o que sua antecessora dissera.  Cosima sacudiu seu cabelo e mais uma vez esfregou sua testa, acabara de ser apresentada a mais inacreditável das histórias e, contra tudo o que pensava, não conseguia duvidar de nada daquilo.

 - Nossa! Deve ter sido solitário... – Surpreendeu as outras com essa afirmação.

 - Solitário?

 - Viver sozinha essa... Imortalidade. Tendo de ver os anos passarem, as pessoas passarem...

 - Mas... – Helena trocou um olhar significativo com S. – Ela não esteve exatamente sozinha. – Cos a olhou com a testa franzida, indicando que não havia entendido bem o que estavam querendo lhe dizer.

  - Como assim?

 - Outra pessoa partilha dessa imortalidade com ela... – Siobhan carregou de significado a sua fala, tentando levar a própria Cosima a tirar suas conclusões.

 - Quer dizer que... – Arregalou os olhos e deu alguns passos para trás.

 - Tudo é uma questão de equilíbrio! – S prosseguiu. – Luz e trevas! Ying e Yang... Os dois lados de uma balança. – A mulher gesticulou com um manear das mãos.

 - ELE NÃO! – Cosima anuiu negativamente com a cabeça.

 - Sim! Infelizmente, ele sim! – Helena confirmou o que Cosima mais temia e isso a fez pensar que, de alguma maneira, a existência de um estava conectada a do outro. E, finalmente a dúvida que mais lhe atormentava desde que pisara naquela sala veio à tona.

 - Como? – S e Helena paralisaram com aquela inevitável pergunta. – Como ela é imortal? Eles são! – As duas mulheres suspiraram e estenderam a mão para ela. Cosima as olhou receosa, mas sabia que havia ido longe demais para desistir naquele ponto. – O que? – Foi levada por elas até o final daquela sala onde havia um armário de madeira com uma trava digital. Ele havia passado despercebido por ela diante das impressionantes fotografias e materiais de jornais contidos nas paredes. – O que tem ai dentro? – As outras duas sorriram e Siobhan digitou uma combinação curta no painel e a porta foi destravada. Ela abriu as duas portas simultaneamente relevando uma série de livros e o que pareciam rolos de pergaminho. – São os registros da Ordem? – Sentiu seu coração acelerar em disparada.

 - Muito mais do que isso. – Helena retirou, com todo o cuidado, um dos volumosos livros que possuíam uma capa de couro bem escura e gasta, mas não havia nada escrito na capa. O entregou a Cosima com devoção.

 - Abra! – Ordenou. E sem mais hesitar, a mulher o fez e pensou que tudo ao seu redor perdeu completamente a importância assim que leu o que estava escrito na primeira página.

 - Memórias de Evelyne Chermont Volume 1.

 - Sim Cosima, esses são os volumes contendo toda a história das mais variadas “vidas” de Evelyne. – Cosima gaguejou em total incredulidade, mas não conseguiu dizer nada. - Mais precisamente dezoito volumes de memórias.

 

            ______

 

 - Me ajudem! – Ele berrava a plenos pulmões após soltar vários gritos de socorro. Seu corpo estava lavado de suor e o pânico ficava evidente em seus esbugalhados olhos verdes que já estavam injetados de sangue devido a extrema agonia e desespero as quais estava sendo submetido já a bastante tempo.

 - Ninguém pode ouvi-lo Armand!  - Ela disse entredentes, sibilando um ódio muito antigo e doído. Inutilmente o homem tentava se mover, mas parecia que seu corpo estava grudado na cama, sob a pressão de uma invisível força. Ele tentou localizá-la, pois ela não estava mais ao seu lado ou com suas mãos lhe apertando o peito e o pescoço. Parecia que ele estava sozinho naquele quarto, mas ele sentia a assustadora e sufocante presença dela. E sentiu o medo a muito esquecido. Em mais de trezentos anos de coexistência, ela jamais havia tentando nada como aquilo e ele realmente desconhecia aquela assustadora faceta de sua grande inimiga. Ambos sabiam que ela não tinha a capacidade de dar cabo da vida dele. Seus homens haviam garantido isso.

 - Você não pode me matar! – Disse com extrema dificuldade, pois estava com a garganta seca, como se não bebesse liquido algum a muito tempo. – Não tem mais esse poder! – Seu lado provocador não podia ser evitado por ele, e se estava sendo atormentado, queria de alguma forma, que ela também fosse. E sabia exatamente como machuca-la, pois estava experimentando a dor e sofrimento dela. – Ou melhor... Não a tens mais! – Esticou seus finos lábios num perverso sorriso e a suspenção da pressão sobre seu corpo, indicou que ela fora atingida. Prosseguiu. – A sua cadelinha já era... Está morta! – As poucas luzes que ainda restavam acesas no quarto estouraram, mergulhando o ambiente na mais profunda escuridão.

 Lamartine olhou ao redor, tentando focar seus olhos para poder localizá-la, e aos poucos a penumbra adquiriu um aspecto esverdeado, devido a luz dos equipamentos médicos que ainda permaneciam ligados.

 - Sim! – Ele estremeceu com a frieza da voz dela. – Vocês a mataram! Mais uma vez você a tirou de mim. – Um excruciante grito foi disparado por ele logo que sentiu a imensa dor de ter seu antebraço esquerdo ser revirado a uma posição nada normal. – Mas farei cada um de vocês pagar! – Uma das janelas do quarto e que ficava logo acima da cama onde ele estava estourou, lançando os cacos sobre ele. – Como fiz com o seu filho! – Lamartine arregalou os olhos e trincou os dentes quando as imagens da morte de Paul chegaram a sua mente.

Ele concentrou toda a sua força em repeli-la e estava a beira do completo desespero, pois sentia que ela estava mergulhando cada vez mais profundamente em sua mente e temia que ela pudesse ver seus mais íntimos segredos. Especialmente aquele que ele mais prezava. Violentamente ele ergueu sua cabeça, expulsando-a de sua mente. Riu, vangloriando-se daquela breve vitória.

- Você pode tentar me machucar... Matar a todos ao meu redor, mas eu sempre estarei aqui. Atormentando lhe... Como uma sombra... Uma ferida que jamais irá cicatrizar! – Ergueu seu abdômen, sentando-se na cama, indicando que estava escapando da “prisão” que ela o infligira. O silêncio após aquela cruel, mas verdadeira afirmação foi perturbador. E ele cogitou que ela, talvez houvesse desistido e ido embora.

Subitamente e com uma agilidade inumana ela materializou-se ao seu lado, com uma expressão aterradora em seu lindo rosto. Involuntariamente ele recuou acuado e bruscamente ela escancarou a camisa do pijama que ele vestia, revelando uma comprida e quase perfeita cicatriz que dividia o peitoral dele. Novamente ele sentiu-se paralisado e só seus olhos se moviam.

- Lembra-se de quando eu fiz isso? – Com o dedo indicador ela acariciou a antiga marca deixada por ela e sorriu sadicamente. – Eu me lembro muito bem! Foi na pior noite de minha vida... Como é mesmo que você diz? Ah sim... O dia do nosso “renascimento.” – Posicionou-se de forma que parecia que ela segurava algo em mãos, embora estivessem vazias.

Lamartine teve novamente a sua mente invadida por ela e pelas imagens que lhe eram impostas a contragosto. Aquela noite onde ele havia conseguido a sua tão desejada imortalidade e que ele pensava que teria vencido de uma vez por todas, contudo fora o momento em que experimentou a sua mais dolorosa derrota.

- Eu acabei com todos eles... – Ela o obrigou a vislumbrar o verdadeiro banho de sangue causado por ela e que culminou com a morte de todos os seus aliados. – E fiz isso! – Num movimento brusco desferiu um novo golpe contra o peito dele, e para o total estarrecimento dele, a mesma dor tomou conta dele, obrigando-o a berrar até quase suas cordas vocais estourarem. Incrédulo, olhou para baixo e apavorou-se quando viu aquela centenária cicatriz aberta e uma quantidade impressionante de sangue jorrar dela.

- SOCORRO! – Berrou mais uma vez, só que agora fora ouvido. Em poucos segundos, Ferdinand e vários de seus homens invadiram o quarto e o rodearam.

- O que foi senhor? – Ferdinand questionou assustado.

- Me ajude... Tirem-na daqui! – Esperneava enquanto tentava inutilmente estancar o sangue.

- Quem Senhor?

- ELA! – Apontou para o centro do quarto. Todos olharam naquela direção.

- Não tem ninguém aqui além de nós! – Foi a resposta que obteve.

 - Como assim? Ela está bem ali! Neste quarto. – Novamente olharam para onde ele apontava, e não viram nada. Porém, ela estava lá, parada, com os braços cruzados e um sorriso maléfico de canto de boca.

 - Seus idiotas! – Esbravejou! – Chamem meus médicos! Eu preciso que eles parem esse sangramento!

 - Do que... O Senhor está falando?

 Só então Lamartine percebeu que não havia sangue algum em suas mãos ou jorrando de seu ferimento, embora a dor se fizesse presente e quando tornou a olhar para o centro do quarto, não a viu mais. Levantou-se da cama, afastando bruscamente seus homens que tentavam ajuda-lo, pois viam que ele não estava bem.

 - Ela estava aqui! – Sussurrou debilmente segurando seu braço torcido.

 - Senhor... – Ferdinando olhou para os companheiros que pareceram tão confusos e desconfiados quanto ele. – Deve ter sido um sonho. – Ousou argumentar e silenciou-se de pronto quando recebeu um duro olhar de seu líder. Perambulou pelo quarto, afastando cada cortina, abrindo armários e portas na procura dela, sob os olhares assustados dos seus.

 - Imprestáveis! Saiam daqui! – Cuspiu aquelas palavras e seus homens saíram quase tropeçando uns nos outros. Quando o ultimo deles saiu se viu novamente sozinho e passou a cogitar a possibilidade de ter tido um sonho. Ou pesadelo, para ser mais exato e vendo que ela não estava ali, suspirou aliviado.

 - Jamais terás paz novamente! – Ele girou no próprio eixo várias vezes a procurando, mas ficou só o eco da voz dela.

 - Não! – Ele berrou ao ajoelhar-se no chão!

 

            ______

 

 O tranquilo sono de Manu diante dela contrastava com o caos que sua mente experimentava. A menina estava deitada na cama que era de Delphine.

 “Hum... Delphine... Será que devo continuar me referindo a você assim meu amor?” Questionou-se silenciosamente.

 Ainda estava tentando assimilar tudo o que acabara de descobrir e que, em seu intimo, de alguma forma louca, já desconfiava. Mas mesmo assim nada poderia prepara-la para aquele fato.

 - Imortalidade! – Disse contemplando o primeiro volume das memorias dela. A pequena garota soltou um fraco gemido e Cosima percebeu que ela estava tendo um pesadelo e a ouviu balbuciar palavras desconexas.

 - Emanuelle... Eu... Não sou eu... Delphine...

 - Manu? – Sentou-se ao lado dela na imensa cama e tentou gentilmente acordá-la, mas não obteve sucesso a principio.

 - Cosima... Morta... Não! – A mulher assustou-se com aquelas palavras. Pensou em tentar novamente acordá-la, mas decidiu esperar um pouco mais. Sabia que eram nos sonhos que a pequena Pitonisa da Ordem tinha as suas visões. – Delphine... – Atentou-se novamente para aquele nome e a expressão preocupada no rosto da menina. – Escuridão... Morte! – Exasperou-se e sacudiu a menina um pouco mais forte.

 - Manu! Acorde!

 - Oi? – A criança piscou os olhos algumas vezes.

 - Você esta sonhando. – A menina olhou para Cosima tentando processar a informação e logo lembrou-se do confuso sonho que teve. Foi diferente do que estava acostumada, pois não parecia mostrar algo que ainda estava por vir.

 - É a Del... – A pequena esfregou o próprio peito. – Ela tá num lugar muito ruim. – Olhou suplicante para Cosima que sentiu-se ainda pior que a menina.

 - Como assim Manu? Que lugar?

 - Eu não sei direito. – Esfregou suas mãozinhas. – Mas é muito frio... – abraçou-se e estremeceu. – E muito escuro. – Olho assustada para Cosima. – Precisamos ajuda-la!

 A mulher fitou a menina por alguns instantes e silenciosamente compartilharam da mesma aflição em relação a Delphine. Tudo o que Cosima mais desejava naquele instante era poder correr para sua amada e envolve-la em seus braços, protegendo-a de todo o qualquer mal que a estivesse machucando. Instintivamente levou a mão até o colar em seu pescoço, fechando lentamente os dedos.

 - NÃO! – Manu sentou-se na cama e puxou a mão de Cosima bruscamente. – Ainda não! – Anuiu negativamente com a cabeça. A mulher a olhou incrédula. O que aquela pequena pessoa poderia saber sobre aquilo tudo e pode ver que a própria menina também não tinha certeza do que estava fazendo. – Primeiro isso! – E pegou o pesado livro que estava ao lado da cama, o entregando a Cosima, que pode simplesmente aceita-lo. A menina ainda abriu a capa dele e sorriu sonolenta para a mulher e, aninhando-se em seu colo, adormeceu.

 Cosima ainda ficou observando aquela pequena menina deitada sobre sua perna e surpreendeu-se com a grandiosidade do sentimento que aquecia seu coração. Percebeu que tratava-se do mais puro e verdadeiro amor e tal sentimento as acompanhou de muitos anos antes. Também haviam nascido para se encontrarem e novamente jurou para si mesma que jamais deixaria nada de ruim acontecer àquela pessoinha.

 Voltou-se para o livro antiguíssimo que tinha em mãos e foleou algumas páginas. Percebeu que havia duas grafias distintas nele. Observou com mais atenção e percebeu que as folhas do interior pareciam mais novas que a capa e a contracapa. E reconheceu a caligrafia de Delphine ali. Percebeu então que aquele texto já fora transcrito em algum momento desses mais de trezentos anos.

 Suspirou, buscando juntar forças para ler o que de fato havia acontecido com sua amada imortal. Riu baixinho daquela expressão e focou sua atenção na perturbadora inscrição inicial, que com algum esforço, conseguiu traduzir.

 “Essas são as memorias do meu nascimento, de minha morte e de meu renascimento em morte.”

 

            ______

 

 - Onde você esteve? – A impaciência impertinente de Stella a recebeu assim que ela entrou em seu apartamento. Delphine ergueu a cabeça e olhou para a mulher sem dar muita importância para a presença dela. Passou direto para o bar que havia ali e sorveu seu Macallan direto do gargalo, sem se importar com as boas maneiras.

 - O que foi Stella? – Questionou assim que a mulher parou diante dela, com expressão séria e incisiva.

 - A seguranças que estavam com você disseram que não se lembram de nada que aconteceu nas ultimas horas. – Depositou ambas as mãos na cintura. – Na verdade mal se lembram do dia de hoje como um todo. – Delphine a olhou por alguns instantes e limitou-se a responder com uma erguida de ombro. – Você não pode agir assim! – A mulher segurou-a pelo braço e recebeu o mais gélido dos olhares, mas ao contrário do que qualquer outra pessoa, ela não se intimidou. E isso era algo que Delphine realmente admirava em Stella.

 Desde muito jovem, quando ainda era uma recruta da Ordem, se mostrou resistente e corajosa, sendo uma das poucas que ousavam contradizê-la em alguma coisa. E a Mestra era muito grata por isso. Sabia que precisava de pessoas assim ao seu lado. Estava cansada de ter todo mundo baixando a cabeça para ela.

 - Lembra-se da aula sobre Maquiavel? – Stella piscou os lindos olhos azuis algumas vezes, mas logo lembrou-se do que Delphine estava falando, e assim como a outra, também suavizou seu olhar e o aperto no braço dela.

 - Sim... Você literalmente me humilhou naquele dia. – Esticou a mão e praticamente tomou a garrafa da mão dela, e bebericou de seu whisky.

 - Não foi bem assim... Porém você era... É – Piscou um dos olhos. – Bastante impertinente e fez uma leitura ainda imatura daquela obra. – Jogou-se em seu sofá, lançando os sapatos ao longe.

 - Eu queria impressioná-la. – Stella confessou. – Aliás, como quase toda jovem daquela escola sempre desejou. – Delphine a olhou de canto de olho. – É verdade! Era um privilégio sermos treinadas pela própria Mestra da Ordem do Labrys. – Fingiu uma reverência diante dela e sentou na poltrona, depositando os pés sobre a mesa de centro.

 - E você conseguiu. E não só a mim Stella. Tanto que eu a escolhi para ser a minha Protetora. – Esfregou a testa e mexeu em seus cabelos, prendendo-os num coque frouxo.

 - Não teria dado certo Cormier! – Sorriu e devolveu a garrafa de whisky para ela. – Eu socaria a sua cara sempre que você propositalmente se colocasse em perigo. Como hoje.

 - Venha me socar! – Delphine a desafiou, mas a breve tensão que ameaçou se formar foi dissipada quando Stella vislumbrou a tristeza que pairou sobre o rosto de sua Mestra. Com pesar a viu virar todo o restante do malte sem nem parar para respirar.

- Novamente tentando se embebedar?

- Nem todo o whisky do mundo me permitiria isso. – Depositou os antebraços sobre os olhos e apoiou a cabeça no encosto do sofá. – Eu queria apenas... Nem que fosse por uma hora... Parar de sentir essa... Essa... Dor infernal! – Bateu com força a cabeça para trás. E novamente as incontroláveis lágrimas vieram a tona.

- O que você fez? Onde você esteve? – Delphine a olhou por alguns instantes.

- Eu não aguento mais Stella... Trocaria todo e qualquer poder pela simples capacidade de poder arrancar esse dor de mim. – Gesticulou com as mãos o que desejava fazer.

- Puta merd* Delphine! – A mulher saltou enquanto encarava alguma informação em seu celular. – Você foi a casa dele? Você perdeu o juízo?

- Como?

- Podes enganar mentes, mas ainda precisar aprender a burlar a tecnologia. Rastreador no seu celular. – Stella balançou o seu no ar.

- Que se dane! – Voltou a fechar os olhos.

- Não bastou você ter jogado um prédio na cabeça dele?

- Não Stella. Nunca é demais com aquele monstro. Ele me machucou... Tirou tudo o que eu mais amava e o mínimo que posso fazer é tirar toda a paz dele. – A mulher finalmente demonstrou algum receio na presença dela. Pode ser testemunha dos poderes dela e por pouco escapou com vida do encontro entre aqueles seres poderosos.

- Bom... Temos outra coisa com o que nos preocuparmos. – E caminhou até ela, lhe entregando seu celular. Delphine leu por alguns instantes a informação contida no e-mail que Stella acabara de receber.

- Merde! – Praguejou!

 

 

[1] A Guerra de Secessão (Guerra Civil) foi um conflito militar que ocorreu nos Estados Unidos, entre os anos de 1861 e 1865. De um lado ficaram os estados do Sul (Confederados) contra os estados do Norte (União).  

Os estados do Sul tinham uma economia baseada no latifúndio escravista e na produção, principalmente de algodão, voltada para a exportação. Enquanto isso, os estados do Norte defendiam a abolição da escravidão e possuíam suas economias baseadas na indústria. Esta diferença de interesses deflagrou o conflito.

 

 

[2] A luta pelo voto feminino foi sempre o primeiro passo a ser alcançado no horizonte das feministas da era pós-Revolução Industrial. As "suffragettes" (em português, sufragistas), primeiras ativistas do feminismo no século XIX, eram assim conhecidas justamente por terem iniciado um movimento no Reino Unido a favor da concessão, às mulheres, do direito ao voto.


Fim do capítulo


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Comentários para 66 - Capítulo 66 Descobertas (Parte 2):
patty-321
patty-321

Em: 11/10/2018

Cara vez fico mais agoniada . A cosima finalmente sabe tudo. Ah quanto sofrimento essas duas ja passaram. O fdp ta muito fudido  bjs

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Flor de Liz
Flor de Liz

Em: 08/10/2018

Ansiosa pelos próximos capítulos...

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Flor de Liz
Flor de Liz

Em: 08/10/2018

Ansiosa pelos próximos capítulos...

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 08/10/2018

Oi! Não deu pra postar mais um durante a semana? Sem problema!!! O importante é que está sempre aqui e atenciosa com todas leitoras. Quanto às nossas meninas, estou louca de pena da Del....quanto sofrimento, tadinha! Mas será recompensada. E Cos finalmente descobrindo, ou se apercebendo da verdade foi lindo. Ainda intrigada com Manu depois do “encontro” com Emanuelle...tempos negros para ela? E os diários de Evelyne? Uau, devem ser maravilhosos de ler e acompanhar tudo o que viveu nesses trezentos anos. Alem de solitária e tendo que se reinventar, sempre lutando contra o martelo. Vida hiper sacrificada, da para entender o desânimo após perder novamente sua amada. 

Vamos em frente, sempre com aquela pontinha de esperança de um mini-extra durante a semana rsrsrs Mas com a certeza de novo encontro no domingo, e isso ja é muito! Beijão e otima semana!

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