Boa noite amores, espero que gostem do capítulo.
Boa leitura. Beijão
SURPRESAS DO DESTINO
POV Emma
Impreterivelmente as 14h estava eu na tal igreja. Fui recebida por uma senhora muito simpática que me mostrou todas as dependências do lugar e automaticamente ia comentando os dias de cada culto. Ao final da pequena excursão fui levada a uma sala amplamente iluminada que ficava em um anexo.
Ao entrar vi uma mulher atenta ao computador que não aparentava mais de 30 anos, tinha altura mediana e um cabelo lindo na altura dos ombros.
_ Com licença, procuro pela Doutora Regina.
Ela desviou o olhar do computador com um sorriso contagiante. Tinha um olhar profundo que me invadiu sem pedir licença. Seus olhos tinham tanta intensidade que poderiam hipnotizava qualquer um.
_ Desculpa mais aqui não tem nenhuma Doutora. Agora se quiser falar com a Regina posso lhe ajudar. Sorri sem graça com a gentil reprimenda. _ Emma?
_ Sim, mais uma vez muito prazer. Nos cumprimentamos cordialmente e nos sentamos em uma grande poltrona que ficava no canto esquerdo da sala.
_ Me fala Emma, porque o Archie te encaminhou para mim, o que te aflige?
Mais uma vez expunha minha alma para um estranho, mas fazia sem reservas. O Doutor Archie me pareceu tão confiável e se ele a recomendou com tamanho empenho, também confiaria. Ao finalizar minha narrativa estava em prantos. Ela me olhava compadecida enquanto segurava minha mão.
_ Fica calma, vamos caminhar lentamente por cada história apresentada e juntas vamos construindo caminhos alternativos. Preciso da sua sinceridade absoluta em cada etapa do tratamento. Precisaremos achar as melhores maneiras de trilharmos cada caminho e isso trará a lume todas as suas dores e inseguranças. Por isso precisaremos estar em sintonia para que isso seja feito da melhor forma possível.
Eu olhava fixamente para ela, não sei por que, mas ela exercia um magnetismo inexplicável sobre mim, mesmo com tão pouco tempo de conversa.
_ Os psicólogos ortodoxos recomendam o máximo de afastamento entre médico e paciente, mas eu acredito que a sintonia é necessária. Você precisa ver em mim uma amiga, precisa confiar em mim, assim como eu preciso confiar em você. Por isso procuro tratar meus pacientes como amigos, mantendo a distância necessária para não afetar no tratamento, mas estando perto o suficiente para que possamos interagir. Você está disposta a embarcar comigo nessa aventura? Falava emitindo seu melhor sorriso.
_ Aventura é ótimo, kkk... Mas sim, estou disposta a fazer o meu melhor.
_ Ficaremos assim, inicialmente nos veremos duas vezes por semana. Você terá acesso a todos os meios para me encontrar, telefone, celular e e-mail. Havendo necessidade pode me ligar sem hesitação, mas sempre lembrando que não sou uma bengala e sim uma companheira de jornada. Conforme formos evoluindo vamos espaçando os encontros até que não precisemos mais nos ver, pelo menos a esse título. Agora me fala como são os seus horários?
_ Trabalho 12X36 em uma boate. Mas pode marcar as consultas que virei a todas.
_ Ótimo, então nos veremos todas as segundas e sextas nesse mesmo horário. Está bom para você? Caso necessite de alguma mudança ao longo do tratamento podemos rever os dias e horários, sem problemas nenhum.
_ Sem problemas para mim. Quando começamos?
_ Já começamos meu bem. Ela ria enquanto me olhava.
_ Preciso que tome os remédios receitados pelo Archie e que me sinalize tudo o que ele fizer com você. É claro que falarei com ele diretamente, mas prefiro que você me conte, pois assim consigo ver o seu ângulo do tratamento proposto por ele.
Agradeci imensamente pela acolhida, peguei os contatos dela, passei meu celular e meu e-mail e corri para o trabalho. Nessa brincadeira já tinham passado quase 3 horas e precisava correr.
_ Belle, preciso falar com você.
_ Claro Emm, vamos para minha sala.
_ Amiga quero te agradecer, não só pela indicação do médico, como pela insistência para que eu fosse.
_ Que isso amiga, já passei por isso e sei como é difícil admitir que estamos doentes. Quero ver você bem, feliz e realizada, claro dentro das limitações que a vida te impôs.
_ Um dia, quando estiver mais fortalecida juro que te conto tudo, mas por enquanto obrigado por todo apoio e principalmente pelo respeito que você tem me dado, mesmo sem saber ao fundo a minha história.
_ Ai guria, desse jeito você me faz chorar. Agora vou precisar de um belo drink para me refazer.
_ Seu desejo é uma ordem patroa. Vou preparar a melhor cuba libre que você já tomou em sua vida. Me dá uns 15 minutos pra eu me organizar e sobe. Te vejo no bar. Dei um beijo apertado em sua bochecha e saí apresada. Precisava me trocar e adiantar as coisas, pois em poucos minutos o segundo andar seria aberto.
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A noite terminou bem, como sempre. Já tinham 7 meses que estava trabalhando com a Belle e os plantões eram sempre tranquilos. O público era bem elitizado e, talvez por isso, quase não se via confusões. Claro que sempre tinham os beberrões que davam algum trabalho, fosse chorando as pitangas por amores não correspondidos, fossem as saidinhas que usavam a bebedeira para serem mais incisivas nas cantadas, mas nada que não desse para contornar.
O tratamento corria solto, estávamos há 6 meses ininterruptos com sessões semanais. Eu via meu mundo de cabeça para baixo, nunca ficara tão desnuda como estava agora. Tinham noites que tinha vontade de desaparecer do mundo, tamanha dor e solidão que sentia, mas procurava fixar meus pensamentos em outras coisas a fim de suportar toda aquela pressão. Mas sempre me pegava lembrando de coisas que me faziam chorar.
Flashback on
_ E aí princesa, tá aqui por quê? Eu chorava agarrada a coberta que me deram. _ Acho melhor ser boazinha princesa, aqui ninguém gosta de garota marrenta. Olhei para a mulher tentando esconder toda a repulsa que sentia na alma. Percebi que tinham 3 mulheres na cela além de mim, todas me olhavam de cima a baixo, enquanto eu parecia um bicho acuado sentada naquilo que chamavam de cama.
_ Perdão, eu não tinha ouvido a senhora falar. Elas começaram a gargalhar como se eu tivesse contato a piada do século.
_ Senhora é ótimo, kkkk... Princesa o esquema é o seguinte, aqui temos hierarquia, a Duda ali é a mais velha por aqui, por isso é quem nos lidera, ela pegou 32 anos de cana, esquartejou o namorado estuprador. Dizia enquanto apontava para uma coroa sentada num dos beliches. _ A Rita pegou 15 anos, tráfico de drogas e corrupção de menores. E eu sou a sapa, peguei 10 anos de cana por latrocínio. Fez uma reverência em apresentação. _ E você o que fez e quantos anos pegou?
Estava morrendo de medo, chorava em silêncio enquanto ouvia a mulher falar. _ Eu sou a Emma, peguei 9 anos por homicídio.
_ Nossa, a princesinha é assassina! Quem diria, jurava que estava aqui por furto, receptação ou algo assim, sabe sem violência. As aparências realmente enganam.
As 3 mulheres me colocavam medo, mas essa tal de Sapa me dava calar frios. Ela era repugnante. Engraçado que de todas, ela era a que menos tinha cara de presidiária. Era o tipo de mulher que chamava a atenção da multidão pelos dotes físicos. Era morena, alta, corpo curvilíneo e seios fartos. O cabelo que era meio maltratado, mas não tinha como ser diferente. Era impossível exigir esse tipo de coisa em um lugar como aquele. Mas analisando o todo, ela era bonita, apresentável, mas alguma coisa nela era perversa e me inspirava pavor.
Não passou muito tempo e a Sapa começou a implicar comigo, vivia querendo me agarrar e quando via que eu não cedia à seus ímpetos sexuais me enchia de porr*da. E foi assim por um bom tempo, até que cansei e percebi que para sobreviver naquele lugar precisaria aprender a me impor.
A Duda, apesar de muito mal encarada era gente boa. Não se metia com ninguém desde que não mexessem com ela. Vira e mexe me dizia que eu precisaria me impor, pois só assim poderia fazer alguma coisa por mim.
Apesar de não ter a mínima ideia do que faria, decidi que a partir daquele dia a Sapa nunca mais encostaria a mão em mim. Não suportava mais acordar de madrugada com ela me acariciando, sentia nojo e ao menor sinal de desacordo era literalmente espancada. As outras presas viam e me falavam constantemente: “revida Princesa, mostre pra ela que você não tem medo. Enquanto ela ver o medo em você não vai parar”. As agentes penitenciárias fingiam que não viam nada. Na verdade elas só se metiam se houvesse algum sinal de rebelião. No mais, nós que nos matássemos.
Estava disposta a mostrar para ela que eu era tão perigosa quanto todas ali e que a partir daquele momento ela deveria pensar duas vezes antes de me tocar. Esperei que ela dormisse, fervi uma água no fogão improvisado dentro da cela, fui até a cama dela e despejei metade do líquido na altura de sua vagin*. Ela acordou gritando. Rapidamente retirou o short e vimos sua pele altamente vermelha.
A Duda me olhava fixamente enquanto a Rita ajudava a Sapa a colocar água fria, tentando amenizar o pequeno estrago que eu tinha provocado.
_ Você está louca garota, eu vou matar você...
_ Isso é para você aprender a nunca mais tocar em mim, dá próxima vez eu taco dentro do seu ouvido e te frito por dentro. Isso foi apenas um aviso.
Ela bufava de raiva, muito embora mal conseguia andar. O líquido escorreu entre suas coxas e foi deixando um rastro de dor e inchaço.
_ Agora chega, já fomos longe demais. Dizia a Duda se levantando calmamente da sua cama. _Permiti que vocês continuassem nessa guerrinha por mera curiosidade. Mas daqui a pouco estaremos chamando atenção e todo mundo sabe que ficar sob a mira das carcereiras não é nada legal. Sapa você está proibida de se aproximar da Princesa. Não quero sentir seu cheiro perto dela. Estamos entendidas? Senão as coisas serão acertadas a minha maneira. Princesa eu entendo sua atitude, mas não é assim que a banda toca por aqui. De agora em diante você se reporta a mim. Estamos entendidas?
Nós duas nos limitamos a confirmar com a cabeça que tínhamos entendido perfeitamente.
Flashback off
A sensação que tinha era que estava esvaindo em lágrimas, meu peito doía e minha cabeça pesava, mas não lutava contra o choro. A primeira coisa que aprendi com a Regina é que chorar lava a alma e que a dor precisava ser expurgada através das lágrimas.
Era incrível como ela me acalmava, ela tinha o dom de suavizar minha angustia. Nos dávamos muito bem. Ela era uma puta de uma parceira e eu confiava nela cegamente, mas apesar disso nunca ultrapassei o limite médico-paciente. Tinham vezes que parecia que ia surtar, mas mesmo assim nunca a incomodei fora das nossas sessões.
Mas aquela noite estava demais, eu não estava aguentando aquela solidão, a toda hora vinham lembranças na minha mente que só pioravam a situação. Eu precisava sair, extravasar, mas para onde iria sozinha. Cedi aos meus próprios argumentos e liguei para ela.
_ Alô Regina, me perdoa pelo incomodo, mas eu tô enlouquecendo e precisava ouvir sua voz.
_ Calma Emma, não tem problema algum, eu sempre falei que poderia me ligar. Quer me ver?
_ Imagina, tirar você dos seus afazeres. Só de falar com você eu já consigo me acalmar um pouco.
_ Deixa de bobeira. Me passa seu endereço que eu te busco. A gente pode tomar uma água de coco no calçadão, o que acha?
_ Ai Regina me sinto envergonhada pelo trabalho, se soubesse eu não tinha ligado.
_ Jura que você vai me fazer ir no consultório procurar seu arquivo pra saber seu endereço ou vai simplificar minha vida e me falar de uma vez onde mora? Me sentia extremamente envergonhada, em pleno sábado fazer a mulher bancar minha babá seria dose, mas a merd* já tinha sido feita então passei meu endereço para ela e fui me arrumar.
A noite estava quente, típica noite de verão carioca. Coloquei um short, uma camiseta bem fresquinha, uma sandália rasteirinha e prendi o cabelo em um belo rabo de cavalo. Dei um jeito na cara tentando amenizar o inchaço dos olhos e aguardei que ela chegasse. Poucos minutos depois lá estava ela me esperando na portaria do prédio.
Entrei no carro dela altamente sem graça, nunca tínhamos nos visto fora das sessões e a primeira vez que faríamos isso seria com ela bancando minha babá.
_ Você está linda Emm, adorei o jeitinho despojado de carioca. Sempre te vejo tão formal. Ela sorria tentando me deixar descontraída.
_ Jeitinho de carioca? Existe isso?
_ Claro que existe, mesmo que eu coloque essa roupa nunca terei o ar despojado de um carioca. Não consigo perder o jeito sulista, e olha que moro no Rio desde os meus 7 anos. Nos duas rimos...
_ Você também está linda Regina. Confesso que somente depois dessa pequena conversa que reparei em como ela estava. Ela vestia um vestido longo soltinho no corpo e uma rasteirinha. Os cabelos estavam soltos e a boca estava com um batom bem clarinho, quase imperceptível.
O carro foi estacionado em uma das transversais da praia e nos sentamos em um quiosque. A brisa estava ótima e a praia estava lotada, muita gente andando no calçadão, outras jogando bola na areia e tinha até umas que se aventuravam em nadar, mesmo o mar estando 100% escuro.
Pedimos água de coco e começamos a conversar, eram conversas amenas e aleatórias. Em momento nenhum ela perguntou o que tinha acontecido e a partir de um determinado momento eu simplesmente não lembrava mais, estávamos soltas, brincando, rindo como se fossemos amigas de longa data.
_ Emma eu marquei com umas amigas de irmos em uma boate em Copa, disseram que está bombando, quer ir?
_ Ai não Regina, não fica chateada, por favor, mas eu já trabalho em uma boate, tudo que menos quero em minha folga é ir para uma.
_ Então nós nunca sairemos para dançar? Não acredito? A dança renova a alma, leva embora os sentimentos ruins e traz os bons. Tô vendo que vou ter que ir no seu trabalho num dia de plantão e te roubar para uma dança, kkkk... E não adianta reclamar, faz parte da terapia.
_ Tudo bem doutora, mas marcamos outro dia. No mais a boate em que trabalho, com certeza não faz seu estilo. Começamos a rir enquanto nos levantávamos e caminhávamos em direção ao carro.
_ E você lá sabe qual é o meu estilo? Olha que posso te surpreender.
_ Nesse sentido acho difícil você me surpreender, mas vamos deixar essa conversa para um próximo passeio. Senão ficaremos sem assunto, kkkk.
_ Eu sem assunto, impossível meu amor, eu converso sobre tudo, de comida a 3º guerra mundial. É só dar o tema que vamos debater, kkkk.... Voltamos a rir. _ Eu nem tinha reparado, você nunca falou onde trabalha. Só sei que é em uma boate.
_ Algum segredo eu tenho que ter, você me conhece do avesso Regina.
_ Não vale, você disse tudo a sua terapeuta e não a sua amiga. Estou na desvantagem.
_ Está aí o pretexto para mais uma água de coco. Entramos no carro e em poucos minutos chegamos à minha casa. _ Quer subir?
_ Fica pra outro dia. Preciso me arrumar para encontrar com as meninas ou você acha que vou a uma boate a La Riponga, kkkk... Preciso caprichar no visual, vai que pinta alguma coisa interessante, kkkkk
_ Não sabia que você era louca, kkkk.
_ Louca porque, estou solteira a mais de um ano, está na hora de beijar na boca e ser feliz. E a senhora já-já estará fazendo a mesma coisa.
Nos despedimos entre risadas. Era incrível como aquela garota tinha o dom de me acalmar, nem parece que em menos de 3 horas estava prestes a me jogar janela abaixo.
Me jogo na cama e começo a pensar...
Flashback on
_ Filhote olha pra mamãe, faz uma pose bem bonita pra mim.
_ Poxa mãe, você tá de zoação, já sou quase um homem. Olha só, começaram a nascer pelos no meu rosto. Ele falava enquanto levantava o queixo para que eu visse os tais pelos.
_ Pelo amor de Deus Henry essa penugenzinha está longe de ser uma barba, toma tenência, kkkkk. Adorava ver a cara de bravo que ele me olhava nessas situações. Não sei a pressa que essas crianças têm de crescer. Se soubessem a chatura que é a vida dos adultos, iriam pedir para congelarem no tempo.
_ Pô mãe, não zoa.
_ Tudo bem, mas capricha na pose que eu preciso tirar uma foto para mandar para sua escola.
Flashback off
Adormeci com um sorriso nos lábios, adorava lembrar desses episódios com o filho.
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Enquanto isso do outro lado da cidade Regina se preparava para o encontro com as amigas.
Regina Pov
Nossa, tem um bom tempo que não saio para dançar, devo estar bem enferrujada. Nunca curtir uma fossa por tanto tempo, 2 anos de relacionamento e 1 ano de fossa. Como deixei uma pessoa me desestabilizar tanto assim? Pensava enquanto finalizava minha maquiagem. Mas agora eu virei a página, quero partir para outra, sair, curtir, dançar e beijar na boca porque ninguém é de ferro.
Olho meu celular e vejo uma mensagem da Emma agradecendo o apoio. Na verdade eu ainda não tinha entendido o que fiz, nunca em minha vida profissional tinha saído com um paciente. Por mais que insistisse na história de amizade entre médico-paciente, nunca permiti tamanha aproximação. Porque cargas d’água eu chamei a garota para um passeio na praia?
Tudo bem que a história dela era de longe a que mais mexia com meus sentimentos. Eu realmente quero que um dia possamos ser amigas, vejo nela uma fortaleza em pessoa, uma guerreira sem a exata noção da força que tem.
É... definitivamente ela mexe comigo, me tira do prumo. Sinto uma estranha vontade de protegê-la... _ Ai Regina vê se não vai arrumar sarna para se coçar. Ela é sua paciente e precisa de você. Toma juízo e não faz merd*. Falava comigo mesma.
Terminei de me arrumar e chamei um Uber, queria ficar livre para beber, por isso optei por não ir de carro. Já passavam das 23h quando encontrei com as minhas amigas em um Pub de Copacabana.
Dançamos a noite toda, bebemos, rimos e nos divertirmos. Eu estava me sentindo estonteante naquela noite e a prova disso foram as várias cantadas que recebi. Algumas até me fizeram prestar a atenção.
_ Está sozinha gata?
_ Oi, falou comigo?
_ É a primeira vez que vem por aqui? Uma pessoa como você jamais me passaria despercebida. Confesso que corei. Afinal eu andava tão enclausurada que me desacostumei a ser cantada.
_ Sim é a primeira vez que venho aqui e sinceramente não tô a fim de me agarrar em ninguém. A noite mal começou e eu só quero zoar com minhas amigas. Mas...
_ Mas.... um beijo não arranca pedaços e eu vou te beijar morena. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, senti minha boca ser invadida por uma língua quente que me envolveu em um beijo molhado e cheio de desejo.
_ Uau, ok.... nos esbarramos por aí. Tchau!
Eu ria enquanto me afastava, passei no bar e pedi para o bartender preparar uma bebida bem refrescante. Depois daquele beijo precisava acalmar os ânimos. Com a bebida em mãos voltei para mesa em que minhas amigas estavam.
_ Nossa chuchu que beijo foi aquele, daqui deu pra sentir o calor, kkkk.
_ Sinceramente não sei Mal, falei que não queria me agarrar em ninguém porque a noite estava só começando e quando fui ver estava sendo engolida. Mas foi bom, kkkk.
_ Aproveita mesmo gata, com esse corpo e esse rosto eu ia pegar geral, kkkk. Mal falava gargalhando.
_ Porque a senhorita demorou tanto? Marcamos as 21h e a senhora chegou a 23h. Perdeu o show ao vivo que teve lá em baixo.
_ Uma paciente me ligou, estava precisando de mim. A levei para tomar uma água de coco na praia e com isso me atrasei toda.
_ Como assim paciente? Praia? Desde quando você banca a babá de paciente?
_ Não banquei a babá, é uma paciente muito especial e não foi sacrifício nenhum sair com ela. Nos divertimos muito, inclusive a chamei para vir conosco, mas ela não quis.
_ Regina Mills, toma tenência e vê se não se mete em confusão. Esses seus pacientes geralmente são rabudas. Não se envolva além do necessário para cumprir sua profissão.
_ Olha o sermão chegando. Se soubesse não tinha comentado. Está achando que sou criança Mal, tenho 30 anos na cara. Sei muito bem onde me meto.
_ Assim espero, eu hem, nunca vi levar paciente pra passear.
Peguei meu copo e sai da mesa, eu realmente não estava nem um pouco a fim do blá-blá-blá daquela loira metida a irmã mais velha.
Dancei mais umas duas músicas e vi a boquinha caliente me observando. Propositadamente me fiz esbarrar, já aproveitando para puxar assunto.
_ Estou indo embora boquinha caliente.
_ Boquinha caliente, adorei, ninguém nunca me chamou assim. Quer que eu te acompanhe? Posso te mostrar como consigo ser ainda bem mais caliente.
_ Calma amor, só vim me despedir. Isso não é um convite disfarçado não.
_ Que pena, eu ia adorar te acompanhar.
Recebi um sorrisinho malicioso e mais uma vez fui agarrada. Dessa vez o beijo foi bem mais demorado e acompanhado por várias mãos. Eu não conseguia raciocinar direito, simplesmente fui me entorpecendo naquele beijo e sentindo a espinha arrepiar a cada apertão na bunda.
Depois do amasso, saí nos deixando um gostinho de quero mais. Passei na mesa, me despedi das meninas, peguei minha bolsa, me enfiei no primeiro taxi que vi e fui pra casa.
Estava cansada, exausta pra ser sincera. Lembrava da noite e sorria sozinha jogada na cama. _ Gente eu nem perguntei o nome da figura, Jesus que coisa feia. Falei gargalhando sozinha no quarto. Voltei a pensar na noite e meu pensamento foi direcionado a Emma. Será que ela melhorou? Era péssimo vê-la tão abatida e não conseguir fazer nada.
_ PORRA REGINA QUE INTERESSE É ESSE? Gritava comigo mesma. Isso está passando dos limites. Ela é sua paciente, sua paciente, sua pa-ci-en-te..... tentava decorar aquelas palavras como se daquilo dependesse minha vida profissional. Você é uma profissional gabaritada, reconhecida e não pode cometer o maior dos deslizes que existe nessa profissão. Se apaixonar por um paciente é a maior burrada que um psicólogo pode cometer e essa merd* você já fez e viu que não deu certo.
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Emma Pov
O dia amanheceu nublado, era domingo e mais tarde eu deveria trabalhar. Era incrível, aquela boate abria de domingo à domingo e o movimento não caía. Tudo bem que o ambiente era hiper legal, mas via sempre as mesmas carinhas perdidas pelo salão. Será que esse povo não cansa de zoar? Como eu trabalhava na parte superior do estabelecimento via majoritariamente solteiros que curtiam a noite entre uma pegação e outra. Na parte de baixo era ao contrário, o público era majoritariamente composto por casais. Era um ambiente mais intimista, continha uma penumbra que exalava sensualidade e uma musiquinha ao vivo que harmonizava o lugar.
Gostava de trabalhar lá, me divertia e esquecia, ainda que momentaneamente os problemas que me assombravam.
Fim do capítulo
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NovaAqui
Em: 20/10/2018
Regina foi ao local que sua paciência trabalha. Na próxima elas se encontram S2 acho que Regina será nova frequentadora do seginse andar em breve
Que bafo: Emma foi presa. Por homicídio? E ainda jogou água fervente na Sala? Kkkkk essa foi ótima.
Por isso ela tem necessita tanto de apoio..
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Será que com tantas boates na Zona Sul do RJ ela iria justamente no trabalho da Emma?
E sim, a nossa loirinha foi presa por homicídio e para se salvar das investidas da Sapa, acabou escolhendo uma medida um tanto quanto enfática, kkkk.
Obrigada pela companhia e pelo carinho em comentar, é muito importante para mim.
Beijão e até breve.
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