Como prometido..
Lluvia de Noviembre
A segunda feira estava agitada. As 9 da manhã em uma vídeo conferência com representantes de uma organização criminosa do Japão. Um território promissor que meu pai sempre teve interesse em explorar. O motivo que o continha era, a força que a YAKUSA tinha no JAPÃO. Mas a esta altura do campeonato a YAKUSA era praticamente um cachorro morto. Seus principais lideres presos em penitenciarias de segurança máxima, vários mortos em conflitos internos e com a polícia. A inteligência japonesa havia descoberto todos os esquemas de comércio de drogas, prostituição. Agora era minha vez de dar as cartas, eu encabeçaria um esquema totalmente inovador. A lavagem de dinheiro seria feita pelas empresas da minha família. O cenário politico seria aproximação nas relações de comércios exteriores entre México e Japão. Justamente uma área que eu dominava muito.
Japoneses abririam indústrias têxteis no México e eu investiria uma quantia generosa em ações de montadoras japonesas. Tudo com a máxima transparência. Eu usava na comunicação um programa que desfocava meu rosto e minha voz, os japoneses não sabiam quem eu era. O apoio aos japoneses era dado por senadores pagos por mim através por intermédio de laranjas e toda a trans*ções eram feitas em bitcoins. Se os meus cálculos estivessem certos, para eu dominar o comércio de cocaína e armas no Japão e em todo sudoeste asiático, em dois anos o lucro liquido já ultrapassaria os 77%. Trocando em miúdos eu lucraria 3 bilhões de dólares por ano. Saltaria da 65° para a 43° na lista de pessoas mais ricas do mundo. Isso era o dinheiro limpo, pois o lucro contabilizando o dinheiro sujo deixaria essa lista ainda mais interessante.
O fechamento das negociaçoes bem como seus termos e implicações, de uma forma geral foram bem conturbados. Havia desconfiança dos dois lados. E durou horas a mais do programado. Mas ao final de tudo, os termos foram bons para todas as partes. Eu estava orgulhosa de mim mesmo, não havia a menor possibilidade de dar errado. Todos os focos que podiam gerar uma eventual investigação e desconfiança foi pensada em seus termos e justificativas legais. Mas algo ainda me preocupava, aliás. Alguém, a agente Simons. Eu teria que encontrar uma forma de tirar o DEA do México mais rápido possível. Mas ao mesmo tempo, minhas opções eram limitadas. Matar a agente Simons era completamente fora de questão. Questionar ou pedir sua saída, chamaria uma atenção desnecessária. Eu tinha que me encontrar com ela pessoalmente de alguma forma, o mais rápido possível. Saquei da bolsa o Iphone e liguei para um de meus funcionários.
— Teremos que derrubar o grupo de NY— Fui logo falando.
—Mas patroa, são nossos melhores compradores— Respondeu pasmo, a voz masculina da outra linha.
—Eu tenho plena ciência disto, mas eu preciso do DEA longe do México o quanto antes. Nem que para isto tivermos que sacrificar alguns aliados. Algumas operárias têm que morrer para que a colmeia seja salva.
—E como quer que seja feito patroa.
—Vou fechar mais uma carga para esta semana, a maior encomenda feita até então. Vamos deixar a entender que de onde saiu esta tenha muito mais. Uma ligação para o DEA quando a carga já estiver em NY e pronto. Vão chamar todos policiais que estão à campo, inclusive fora dos Estados Unidos.
—Patroa, os Japoneses acabaram de nos telefonar.
—E...?
—Eles fizeram uma última exigência para nos dar a região de Tóquio— Disse quase sussurrando a voz masculina.
—Eles querem um rosto. Quem saber quem é ‘’ElMondragon’’ — Soltei uma risada involuntária.
—Sério isso? Ok, eles terão um rosto.
—Mas patroa...
—Se eles querem um rosto, eles terão um rosto, vou pensar em algo mais tarde falamos.
Desliguei a chamada com o homem e em seguida o meu celular pessoal tocou, olhei para a tela e vi que se tratava da minha assessora do gabinete do senado.
—Alejandra falando— Atendi em um tom mais brando.
—Bom dia senadora, desculpa incomodar em seu horário de descanso. Só ligando para confirmar sua viagem para os Emirados. A senhora e seu esposo irão ficar no Burj Al Arab, confirmei também as reservas em seus restaurantes favoritos.
— E ficou previsto para quando o embarque?
— Daqui quinze dias, é o tempo de uma inspeção no jato, e foi a data mais breve que consegui reservar o hotel. É alta temporada em Dubai, a ocupação é de 100%.
— Sem problemas, me avise imediato qualquer imprevisto. Eu preciso estar lá nessas datas.
—Ok, aviso sim. Bom descanso senadora.
—Obrigada, qualquer coisa você me localiza por aqui— Desliguei o aparelho.
***
A noite era de chuva, comuns nessas regiões nos meses de novembro. O homem solitário caminhava à pé pelas ruas cheias de poças de água, sem se dar conta que vinha sendo observado o dia inteiro. Atendeu o celular, olhando para os lados. O aparelho era surrado, mas não podia se dar ao luxo de ser roubado. Sua voz ecoava pelas ruas, havia um pequeno vai em vem de transeuntes que se apressavam para se esconder da chuva forte que certamente viria. A luzes da cidade já estavam acesas, o que dava um tom mais bucólico que o normal. Observava com calma as pessoas se molhando nas poças. Um motorista fanfarrão passou de propósito correndo por uma delas e ensopou uma mulher.
O homem se abrigou em baixo de um toldo de uma pequena loja que encontrou. Onde ali, pôde terminar com calma e privacidade sua ligação. Já se preparava para seguir seu rumo quando ao seu lado parou uma vam branca. Dela, desceram dois homens encapuzados, que segurou o rapaz cada um por um lado braço e o jogou abruptamente dentro do veículo. Colocaram um capuz preto em seu rosto e a todo tempo gritavam dizendo que não era para o rapaz dizer sequer uma palavra. Mas nem precisava, o jovem ficou totalmente atordoado, não conseguia processar o que se passava. E de repente se deu conta que podia estar sendo levado para a morte. Começou a chorar feito uma criança, assustado e sem saber como agir.
Lembrou com arrependimento das oportunidades que teve de aprender defesa pessoal e desperdiçou. Respirando fundo tentou se acalmar, o pano preto em sua cabeça causava uma sensação de claustrofobia. Toda sua vida passou em sua mente como um filme, e tentava a todo custo se acostumar com a real possibilidade de morrer. Pôde perceber que o veiculo corria em alta velocidade, teve suas mãos e pés amarrados com uma corda. A está altura já tinha perdido noção da quantidade de tempo que estava naquela situação, mas a impressão que teve é de que era uma eternidade. Maldita teoria da relatividade. O carro parou abruptamente, e os homens o jogaram porta à fora como se fosse um saco de lixo. A queda fez seu joelho esquerdo doer, cortaram as cordas com uma faca. Pode sentir a lamina bem perto de sua carne.
Sentiu seu capuz ser retirado com agressividade, o que foi um alivio, respirar era um grande alívio.
—Eu não tenho nada para vocês levarem, o que querem comigo? — Disse caindo em prantos.
A resposta que teve foi um safanão de um dos homens, e gritos para olhar para baixo. Ordens estas que seguiu sem pestanejar. Foi empurrado para um cômodo, a iluminação do ambiente era precária. Foi colocado de costas para a parede e logo ouviu uma voz masculina, cheia de sotaques. Que o nervoso não o deixou perceber de onde era.
—Olha, a gente não vai te matar. Não, se você cooperar bonitinho com a gente.
—Eu faço tudo o que quiserem, só me deixem ir embora— Disse a vítima, soluçando.
—Bom, garoto. Se vira de vagar— Ordem obedecida— Certo, você já brincou de ator?
— Como? — Respondeu o sequestrado.
O homem que dava as ordens usava uma marcara do personagem do Vendetta, uma arma de grosso calibre. Um frio na espinha tomou conta da vítima.
—Você vai vestir uma roupa bem bonitinha, um dos meus amiguinhos ali vai dar um tapa no seu visual, e você vai falar umas palavrinhas com as câmeras. Vai voltar para o conforto do seu lar e esquecer que este triste incidente aconteceu, não falar nada com ninguém. E acredite, temos vários meios de descobrir se você não cooperou com gente.
—Faço o que vocês quiserem— Respondeu tentando manter a calma, como se isso fosse possível.
—Quer uma água? — Perguntou o bandido fingindo uma simpatia.
—Sim, quero.
— Raposa, traz uma água para o nosso amiguinho aqui.
Um outro homem se aproximou, com uma jaqueta e calça preta. Também usava o mesmo tipo de máscara, trazendo o liquido em cum copo de plástico. Todos os homens vestiam a mesma roupa, não tinha nada a mostra. Nenhuma tatuagem, cicatriz. Nada que ajudaria numa eventual identificação. Algo chamava atenção, todos tinham a mesma altura, o mesmo peso. A única coisa que se distinguia era a voz.
Um terceiro homem se aproximou com um pedaço de papel e entregou para o bandido, que arrastou a vítima até um cômodo.
— É o seguinte, você vai ler exatamente o que está aqui. E terá exatamente uma hora para decorar—Todos os homens saíram do cômodo, um bico de luz ficou aceso para que a vitima fizesse o que foi pedido.
No papel, uma escrita que lhe era completamente estranha. Um idioma que nunca tinha visto. Nada que lembrasse o inglês ou qualquer outro idioma que tivera contato antes. A vitima sentou encostado na parede e começou a falar em voz alta tudo aquilo que estava escrito. Tentando obedecer a todos os acentos e pontuações, e fez isso repetidamente. Dezena talvez dezenas de vezes o processo, até que o uso da cola não era mais preciso. E repassou tudo sem ajuda do papel. Era um texto longo, mas sua memória colaborou. Se levantou e continuou o ritual de repetição, mais algumas dezenas de vezes. E novamente não sabia quanto tempo havia se passado e nem se o prazo que lhe foi dado estava se esgotando. Só pedia para todas as forças do universo o ajudar em sua empreitada.
Viu a maçaneta da porta se movendo. Seu prazo havia se esgotado, mas não sabia ao certo se estava pronto.
— Pronto? —Foi logo dizendo o homem armado.
—Sim.
O criminoso o levou até um outro local, onde tinha um pau de arara com um terno bem cortado e bem passado pendurado. Ao canto uma mesa de maquiagem, e na mesa um Rolex dourado. Foi orientado a se sentar na cadeira, e um outro marginal se aproximou. E algo inusitado aconteceu, o bandido começou a cortar o cabelo da vitima com uma maquininha. Um corte elegante, fato inegável. Depois do corte, começou a maquia-lo. Uma maquiagem para tirar a palidez e o suor. Foi orientando a colocar o terno e o Rolex.
Foi encapuzado novamente empurrado mais alguns metros, quando liberto novamente do capuz o que pode ver, foi um ambiente de escritório elegante, uma mesa de vidro, ao fundo vários livros de contabilidade. Uma espada samurai e uma imagem em cerâmica de um dragão dourado da cultura oriental, dava um ar robusto e masculino ao ambiente, a iluminação era a cereja do bolo. Em outro canto do ambiente, aparelhos profissionais de gravação. A este momento com clareza, já percebia os planos dos bandidos. Eles queriam enviar um recado. Mas para quem? Qual motivo? O que estava escrito de fato naquele papel que foi obrigado a ler?
—Agora, você vai se sentar naquela poltrona em frente às câmeras. Falar tudo com calma e naturalidade tudo que decorou. Cruze as pernas, porte de homem rico.
—O que significa tudo isso?
—Quando tudo acabar a gente toma um café e eu te conto tudo. Pode deixar. Senta logo lá filho da puta—Gritou o bandido.
A vitima segui uaté o lugar onde foi designado.
— Olha, eu vou ser bonzinho com você. Você vai ter mais 10 minutinhos para ensaiar.
E assim o homem, respirou fundo e segui até a poltrona. Tentou falar o mais naturalmente possível tudo que havia decorado. E por algumas vezes olhava no papel para ver se tinha esquecido de dizer algo.
—Está pronto? —Perguntou o sujeito mascarado.
—Sim, tô pronto— Respondeu a vítima, tentando controlar a respiração
—Ok.
Em seguida, alguns outros homens se aproximaram. Ligaram com rapidez os equipamentos, testaram o áudio, alguns outros testes nas câmeras de vídeo e tudo parecia estar em ordem. Um dos sujeitos ajeitou o terno da vitima e o acomodou em uma pose ao melhor estilo Christian Grey. Foi orientado a soltar a postura.
—Tudo pronto, podemos começar—Disse um dos homens mascarados.
E assim foi feito, o texto foi dito para as câmeras e com a melhor desenvoltura possível. Um dos homens davas as coordenadas, tal como um diretor. A frente da vítima um teleprompter de comando e tinha as seguintes orientações: Passada de mão leve nas sobrancelhas, mão direita à 30° graus dos ombros e assim por diante.
Um dos homens retirou o pendrive de gravação e analisou as imagens quadro a quadro em um notebook. Uma conferida minuciosa e o veredicto.
—Parceiro, ficou perfeito. Temos quatro minutos de vídeo. O moço aí é o próprio Al Pacino. Vou precisar fazer poucas edições. Pode liberar ele.
As palavras soaram como um alívio, era como acordar de um pesadelo. Encapuzado novamente o rapaz foi empurrado até o cômodo onde tudo havia começado. Suas roupas devolvidas. Já sem o capuz se vestiu, mas o tempo sem o pano durou pouco. Foi empurrado de novo até a vam. Onde já sem o capuz novamente foi surpreendido com uma foto em um aparelho celular exibido por uns dos bandidos. A foto era de toda a família da vitima reunida em uma festa de aniversário. O que fez a vitima se dar conta, que para os bandidos para obter a foto invadiram a casa de sua família.
— Ta vendo isso aqui? A gente vai matar uma por uma dessas pessoas na sua frente se você disser nem que seja em sonhos isso para alguém. A gente tem acesso a todos os seus meios de comunicação, e-mails, celular, fixo. Teríamos acesso até do e-mail da sua vó se ela ainda fosse visa, se aquele maldito AVC em dezembro de 1998 não tivesse matado ela. Então agora, a gente vai te deixar exatamente onde a gente te encontrou. Você vai pegar a porr* de um taxi e voltar para a sua casa. Não tente meu camarada, não tente mesmo dar uma de engraçadinho. Nada, nem ninguém pode te ajudar. Ninguém vai ficar sabendo o que aconteceu aqui. Só finja que nada aconteceu e daqui alguns anos você vai rir disso tudo. Acho até que você devia investir na carreira de ator, você é muito bom nisso.
Fim do capítulo
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