—O que vocês sabem sobre a Senadora Alejandra? — Perguntou a agente Simons, entre risos na roda de policiais.

—Ela é filha de um empresário e senador falecido Dom Omar Neyman DellValle, o pai dela era um político muito influente e conhecido por combater sem cansar o tráfico mexicano. Ela é suspeita de algo, agente Simons?

—Não, de forma alguma. É só curiosidade, pode prosseguir com o que sabe.

—Bom, ela é casada a mais de 10 anos com Javiel Los Passos. Empresário conhecido em TIJUANA. Eles levam uma vida bem discreta, sempre são vistos juntos, aos beijos e sorridentes. Todos os anos eles passam férias de fim do ano na casa da família dele.

—É que me chamou atenção a quantidade de seguranças que cercavam os dois. Mas agora entendi —Me justifiquei.

—Ela bate de frente com a corja do tráfico mexicano, e isso é quase que uma sentença de morte. Com o pai dela não era diferente. A polícia federal até ofereceu segurança para a família 24 horas por dia, mas eles sempre recusaram para não gastar dinheiro público. Toda a segurança é particular, e todo salário dela como senadora, vai para uma ONG que ela criou para ajudar crianças carentes e a verba partidária ela investe nas policias distritais.

—Além de gostosa é filantropa. — Exclamou um jovem policial.

A noite seguiu e a conversa girou em torno dos DellValle, as histórias e lendas que cercavam aquela família. Quando a policial se deu conta, estava amanhecendo e toda a prosa foi se deu enquanto disputavam quem tomava mais shots de tequila. A policial ganhou 4 das 7 rodadas em que disputou, o clima era de fim de festa, alguns gatos pingados no salão e a cara dos garçons era a de quem queria expulsar os policiais a ponta pés. Músicas tradicionais mexicanas davam ritmo a noite agitada de bebedeira, as convenções foram aos poucos deixadas de lado. As gravatas tiradas, alguns botões de camisas abertos, o suor no rosto entregava o alto teor alcoólico que corria no sangue de todos. Os mexicanos tinham muito orgulho de suas tradições e cultura, o que deixava Melanie particularmente emocionada. Simons regressaria aos Estados Unidos com a certeza que aprendeu muita coisa com aquele povo.

Vencida pelo cansaço e bebedeira, Simons, foi para o seu apartamento, o seu carro seria entregue pela empresa responsável pelo estacionamento da festa, em prol de sua segurança resolveu regressar de taxi.

Ao chegar em casa o sol já se apresentava escaldante e sem o menor pudor em um domingo de ruas vazias. Chegou em casa e foi se desfazendo dos trajes. A mesa do computador chamou sua atenção. E já mais confortável ligou o aparelho, abriu o google. Digitou o nome Alejandra DellValle e noticias sobre ela disparam na tela em menos de 3 segundos (segundo o próprio google). Algumas noticias referente suas visitas na Ong em que presidia, leis que ajudou a sancionar no congresso.

Uma busca em seu perfil nas redes socias, descobriu que ela tinha uma conta privada, apenas para família e amigos como dizia na própria descrição, e a página pública. Onde divulgava seus feitos políticos. As fotos deste segundo mostravam ela sempre discursando com seus ternos bem cortados, maquiagem discreta, cabelos soltos. Tinha um ótimo gosto para se vestir. Um jeito empossado e contundente de falar.

Simons divagou vários minutos entre vídeos e fotos daquela mulher, e uma procura mais aprofundada descobriu que Alejandra também possuía perfil no Instagram. A ultima foto tirada a 13 horas atrás mostrava ela saindo do salão de beleza, já trajada na roupa que usava na festa. Em uma sequencia de três fotos, uma dela sozinha, outra com provavelmente o maquiador e uma terceira trocando caricias apaixonadas com o marido. As fotos marcavam na legenda os perfis de uma famosa designer de roupas, seu maquiador e o esposo.

Era nítido a boa assessoria que recebia, não se expunha demais, não se escondia demais, não se maquiava demais. Nada era demais, tudo nela era na medida certa, e não espantava os olhares masculinos que recebia. Muitos comentários positivos, que ela respondia vez ou outra em agradecimento. A primeira foto postada nesta rede era de 24.12.2016 trazia   a seguinte legenda: Que en este día en que conmemoramos el nacimiento del niño Jesús, nuestros corazones se llenan de esperanza, paz y amor al prójimo. Una feliz Navidad para todos los mexicanos.

A foto mostrava ela em uma mesa farta, algumas garrafas de vinho, o marido sentado ao seu lado e mais algumas pessoas brindando. A agente prosseguiu suas buscas. Mas uma foto da Senadora sentada à mesa de um restaurante meia luz, vestido preto aberto na lateral exibindo suas coxas e pés em um salto preto meia pata, fez com que abaixasse rapidamente a tela do notbook. Foi acometida de um pequeno ataque de pânico, uma sensação de falta de ar, formigamento nas pontas dos dedos das mãos. Seguido de um pensamento: As fotos de Alejandra traziam algo em comum...Um olhar sem brilho, sem vida. Não via alma por trás daquele olhar.

Era uma sensação muito ruim. Inegável o fato de Alejandra ser uma mulher extremamente atraente, inteligente, culta. Seus discursos no senado iam sempre de encontro as ideias conservadoras. Em defesa da família, suas morais e bons costumes. E isto sempre agradava muito seu imenso eleitorado. Os olhos da agente Simons já ardiam pelo sono, deixou seu corpo se levar e adormeceu.

                                                               ***

Dôssie Simons

Melanie Simons Briant, nascinda e criada na cidade de Nova York. Onde reside até hoje no endereço: West 57th Street, N/1.234.

Nascida em 24/06/1979, se formou aos 16 anos no ensino médio. Ganhou uma bolsa na faculdade da Pensylvânia e se formou em educação física. Regressou a NY e passou em primeiro lugar nas provas para policiais distritais, três anos mais tarde, em segundo lugar na prova do FBI. Onde trabalhou no núcleo de inteligência antiterrorista. De lá foi recrutada para o DEA, onde fez prisões importantes em especial no ano de 2009. Prendeu Filipe Moncada, conhecido traficante e cafetão de NY.

Em seus relatórios anuais de desempenho, sempre é elogiada pelo seu raciocínio lógico, agilidade nos manuseios de armas de qualquer calibre. Seus pontos negativos é o temperamento explosivo, e certa dificuldade em trabalhar em equipe.

Nunca foi casada, mas tem a vida amorosa agitada, em 2012 foi acusada de sair com um colega de trabalho casado. O fato foi abafado pelos envolvidos. Em 2013 começou um relacionamento com Leonardo Vettel, que dura até hoje. O casal já se separou algumas vezes, mas vira e mexe são vistos juntos.

Leonardo Vettel é um homem de 29 anos, viúvo e de vida bem tranquila e pacata. Nada de relevante foi encontrado sobre ele.

A agente Simons tem um bom relacionamento com os pais, os visita com bastante frequência. Seu pai é um senhor de 82 anos, ex bombeiro militar, sua mãe Marie Simons, ex professora da rede estadual de ensino, tem 70 anos, saúde fragilizada. Portadora de Alzaimer.

A agente possui 2 multas de trânsito, uma por excesso de velocidade e outra por ultrapassar o sinal vermelho.

Não responde a nenhum processo judicial, admirativo, bancário. Seus rendimentos anuais declarados em imposto de renda são do montante de 82 mil dólares. Bens declarados: Uma SUV subaru placa NYCT22, ano de 2012, um apartamento avaliado em 317 mil dólares.

Saldo bancário atual: 4.340 $ dólares. Bens compatíveis com seus rendimentos, bem como os bens do namorado e dos familiares mais próximos.

Não tem filho e nem se encontra em cadastro de fila para adoção, foi diagnosticada com câncer no útero aos 19 anos, tendo assim que fazer a retirada. O tratamento foi pago em parcelas, que duraram por cinco anos.

Anexos: Algumas reportagens, fotos de perfil das redes socias.

Fim do capítulo