Capítulo 71
-- Isso girls... Movimentem mais esse quadril, bora lá. -- O coreógrafo de voz altiva, mas um tanto afeminada, dizia e batia palmas em observação atenta as sete mulheres a sua frente, seguindo o ritmo da música, ou tentando. -- Su, querida, está atrasada, quero sincronismo. -- Advertiu a corrigindo. -- Vamos, vamos...
Susan revirou os olhos, mas sabia que ele estava certo, portanto, corrigiu-se.
-- Sam, meu amor, olhe para sua esposa, não para chão. -- Ele declarou sério e a morena levantou rapidamente a cabeça, mentalizando sem parar que, aquilo era por uma boa causa.
-- É por que ela não está aqui. -- Alexsandra disse rindo e todas riram.
-- Concentração! -- Ele gritou esbaforido para espanto delas, que, não ousaram discutir, mas riram. -- Sheilinha, querida, cadê os braços esticados? -- Indagou olhando-a em cobrança.
-- Porr*! -- Sheila proferiu em desgosto, mas sem parar seus movimentos. As demais riram de imediato. -- Mais que isso... só se eu deslocar o ombro. -- Falou cansada e as outras gargalharam, desde então, a coreografia desandou de vez.
-- Girls, girls, não. -- Ele disse ao vê-las pararem. -- Não parem, precisamos melhorar isso. -- Ele observou um tanto impaciente enquanto andava com uma mão na cintura e outra sobre a testa. -- Temos apenas cinco dias. -- Observou desgostoso com a performance, era deveras perfeccionista.
-- Ahh... um minutinho ai... Mister Cloud. -- Alexsandra pediu se jogando no chão cansada. -- Eu quero deixar claro aqui, a minha indignação. -- Falou levantando o dedo indicador. -- Não era isso que eu tinha em mente quando insisti nisso. -- Confessou e todas gargalharam em acordo.
-- Nem eu quando aceitei. -- Marina concordou a olhando. -- Ele é a bicha mais ditador que já vi. -- Sussurrou e Alexsandra riu, elas eram as únicas que estavam deitadas no piso liso de madeira bege.
-- Parabéns senhora idealizadora do plano. -- Samantha advertiu dando um leve chute na irmã.
-- Vai me agradecer de joelhos depois. -- Alexsandra proferiu olhando-a rindo. -- E vou cobrar. Haha! -- Proferiu.
-- Bora lá, girls! -- “Mister Cloud”, apelido herdado de Alexsandra, disse batendo palmas agitadas. -- Do começo...
-- Ohh! Isso me irrita. -- Marina confessou levantando.
-- Nem me diga. -- Caroline que a ouviu, concordou.
-- Ai eu preciso de um descanso! -- Samantha proferiu para si mesmo, estava cansada de todos aqueles momentos pré-casamento, casar dava muito trabalho pensou e riu sozinha enquanto se posicionava para reiniciar a dança, mas pensaria em algo, suspirou iniciando os passos.
-- 3, 4, Isso... -- Ele incentiva. -- Girou... Andou agora... Mari? -- Ele disse parando o som. -- Não corra meu bem, quero passos com elegância e sensualidade. -- Ele demonstrou. -- Naná. -- Ele olhou Nádia. -- Não tão devagar, meu bem, siga a batida... De novo. -- E o som iniciou...
Os passos não eram exatamente complexos, pelo contrário. Mas o fanatismo do homem coreógrafo era buscar o sincronismo perfeito e a perfeição de forma geral e isso fazia com que elas repetissem e repetissem até está ao gosto dele.
* * * *
-- Bom dia, bom dia, hora de acordar. -- Samantha proferiu de forma animada abrindo a cortina do quarto, após isso, olhou Amanda que, sentava na cama rapidamente, depois de ser acordada daquela forma intempestiva e atípica.
-- Eu perdi alguma coisa? -- Amanda indagou esfregando os olhos ainda sonolenta.
-- Não. -- Samantha sorriu. -- Mas vamos perder se você não levantar logo. -- Ela disse sentando na cama animada.
-- Cadê a minha noiva carinhosa que me acorda com beijinhos amorosos? -- Amanda indagou e fez um bico contrariado.
Samantha sorriu e a beijou com todo carinho naquele momento. -- Bom dia meu amor. -- Desejou e iniciou beijos pelo rosto e pescoço dela. -- Ela está aqui, só que mais animada. -- Confessou e a olhou sorrindo.
-- Eu diria animada até demais. -- Amanda sorriu em observação, ainda estava tentando entender aquela reação da morena que, riu. -- Vamos perder o quê? -- Ela indagou curiosa.
-- Não vamos perder nada, levante. -- Samantha retirou as cobertas de cima dela e a puxou com cuidado.
-- Meu Deus, que animação é essa? -- A advogada notou a olhando. -- O que você está aprontando? -- Perguntou vendo as vestimentas de Samantha, esta, usava uma regata, calça jeans com rasgadinhos nas coxas, casaco amarrado na cintura e tênis, sorriu a achando sexy.
-- Já andou de trem?
-- Já, mas... Por quê? -- Amanda indagou curiosa.
-- Aqui?
-- Aqui não...
-- Exato, nem eu, sendo assim, hoje vamos andar. -- Samantha afirmou e sorriu com a cara surpresa da noiva, a abraçou lhe fazendo um carinho. -- Faremos um passeio hoje, só nós duas, sem nada nem ninguém para se preocupar, precisamos relaxar um pouco. -- Admitiu.
Amanda sorriu adorando aquela ideia, nos últimos dias tudo que fizeram foi em prol do casamento, quase sem dedicação a elas como um casal, no entanto, estava com receio de sair sabendo que talvez, vez ou outra precisasse resolver qualquer detalhe sobre o casamente ou festa, e afins...
-- E se...
-- Não, nem pense. -- Samantha a calou rapidamente. -- Já liguei pra todos avisando de nossa ausência por hoje, qualquer imprevisto, sua mãe, a minha e as meninas vão resolver, já estão cientes. -- Samantha avisou e sorriu.
-- Então nada de desculpas!? -- Amanda notou e sorriu já entrando no clima também.
-- Humhum. -- A morena negou em resposta. -- Nenhuma mesmo! -- Insistiu sorrindo.
-- Para aonde vamos? -- Indagou.
-- Surpresa. -- Samantha disse e a beijou com amor. -- Agora cuide. -- Informou a soltando.
-- Tá bom. -- Amanda disse já correndo para o banheiro, não ousou a contrariar.
-- Roupas e sapato confortáveis. -- Samantha avisou em um grito a vendo sumir de sua visão.
A advogada não tardou em se arrumar e ao não ver a morena no quarto, desceu a encontrando na cozinha junto com Cida, ambas mexendo em um mochila.
-- Olha ai. -- Samantha sorriu assim que a viu. Amanda havia optado pelas mesmas características de roupa que a médica.
-- Bom dia, Cida. -- Amanda disse lhe dando um beijo no rosto.
-- Bom dia, querida. -- A mulher lhe sorriu.
-- O que temos ai? -- Amanda indagou se referindo a bolsa.
-- Uma rama de protetor solar, pomares e barragens. -- Samantha avisou rindo.
-- Claro, e se tiver sol demais? -- Cida questionou toda preocupada. -- Se tiverem fome, cede? -- Observou. -- Isso ai ainda tá pouco. -- Advertiu. -- E podem sentar, as duas, e tomarem café antes de saírem, principalmente você, Amanda. -- Avisou em ordem.
Amanda e Samantha olharam-se e riram cumplices, não adiantava discutir com a mulher, então, sentaram-se em obediência e, somente depois do reforçado café da manhã, elas saíram com destino ao lugar onde começaria o passeio.
-- Ai eu não acredito, Sam. -- Amanda proferiu com um sorriso alegre, assim que chegaram na estação Rodoferroviária. -- É para Morretes? -- Indagou já em certeza.
-- Gostou? -- A morena questionou a olhando também em um belo sorriso. Segurava a mão dela em carinho e cuidado.
-- Eu amei! -- Amanda afirmou em sinceridade. -- Sempre quis fazer isso, mas nunca tive tempo. -- Falou de fato adorando a ideia. A abraçou grata, a morena em meio a uma confusão de afazeres, conseguiu separar um momento para elas e não tinha dúvidas que seria maravilhoso. -- Ah tem uma coisa. -- Amanda lembrou em desânimo. -- Talvez eu vá enjoar, amor. -- Falou a olhando.
-- Não com esse remédio aqui. -- Samantha disse enfiando a mão no bolso e retirando uma pequena cartela de comprimidos. -- E não vai te dar sono. -- Informou em um sorriso. -- E não se preocupe, a Elisa me apoiou quanto a ele. -- Assegurou.
-- Ai eu sou a mulher mais sortuda desse universo. -- Amanda disse pulando nos braços da morena em euforia.
-- Está pronta? -- Samantha sorriu.
-- Prontíssima. -- Amanda disse e lhe deu um selinho demorado.
-- Vamos?
-- Ei espera ai. -- Amanda disse fazendo a morena virar de costa. -- Precisamos registar algumas coisas. -- Falou mostrando a câmera pega na mochila que Samantha tinha na costa. Em seguida puxou a noiva a fazendo colar o rosto dela no seu, e entre risos e sorrisos elas tiraram várias fotos. -- Agora vamos que estamos parecendo duas adolescentes. -- Amanda disse puxando a morena, ao perceber que já estavam chamando a atenção.
-- Essa é a ideia. -- Samantha disse e ambas gargalharam.
De mãos dadas e sorrisos alegres elas embarcaram no transporte de aparência rústica para uma viagem cheia de belezas naturais deslumbrantes, acompanhadas do amor e felicidade. Já estavam sentadas em carinhos e conversas corriqueiras quando o som peculiar da máquina anunciava o início da viagem. Aquele dia era somente para, elas dedicação uma a outra em um passeio diferente, no rosto um sorriso feliz pelo momento e nos corações e almas, sonhos para um futuro cheio deles juntas.
* * * *
-- Vou nessa pessoal. -- Natelly avisou pegando sua bolsa assim que leu uma mensagem no celular.
Após a aula ela e vários amigos ficavam sentados na praça em frente à escola e naquele dia ela estava à espera de seu namorado, que prometeu almoçarem juntos.
-- Ah não, Naty! Fica mais um pouco. -- Uma colega pediu.
-- Não dá. O Nick já tá me esperando. -- Ela avisou. -- Tchau.
-- Ei? -- Um amigo a chamou. -- Vamos a praia mais tarde, toda galera vai. -- Ele avisou e sorriu.
-- Não sei... Mas manda mensagem. -- Ela sorriu e andou até o carro de Nicolás ali perto.
-- Oi amor. -- Ele deu um sorriso rápido a recebendo com um beijo nos lábios.
-- Aonde vamos? -- Ela questionou enquanto observava ele sair com o carro.
-- Então... -- Ele proferiu a olhando rápido. -- Não vou poder, tenho um trabalho pra terminar, só vou te deixar em casa, desculpa. -- Disse sentido.
-- Ah não Nick, de novo!? -- Natelly proferiu chateada. -- Terceira vez que você faz isso, só essa semana. -- Lembrou abalando a cabeça negação. -- Se não ia poder devia ter me avisado que eu tinha ficado mais com os meninos. -- Disse o olhando aborrecida.
-- Desculpa Naty, mas estou cheio de trabalho, não posso simplesmente deixar pra lá e curtir a vida como você e seus amigos. -- Ele advertiu também irritado.
-- Aff, falou o homem trabalhador e dono de si. -- Ela disse gesticulando em evidente revolta o encarou seria. -- Pra sua informação eu também tenho as minhas responsabilidades, Nick, posso não está enfiada num terno e gravata e ter que bater ponto todo dia em um escritório e ter que ficar lá até Deus sabe a hora, mas minha vida não é só praia, sol e roupa lavada não. -- Afirmou já em tom mais alto e desviou o olhar em raiva e impaciência.
-- Convenhamos né? A sua vida sempre foi bem mais fácil que a minha. -- Ele pronunciou e riu fraco pensando naquilo.
-- Não tô acreditando nisso. -- Natelly sorriu em desgosto. -- Não sei por que, mas eu sentia que algum dia você ia querer jogar isso na minha cara. -- Ela confessou.
-- Desculpa amor. -- Ele pediu arrependido, enquanto revezava sua atenção no trânsito e Natelly. -- Eu não quis dizer isso, não mesmo, não sei o que me deu, é esse estresse do trabalho. -- Alegou. -- Desculpa. -- Insistiu a olhando.
-- Tá, só me deixa em casa e volta pro seu trabalho. -- Ela, já bastante magoada, disse e passou a encarar o trânsito através da janela do carro em pensamentos. Nicolas sempre fora carinhoso e atencioso, mas há alguns dias estava trabalhando demais, sempre cansado e sem tempo para ela, ao menos o tempo que esperava dele para com ela. Gostava muito dele, muito mesmo, mas embora não quisesse acreditar, sentia falta de como eram antes e até mesmo de como a sua vida era antes dele surgir nela, por mais que os problemas existissem, os momentos com seus amigos, agora mais escarço a acalmava, a deixava mais leve, mais alegre e descontraída da tensão diária de tudo. Ao contrário do que esperava, o seu namoro estava tomando um rumo diferente do que presumira de início, suspirou...
-- Ei? -- Ele quebrou o silêncio constrangedor entre eles lhe segurando uma das mãos. -- Me perdoe, meu amor. -- Ele insistiu e a viu olhá-lo, estava muito chateada e ele sabia daquilo. -- Um jantar hoje, hum? Você escolhe o lugar. -- Ele sugeriu e sorriu. -- Um cinema? Faço qualquer coisa pra você desfazer essa carinha. -- Ele levou sua mão até o rosto dela que, logo o deteve e desviou o olhar, inexplicavelmente não havia gostado do toque naquele momento.
-- Hoje não, tenho que fazer minha mala, viajo amanhã. -- Ela avisou sem ao menos olhá-lo, estava deveras magoada. -- Você vai? -- Ela indagou, encarando-o, na esperança de que ele não falharia naquilo.
Como havia combinado com sua mãe, Natelly viajaria na quarta para passar alguns dias com ela e se Nicolás fosse ao casamento viajaria no sábado ou mesmo no domingo e voltariam juntos.
-- Sobre isso... -- Ele proferiu e a olhou desconcertado.
-- Nem termina. -- Natelly o interrompeu sentindo a sua irritação só aumentar ao ver que ele já tinha desculpa e/ou compromisso e que ela não fazia parte deles. -- Você não vai. -- Constatou voltando a encara o nada pela janela do carro.
Ultimamente eles estavam assim, ele assumia compromissos com ela e na hora os trocava pelos os de trabalho, uma hora por que não sabia dizer não, outra hora por que o chefe ordenava, dentre tantas outras explicações... Ela estava cansada de sempre ter que esperar por ele, por sua atenção e companhia, por alguma mensagem de carinho e amor que raramente chegava, ele não tinham tempo para eles. E tudo aquilo estava a consumindo de tal forma que, permanecia tirando a sua paz, sua felicidade e cuidados consigo mesmo. Não sentia mais a mesma segurança na relação deles, não sentia a mesma felicidade, observou já tendo lágrimas nos olhos e sem suportar segurá-las as deixou cair silenciosas.
-- Amor? -- Ele chamou preocupado ao vê-la chorar. -- Não, Naty, não chora amor. -- Ele pediu culpado revezando a atenção entre o trânsito e ela. -- Não faz isso princesa, não suporto te ver triste. -- Ele disse pegando a mão dela em carinho.
Natelly fechou os olhos os apertando forte, as lágrimas sempre insistindo em caírem, apertou a mão macia dele na sua, sentido o calor dela, embora gostasse tanto dele, e quisesse que o amor desse certo, não dependia somente dela. Doía admitir que não estava feliz, fato que vinha há dias pensando, notando, adiando, mas não havia mais alternativas, nem forças, nem segurança, não conseguia ver um futuro feliz entre eles, não daquela forma.
-- Fala comigo. -- Ele pediu agoniado com o silêncio dela, tanto que havia estacionado o carro.
-- Eu deixei de viver a minha vida, pra tentar me encaixar na sua, Nick. -- Ela disse pela primeira vez notando que era exatamente o que vinha fazendo aqueles meses, o encarou. -- Eu passei a viver sempre a sua espera, para um almoço, para um cinema, para um passeio, para qualquer coisa, sempre foi assim. -- Ela advertiu agora sentindo raiva de si mesmo por aquilo. -- E a maioria de nossos encontros de uns dias pra cá você desmarcou, por isso e por aquilo, não dá mais, não quero viver em prol de você ou em expectativa da atenção que você não me dá mais. -- Ela confessou, e embora a tristeza fosse grande, sentiu um certo alivio em expor seus reais sentimentos.
-- Eu posso mudar amor, podemos pensar em meios que seja bom pra nós dois. -- Ele disse com medo. -- Por favor, não desiste da gente, vamos dá um jeito. -- Ele falou a olhando nos olhos, sentindo raiva de si mesmo por ter a decepcionado tanto.
-- Tipo o que, Nick? -- Ela riu nervosa e entre lágrimas.
-- Sei lá. -- Ele estava aflito. -- Podemos ir nos lugares que você gosta, praia, shopping, pizzaria... -- Ele disse pela primeira vez pensando que nunca fizeram algo que ela gostasse e se culpava por isso. -- A gente ver amor.
-- Você diz essas coisas, mas nem você acredita nelas, Nick. -- Natelly disse o fazendo refletir. -- No fundo você sabe que eu tenho razão, essas coisas não vão acontecer e se acontecer um de nós vai estar infeliz. -- Declarou em explicação do que achava. -- Minha mãe estava certa. -- Ela sorriu fraco em constatação.
-- Está se deixando levar pelo que ela fala!?
-- Não! -- Ela negou de pronto o olhando. -- Eu estava vivendo e acabei de constatar, Nick, exatamente aqui e agora. -- Advertiu secando as lágrimas. -- Eu não estava vivendo a minha vida, estava vivendo pra você, e esquecendo da minha, do que gosto, como gosto, não saio mais pra onde quero. -- Informou em tom decidido. -- Quando você marca algo, eu só consigo ficar preocupada e angustiada pensando se você vai cumprir mesmo. Meus dias passaram a ser em expectativa de uma mensagem sua, um carinho, atenção, ou seja, eu não estou conseguindo ter paz e isso está... -- Ela respirou cansada. -- Não está dando, não mesmo. -- Finalizou em tom brando e sentido. -- Como você mesmo disse, somos de mundos diferentes.
-- Eu estava errado Naty, não quis dizer aquilo.
-- Não me refiro a condição financeira, pelo menos não só a isso. -- Ela avisou. -- Me refiro ao mundo de ideias e ideais que nos separam, entende!?. -- O olhava nos olhos, via neles a também dor que ele sentia, estava sendo difícil para ambos.
-- Entendo. -- Ele concordou sincero abaixando a cabeça. -- Como vai ser? É o fim? -- Indagou sem a olhar, estava aflito com aquela ideia.
-- Nós sabemos que é o certo a ser feito. -- Natelly pronunciou.
-- Mas e se não for? -- Ele a olhou preocupado ainda na esperança dela mudar de ideia.
-- Consegue ver alguma alternativa? -- Ela indagou sem esperança. -- Está disposto a dizer não para seus compromissos ou ao que gosta em prol da gente? -- Insistiu e ele ficou em silêncio. -- Foi o que pensei. -- Ela suspirou triste.
-- Naty...
-- Não, Nick! -- Ela o deteve. -- Você não respondeu minhas perguntas, sinal claro de que você sabe que não está disposto a mudar. -- Ela completou. -- De qualquer forma não adianta mais, é o fim, é o que temos para hoje. -- Ela forçou um sorriso tentando ser engraçada, ele retribuiu da mesma forma, mas ambos sabiam que estavam infelizes.
-- É... -- Foi somente o que ele conseguiu dizer, em seguida ligou o carro e o pôs em movimento. E o silêncio reinara por todo o percurso até o prédio onde Natelly morava. -- Eu posso te ligar?
Ela sorriu achando irônico. -- Melhor não. -- Avisou. -- Tchau, Nick. -- Disse abrindo a porta do carro.
-- Espera! -- Ele a deteve segurando sua mão e a viu o olhar em aguardo. Levou sua mão livre até o rosto dela e se aproximou mais. -- Tchau, Naty. -- Ele sorriu e a beijou na testa a deixando sair, talvez para nunca mais voltar, pensou sentindo os olhos embaçarem em pesar a assistindo se afastar, por sua culpa...
-- Toc, toc. -- Fabrício proferiu em pé na porta do quarto da filha, se aproximou e sentou na cama onde Natelly estava deitada, usando os fones de ouvido, mas logo os tirou. -- Mila me disse que você chegou chorando e agora vejo que parece ser sério. -- Ele falou a olhando calmo. Não era muito de conversar como sua filha, como Eloá, mas se esforçava para aquilo, muito mais depois da reviravolta na vida deles.
-- Não quero falar nada, pai. -- A jovem disse sem animação.
-- Olha não sou tão bom com as palavras como sua mãe... -- Ele sorriu. -- Mas talvez possa ajudar, se me dizer o porquê de estar triste. -- Avisou.
-- Obrigada pai, estou triste, mas não quero falar. -- Natelly avisou o encarando.
-- Por um acaso tem a ver com o Nicolas? -- Ele insistiu preocupado. -- Se ele te fez algo, eu...
-- Não, pai. -- Ela se antecipou ao ver ele se exaltar. -- Ele não fez nada. -- Advertiu.
-- Acho bom. -- Ele disse sério. -- Ainda acho que esse namoro é...
-- Pai o senhor prometeu não julgar mais. -- A jovem advertiu aborrecida. -- De qualquer forma, não importa mais. -- Confessou.
-- Por que diz isso? -- Fabrício questionou-a. -- Espera vocês não iam almoçar? -- Ele lembrou que a filha havia o avisado sobre aquilo.
Natelly suspirou relembrando aquele fato e sua tristeza só aumentara.
-- Nós terminamos, pai. -- Confessou.
-- Humm. -- Ele proferiu a olhando surpreso e em avaliação. Embora não soubesse conversar sobre os sentimentos amorosos da adolescência, e relacionamentos de forma geral, conhecia a filha o suficiente para ver que ela estava sofrendo com aquela realidade. -- Vem cá. -- Ele abriu os braços e a menina não tardou em se aconchegar ali. -- Vai passar meu amor. -- Ele disse crendo naquilo, em seguida, lhe beijou a cabeça. E assim ficaram por um tempo, Natelly não chorava mais, no entanto a tristeza ainda era muita, mas como o pai havia dito, ia passar, ela suspirou, precisava ter paciência. -- Você devia conversar com sua mãe. -- Ele sugeriu sabendo que ela precisava de conselhos, e ele não sabia fazer aquilo, sorriu ao vê-la rir após desfazer o contato. -- Liga pra ela. -- Disse mostrando o celular.
-- Farei isso, mas depois, agora ela está em um passeio, e a Sam deixou bem claro que só era para serem interrompidas se fosse o fim do mundo. -- Ela disse e eles riram espontâneos.
* * * *
-- Olha lá, amor, é lindo. -- Amanda disse apontando algo para a morena que olhou em sorriso. -- Tudo é lindo. -- Ela afirmou admirando a paisagem natural através da janela. -- Vendo isso tudo me lembra a fazenda, as vezes sinto falta. -- Confessou em saudade, mas não em nostalgia, pelo contrário, o sorriso era de alegria, olhou Samantha que estava a seu lado, com uma das mãos em sua cintura em um carinho. -- Eu estou adorando, amor. -- Ela declarou.
A médica abriu mais ainda o sorriso e lhe beijou os lábios. Nada além do amor uma pela outra e daquele momento juntas passava pelas mentes de ambas, e naquelas horas presenciando aquele percurso que, consideraram maravilhoso, tanto pela beleza quanto por estarem juntas, elas estavam aproveitando cada instante em carinho, amor, brincadeiras, alegrias e fotos, muitas fotos...
-- Quer comer uma fruta? -- Samantha questionou em lembrança após ter a namorada aconchegada em seu abraço.
-- Não amor, estou cheia. -- Amanda avisou, elas haviam comido a pouco tempo pela segunda vez aquele dia.
-- Só sei que se essas frutas voltarem pra casa a Cida vai ter um treco. -- Samantha disse para logo ambas gargalharem.
-- Porque não disse que teríamos comida à vontade? -- Indagou fazendo um carinho nos braços de Samantha a sua volta. Samantha a olhou um tanto séria e ela riu. -- Não adiantou. -- Constatou e por longos minutos elas ficaram em completo silêncio, mas sempre em carinho. -- Amor?
-- Hum? -- Samantha proferiu.
-- Acho que eu mudei de ideia. -- Amanda disse sem mais palavras.
-- Sobre a maçã? -- Samantha riu pensando nas frutas.
-- Não. -- Amanda negou também rindo, de fato aconteceu uma dualidade de assunto, lembrou saindo dos braços da noiva e ficando de frente para ela. -- Eu sei que havíamos combinado de fazer o teste só depois da lua de mel. -- Disse olhando os olhos morenos. -- Mas eu estou tão curiosa, muito mesmo. -- Sorriu.
Samantha a acompanhou no sorriso e também compartilhava daquela curiosidade, há dois dias elas já poderiam ter feito o primeiro teste para atestar ou não a gravidez, mas combinaram deixar para depois, no entanto, estava claro a ansiedade de ambas.
-- Podemos fazer se quiser. -- Samantha disse em um sorriso fazendo um carinho no rosto dela. -- Também estou curiosa. -- Alegou.
-- É... -- Amanda proferiu desviando rapidamente o olhar levando uma das mãos a nuca e coçando ali em certo receio, mas nos lábios um sorriso traquino se formou, voltou a olhar a morena. -- Sobre isso... Promete não ficar com raiva? -- Indagou mantendo o sorriso faceiro tentando não ficar nervosa.
Samantha ficou a encarando em surpresa pela pergunta, um pensamento lhe veio a sua mente.
-- Você fez o teste sozinha!? -- Samantha constatou a encarando em surpresa e descrença.
-- Fiz. -- Amanda afirmou. -- Me perdoa, me perdoa. -- Pediu rapidamente pegando com ambas as mãos o rosto de Samantha a fazendo olhar em seus olhos. -- Eu não sei o resultado. -- Confessou também de imediato, seu temor era que a morena ficasse com raiva ou com mais raiva por achar que ela já sabia.
Samantha suspirou tentando acalmar toda a irritação que estava querendo se formar diante de tal fato.
-- Eu sei que não tinha esse direito, eu sei, me desculpa por isso, mas me deixa explicar. -- Amanda falou totalmente ciente daquilo, aliviou a pressão das mãos no rosto de Samantha e suspirou aliviada ao vê-la com olhar e expressão brandos, continuou. -- Eu pensei nos prós e contra de uma surpresa que queria fazer a você. -- Sorriu sincera. Samantha que ainda tentava entende-la, também sorriu. -- Então eu implorei pra Elisa permitir meu teste sem a sua presença, ela não teve culpa, nem queria fazer, então, não fica com raiva dela, eu insisti muito, muito mesmo. -- Alertou a morena que acenou em entendimento. -- Então eu fiz o teste no mesmo dia que estava marcado. -- Amanda narrou a olhando. -- Mas me veio um arrependimento e culpa por ter feito ele sem você. -- Confessou em emoção, uma pequena lágrima caiu e Samantha a limpou em carinho e compreensão. -- E quando peguei o resultado eu não o abri, não seria justo com você, com a gente. -- Afirmou e sorriu entre lágrimas. -- Na minha mente eu olharia o resultado, se fosse positivo eu diria a você no nosso casamento, se não... -- Ela nem terminou a frase, ainda não saberia o que fazer diante daquele "contra". Após um suspiro ela abriu um bolso da mochila e retirou um pequeno envelope, com ele em mãos voltou a olhar Samantha, que estava surpresa com a cena, em que momento ela colocou aquilo ali? Pensava. -- E hoje você me acordou com esse passeio surpresa, no banho eu lembrei dele e resolvi pega-lo decidida a te contar a verdade, e depois que te contasse, decidiríamos juntas o que fazer. -- Confessou. -- Juro que não olhei, por mais que eu tenha o feito sozinha, coisa que me arrependo mesmo. -- Ressaltou sincera. -- Ambas continuamos sem saber nada do que tem aqui. -- Mostrou o papel ainda lacrado. -- Eu errei em ter feito sem você, por mais que tenha sido com a melhor das intenções, por isso quero que me perdoe, promete? -- Ela pediu em arrependimento sincero nas lágrimas que caiam, levou a mão tocando o rosto de Samantha em amor e ternura.
Samantha sorriu mediante o toque e palavras, seu amor por aquela mulher era tão grande, que nem se ousasse sentir raiva dela por ter feito o que fez, não conseguiria, tudo que seu coração conseguia sentir diante dela e dá intensão um tanto torta, era mais amor, por infinitos motivos.
-- Não vai me deixar mais por fora de nada? -- Samantha questionou.
-- Nem em sonho! -- Amanda afirmou.
-- Então está perdoada. -- Disse com um sorriso enxugando as lágrimas do rosto da noiva, em seguida beijou os locais sentindo o sabor salgado. A verdade era que em seu coração não havia nada para ser perdoado, pelo menos não depois de ouvi-la, se fosse ela, talvez pensasse da mesma forma.
-- Sendo assim vou jogar isso no lixo. -- Amanda sorriu levantando realmente com aquela intensão.
-- Ei ei ei. -- Samantha proferiu em agonia tomando da mesma forma o papel da mão de sua noiva. -- Tá doida? -- Saiu naturalmente tais palavras. Amanda a olhou e riu por tal atitude voltando a sentar ao lado dela. -- Nós vamos olhar! -- Samantha afirmou encarando o papel em suas mãos, sentindo um nervoso lhe subir as pernas e permanecer fixo na barriga.
-- Tem certeza? -- Amanda questionou também sentindo o nervosismo tomar conta de si.
Samantha a olhou, embora estivesse bastante ansiosa e nervosa ela queria muito fazer aquilo e aquele momento seria o mais adequado, era somente delas, pensou.
-- Você quer? -- Ela perguntou olhando Amanda e buscando a mão dela em apoio e carinho.
-- Eu quero. Mas com você, como tem que ser. -- Amanda advertiu e sorriu apertando a mão de Samantha presa na sua.
-- Assim será. -- A médica sorriu, em seguida levou ambas as mãos ao envelope, decidida e apreensiva ela o abriu, suspirou o encarando.
Amanda praticamente a imitava, ambas encaravam o lacre aberto. Samantha sem coragem de retirar o papel para ver o resultado e Amanda na espera de que ela o fizesse a qualquer instante. A morena a encarou mais uma vez, em resposta Amanda sorriu acenando a cabeça em acordo. Após isso Samantha levou a mão ao papel, mas somente isso, assim, Amanda levou sua mão a cintura de Samantha á abraçando em amor e, em incentivo guiou a sua outra mão até a mão da morena sobre o papel e, juntas, elas retiraram a folha, os olhares esperançosos e nervosos buscaram pelo que mais importava para elas e ambos os olhares sorriram em demasiada euforia ao verem a felicidade descrita em outra palavra, Amanda estava grávida.
-- Deu positivo! -- Samantha disse a olhando em um sorriso extasiado e agradecido.
-- Eu estou grávida! -- Foram as palavras de Amanda também maravilhada.
Samantha acenou a cabeça em acordo levando suas mãos ao rosto da mulher que tornará a sua vida a mais feliz de todas, recebendo dela ambas as mãos aflitas de alegria em sua nuca em um carinho terno, os olhares se encaravam nublados de emoção e alegria. -- Nosso bebê... -- Samantha já falou levando uma das mãos a barriga de Amanda, e após admirar ali, voltou a encarar os olhos mel, que assim como os seus, já deixavam as lágrimas caírem.
-- Sim meu amor, o nosso bebê. -- Amanda sorriu deixando a sua mão pousar sobre a da morena em seu ventre.
Na mente delas todos os pensamentos eram felizes, na certeza de que dali para frente elas seriam plenamente felizes. -- Eu te amo. -- Amanda sorria e chorava sem parar.
-- Te amo, te amo... -- Samantha alegou da mesma forma e a beijou com toda intensidade de amor que o momento e mulher mereciam. Amanda a recebeu naquele beijo com reciprocidade igualitária, seu coração pulsava em uma tremenda felicidade.
-- Você vai ser mãe, de novo. -- Amanda disse após o beijo, os olhos ainda fechados e as testas delas coladas em contemplação do amor.
-- É. -- Samantha disse abrindo os olhos parecia se dar conta daquilo naquele instante, sorriu arrebatada. -- Vamos ser mãe, eu vou ser mãe. -- Ela proferiu e de repente ela levantou na mesma constatação e euforia, olhou o papel sobre a mesa ali e o pegou. -- Eu vou ser mãe! -- Ela confessou em voz alta apontando o papel mas mãos e logo em seguida o que se ouviu foram palmas e parabéns das demais pessoas ali presente, ela sorriu e olhou Amanda que a assistia com um sorriso deveras encantador, voltou a sentar ao lado dela.
-- Obrigada por ser essa mulher tão maravilhosa. -- Amanda disse presenciando-a de todas as formas. -- Você é perfeita, Sam. Eu te amo. -- Assegurou perdidamente apaixonada deixando a sua mão acariciar o rosto feliz de Samantha que, sorriu e pegou a sua mão beijando a palma em ternura.
-- Eu quem agradeço muito a você por me fazer feliz, muito feliz. -- A morena afirmou sincera. -- Você me fez a mulher mais feliz hoje. -- Confessou sorrindo. -- Eu gostei da surpresa. -- Samantha disse lembrando.
Amanda sorriu feliz por aquilo, seu equívoco talvez não tenha sido tão errado assim, observou e a puxou lhe tomando os lábios em um delicioso e calmo beijo, elas estavam felizes, abundantemente felizes e era o que importava, mas sua promessa fora sincera, não faria mais nada sem a presença da morena. A começar por aquele dia que, estava sendo diferentemente especial, de forma leve e extrovertida elas aproveitaram as belezas da pequena cidade e o melhor, as atenções e companhia somente uma da outra, e o presente dia só se tornara ainda melhor com a descoberta da gravidez de Amanda, transformara as alegrias cotidianas em felicidades de um sonho se realizando.
-- Psiu? -- Amanda sorriu vendo o urso branco ser agitado a seu lado. -- Oi moça bonita. -- Ele continuou em agitação carinhosa.
-- Oi, coisa fofa. -- Ela disse sorrindo encarando-o em atenção contente.
-- Eu te amo, sabia? -- Ela sorriu, o pequeno brinquedo felpudo a seu lado era agitado sempre que a voz disfarçada atrás de si, se pronunciava.
-- Já!? -- Ela disse rindo. -- Mas eu nem te conheço. -- Advertiu.
-- Ah que gafe a minha. -- Ele se prontificou e Amanda riu. -- Muito prazer, eu sou o... -- Parou por um instante o que fez Amanda rir divertida. -- Que nome acha que eu tenho? -- Ela ouviu a voz risonha mediante a agitação do urso.
-- Samantinho. -- Amanda declarou tendo um sorriso zombeteiro nos lábios.
-- Ei!? -- Samantha disse agora em voz contrariada após ouvir aquilo.
Amanda riu e virou-se ficando de frente para a mulher mais alta que sorriu a recebendo em um abraço. -- Gostou? -- Mostrou o urso, bem no peito dele tinha um coração onde estava escrito eu te amo.
-- Amei, ele é lindo e fofo. -- Amanda sorriu o pegando e apertando-o em um abraço. -- Meu Samantinho. -- Afirmou a olhando em um sorriso.
-- É sério isso? Vai colocar meu nome? -- Samantha questionou arqueando a sobrancelha e viu a outra rir acenando que sim, sorriu em terno carinho, levando sua mão ao rosto dela. -- Muito cansada? -- Indagou já naquela certeza, estavam à espera do carro para voltarem para casa.
-- Um pouco. O passeio me fez andar demais. -- Confessou, mas em sorriso agradável. -- Mas eu amei, amo tudo com você. -- Afirmou recebendo um carinho no rosto enquanto apreciava a expressão amorosa de sua noiva.
-- A reciproca é verdadeira. -- Samantha declarou em um sorriso radiante.
-- E agora eu quero todas as frutas. -- Amanda avisou de fato sentindo fome e a morena riu alto.
-- E eu agora faço questão que coma todas. -- Samantha informou em um belo sorriso logo pondo um dos joelhos sobre o chão. -- Tem que alimentar nosso bebê. -- Ela disse encarando a barriga de Amanda com um deslumbrante sorriso.
Amanda a assistia embevecida, sentido as mãos da morena em sua cintura enquanto a mesma lhe beija a barriga com calma e ternura. Nenhuma delas se importava com alguns olhares curiosos sobre ambas, todo amor e carinho era somente entre elas e um novo ser tão ansiado.
-- Temos que ir bebê. -- Samantha afirmou dando um último beijo na barriga da namorada e se pôs de pé. -- Vamos? -- Sorriu.
-- Vamos. -- Amanda sorriu em acordo e ambas seguiram para o carro que já as aguardava.
* * * *
Era a primeira vez que pensava em se desfazer daquele objeto tão amado e tão sagrado para ela e para seu coração, único artefato material que fizera questão de guardar por anos, quase intocável, ela pensava enquanto admirava a delicada peça dourada em sua mão, tocou a medalhinha com a ponta do dedo indicador, sentindo a distinta elevação que formava a imagem idolatrada por muitos. Para ela, era um sentimento diferente, saudade e amor eram as emoções que a consumia naquele momento, sorriu e pegou a corrente entre os dedos a elevando bem à frente do rosto, ela brilhava mediante a luz daquela manhã. Aquele colar foi seu universo particular para se conectar as lembranças de seu passado e à pessoa mais especial que tivera em sua vida, ao menos até aquele momento, refletiu e olhou para o lado, sorriu admirando a mulher deitada de bruços ali, a amava, não tinha dúvidas, e a queria para sempre, com ela não tinha receio de oferecer seu coração ou aquela peça em suas mãos, tinha a certeza de que seria bem cuidados.
Pegou a caixa aveludada sobre a cama e guardou a joia, a pondo sobre o criado-mudo ao lado da cama, para logo debruçar sobre o corpo macio e cheiroso, distribuindo beijos pela pele quente em toda extensão da costa nua, sorriu ouvindo o fungado manhoso da outra e logo estava à encarar os olhos e sorriso sonolento dela.
-- Bom dia para a mulher mais linda desse mundo. -- Marina tinha um sorriso apaixonado no rosto.
-- Bom dia para a mulher que fica me iludindo. -- Marcela sorriu apalpando com ambas as mãos ao rosto da mulher sobre ela em um carinho.
-- Nada disso, digo a verdade e ela é absoluta. -- Marina afirmou e ambas sorriram emendando em um beijo.
-- Faz tempo que está acordada? -- Marcela indagou curiosa aproveitando os beijos em seu colo e pescoço.
-- Um pouco. -- Marina confessou sem parar o carinhoso. -- Estava pensando. -- Falou.
-- Em quê? -- Marcela perguntou acariciando a nuca e cabelos dela.
Marina a olhou nos olhos e sorriu, já estava decidida a fazer uma coisa, então sentou na cama puxando o lençol para cobrir o corpo, e em curiosidade e estranhamente Marcela a imitou.
-- Marcela, tudo que eu te falei até agora foi com absoluta sinceridade. -- Começou a olhando profundamente nos olhos. -- E serei da mesma forma agora. -- Completou e sentou-se mais próximo da loira levando sua mão ao rosto dela que, sorriu retribuindo o carinho, seu coração já palpitava no intuito de um pensamento. -- Todo esse tempo juntas, seja juntas como agora ou juntas distantes. -- Observou e sabia que Marcela a compreendia muito bem. -- Foram os mais felizes para mim, depois de muito tempo. E não quero mais esperar, na verdade não vejo mais motivos para esperar e dizer o que realmente sinto por você. -- Marina disse e sorriu, seu coração estava em pulos de emoção e ansiedade, e ele batia cheio de amor por aquela mulher ali na sua frente, a mais bela no mundo a seus olhos. -- Eu amo você, amo muito. -- Declarou com um encantado sorriso.
Marcela não conseguia esconder o brilho de lágrimas teimosa em seus olhos cheio de emoção, paixão, ternura, felicidade...
-- Eu te farei uma pergunta e não precisa responder agora, terá o seu tempo. -- Marina ressaltou sincera. Após isso ela pegou a caixa preta e abriu revelando a joia ali presente. -- Marcela Mezzomo, quero ser a sua namorada! -- Afirmou lindamente. -- Você quer ser a minha? -- Questionou.
Marcela levou a mão a boca em deslumbre e um sorriso emocionando se formou, sem dúvida a coisa mais linda, sincera e emocionante que escutou na vida. E achara a joia, de uma delicadeza terna e protetora, simplesmente perfeita, notou tocando a peça com as pontas dos dedos, sorriu agora com o rosto coberto pelas lágrimas que trilharam um singelo caminho silencioso, buscou Marina, esta, a olhava com um sorriso amoroso e apaixonante nos lábios, e então acrescentou. -- Independentemente de sua resposta, ele é seu, de amor e todo meu coração, quero que fique com ele. -- Marina afirmou agora em emoção, os olhos refletiam amor e felicidade entre o passado e o presente.
-- Deus do céu! -- Marcela disse abanando-se com ambas as mãos. Em meio a choros e risos, fitou o teto sobre elas, sentindo um calor sem explicações. -- Ai você não existe! -- Marcela falou contraditória pulando no corpo de Marina a abraçando efusivamente. Marina sorriu a recebendo no contato, a apertou contra seu corpo e fechou os olhos se permitindo a sentir o cheiro e o calor daquele abraço, e todas as sensações que aquela mulher lhe causava. Marcela aproveitava aquele amor lhe oferecido sem reservas, enquanto estava mergulhada em seus conflitos internos, ainda existentes, no entanto, fechou os olhos afastando seus medos e enfiou o rosto no pescoço de Marina a apertando um pouco mais, tinha certeza de que queria sentir aquele aroma, aquela pele, aquele calor e acima de tudo aquela sensação de segurança e aquele amor pelo o resto de sua vida.
-- Sim, sim, sim... -- Marcela disse e em sorrisos encerrou o abraço a olhando nos olhos. Marina abriu o seu mais belo sorriso, seu coração batia intensamente mais rápido em fervor daquela alegria, levou as mãos ao rosto de Marcela enxugando as lágrimas e a beijou calma e amorosa, agora na certeza de que tinham dado mais um passo naquele caminho chamado felicidade.
-- Posso? -- Marcela perguntou apontando o colar ainda guardado na caixa.
-- Vira deixa eu colocar. -- Marina pediu e foi obedecida de pronto por Marcela que, sorriu, retirando os cabelos de próximo do pescoço. Marina alegremente retirou a joia da caixa e a colocou em Marcela, esta, ficou admirando a imagem na medalha, nunca fora religiosa, mas sabia que aquela imagem era de algum santo.
-- É linda. -- Estava encantada.
-- É sim. -- Marina concordou lhe beijando o ombro e sorriu tendo Macela novamente de frente para ela. -- Proteção e amor eterno, é o significado dela. -- Declarou e a viu sorrir maravilhada.
-- Não sabia que era religiosa. -- Marcela observou.
-- Não sou, ao menos não mais. -- Suspirou. -- Quando criança eu adorava ir à igreja com minha avó, quando ela se foi, nunca mais fui. -- Confessou entre saudade e carinho.
-- Sinto muito. -- Marcela disse sentindo a leve tristeza de sua agora namorada, sorriu se dando conta daquilo.
-- Que foi? -- Marina questionou curiosa ao ver o sorriso lhe presenteado.
-- Você é minha namorada. -- Marcela disse em euforia e contentamento.
-- Parece que sim. -- Marina sorriu deslumbrada e sem esperar a loira literalmente pulou sobre ela e ambas caíram sobre a cama. -- Minha namorada. -- Disse lhe fazendo um carinho na nuca a beijando logo em seguida.
-- Marina? -- Marcela a chamou.
-- Hum? -- Marina proferiu sem parar com os beijos no pescoço da namorada.
-- Eu também amo você. -- Marcela revelou sentindo a necessidade daquilo, seu coração saltou em felicidade e ternura ao liberar aquela frase, o real sentimento que a consumia por inteiro, que as envolvia.
Marina a olhou de imediato, encarando os olhos que no piscar de instantes em que viu, sabia ser a sua perdição e seu porto seguro, mergulhou sem reservas naquela magia chamada reciprocidade. Elas se amavam e isso era o mais importante.
* * * *
-- Amor tem certeza que isso é normal? -- Susan questionou preocupada enquanto dava pulos na tentativa de fazer mais uma de suas calças jeans passar por seu quadril, mas, sem sucesso ela baixou a calça a jogando sobre as outras formando uma pequena pilha delas sobre a cama.
-- É sim meu amor, a médica falou, lembra? -- A ruiva disse voltando ao quarto com mais duas calças nas mãos. Fitou a esposa e riu, Susan estava com as mãos na cintura somente de blusa e calcinha encarando as peças que não entravam mais nela.
-- Amor eu já engordei quatro quilos. -- Avisou olhando a ruiva lhe estendendo uma calça. -- Quatro quilos! -- Enfatizou mostrando a mesma quantidade numérica nos dedos das mãos. -- Se eu continuar nesse ritmo aos noves meses vou estar com 180 quilos jogada na cama sem conseguir me levantar. -- Descreveu de forma dramática, mas realmente preocupada, no entanto o que conseguiu da ruiva foi uma gargalhada. -- Amor é sério. -- Susan advertiu, mas riu, querendo ou não era cômica a sua situação.
-- Eu sei meu amor. -- Júlia avisou realmente compadecida. -- Desculpa, mas você falou engraçado. -- Confessou a olhando sincera e cheia de amor.
-- E pra variar a gordura está indo toda pro meu traseiro sexy. -- Susan avisou empinando a bunda e a balançando de um lado a outro, o que fez novamente a esposa rir alto. -- Não rir. -- Ela disse também rindo e se jogou sentando na cama. -- Quero ver tu rir quando tiver que saciar meus apetitosos desejos em meio a toda essa camada de gordura que está se formando no meu corpo. -- Ela observou passeando a mão pelo ar em demonstração por toda extensão de seu corpo, suspirou fazendo um bico preocupado.
-- Se de fato acontecesse isso... -- Júlia falou sentando nas pernas da esposa que sorriu a recebendo em prazer. -- Eu te amarei da mesma forma. -- Ela afirmou a olhando nos olhos de forma verdadeira, sorriu acariciando a nuca de Susan. -- Cada quilinho a mais por todo esse corpo sexy. -- Disse guiando suas mãos para a bunda da esposa e a acariciando lentamente.
Susan sorriu maravilhada, sabia que aquelas palavras eram verdadeiras, o cuidado que Júlia tinha com ela e com o bebê delas era lindo, a cada dia amava mais a ruiva em seu colo, a abraçou solvendo os lábios dela em um beijo apaixonado.
-- Te amo minha ruiva.
-- Te amo muito mais. -- Júlia assegurou em um sorriso.
-- Ainda temos um problemão. -- Susan lembrou. -- Como vou trabalhar?
-- É simples. -- A ruiva disse fazendo um carinho no rosto dela. -- Não vai. -- Sorriu maliciosa.
-- Me dê motivos. -- Susan avisou em um sorriso igual ao da esposa.
-- Você não tem roupa. -- Júlia disse e gargalhou logo após.
-- Ah saliente. -- Susan disse a jogando na cama e levantou a deixando lá, rindo.
-- Amor? -- Júlia a chamou ainda rindo, e saiu da cama a seguindo para o closet.
-- Nada! -- Susan observou olhando as prateleiras.
-- Só os vestidos. -- Júlia falou, mas sabia que ela não faria aquilo.
-- Não vou de vestido. -- Se negou.
-- Eu odeio dizer isso, mas... -- Júlia começou em um riso.
-- Odeia nada, está louca pra dizer que eu sei. -- Susan a interrompeu já rindo em imaginação da frase.
-- Eu avisei! -- Júlia preferiu propositalmente e sorriu.
-- É eu mereci isso. -- A outra concordou com as mãos na cintura de forma conformada. Há dias Júlia a chamava para comprarem roupas mais adequadas a progressão de sua gravidez, mas ela sempre adiava e agora estava ali sem esta roupa. -- Ainda bem que o casamento da Sam já é depois de amanhã, caso contrário eu não ia entrar naquela roupa mais nem com reza braba como dizia minha avó. -- Ela disse apontando o dedo indicador para cima, expressão e reação que fez a ruiva rir mais uma vez. -- Isso se, eu não engordar mais uns três quilos até lá. -- Completou. -- Nunca vi. -- Disse com ar revoltado.
-- Ei!? -- Júlia proferiu a abraçando com carinho. -- Calma amor. -- Pediu serena. -- Você precisa relaxar, só isso. -- Alegou lhe tocando a costa em carícia.
-- Meu corpitio tá gordo. -- Ela proferiu fazendo novamente o bico e o drama.
Júlia sorriu achando adorável aquele jeito dela, em carinho ela distribuiu vários beijos pelo rosto de Susan, iniciando pelos lábios bicudo que retribuiu o beijo, em seguida, sorriu mediante o amor e atenção.
-- Seu corpitio está cada vez mais lindo. -- Júlia proferiu a olhando nos olhos, nos seus havia amor e desejo e assim a beijou mais intensamente.
Susan pensou que talvez só precisasse realmente relaxar, tinha tudo que mais amava bem ali, a amando sem medidas e sem reservas, então se permitiu a aproveitar.
Fim do capítulo
Oi lindas,
Mais um capítulo com um pouquinho de cada coisa. Eu sei, faltou Alex e Laila, então SORRY fãs deste casal. No entanto, elas viram somente no próximo capítulo e garanto que não vão se arrepender por esperar, acho eu né, aqui com meu otimismo gigante. Kkkk
Lindas, eu sei que parece que estou enrolando para terminar Duas Vidas..., mas não estou. Ou estou!? Kkkk Talvez no fundo esteja mesmo, kkkk Já estou com saudade dessa jornada que está chegando ao fim. Sério, a meu ver preciso fechar alguns ciclos, detalhes até clichês, mas que me parecem importantes ser abordados, então eu estou fazendo isso com calma, quero deixar tudo bem fechado, e assim, tudo que consigo notar que está faltando eu faço, espero que me entendam, certo!??
Grande beijo para vocês, até logo!
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Andreia
Em: 19/11/2020
Boa noite quero só vê o que vai sair desta despedida de solteiro que estás madrinhas doidas vai fazer.
Agora da dança deve ficar bonito.
Até que em fim nada a vê Natty com Nicolas não é preconceito mais ela muito legal p ele muito sem noção não tava nem aí p ela e nem p o namoro deles.
Como sempre perfeito o passeio das duas Amanda e Samantha e principalmente a notícia da gravidez.
Marina é muito fofa fez um pedido muito bonito a Marcela elas merecem serem felizes.
Júlia e Susan são lindas juntas muito amor das duas e combina muito uma com a outra são maravilhosas.
Bjs e abraços.
Olá Enny, não importa o tempo que demore pra postar, estarei te aguardanfo.
Gosto da forma como você desenvolve a história. Usa vários blocos e no momento certo esses blocos se encontram como uma teia. ??‘???‘???‘?
Continue nessa linha. Sou sua fã !
Bjs
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Mille
Em: 15/10/2018
Oi Ennys
Felicidade é sobrenome da Sam e Amanda e mais por estar próximo do casamento.
Marina dando um avanço na relação com a Marcela, fazendo a alegria das duas.
O namoro do Nicolas e Naty sem pressão foi para o espaço, foi bom enquanto durou e a Natty cansou de ser deixada em segundo plano talvez assim o paspalho melhor com o próximo relacionamento.
Susan preocupada com corpitio a ruiva se diverte com as noias dela.
Bjus e até o próximo capítulo
Espero que demore mesmo assim sempre teremos um capítulo desta linda história.
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