Capítulo 23
-- Amor? Você viu o meu tênis branco? – gritei do quarto – Não estou encontrando eles em lugar nenhum.
-- Está aqui princesa. – ela me respondeu da sala.
Suspirei. O que meu tênis estava fazendo largado lá na sala? Talvez eu tivesse os deixado lá quando chegamos de um passeio ontem à noite! Arg! Eu tinha que ser a pessoa mais atrapalhada, desorganizada e esquecida desse mundo. Como Adele me agüentava?
-- Amor fica calma, você ainda tem mais de três horas pra chegar ao aeroporto, dá tempo. Não fica tensa assim. – a loira diz entrando no quarto e me entregando o par de calçados.
-- Você não ta entendendo, quando a pessoa em questão sou eu, três horas é bem pouco. – disse sentando na cama e calçando os tênis – Até parece que ainda não me conhece. Como você me agüenta?
-- É porque eu te amo! – olhei para ela e vi aquele sorriso branquinho que me derretia inteira.
-- Eu também te amo. Você viu o meu carregador?
-- Já coloquei na mala.
Corri até o banheiro e peguei a pequena nécessaire que eu tinha arrumado na noite passada. Olhei-me no espelho e me dei conta de que nem o cabelo eu tinha escovado ainda. Ah que droga!
Corri para o quarto e revirei os lençóis da cama atrás da minha escova de cabelo. Desisti de procurar ali e fui até a cômoda ao lado do guarda roupas. Também não estava ali. Onde essa droga se enfiou?
-- Amor a minha escova sumiu.
-- Está na sua mão princesa.
Ela sorriu e eu bufei.
-- Se você fizer tudo com pressa assim, vai se atrapalhar ainda mais.
Dito isso ela sorri e me aponta os meus próprios pés. Olho para baixo e vejo que estou calçando o pé esquerdo do meu tênis branco, e no pé direito, não sei o porquê cargas d’água tem um tênis vermelho da Adele.
Consternada, me joguei na cama. Apoiei a os cotovelos no joelho, a cabeça entre as mãos. Adele sentou ao meu lado e puxou minha perna direita, a do tênis dela, para cima de seu colo. Gentilmente ela retirou esse, e me calçou com o certo.
Olhei pra ela embevecida pela imagem de tez serena. Aquele nariz afilado e aqueles lábios rosados eram uma harmonia perfeita. A loira sempre estava a zelar por mim, me tratava com carinho e com um cuidado extremo. Ela era fofa em cada gesto, cada atitude. Às vezes, quando eu estava nervosa, afoita, ela era a minha calma, a minha paz.
Sabe aquela história de que você vive procurando o outro lado da laranja, a sua cara metade? Eu não acreditava muito nisso, achava que não passava de balela, no entanto, desde que encontrei aquela inglesa eu tive a certeza de que encontrei a minha outra metade. Nada mais clichê ou piegas do que a frase que acabei de dizer, mas pra mim era bem real, bem claro.
Adele era o meu equilíbrio! O que faltava em mim, ela tinha, e que faltava nela, eu completava. Talvez fosse o meu olhar de mulher apaixonada, de alguém que subitamente se viu amando, mas tudo me levava a crer que éramos perfeitas uma para a outra.
-- Você é incrível, sabia? – falei enquanto a encarava com ternura.
-- Que nada meu amor. Vem amor, me dá aqui essa escova.
-- E ainda diz que não é incrível?
Não sei o que eu fiz para merecer uma pessoa assim, mas eu tinha muito a agradecer, muito mesmo!
Enquanto eu terminava de me arrumar Adele saiu do quarto para atender uma ligação. Antes de ela pegar o aparelho eu vi o nome do cliente dela estampado na tela do aparelho, aquele que andava tirando o seu sossego e a sua paz.
Pronto! Finalmente havia conseguido me arrumar. Encarei o relógio, ainda me restava mais de duas horas para chegar ao aeroporto. Do apartamento até lá, não levaríamos mais do que meia hora, e o fato de ser domingo, tornava o movimento e o trânsito ainda mais tranquilos.
Cheguei à sala a tempo de ver a inglesa bufar.
-- Tudo bem? – perguntei enlaçando sua cintura.
-- Sim. Só um contratempo, mas nada que eu não consiga contornar. Quer ir agora?
-- Na verdade, pensei em ficarmos uns 10 minutinhos aqui nesse sofá, juntinhas. O que acha?
-- Você sempre tem ideias maravilhosas!
Adele sentou e me puxou para sentar em seu colo. Eu sentiria muita falta daquele cheirinho dela, sentiria falta daquele calor gostoso que emanava dela. Sentiria falta dela todinha. Provavelmente eu teria dificuldades em ficar esse tempo fora. Era a primeira vez que ficávamos sem nos ver por tanto tempo. Uma semana era muito!
O dia anterior tiramos para nos curtir, fizemos vários programas juntas e quando retornamos ao apartamento nos agarramos ainda na sala. Adentramos a madrugada nos amando, mas sinto que isso não foi o suficiente, ainda sentirei saudade da minha loira. Já começava a sofrer por antecipação.
Ela me enchia de beijos, falava palavras carinhosas e repletas de amor em meu ouvido. Me apertava e cheirava meu pescoço. Mordia meus lábios e me roubava o fôlego com beijos mais profundos e quentes. Começava a cogitar a possibilidade de ficar. Aquele colo estava tão bom.
O percurso para o aeroporto realmente foi tranquilo e rapidamente chegamos. Antes de descer do carro chequei meu celular em busca da mensagem onde Gregório, assistente de Edson havia dado informações adicionais, como horário, onde nos encontraríamos e tudo mais.
Trocamos mais um beijo e eu quase arranquei os lábios da loira. Descemos do carro e caminhamos lado a lado para o saguão onde Gregório disse que a maioria já estava. Eu carregava a minha mala roxa de rodinhas e ela trazia no ombro a minha mochila.
Fizemos o meu check-in e nos aproximamos do lugar que a equipe já se encontrava. De longe avistei Gregório, Vilma, Edson, Cléo e para o meu mais completo desgosto, Bárbara. Rolei os olhos por prever o que provavelmente aconteceria durante essa semana. Estava cansada disso.
Por mensagem avisei que já estava no aeroporto e que estava por perto, esperando o voo ser chamado. Jamais trocaria a presença da minha loira para ficar acompanhada daquele par de pessoas que praticamente não conhecia. Tudo bem que eu trabalharia uma semana com eles, mas podia muito bem assumir o lado profissional apenas ao embarcar na aeronave.
Adele fez questão de fazermos um lanche numa cafeteria que ela disse que era ótima. Não havia coisa mais estranha do que uma inglesa que não gostava de chá, e sim de café. Nem bem terminei o meu cappuccino e o meu pão de queijo e a primeira chamada do voo ecoou pelo saguão.
Encarei a minha inglesa já sentindo a saudade tomar conta de meu coração, e olha que ela ainda estava ali, palpável e bem diante de mim.
-- Promete se cuidar? – perguntei.
-- Prometo amor. Você tem que se cuidar também, nada de perder os horários enquanto trabalha, tá certo?
-- Pode deixar. Ah, deixei muita comida preparada pra você na geladeira e freezer, é só levar ao micro-ondas. Sei que ainda é comida congelada, mas ao menos não é a lasanha que você vivia comendo.
-- Ah, não fale mal da minha lasanha, ela me manteve viva por sete anos.
-- Meu Deus! 7 anos comendo lasanha congelada.
Adele ficou séria e me puxou para junto de seu corpo.
-- Vou sentir sua falta minha princesa.
-- E eu amor. – senti minha garganta apertar – Prometo ligar todos os dias.
-- Se você não ligar, eu mesma ligo.
Nos beijamos mais uma vez ali mesmo, com várias pessoas desconhecidas nos olhando torto e esquisito. Que se danem! Comecei a me distanciar quando o voo foi chamado pela segunda vez.
Sentia meu coração comprimir dentro do peito. Pouco me importariam se me dissessem que era exagero. Que fosse! Não estava sendo uma coisa legal me distanciar dela, não mesmo.
Caminhei na direção do portão de embarque. Olhava para trás a cada passo que eu dava, e ela estava lá, acenando, me mandando beijos imaginários no ar, me acompanhando com o olhar azul molhado.
Suspirei quando entrei na aeronave. Caminhei na direção de minha poltrona. Cumprimentei o pessoal que já estava devidamente acomodados em suas poltronas mais à frente.
Sorri de orelha a orelha ao me dar conta de que havia dado a sorte de ficar do lado da janela. Mas o sorriso morreu instantaneamente, virando fumaça no momento certo que Bárbara sentou ao meu lado com os lábios tingidos de vermelho curvados em algo que mais se parecia com uma careta do que um sorriso.
-- Conseguiu o acento da janela hein?
Revirei os olhos e ignorei o que ela disse. Essa mulher não cansava de tentar me atacar? Que mal eu fiz para ela afinal? Virei o rosto na direção da janela e fingi que não era comigo que ela estava falando.
O avião começou a taxiar e a sensação incomoda que eu sempre sentia chegou, no entanto, com a minha visão periférica percebi que a mulher do lado parecia bem assustada com o momento inicial do voo. O medo era normal, mas eu não pude deixar de rir. Culpada!
Retirei meus fone de ouvido do bolso da calça e conectei em meu celular. Música era melhor do que aquela voz esganiçada e irritante. Me encostei contra a janela e fechei os olhos. Meus pensamentos forem preenchidos pela imagem da loira. Suspirei mais uma vez.
Minha mente correu solta e parou no dia em que nós duas nos desentendemos. Foi algo leve, mas que me deixou mal.
**********
Sexta-feira
Hoje em especial eu estava livre de aulas. Sai do trabalho e fui direto para casa, sozinha, já que Adele infelizmente teria uma reunião de última hora no escritório. Aquele cliente dela estava me dando nos nervos, que dirá ela.
Tinha acabado de entrar no apartamento, Sherlock ainda pulava em minhas pernas alegremente quando o meu celular tocou. Coloquei a bolsa e o notebook sobre o sofá e sentei, sendo acompanhada pelo cachorro peralta que se aproveitava quando a loira não estava para deitar justamente onde não podia.
Atendi o aparelho enquanto afagava a cabeça do cachorro.
Era Samanta que me ligava praticamente todo dia – desde que soube do que aconteceu na minha casa – para saber se a inglesa havia mudado de ideia e finalmente havia decidido denunciar meu irmão.
A inglesa fugia desse assunto, sempre que eu tentava conversar novamente sobre isso, ela desconversava, criava alguma ocupação e evitava falar sobre isso comigo. Eu não concordava com o fato de ela deixar pra lá, de deixar as coisas como estavam. O que Diego fez não tinha desculpa, e ele merecia ser punido por isso.
Tudo bem que ela era meu irmão, mas infelizmente ele agiu errado. No entanto, eu já havia desistido, tinha medo de Adele se irritar com a minha insistência, e aos poucos começava a aceitar que nada seria feito, e que ficaria por isso mesmo, sem nenhuma punição ou penalidade.
Samanta encerrou a ligação dizendo que ela e Roberta estavam saindo de casa e passariam no supermercado para comprar cervejas e em seguida estava vindo para cá. Por um lado a ideia me agradou, por outro, me deixou um pouco inquieta, porque conhecendo minha amiga como eu conhecia, sabia que ela tentaria convencer a loira a dar queixa.
Só tive tempo de tomar um banho e preparar alguns petiscos e logo a campainha tocou. As meninas chegaram sorridentes e animadas. Sherlock fez festa com elas, e as duas se encantaram. Ele era mesmo um charme!
Fomos para a enorme e arejada varanda e nos arrumamos por lá.
-- E então, como está a vida de casada? – Samanta perguntou.
-- Não estou casada, estou apenas passando uns dias no apartamento e na companhia da mulher que amo.
Dito isso as duas ficaram em polvorosa, começaram a assobiar e a dar gritinhos. Fizeram festa e zoaram com a minha cara o quanto podiam. Elas se cutucavam e apontavam na minha direção, rindo.
-- Vocês querem parar com isso? Não contei nenhuma piada.
-- Samanta e eu apostamos.
-- O que vocês apostaram?
-- Que você era mais uma sapatão clássica, e que logo depois dos primeiros encontros já estaria pensando em casamento e filhos.
-- Olha só quem fala! E repito, não estou casada.
-- Isso é só questão de tempo.
Ouvi o barulho da chave de Adele na porta e levantei em um pulo correndo para a sala para recebe-la. Ela carregava aquele semblante cansado, mas que ao me ver deu lugar a um enorme e sincero sorriso.
Pulei em seus braços e beijei seus lábios.
-- Que coisa mais gostosa ser recebida assim em casa. – ela diz me dando um selinho.
-- É?
-- Uhum.
-- Ownt que casal mais fofo.
Olhamos juntas para a porta da varanda e as duas cara de pau nos encaravam fazendo coraçõezinhos com as mãos. Patetas!
-- Temos visita amor. – falei com um sorriso culpado.
-- Tudo bem. – me deu um selinho e se dirigiu a elas – Se as donzelas me permitem, tomarei um banho e logo me juntarei a vocês.
-- A casa é sua meu bem. – disse Samanta.
-- Vai que eu tô sentindo a inhaca daqui. – Roberta brincou enquanto prendia o nariz com a ponta dos dedos, e como resposta, foi atingida por uma almofada que foi arremessada em sua direção.
Adele foi para o banho e eu voltei para a varanda. Já estava na minha segunda long neck quando a loira chegou exalando aquele cheiro maravilhoso. Vestia um short de algodão e uma camisa velha dos Beatles. As pernas longas e torneadas me prenderam, e só voltei para a conversa quando Samanta puxou meu rosto na direção contrária a que a inglesa estava. Sorri sem jeito.
Roberta estendeu uma cerveja na direção da amiga e esta aceitou de bom grado, dando um longo gole. O nível alcoólico começou a nos animar e a facilitar os mais variados assuntos. Até que Samanta começa.
-- Posso te fazer uma pergunta Adele?
-- Claro.
-- Por qual motivo decidiu se anular e não fazer nenhuma queixa contra o seu cunhado?
Ah o nível alcoolico, nem sempre ele era bom.
-- Não me anulei, apenas optei por aquilo que no momento julguei ser o melhor.
-- Melhor? Quantas mulheres você acha que tem por ai que omitem os fatos, deixam pra lá e depois pagam caro demais?
-- Não é o caso.
-- Como não? Qual é Adele? Como um cara te agride e você aceita de boa? Sinto muito, mas não concordo com o que você fez, e sinceramente você pode ter sido a primeira, mas diante do seu silêncio talvez você não seja a última. Já pensou nisso?
-- Você devia fazer a queixa amor.
Assim que fechei a boca Adele adentrou o apartamento como um raio, passando pela sala e se encaminhando para o quarto. Saiu me deixando abismada com a atitude e sem entender muito a razão daquilo. Roberta ao lado de Samanta recriminava o que a noiva acabara de fazer.
Roberta pediu desculpas e disse que já iriam para casa, que estava tarde e provavelmente a inglesa não estaria mais em clima de fazer sala para visitas. Tentei convencê-las a ficar, mas não tive êxito. Tomei mais um gole de minha cerveja e levantei para deixa-las na porta quando o Uber chegou.
Arrumei e limpei a varanda, tranquei todo o apartamento e passei apagando todas as luzes até chegar ao quarto. Ouvi o barulho do chuveiro. Sentei na cama para esperando que ela saísse, o que levou um tempo considerável para acontecer.
Quando saiu, vi que seus olhos estavam avermelhados e seus cabelos molhados – o que ela só fazia quando sentia dor de cabeça. Ela vestia seu pijama favorito.
-- O que foi que houve?
-- Não me senti bem. As meninas...
-- Elas já foram.
Silenciosa ela sentou em um lado da cama, distante de mim enquanto enxugava demoradamente seus cabelos com uma toalha. Pensei em me aproximar, mas julguei que ela queria espaço, portanto não o fiz.
-- Adele a Samanta está certa.
-- Eu não vou denunciar seu irmão. – ela disse baixo.
-- Por quê? Não vê que não tá certo isso? Ele te agrediu Adele, ele merece pagar pelos atos dele. Você passar a mão na cabeça dele não vai ajudar. – eu praticamente gritei.
Abruptamente ela se levanta e coloca diante de mim. Me encara nos olhos, os azuis estavam avermelhados e chorosos.
-- Eu não posso fazer isso Beatriz. Não posso ser acusada de mais uma vez destruir uma família. Eu coloquei meu irmão mais velho na cadeia pelo mesmo motivo, e quando ele saiu foi bem pior, não só pelas constantes ameaças, mas porque eu criei uma fissura na minha família. Tudo virou ódio, rancor e mágoa. Felicidade não é bem o que eu senti quando meu pai abandonou toda a sua vida, sua esposa e seus filhos na tentativa de me proteger. Eu – apontou o dedo para o peito – fui o pivô de tudo aquilo, eu fui a culpada da infelicidade do meu pai, porque só eu sei o quanto foi duro pra ele recomeçar deixado a mulher que ele amou para trás. Eu o vi chorar, e isso me cortou o coração.
-- Adele...
-- Eu não podia fazer isso com a sua mãe! Não sei o que vai ser de nós duas em um futuro próximo, eu quero muito que tenhamos realmente um belo futuro pela frente, mas não queria ser eu a causadora, ser eu a dividir essa família. Sua mãe não merecia. Não me sentiria bem de sentar à mesa com a sua mãe e vê-la triste, pensando no filho que se tornou um desgarrado. Eu não posso destruir mais uma família. – sua voz foi cortada pelo soluço dolorido – Não quero mais essa culpa em minhas costas Beatriz. Pode parecer besteira, mas pra mim não é. Se por acaso não déssemos certo, sua família continuaria dividida por uma pessoa que só esteve de passagem a arruinou tudo.
Levantei a abracei forte, prendendo-a em meus braços na tentativa de lhe passar algum conforto, algo que pudesse acalentá-la.
-- Eu sei o que eu deveria fazer, tenho consciência disso, mas eu não consigo, não vou conseguir.
-- Tudo bem meu amor.
Me vi no meio de um dilema. O certo realmente era punir meu irmão, mas eu tive a certeza de que não queria mais ver Adele naquele estado. Não podemos julgar o que se passa na cabeça e no coração de outra pessoa, só ela sabe, e eu não poderia de maneira nenhuma mensurar as dores e mágoas que ela colecionava.
Se meu irmão algum dia levantasse um único dedo para Adele, minha mãe ou até mesmo para mim, eu não pensaria duas vezes, o faria pagar. Reconheço o fundo de verdade em tudo o que a loira disse, mas errar pela segunda vez não é mais um erro, é uma escolha.
Ela se agarrou a meu corpo e repousou sua cabeça em meu ombro. A posição para ela não era muito confortável devido a diferença de altura, mas deixei que ela chorasse o que tinha pra chorar. Permanecemos de pé. Eu afagava suas costas e aos poucos sentia que seu corpo não era mais sacudido por soluços.
Ergui seu rosto e com a ponta dos dedos enxuguei os vestígios de lágrimas que ainda marcavam seu belo rosto.
-- Não vamos mais falar disso. Tá bom?
Ela assentiu e voltou a me agarrar.
-- E só mais uma coisa: se voltar a dizer que você está só de passagem na minha vida, eu te ponho de castigo por uma semana! Entendeu? Você não vai mais a lugar nenhum Adele Evans, seu lugar é aqui, na minha vida!
Ela deu um risinho e aquilo foi o suficiente para alegrar o meu coração que estava tão apertado por ver Adele tão frágil e magoada.
**********
Não quero ver aquele olhar nunca mais em minha vida, dela eu quero apenas sorrisos e olhares apaixonados. Prometi para mim mesma que eu faria de tudo para fazer aquela inglesa feliz, e sei que assim, eu estaria feliz.
Virei o rosto na direção da janela e a abri. As nuvens pareciam tão perto, tão palpável. Lembravam algodão, ou melhor ainda, algodão doce. Salivei só de pensar na guloseima, eu adorava aquilo.
Quando o avião pousou no aeroporto de Salvador já se passava de 20h da noite. Foram mais de quatro horas de voo, nada que possa ser considerado longo, mas garanto que ter aquela hiena do meu lado fazendo comentários nada proveitosos tornou o pequeno tempo em um martírio. Ow mulherzinha pra falar besteira, parecia que não tinha nada dentro da cabeça.
Gregório nos levou até o estacionamento onde uma van do evento nos esperava. Meu corpo pedia apenas por uma cama fofinha e confortável para uma boa noite de sono.
Sentei no último banco, e ao meu lado direito sentou Cléo – uma das fotógrafas – e do lado esquerdo, Edson. Quase fiz uma oração silenciosa para que tudo ocorresse bem, sem nenhum percalço. Graças a Deus ele estava bastante concentrado no tablet em sua mão e não tentou uma única vez puxar assunto comigo.
O trajeto até o hotel, local esse que receberia parte do evento, durou quase uma hora. Quando chegamos, Gregório mais uma vez tomou a dianteira, e antes de fazer o check-in com a recepcionista loira que nos sorria forçadamente, ele mesmo fez a divisão dos quartos.
Enquanto ele fazia a separação, eu cruzei os dedos pedindo para que o nome de Bárbara não fosse chamado junto ao meu. Duas pessoas do mesmo sex* por quarto, e para a minha sorte, Cléo seria a minha companheira durante essa semana.
Apresentamos nossos documentos e recebemos as chaves para os quartos.
Cléo era uma mulher discreta, que não falava muito e me parecia um tanto tímida. Na verdade, ela parecia mesmo uma garota, mais nova do que eu, talvez com os seus 20 anos recém completados. Ela era gentil e de voz mansa que geralmente sorria como resposta. Já havíamos jogado conversa fora na revista algumas vezes. Ela era uma legal, uma companhia agradável.
No quarto, decidimos qual cama cada uma ocuparia, e quem tomaria banho primeiro. Deixei que ela fosse na frente, e enquanto isso abri minha mala em busca de algo para dormir. Gregório até que propôs um jantar no restaurante do hotel, mas a maioria preferiu comer no quarto mesmo. Ainda bem!
Separei minha roupa e sentei na cama para mandar uma mensagem para Adele avisando que havia chegado no hotel e que logo mais ligaria.
Cléo deixou o banheiro vestindo um pijama de calças e mangas longas. Sorri. Ela era realmente tímida. O que será que ela pensaria quando me visse trajando um pijama de shortinho? Não era nada escandaloso, mas sei lá.
Tomei um banho quente e demorado. A água teve efeito relaxante em cada músculo de meu corpo. Sai do banheiro com a toalha em meu ombro, e impulsivamente olhei para Cléo que girou o rosto imediatamente. Ainda tive tempo de perceber que ela me encarou e que suas bochechas estavam coradas.
Nossas camas ficavam lado a lado com um espaço entre elas. Adiante, em um suporte na parede havia uma TV, que estava ligada em um canal onde passava uma comédia romântica que eu adorava “Esposa de mentirinha”.
Deitei e cobri parcialmente meu corpo enquanto assistia atentamente as cenas na tela. Ainda estava bem no início, e não precisou nem 10 minutos para que eu ouvisse Cléo ressonar na cama ao lado. Dormiu rapidinho, e nem comeu nada! – pensei.
Quando os créditos apareceram na tela resolvi pedir o meu jantar. Enquanto comia fiquei me perguntando se a loira já havia feito isso, se já havia jantado e o que estaria fazendo. Levantei para escovar os dentes e quando voltei a garota estava virada para a parede, de costas pra mim.
Achei que fazer uma ligação não seria conveniente e acabaria acordando a minha companheira, então optei por mandar mensagens no aplicativo.
Eu: Amor?
Adele: Oi princesa.
Eu: Não vou poder te ligar, a minha companheira de quarto já está dormindo, não quero acordá-la.
Adele: Tudo bem, não tem problema.
Eu: Você já jantou? Está tudo bem aí?
Adele: Estou devidamente alimentada! Comi uma comidinha maravilhosa que a minha mulher toda preocupada deixou prontinha pra mim. Aqui está tudo bem, não se preocupe. E você?
Eu: Já jantei. Comi aqui mesmo no quarto. Está deitada?
Adele: Estou.
E lá vem Adele com as benditas fotos. A loira estava deitada na cama, e para meu total desespero ela estava nua, nuazinha, sem nada cobrindo o seu corpo. Dei zoom em cada parte da foto, babando e morrendo de vontade de poder tocar.
Eu: Não brinca com fogo, amor!
Adele: Posso me queimar é?
Eu: Todinha!
Passamos mais algum tempo trocando mensagens e fotos provocativas - ainda bem que Cléo estava de costas – e nos despedimos quando já era madrugada. A loira acordaria cedo para o trabalho, e eu, para fazer o credenciamento com a empresa organizadora do evento.
Agarrei o segundo travesseiro que havia em minha cama sentindo falta do corpo quentinho que se colava ao meu durante a noite. O cansaço me fez dormir rapidamente.
Continua...
Fim do capítulo
Olá meninas! Voltei. A inspiração bateu!
Ah, atendendo também a um pedido da aniversariante Silvis Januario, e pela felicidade que todas vocês me fizeram sentir, segue um capítulozinho extra!
E vocês perceberam bem que eu sou carente, né? Sou mesmo, mas juro que também sou legalzinha. Obrigada as meninas que vieram comentar pela primeira vez, àquelas que começaram a lerhoje, e àquelas que acompanham a história desde o primeiro capítulo. Meu muito obrigada amores!
Nesse capítulo Adele tenta expor os motivos pelos quais ela não denunciou Diego. O que vocÊs acharam? Não a fiquem chateadas com ela, ele é fofinha *----*
Bia nem bem viajou e já está com saudade de Adele. Pode isso produção? Acontece né? A semana dela vai ser bem cheia, mas promete novidades.
Beijos e até o próximo!
Comentar este capítulo:
Renata Cassia
Em: 27/09/2018
Vem logo próximos capítulos ????????
Resposta do autor:
Olá Renata! Acho que demorei um pouquinho, mas voltei, e voltei com gás hahaha
Beijos amore, e até o próximo.
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Blume
Em: 27/09/2018
ola.
A Adele tem la as suas razoes, mas tambem nao tiro as razoes dos outros por querer parar algo que a cada dia esta se tornando muito grande, espero que tudo fique bem.
Amando cada capitulo.
Parabens
bjbj
Resposta do autor:
Olá Blume!
Pois é, a gente sabe bem que isso é algo sério, muito sério e que precisa de atenção, que não pode ser relevado facilmente. Porém, a gente entende um pouco os motivos de Adele, e torce para que a decisão dela não acarrete nenhum outro problema.
Obrigada pelo carinho amore! Continua acompanhando...
Beijos e até o próximo.
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cris05
Em: 26/09/2018
Gente, que delícia de história! Comecei a ler há dois dias e me apaixonei.
Que casal fofo. E as cenas hot? Jesus!
Autora, parabéns. Sua escrita é uma delícia.
Resposta do autor:
Olá Cris!
Fico tão contente quando leio comentários assim. Ai ai. Que bom que começou a ler e não parou mais, espero que continue.
Fofo né? Dá até vontade de guardar na caixinha! Nas cenas hot geralmente tenho dificuldades pra deixar a calcinha intacta. Pronto, confessei...
Obrigada pelo carinho pelo elogio amore! te espero aqui mais vezes.
Beijos e até o próximo.
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Raisa
Em: 26/09/2018
Adorei o capitulo extra, esse casal é inspirador demais. Isso pq a autora esta arente...nossa.rsss. Vc é demais. ????
Resposta do autor:
Olá Raisa! É um casal tão fofo, mas tão fofo...
Vamos nos inpirar nelas, né? Pois é, e é porque estava carente...
Ah, que nada, sou legalzinha.
Beijos amore!
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LeticiaFed
Em: 26/09/2018
Adele é uma fofa e tá tudo certo ;) Realmente da pra entender a dificuldade dela em denunciar o cunhado, embora todos achem que o certo seria ir à policia. Mas aguardemos o desenrolar. E esses nudes, aí?! Ui! hahaha
To gostando, atualização todo dia a gente aprova. Beijo autora carente!
Resposta do autor:
Essa Adele...
Dá pra compreender um pouco o que se passa na cabeça dela, são os motivos dela, mesmo que não sejam os melhores motivos.
Pois é, Adele é danada e adora provocar Beatriz. Um nudes sempre é um nudes, e se tratando da Adele então! Ui!
Beijos amore.
P.S.: Sou carente, muito carente e não nego hahaha
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Elizaross
Em: 26/09/2018
Cap. EXTRA....BOM DEMAIS!!!!
Que lindo essas duas!!!
Agora, entendi um pouco a Adele, mesmo assim ela deveria ter denunciado.
Que esse Edson, não pronte viu..
nervosa!!!
Resposta do autor:
Me comprometo a soltar mais Capítulos Extras com uma frequência maior. Pode ser?
Pois é, Adele tinha lá os seus motivos, dá até pra compreender um pouco, mas por outro lado a gente fica com um medinho de isso deixar o machão do Diego mais convencido de que pode agir como bem entender. Só que ele vai ver que literalmente o buraco é mais embaixo.
Agora esse Edson, menina...
Fica nervosa não, aguenta aí!
Beijos e até o próximo.
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Mandyletta
Em: 26/09/2018
Hahah e que inspiração hein autora! Continue boazinha assim que o nosso amor só aumenta aqui ksksk
Ah meu casal é lindo demais! Obrigada pelo capítulo extra! Bjs
Resposta do autor:
Bateu uma inspiração que você nem imagina kkkk. Pode deixar que eu vou me empenhar em ser uma autora boazinha, mas não deixem de me amar, quer dizer, de amar a história kkkk
Tão fofinhas essas duas! Amo! Não precisa agradecer amore, eu que agraceço pelo carinho, pelo comentário e por você acompanhar.
Beijos!
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Mis
Em: 26/09/2018
Oiê
Muito bom quando tem capítulo extra. Adoro essas duas, meu casal.
Entendi os motivos da Adele e espero que Diego não volte a aprontar, nem esse Edson pq elas são lindas demais gente.
Bjos autora
Resposta do autor:
Olá Mis!
Prometo soltar alguns extras com mais frequência. Combinado?
Eu também adoro esse casal, mas sei que sou suspeita, tudo bem. Talvez não sejam bons motivos, mas são os motivos dela. Diego vai ter o que merece em breve. Agora já Edson...
Beijos amore!
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preguicella
Em: 26/09/2018
Gosto de autoras boazinhas assim! Resolvi até sair da moita pra comentar! hahaha
Curtindo muito a história! E continue bem boazinha! hahaha
Bjão
Resposta do autor:
Olha ai que coisa boa!!! Que bom que saiu da moita, não volta pra lá, tá certo? kkkk
Espero que continue curtindo e acompanhando cada capítulo. E eu, como uma boa autora carente, não posso deixar de pedir que volte sempre. E pode deixar que eu vou continuar me empenhando em ser boazinha, prometo!
Beijão flor!
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Silvana Januario
Em: 26/09/2018
Olha eu aqui de novo!!!
Então, eu entendi os motivos da Adele em não denunciar o Diego, mas fico aliviada em saber que ele pagará pelo que fez e o que ainda fará.
Sobre o Edson, já sabemos que ele irá aprontar, e te digo mais: ou é com a Bia ou é com a Cléo. Espero que ele pague tbm por seua crimes.
Estou cada vez mais encontada com a história. E amei o capítulo em dedicatória à minha pessoa, agora o sorriso de orelha a orelha está por aqui hehehehehehehe
Bom, vi tbm que vc é uma autora muito carente, eu tbm sou hahahahaha, só não ando escrevendo ultimamente, então eu sou uma leitora carente, quase uma Maria do Bairro.
Espero que volte logo com maia um capítulo e peço desculpas peloa erros ortográficos, eu só leio e comento pelo celular.
Um beijo grande e obrigada mais uma vez :D
Resposta do autor:
Olá! Seja bem vinda mais uma vez, e todas as vezes que vier!
Ah ele vai pagar assim, aqui se faz e aqui se paga (minha mãe costuma dizer). Ele vai ter o que merece quando menos esperar.
Edson, esse é outro que tá merecendo pagar pelo que faz, não é não?
Que bom saber que tem gostado da história, e que amou ter "ganhado" um capítulo extra no dia do aniversário.
Pois então, sou muito carente mesmo, pense! E se você é carente também, bate aqui que a gente se entende. kkkkk. Gostei da leitora Maria do Bairro kkk.
Imagina, que erro que nada! Entendo bem da ajudinha que o nosso querido celular resolve nos dar de vez enquanto, se preocupe não.
Um beijo grande flor! E não precisa agradecer...
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