Esse capítulo será contado pelo POV da Adele.
Capítulo 20
...Adele...
Eu olhava aquele projeto de todos os prismas possíveis, e realmente não estava me agradando. Quando um cliente resolvia mudar o projeto em cima da hora geralmente era o que fazia o número de fios brancos que começavam a aparecer na minha cabeça aumentarem. Este sem sombra de dúvidas era um caso que faria aparecer pelo menos uns 10 fios brancos.
A gente planeja, cria e recria tudo ao gosto dele e da melhor forma possível, sem agredir solo e/ou a natureza ao redor e o cara me vem dizer que precisa derrubar mais algumas árvores no entorno dos pavilhões de loja para criar mais algumas vagas de estacionamento. Isso foi projetado, ele não precisava de nenhuma vaga a mais. Porém, Alice – a engenheira civil responsável por essa obra comigo – não havíamos conseguido convencê-lo do contrário.
Alice havia saído de minha sala há pouco tempo e eu fiquei responsável por encontrar alguma outra solução, algo em que não fosse preciso derrubar nenhuma árvore. Eu tinha a mais completa aversão a mudanças de planos dessa forma, eu era metódica e bastante organizada, e esse tipo de coisa não era do meu feitio. Me tirava do sério.
Já estava cansada de olhar as plantas baixas iniciais, de revirar o croqui de um lado para o outro. Mas que droga! Afastei tudo da minha frente e baixei a cabeça por alguns segundos sobre a mesa. Uma dor de cabeça já dava sinais.
O interfone de minha sala toca e eu não me dou ao trabalho de erguer a cabeça para atendê-lo, faço isso do modo como estava, levando o aparelho ao ouvido com uma enorme preguia. O expediente estava quase terminando e eu sabia bem que Carol, minha secretária não costumava passar ligações nesse período a não ser que fosse algo particular ou algo de extrema urgência.
-- Oi Carol. – falo com a voz abafada.
-- Adele a sua amiga está aqui fora e quer saber se você pode recebê-la.
-- Que amiga? – perguntei curiosa – Não estou esperando ninguém.
-- Ela comentou isso, mas deseja lhe falar. A senhorita Lívia afirma ser importante.
Lívia? O que ela estava fazendo aqui? Empertiguei-me na cadeira, vesti o blazer que eu havia tirado e assumindo uma postura séria autorizei a entrada da mulher. A frase “Polvo humano” saltou em minha mente e isso me arrancou um sorriso. Ah Bia!
-- Que bom te encontrar sorrindo. – Lívia diz ao entrar na minha sala.
-- Oi Lívia. Tudo bem? – indiquei a cadeira à frente de minha mesa para que ela se acomodasse.
-- Sim, tudo bem. Desculpa aparecer aqui sem avisar, sei que não é algo que costumamos fazer, mas agora que você está com aquela...aquela... – bufou – sei que será difícil te encontrar sozinha em qualquer outro lugar.
-- Sem problemas. O que deseja?
Lívia me olhava sem piscar ou emitir nenhum som, e assim permaneceu por algum tempo que eu não sei precisar. O silêncio, e a forma como ela me encarava, estava me deixando incomodada.
-- Lívia?
-- Você está mesmo com aquela mulher?
-- O nome dela é Ana Beatriz, e sim, eu estou com ela. Por que o interesse de repente? Nunca me perguntou algo sobre as mulheres que eu saia. Por que isso agora?
-- Porque dessa vez não me parece nada passageiro, parece sério e eu sinto como se estivesse te perdendo de vez.
-- Ainda não consigo compreender, mas vou lhe explicar. Dessa vez realmente é sério, eu me apaixonei por ela, não é nada que possa ser comparado aos casinhos que eu tinha. Com ela é diferente, muito diferente. E você não está me perdendo, porque pelo que eu me lembre, nós nunca tivemos nada.
-- Porque você é uma tola! – ela esbravejou e ficou de pé – Nunca percebeu o quanto eu gosto de você.
Arregalei os olhos, Bia tinha realmente razão. Nossa, estava tão visível assim e só eu não tive a delicadeza de perceber? Certo, Lívia era uma mulher bonita, mas nunca, nunca me chamou a atenção. Não a enxergava como uma opção para algum envolvimento além da amizade que mantínhamos. E nem era uma amizade, estava mais para coleguismo.
-- Nós somos amigas.
-- Eu sei! Você nunca me deixou nenhuma brecha. Mas como você deu uma chance para aquela mulher que mal conhece e não deu uma pra mim?
Ela caminhava à minha frente de um lado para o outro. Passava nervosamente as mãos nos cabelos os deixando-os levemente bagunçados.
-- O nome dela é Ana Beatriz, chame-a pelo nome. – suspirei me sentindo irritada – A gente não manda no coração Lívia. Aconteceu, eu me apaixonei.
-- Eu devo ser um lixo pra você nunca ter me notado.
Dito isso a mulher começa a chorar na minha frente. Me compadeci dela, eu não agüentava ver uma mulher chorar. Claro que me senti chateada por ela ter aquela idéia na cabeça, afinal era uma mulher linda, e não se tratava disso, apenas não rolou.
Levantei de minha cadeira e caminhei até ela. Com um toque em seu braço fiz com que ela me encarasse, e com um jeitinho a puxei para um abraço, tentando confortá-la. Ela se agarrou a mim e afundou o rosto em meu pescoço. Seu corpo era sacudido por dolorosos soluços e eu fazia carinho em suas costas, não sabia o que mais poderia fazer.
-- Eu sinto muito por isso, mas, por favor, não se menospreze, você é uma bela mulher Lívia. A gente realmente não pode mandar no coração.
-- Se não fosse ela, você me daria uma chance agora que você sabe o que eu sinto por você?
Fiquei em silêncio tentando processar a pergunta dela. Eu sabia que não, sabia que não olharia de outra forma para ela, nunca houve a menor possibilidade de um envolvimento mais íntimo. Se assim fosse, já teria acontecido, afinal, nos conhecemos desde que eu cheguei ao Brasil. Mas o que eu deveria dizer? Tive receio de dizer que não e isso destruir ainda mais a auto estima que já estava abalada.
-- Lívia eu...
-- Por favor, responde.
-- Eu não sei. Não tem como prever isso. Você sabe que eu era uma mulher de casinhos, não me envolvia realmente com ninguém. Só me envolvo quando realmente tem algum tipo de sentimento, então...
-- Tudo bem, já entendi.
Lívia me abraçou mais apertado, ainda chorando. Deixei-a ficar em meus braços e não falei mais nenhuma palavra, assim como ela. Quando percebi que ela estava mais calma, tentei me desvencilhar, mas ela não permitiu, e logo em seguida distribuiu dois pequenos beijos em meu pescoço.
-- Lívia, para com isso.
-- Você tem um cheiro tão bom. – ela disse esfregando seu rosto naquela área.
-- Para.
-- Só uma vez...
-- O quê?
Afastei meu corpo do dela para encará-la e ela me pegou de surpresa ao tentar me beijar. Foi rápido, apenas um roçar de lábios, mas foi o suficiente para me fazer tremer de dentro pra fora, em uma raiva incomum.
-- Você tá louca? Sai daqui Lívia.
-- Só estou te pedindo um beijo, nada mais. É só um beijo.
Agora era eu que andava dentro da sala de um lado para outro. Era difícil algo me tirar do sério, mas quando isso acontecia, eu mesma temia minhas ações. Tinha medo de agir por impulso e fazer algo do que eu pudesse me arrepender.
E nesse instante eu estava com raiva, raiva por ter tentado acalentar alguém, por ter me compadecido e ter deixado a empatia tomar conta de mim e a tal pessoa usar disso para se aproveitar de mim. Ah, qual é?
-- Saia da minha sala Lívia.
-- Adele...
-- Sai! – gritei sem conseguir medir o tom de minha voz.
A mulher a minha frente pareceu ficar surpresa. Me olhava com olhos esbugalhados e a boca levemente aberta. Depois ela me deu um sorriso cínico que eu não consegui compreender, pegou a sua bolsa e saiu rapidamente, sem deixar nenhum rastro de sua presença, a não ser pela raiva que havia me despertado.
Droga!
A dor de cabeça que antes apenas anunciava a sua chegada, havia realmente chegado e se instalado de vez, fazendo meu crânio doer como se estivesse sendo esmagado. Joguei-me em minha cadeira e deixei a cabeça pender para trás. Suspirei pesado. Sou mesmo muito burra.
-- Adele?
Abri os olhos e encarei minha secretária que estava parada ao pé da porta.
-- Oi Carol.
-- Tudo bem?
Ela trabalhava tempo suficiente comigo para saber quando eu não estava muito bem. Carol era uma boa pessoa, era uma mulher dedicada e muito empenhada naquilo que fazia. Às vezes ela cuidava de mim de um modo que lembrava muito os cuidados de alguém fraterno. Eu tinha um carinho enorme por ela.
-- Não, mas vai ficar tudo bem. Só preciso me acalmar.
-- Precisa de alguma coisa? Quer que eu te traga alguma coisa?
-- Não, não precisa. Pode ir pra casa, já está tarde e você nem deveria mais estar aqui, já passou do seu horário.
Ela sorriu gentilmente.
-- Se cuide. Até amanhã.
-- Até amanhã Carol.
Minha secretária deixou a minha sala e eu encarei as plantas e a tela de meu computador, não tinha ânimo e nem cabeça para continuar estudando o que podia fazer para agradar o meu cliente sem ter que refazer todo o projeto que já estava em estágio inicial.
Guardei as coisas, desliguei o computador e me encaminhava para o banheiro para lavar o rosto quando meu celular tocou anunciando a chegada de uma mensagem. Era de Bia, e eu sabia disso porque havia colocado um som específico apenas para mensagens dela.
Dei meia volta e me encaminhei para a minha mesa novamente. Um sorriso surgia em meus lábios só por me lembrar dela, e por instantaneamente minha memória me trazer o sorriso dela.
Abri a mensagem.
Bia: Baby, eu preciso muito conversar com você ainda hoje, muito mesmo. É algo muito importante e que eu não posso deixar passar. Será que você pode me encontrar lá na faculdade, após a minha aula? Hoje eu saio às 20h, acho que é tempo suficiente para conversarmos.
Essa fazia um tempo que havia sido enviada.
Bia: Cheguei à faculdade. Me avise caso não possa vir. Beijos.
E essa era a mais recente, que acabara de chegar.
Senti meu corpo inteiro estremecer ao ler pela segunda vez a primeira mensagem. Lembrei que ela havia dito que Edson havia solicitado a sua presença após o expediente, e isso fez com que um arrepio acometesse meu corpo. Será que tinha algo haver com ele? Será que...
Levantei abruptamente, quase derrubando a minha cadeira. Peguei a minha bolsa e deixei a minha sala feito um raio. Cheguei ao meu carro e quase não consegui colocar a chave na ignição, minha mão tremia.
Fechei os olhos e tentei acalmar meu corpo e minha mente. Eu só conseguia pensar em uma coisa: na acusação de assedio sexual contra Edson que estranhamente havia sido retirada. Na época a garota havia dito que tinha entendido as gentilezas do chefe de forma errada, e em seguida tinha pedido desculpas. Meu pai havia estranhado a forma como as coisas aconteceram, mas como a denuncia havia sido retirada, ele nada pode fazer, e tudo foi coberto com panos quentes pelo resto da sociedade/diretoria.
De forma alguma eu havia acredito na justificativa da moça, assim como o meu pai, que a partir disso havia criado uma verdadeira aversão ao cara. Era tudo muito estranho e asqueroso.
Ah, se ele tivesse feito algo contra a Beatriz, nem sei o que faria com ele. Droga! Droga! Droga! Esmurrei o volante e tentei puxar o ar, tentei me controlar para finalmente sair dali. Eu não esperaria até o final das aulas para ir até lá, não conseguiria.
Já no trânsito eu liguei para o celular de Bia, mas ela não me atendeu em nenhuma das duas vezes. Repeti várias vezes em voz alta que ela deveria estar na aula, e por isso não podia atender a minha ligação.
No meio do trajeto peguei um engarrafamento leve causado por um pequeno acidente que havia acontecido mais a frente e assim tinha interditado uma das faixas. Parece que quanto maior a sua pressa, mais acontecem coisas para te atrasar e te deixar ainda mais ansiosa. Eu estava muito tensa.
Quando consegui chegar ao enorme campus já se passava das 19h. Eu ainda teria quase uma hora para lidar com a ansiedade e toda aquela coisa ruim que eu tava carregando em meu peito.
Mandei uma mensagem para Bia dizendo que eu já estava ali e caminhei na direção das cantinas. Eu conhecia aquele Campus muito bem, tinha terminado minha faculdade naquela instituição. Pedi um café grande para a moça do outro lado do balcão que me olhava como se estivesse vendo algo muito estranho.
Com o meu pedido em mãos caminhei até um banco debaixo de uma enorme árvore e me sentei. Olhava as pessoas transitando por ali a fim de me distrai, mas nada conseguia prender a minha atenção por muito tempo.
O primeiro copo de café logo acabou, e eu fui até a mesma cantina me munir de outro. Café era o meu pequeno vício. Aquele gosto característico tinha tanto efeito sobre mim, quanto teria um cigarro para um fumante.
Estava prestes a levantar para pegar o terceiro copo quando o celular em meu colo anuncia a chegada de uma mensagem.
Bia: Onde você está baby?
Eu: Estou perto das cantinas, do lado do seu bloco. Quer que eu vá até você.
Bia: Não, estou indo até aí.
Joguei o copo de café na lixeira mais próxima e passei as mãos nos cabelos tentando arruma-los. Deveriam estar um caos de tanto que eu passava as mãos no meu nervosismo.
E ai sinto meu coração quase explodir quando volto meu olhar na direção dos blocos e eu vejo ela. Bia tinha um pequeno sorriso nos lábios. Caminhava graciosamente em minha direção enquanto me olhava. Depois da sensação de que me coração explodiria, o senti aquecer e uma sensação de alívio e paz me preencher.
Como podia haver uma mulher tão bela como aquela?
-- Oi. – ela me cumprimentou com um selinho.
-- Oi. – respondi em seguida a agarrei, abraçando-a apertado.
Só Deus sabe o tamanho do alívio que eu senti quando enfim pude colocar meus olhos nela e ver que ela sorria, o que demonstrava que as coisas ruins que eu pensava antes não era reais. Graças a Deus.
Afastei-a de meu corpo e deixei meus olhos correrem por cada traço de seu rosto, por ser braços. Um novo alívio por nada encontrar. A gente pensa tanta besteira a ponto de ficar meio cega. Beatriz não teria vindo para a aula se as bobagens que eu pensava tivessem acontecido.
-- Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa com o Edson? – perguntei apressada.
-- Eu estou bem. – respondeu com a sobrancelha arqueada – Mas acho que você é que não está bem. O que houve?
-- Dia difícil.
Nos sentamos no banco que antes eu ocupava. Ficamos perto uma da outra, de frente. Aquele castanho parecia me avaliar, e do mesmo modo que fiz com ela, eles corriam por todo o meu rosto.
De repente Bia me olha estranho, assim como a mulher da lanchonete havia me olhado. Será que meu rosto estava sujo, ou que tinha algo em meus dentes? A mulher a minha frente ficou séria e isso estava estampado não só em seu semblante, mas também naqueles castanhos.
-- O que foi Bia?
-- Eu que pergunto.
-- Não entendi. Você está me olhando estranho.
-- Tem algo que queira me contar?
-- Você me chamou para conversar. Foi algo que eu fiz?
Beatriz semicerrou os olhos e soltou o ar ruidosamente. Seu corpo parecia tenso e eu estava ficando igualmente tensa. Beatriz abre a sua bolsa e parece procurar algo em seu interior. Eu assisto cada movimento ainda sem entender.
Arquei uma sobrancelha, confusa, quando ele me estende um objeto que logo eu reconheço: um espelho. Ah, eu devia estar suja mesmo. Apanhei o pequeno espelho e o abri diante de mim, arregalei os olhos quando vi uma marca de beijo em meu rosto, bem próximo de minha boca.
Encarei Bia e de repente as palavras me fugiram, assim como o sangue em minhas veias.
-- Bia...
-- Quem deixou essa marca?
Seus olhos continuavam demonstrando seriedade, mas agora eu não sabia se era só isso, acho que também havia um pouco de raiva.
-- Foi a Lívia.
Ela deu uma pequena gargalhada sarcástica e levantou abruptamente. Me olhava enquanto balançava a cabeça negativamente.
-- Não acredito nisso.
-- Espera. – me ergui diante dela – E posso explicar.
-- Pode explicar também as marcas de batom ai no seu pescoço também?
Senti meu corpo gelar e mais uma vez ergui o espelho diante de mim tentando enxergar meu pescoço e as supostas marcas. Estava lá, duas marcas, os lábios marcados em minha pele perfeitamente.
-- Bia, não é o que você está pensando.
-- A frase mais clichê de todas. – uma lágrima rolou por seu rosto nesse momento.
-- Me deixa explicar o que aconteceu. Nós prometemos conversar sempre, e eu posso explicar, realmente não é como você está pensando. Eu jamais faria algo assim com você Bia, por favor, me deixa falar.
Ela passou as mãos no rosto e limpou as lágrimas que caiam silenciosamente. Senti meu peito dilacerar ao ver tal cena. Eu realmente odiava ver qualquer mulher chorar, mas ao vê-la assim, foi dolorido, quase chegando a uma dor física. Me odiei por ter sido eu a causar isso.
-- Pode falar. – disse voltando a se sentar.
Eu tente tocá-la, mas ela esquivou-se de minhas mãos e mais uma vez senti uma dor aguda em meu peito. Suspirei antes de começar a falar.
-- Foi a Lívia que deixou essas marcas. Mas diferente do que você está pensando, não houve nada entre a gente. Ela apareceu no meu escritório sem avisar, queria conversar, e ai me fez perguntas sobre nós e depois se declarou apaixonada por mim. Depois ela começou a chorar na minha frente, se dizendo um lixo por eu nunca ter olhado pra ela. Eu só tentei acalmar ela, e ela se aproveitou disso, tentou me beijar e deixou essas marcas. Por favor, acredita em mim, não houve nada entre a gente. Por favor, princesa.
As lágrimas ainda vertiam em seu rosto, mas seu olhar parecia mais brando.
-- Eu sabia que ela gostava de você. – sua voz apesar de chorosa era calma.
-- Sim, você tinha razão. – busquei sua mão e dessa vez ela aceitou o contato - Eu jamais faria algo pra te magoar princesa. Jamais faria algo que pusesse em risco a relação que nós temos. Eu...eu te amo.
Senti minha garganta queimar ao dizer a frase que há algum tempo eu tinha certeza. Ao mesmo tempo sentia meu coração pular dentro do peito alegre com a revelação que eu havia feito. Parece bobo, mas dizer que ama alguém não é apenas uma frase comum sendo pronunciada, é bem mais do que isso. Tudo bem que eu não sabia explicar, mas eu sentia, sabia que era assim.
Beatriz ficou em silêncio, sem me olhar. E a sua falta de palavras me deixou meio inquieta e pensando que aquele não era o momento certo. Mas ai, me surpreendendo como só ela faz, ela se joga em cima de mim, me apertando contra seu corpo.
Ela busca minha boca em um beijo sôfrego. Agarro a sua cintura e a trago para ainda mais perto, nos colando. Correspondo ao beijo que tinha um levo gosto salgado e naquele momento sinto que tinha a paz ali, dentro de meu abraço.
-- Doeu tanto imaginar que você tinha ficado com outra pessoa. – ela diz contra meu pescoço.
-- Eu só quero você minha princesa, ninguém mais além de você. Não imagina coisas assim porque eu me sinto sua, e de mais ninguém. – ela me olha com os olhinhos brilhando pelas lágrimas e eu beijo seus lábios – Desculpa ter chegado assim, eu não percebi que ela havia feito isso e eu sai meio atordoada do meu escritório quando li a sua mensagem.
-- Ah a mensagem. Precisamos conversar.
-- O Edson não te fez nada, fez?
-- Não baby, ele não fez nada. Ele só me lembrou de uma coisa muito importante e que eu ainda não tinha falado com você, e como já está em cima, eu precisava te falar logo.
-- O que precisa me falar?
-- Eu vou viajar em duas semanas. A revista vai fazer a cobertura de um evento na Bahia, e o Edson me chamou pra fazer parte da equipe. Eu já tinha aceitado, mas tinha me esquecido completamente disso.
Beatriz vai fazer uma viagem onde Edson também estaria presente. Não gostei nem um pouco disso. Não era uma situação que me deixava confortável, muito pelo contrário, trouxe a tona toda a tensão que eu estava sentindo momentos atrás.
-- O Edson vai? – perguntei já sabendo da resposta.
-- Vai. Ele é o coordenador da equipe.
-- Quanto vai durar essa viagem?
-- No mínimo uma semana.
Suspirei pesadamente sem querer. Aquela ideia não me parecia boa, no entanto, eu não seria capaz de impor minha vontade a ela. Era óbvio que eu não queria que ela fosse, não a queria perto de Edson, mas eu não pedia isso a ela.
-- Você quer mesmo ir nessa viagem?
-- Quero! – falou com empolgação – Vai ser uma grande oportunidade Adele. Isso vai ajudar e muito no meu currículo. É uma oportunidade única que eu não imaginei que aparecia tão cedo.
Ela realmente estava empolgada, e sem sombra de dúvidas seria sim uma grande oportunidade pra ela. Tudo estaria perfeito se não fosse Edson a coordenar aquela equipe. Precisava conversar com o meu pai, talvez ele pudesse fazer algo.
-- Não vai sentir falta de mim. – perguntei fazendo drama.
-- É claro que eu vou! Vou sentir muito a sua falta. Mas é só uma semana, passa rápido.
-- Não tão rápido quanto eu gostaria.
-- Você está chateada comigo? – perguntou fazendo um carinho em meu rosto.
-- Não minha princesa, se você está feliz, eu fico feliz também.
Tinha certeza que passaria as duas próximas semanas me martirizando com essa viagem, mas eu faria de tudo para não transparecer isso. A semana em que ela passaria fora seria um verdadeiro tormento pra mim. Só que não dava pra sofrer por antecipação.
-- Já comeu alguma coisa?
-- Ainda não.
-- O que acha de passarmos em algum restaurante? – convidei.
-- Tenho uma ideia melhor.
-- Qual?
-- Que tal irmos para sua casa e eu fazer um lanchinho pra gente? Depois, se você não se incomodar, eu posso dormir lá. – ela tinha um sorriso sapeca nos lábios.
-- Adorei a sua ideia.
Agarrei-a pela cintura e beijei seus lábios macios. Sorri interna a externamente. É claro que eu ia adorar ter ela dormindo em minha casa mais uma vez. Me parecia um sonho acordar e ter ela do meu lado. Eu me perdia olhando pra ela. Sua respiração tranquila e os lábios em um quase sorriso eram um bálsamo pra mim. Sim, eu amava aquela mulher!
Durante o caminho para casa conversávamos amenidades, e vez ou outra ela me falava dos planos da viagem. Ela estava genuinamente empolgada, e eu me sentiria péssima se ao menos não tentasse compartilhar disso com ela.
Em meu apartamento, Beatriz ficou na cozinha preparando um lanche e eu fui para o banho. Quando retornei para a cozinha a encontrei de costas para a porta, compenetrada na tarefa que fazia.
Caminhei silenciosamente até ela e a abracei, afundando meu rosto em seu pescoço. Os pelinhos de seu corpo era um dos primeiros sinais que eu passei a observar. Eles reagiam rapidamente a um beijo, um cheiro no pescoço, ou simplesmente quando em me encaixava assim nela.
Passei a beijar seus ombros, seu pescoço e sentia que cada vez mais ela amolecia em meus braços. Eu adorava saber que causava isso nela. Girei-a de frente pra mim e capturei seus lábios em um beijo guloso. Ela gemia contra meus lábios e isso despertava tremores em todo o meu corpo.
-- O lanche... – ela diz tentando se afastar.
-- Depois a gente come, estou com fome de outra coisa agora.
Beatriz me lança um olhar repleto de desejo e se agarra em meu pescoço, me beijando com volúpia, com direito a mordidinhas e a sugar meus lábios. Agarro sua cintura e ergo seu corpo colocando-a sentada sobre o balcão da pia.
Com sua ajuda tiro a sua blusa, deixando a pele coberta apenas pelo sutiã. Desço beijando seu pescoço, passando por seus ombros até chegar ao meio de seus seios. Ali eu me demoro enquanto levo minha mão até o fecho da peça. Me afasto apenas para livrá-la do sutiã e volto minha atenção ao seus seios.
Os biquinhos já estavam rígidos e chamavam por mim. Beatriz tinha as mãos em minha cabeça e com um sutil movimento me mostrou o que ela queria. Desci beijando até colocar o biquinho do seu seio esquerdo entre os meus dentes. Com a uma mão eu brincava com o biquinho do outro.
Ela arfou e agarrou meus cabelos ainda úmidos quando coloquei todo o seu seio esquerdo dentro de minha boca, sugando-o com força. Sentia minha umidade crescendo cada vez mais, e ela nem precisou me tocar.
Dei a mesma atenção ao outro seio quando deixei mina mão escorregar por entre nossos corpos até alcançar o botão de sua calça. Desabotoei-a e abri o fleche. Voltei a me afastar e Beatriz ergueu seus quadris e tornou mais fácil pra mim quando puxei sua calça para baixo, levando junto também a sua calcinha.
Fiquei embevecida olhando para aquela mulher sobre o balcão de minha cozinha. Aquele cômodo jamais seria o mesmo, lembraria sempre daquela cena que minha mente havia guardado com riqueza de detalhes.
Com um olhar ela me chamou e fui imediatamente. Agarrei a suas coxas firmes enquanto descia com minha língua passeando por sua barriga. Ela suspirava cada vez mais alto e mais forte.
Agachei-me diante dela, na altura certa de seu sex*. Com um movimento firme, o que lhe arrancou um gemido, afastei as suas pernas, deixando-a exposta pra mim. Salivei ao me deparar com seu sex* liso, esperando por mim. Praticamente fiquei sem cabelos quando capturei entre meus lábios o pequeno nervo túrgido.
Beatriz rebol*va em minha boca, puxava meus cabelos e deixava seus gemidos ecoarem por todo o apartamento.
Molhei dois dedos em sua própria lubrificação e penetrei-a sem aviso algum. Mais um puxão de cabelo. Adorava essa intensidade dela. Passei a fazer movimentos de vai e vem em seu interior enquanto sugava o pequeno nervo.
-- Adele...hmmm...
Meu nome nunca fora tão doce quanto era na boca dela. Possuí-la enquanto ela chamava meu nome era algo indescritível, me deixava em puro êxtase, sem falar que isso também me excitava de forma absurda.
Senti quando sua vagin* começou a apertar meus dedos e intensifiquei todos os movimentos. Sua respiração fora de compasso deixava claro que o gozo estava próximo. E ele realmente não demorou a chegar, veio com força enquanto ela gritava meu nome. Seu gozo inundou a minha boca e eu não me fiz de rogada, suguei tudo.
Escalei o seu corpo de volta e encontrei os seus lábios a minha espera. Abracei-a sentindo seu corpo ainda entregue ao intenso orgasmo. Agarrada a minha ela suspirava e aos poucos a sua respiração começava a se normalizar.
-- Diz de novo. – ela falou em meu ouvido.
-- O quê?
-- Diz que me ama...
Sorri de orelha a orelha apertando-a mais contra mim. Arrumei uma mecha de seu cabelo que pendia ao lado de seu rosto e sussurrei de volta em seu ouvido.
-- Eu te amo minha princesa. Te amo intensamente.
Continua...
Fim do capítulo
Olá meninas! Tudo bem com vocês?
Volei com mais um capítulo pra vocês, espero que gostem.
Beijos e até o próximo.
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LeticiaFed
Em: 17/09/2018
Oi! Depois do stress com o tal polvo humano (ô mulherzinha cretina...rsrs), um final hot na medida certa de um domingo de noite. Mas...essa Adele é tudo de bom e mais um pouco, né? Affffe!
E quem mais vai nessa viagem alem da Bia e do assediador? Ela fica falando em equipe mas sei lá, de repente ele inventa de irem só os dois e tá armada a confusão. Aguardemos.
Uma ótima semana pra você! Beijo!
Resposta do autor:
Um finalzinho hot para desestressar, não é mesmo? Ninguém é de ferro oras! Concordo com você, Lívia é bem cretina mesmo, e aposto que aquele sorrisinho que ela deu antes de deixar a sala da Adele foi porque ela setiu que ia causar intriga! Ah, a Adele é uma coisa que...pois é!
Pois é, sempre se fala em equipe, mas até agora, Beatriz não sabe quem é realmente essa equipe. Mas acho que o Edson dessa vez tá mais esperto, não vai dar tanto na vista, se é que me entende. Vamos aguardar!
Uma ótima semana pra você Leticia (atrasado, mas tudo bem). Beijão e até o próximo.
Raisa
Em: 16/09/2018
Eita que esse capitulo foi demais ai...ai...rss. Aguardando o próximo.
Resposta do autor:
Foi né? Quando a gente diz que ama pela primeira vez a gente não esquece né? Só falta Boa corresponder a altura. Mas logo logo ela vai se dar conta...
Essas duas levam minha taxa de glicose lá pra cima.
Não demoro com o próximo. Até lá. Beijos
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