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A madrasta por Nicole Grenier

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Palavras: 9839
Acessos: 5955   |  Postado em: 16/09/2018

Capítulo 21

 

No outro dia, após a nossa chegada em Mucugê, entramos na rural branca e amarela de dona Dulce. Meu estômago dava voltas. Uma mescla de ansiedade e medo me dominava. Imaginar-me frente a frente com Júlia novamente estava me parecendo por demais surreal. O trajeto até o sitio, já conhecido por mim, me pareceu muito maior do que me lembrava. Minhas mãos suavam, meu estômago revirava, e as vozes de tia Cláudia e dona Dulce, que logo simpatizaram uma com a outra, pareciam a quilômetros de distância.

 

Quando o carro parou em frente à casa, senti minhas pernas paralisadas quando me preparei para descer. Um silêncio angustiante reinava no ambiente mas, logo em seguida, foi rompido por uma vozinha infantil. Antenor, seguido por uma mulher aparentando uns cinquenta anos, aproximou-se de nós em desabalada carreira. Fui inundada por uma alegria imensa ao vê-lo. Ele grudou em minhas pernas e eu abaixei para abraçá-lo.

 

-- Shilvia, você veio! Mamãe só tá chorando! Ela tá doente!

 

Ouvi-lo dizer aquilo me partiu o coração. Apertei-o em meus braços e lembrei-me que carregava uma vida no meu útero e uma ternura ainda maior por aquele pequeno ser que se desenvolvia em minhas entranhas ganhou enormes proporções.

 

Ele me beijou o rosto e me brindou com o sorriso e aqueles olhos lindos idênticos aos da mãe.

-- Como você está, meu amor? E mamãe, está onde?

 

Ele me abraçou novamente envolvendo o meu pescoço com os bracinhos e disse:

 

-- Ela tá no quarto.

 

Em seguida tia Cláudia o pegou no colo e faltou esmagá-lo de tanto abraço e beijos.

 

Dona Dulce nos convidou a entrar e nos levou para nossos quartos. Minha tia, antes que a anfitriã nos deixasse a sós,  interpelou:

 

-- Dulce, estou ansiosa para ver Júlia, logo! É possível?

 

-- Claro! Vou avisá-la que vocês estão aqui.

 

Eu, que me mantivera em silêncio desde que entramos na casa, me manifestei.

 

-- Ela sabe que viemos?

 

A mulher me olhou com certo estranhamento no olhar, como se a minha pergunta fosse absurda.

 

-- Claro que sabe!

 

Eu assenti com um leve menear de cabeça.

 

-- Eu vou avisá-la de que vocês já chegaram. Fiquem à vontade.

 

Depois que a mulher saiu, eu corri para os braços de tia Cláudia.

 

-- Fique calma! Tudo vai ficar bem!

 

Ela me amparou e me conduziu até a cama. Tinha nos sido reservado um quarto muito confortável com duas camas de solteiro.

 

****************

 

Dona Dulce se dirigiu ao quarto da sobrinha e abriu a porta vagarosamente. Entrou e se aproximou da cama.

 

-- Júlia! Julinha! -- chamou com a voz carinhosa.

 

A pobre moça, abandonada sobre a cama, abriu lentamente os olhos. Depois que Helena foi embora, caiu de novo no estado de letargia.

 

-- Oi tia!

 

Dona Dulce acercou-se da beirada da cama e se sentou.

 

-- As parentes de seu filho estão aí, minha querida. Já chegaram.

 

Júlia num movimento mais que rápido, sentou-se na cama e arregalou os olhos.

 

-- Syl...Sylvia está aqui? Aqui nesta casa?

 

Dona Dulce segurou-a pelos ombros, pois ela começou a tremer.

 

-- Calma filha! Sim, ela está aqui acompanhada da tia, dona Cláudia! Acalme-se, você está muito fragilizada. Deite-se que vou pedir que entrem.

 

-- Não! Agora não! Deixe-me... deixe-me levantar primeiro! Lavar... meu rosto ao menos, trocar de roupa!

 

A mulher associou o comportamento um tanto esbaforido de Júlia ao estado debilitado em que se encontrava. Esperou que se arrumasse e, tão logo ela lavou o rosto e trocou a camisola por uma das suas longas saias hippie, a mulher foi em busca das visitantes.

 

Enquanto esperava, Júlia esfregava as mãos que se ensopavam de um suor frio e pegajoso. As garras glaciais do nervosismo se assenhorearam do seu estômago, provocando enjoos e leves vertigens. O acelerar do coração era sentido em todo o corpo.

 

O movimento próximo à porta do quarto susteve-lhe a respiração. Pensou em se levantar, pois se encontrava sentada numa poltrona ao lado da janela parcialmente aberta, mas suas pernas não lhe obedeceram.

 

A voz alegre e maternal de dona Cláudia penetrou seus ouvidos como uma carícia e as lágrimas vieram-lhe aos olhos. A mulher entrou e seguiu a passos lentos em sua direção, seus olhos, porém, foram afoitos para a figura em segundo plano: loira, alta, esguia e incrivelmente linda! Saudade, felicidade, dor, angústia, raiva e ternura inundaram suas entranhas. Dona Cláudia aproximou-se e, sem querer, desviou-lhe a atenção.

 

-- Minha querida! Que saudade! Venha cá, deixe-me abraçá-la!

 

Sentindo-se envolta por aqueles braços protetores o choro rompeu sem reservas e ela pousou a cabeça no ombro da amiga e deu vazão aos soluços. Ali ficou por longos minutos.

 

Dona Dulce, delicadamente convidou Sylvia a deixá-las a sós. Contrariada, esta obedeceu e pôs-se a  aguardar, com o coração aos saltos, no corredor.

 

**************

 

Dona Cláudia deixou-a chorar à vontade e, depois de longos minutos a guiou até a cama. Sentaram-se uma de frente para a outra.

 

-- Como você está, minha querida?

 

Júlia não conseguiu responder, sendo dominada novamente pelo choro. Dona Cláudia aproximou-se de uma pequena jarra de água sobre um criado e serviu-lhe um copo.

 

-- Acalme-se, querida! Fale apenas quando sentir vontade. E pode confiar em mim, sempre!

 

Júlia, com as mãos trêmulas, recebeu o copo e tomou a água lentamente. O contato da água fria no estômago vazio provocou-lhe um leve enjoo. Depois de devolver o copo, respirou fundo a fim de controlar as voltas do estômago.

 

-- Dona Cláudia, ajude-me! Eu não estou aguentando mais... essa agonia que está... me consumindo!

 

A mulher aproximou-se novamente, sentando-se perto e lhe alisando os cabelos.

 

-- O que a está angustiando, querida? -- sabia do que se tratava, mas deixou que ela lhe dissesse.

 

-- Dona Cláudia está sendo... muito difícil para mim... suportar!

 

Tocando-a no queixo e fazendo-a olhar-lhe nos olhos, dona Cláudia leu a angústia e dor que maculava aquele azul cobalto, esplêndido.

 

-- Temos todo o tempo do mundo, meu bem. Portanto, fale quando se sentir preparada e à vontade para isso.

 

-- Eu... eu não estou suportando... a ideia de sabê-la ca... casada! E a saudade... ficar longe... dela... está acabando comigo!

 

A senhora mais velha esboçou um breve sorriso e a puxou para os seus braços.

 

-- Eu sei, meu bem, eu sei. Mas saiba que ela não está vivendo com ele. Ela voltou para o Brasil e ele ficou na Europa e, tenha certeza, que nem compartilharam o leito depois de casados.

 

Júlia respirou fundo, como se tirasse um peso do coração.

 

-- Mas tem uma coisa que precisa saber, e acho que ela não saberá como lhe dizer.

 

Júlia olhou-a assustada.

 

-- Na noite de natal, Augusto colocou droga no vinho dela e a tomou. E, como resultado dessa relação, da qual lhe garanto, a minha Sylvia estava completamente inconsciente, ela agora carrega uma criança no ventre.

 

Júlia sentiu o sangue enregelar-lhe nas veias.

 

-- Isso... isso significa que ela... estará ligada ao marido... para sempre!

 

As lágrimas novamente saltaram-lhe dos olhos.

 

-- A melhor coisa... a fazer é... é continuar me mantendo... afastada dela! Mesmo que... que isso acabe comigo!

 

-- Minha filha, depois que der à luz, ela vai pedir a separação!

 

-- Não creio nisso!

 

-- Pode ter certeza. A minha Sylvia fará isso -- concluiu dona Cláudia levantando-se -- Vou chamá-la para que vocês duas conversem.

 

Já sozinha no quarto, Julia foi novamente ao banheiro lavar o rosto e as mãos que não paravam de suar. Olhou-se bastante no espelho e, num suspiro de lamento, constatou que seu rosto estava por demais pálido e sem vida. Quando voltou para o quarto quase desmaiou, pois Sylvia já se encontrava parada próxima à janela.

**************

Quando dona Dulce abriu a porta do quarto e meus olhos penetraram o recinto, a única coisa que consegui divisar foi aquele par de olhos azuis divinos, que me acompanhava dia após dia, desde a primeira vez que o vi. Eu fiquei paralizada no batente, enquanto minha tia entrou indo de encontro a ela, que se encontrava sentada próxima à janela. Mas, antes que eu pudesse mover um passo sequer, dona Dulce me convidou a deixar as duas a sós. Eu fiquei em pé no corredor, enquanto ela alegando algumas providências para o almoço, retirou-se.

 

Depois do que me pareceu uma eternidade, tia Cláudia abriu a porta e me convidou a entrar. Antes de sair, anunciou-me baixinho.

 

-- Tenha muita calma com ela, minha filha. Está muito abalada. Ah! Eu lhe contei sobre a gravidez. Mas, mesmo assim, você deve lhe contar, para que ela veja que você não tem segredos para com ela.

 

Eu apenas movi a cabeça em acordo e entrei me dirigindo à janela. Precisava de ar.

 

Um movimento chamou minha atenção. Prendi a respiração quando a vi surgir numa pequena porta nos fundos do quarto. Descobri depois que aquela porta dava acesso ao banheiro construído recentemente. Pois, não era costume naquelas paragens ter banheiros nos quartos.

 

Ficamos as duas estáticas, apenas nos olhando. Minhas mãos, mais que de imediato seguraram no espaldar da poltrona próxima, pois a vertigem que me tomou foi fortíssima. Respirei fundo e tentei cumprimentá-la, mas não consegui emitir nenhum som. Ela me olhava com os olhos, a princípio, assustados, depois, aquela tão adorada doçura terna inundou-os e, depois de alguns segundos, nos acariciando apenas através dos olhos, conseguimos sorrir e dar os primeiros passos em direção uma da outra.

 

Quando ficamos bastante próximas, paramos sem desviar nossos olhos. O meu coração estava louco no meu peito. Um calor enorme me incendiava o corpo, e uma vontade de tocá-la dominou as minhas mãos que, sem que conseguisse controlar, se moveram em direção ao rosto dela. Acariciei-lhe a face com uma enquanto a outra, suavemente, envolveu-lhe as costas. Ela tremia descontroladamente. Era visível a sua respiração entrecortada. As lágrimas inundaram-lhe os olhos, tornando-os mais lindos ainda. Depois de puxar o ar com força, consegui pronunciar num sussurro.

 

-- Por que... por que fugiu de mim...? Quase morri... quase morri... de saudades!

 

Sem mais aguentar, puxei-a para meus braços e nos perdemos num abraço cheio de dor, de saudades e de alegria. Ah! Como era bom sentí-la novamente em meus braços. Sentir seu perfume, a maciez da pele, o calor do seu corpo.

 

Ela me olhou novamente e balbuciou com os lábios trêmulos e, ao fitá-los, tão vermelhinhos e entreabertos, uma vontade louca de tomá-los nos meus me dominou.

 

-- Eu... eu não fugi... só...

 

-- Não precisa... dizer nada, meu amor! Deixe-me beijá-la!

 

Quando senti nos meus lábios, a maciez daquela boca, perdi totalmente a noção de tudo! Ainda bem que quando entrei, tive a presença de espírito de trancar a porta do quarto. Ela se agarrou a mim, como se quisesse entrar no meu corpo, como se eu fosse sua tábua de salvação. Beijamo-nos com loucura, com fome, com saudade. Bebi dos seus lábios, da sua língua, da sua saliva como um sedento em pleno deserto. Meu corpo ardia de fome, de excitação, e tendo-a ali nos meus braços, tão quente, febril, trêmula e tão frágil constatei mais uma vez que ela era a minha doença e a minha saúde; que era a minha fome e o meu alimento; que era a minha morte e a minha vida.

 

Nossos lábios se separaram lentamente em busca de ar. A vontade de ficar grudada nela era gritante e eu a apertei mais ainda em meus braços. Ela estava bem mais magra, era perceptível. A sua palidez natural estava por demais acentuada, e essa constatação me deixou muito preocupada. Afastei-me um pouco de seu corpo e, segurando-a pelas mãos a levei em direção à cama e nos sentamos. A vontade de tomá-la em meus braços e fazer-lhe amor, entregar-lhe toda a minha saudade era enorme, mas precisávamos conversar, queria ouvir dos seus lábios se ela ainda me amava. A tristeza que aqueles olhos transbordavam era assombrosa, mas mesmo assim, aquela ternura que sempre me era direcionada estava lá, driblando toda a dor que eles transmitiam. Senti ímpetos de tomá-la nos braços e fugir com ela, levá-la para bem longe de tudo e de todos, mas a realidade era outra: dura e cruel. Seus dedos se entrelaçaram nos meus e seus olhos analisavam o meu rosto, como a recuperar o tempo perdido, como a matar a saudade. Mas, ainda assim, a dúvida de que ela realmente  me tivesse amor, acutilava o meu coração. De repente, ela me abraçou, aconchegou-se nos meus braços e pousou a cabeça no peito. Eu a apertei em meus braços e beijei sua cabeça. Ficamos ali, num silêncio calmo, apenas sentido o nosso calor, o palpitar de nossos corações. A sensação de tê-la tão perto era indescritível. A saudade que eu sentia era enorme e o medo de perdê-la se fez assombroso e meu corpo estremeceu. Lentamente toquei-lhe o queixo para que ela me olhasse. Mergulhei naquele azul maravilhoso e, mais uma vez, constatei que minha vida sem ela não seria vida.

 

- Nunca mais se afaste de mim! Eu suplico! - seus olhos se fecharam e lágrimas começaram a cair. Eu beijei uma por uma e senti o sabor do seu sofrimento. Meu coração se apertou e eu a puxei mais de encontro a mim. - Quero lhe falar uma coisa, Júlia. - Ela mais uma vez me olhou e ficou a esperar o que eu tinha para dizer. - Estou grávida, mas lhe confesso que engravidei à minha revelia. Ele me drogou na noite de natal e me estuprou. Já estamos em maio, então estou entrando no quinto mês de gravidez e...

 

Senti seu corpo estremecer e ela, sem dizer uma palavra, abaixou a cabeça e me abraçou forte. Depois de um minuto ou dois, me perguntou num fio de voz:

 

- Como tem se sentido? - perguntou colocando levemente uma mão sobre o meu ventre. Aquilo me emocionou e um sorriso se ensaiou em meus lábios.

 

- Às vezes sinto muito enjoo e tenho me forçado a comer, mas... você sabe como é o meu apetite.

 

Ela se afastou dos meus braços e me olhou de frente. Depois de alguns segundos alisando minha barriga, disse com os olhos ainda lacrimosos:

 

- Será uma criança linda! Mesmo... mesmo não simpatizando com... com seu marido, não posso negar que... que ele é um homem muito bonito.

 

Tomei-lhe as mãos nas minhas e olhando-a firme, pedi:

 

- Volte comigo para São Paulo, meu amor! Não... não precisa viver comigo se... se não quiser, mas não fique tão longe. Permita-me saber que está por perto, e que, quando... quando a saudade ficar insuportável, eu poderei vê-la, mesmo que de longe. E... tem Antenor, eu e tia Cláudia sentimos muito a falta dele.

 

Ela suspirou forte, fechou os olhos e me abraçou. Se agarrou a mim de tal maneira que parecia querer entrar no meu corpo. Suspirou novamente e se deixou ficar nos meus braços com o rosto enterrado no meu pescoço. Ficamos assim por um longo tempo num completo silêncio, até que leves batidas na porta nos trouxe de volta à realidade.  Ela se afastou devagarinho dos meus braços e se dirigiu à porta.

 

Tia Cláudia e dona Dulce surgiram.

 

- Já está quase na hora do almoço. Quer descansar um pouco antes Sylvia, tomar um banho? - perguntou dona Dulce. - Sua tia disse preferir depois do almoço.

 

Aceitei a sugestão dela, pois na situação em que me encontrava, excessivamente nervosa por estar tão perto de Júlia, ela iria terminar por perceber alguma coisa. Era uma senhora agradável, mas muito conservadora.

 

Olhei mais uma vez para Júlia e segui para o meu quarto. Meu corpo ainda estava trêmulo de emoção pelo reencontro. Assim que entrei no quarto abandonei meu corpo sobre a cama e chorei. As lágrimas vieram sem o menor esforço.  Um misto de saudade, tesão e piedade revolvia todo o meu emocional. Vê-la tão debilitada e frágil, me partiu o coração. Viera decidida a levá-la comigo e demoraria e faria o quanto fosse necessário para convencê-la. Daria um jeito de ficar a sós com ela ainda naquele dia, não suportaria ficar tão perto sem tê-la em meus braços, mesmo que fosse apenas para ficarmos abraçadas e sentindo o calor uma da outra.

 

Suspirei profundamente e segui para o banheiro.

 

********************

 

Dona Cláudia tornou a abraçar Júlia e a levou para fora do quarto. Deixando-se levar, Júlia abandonou-se à proteção daquela senhora que aprendera a amar como a uma mãe. Já no andar inferior, Dulce dirigiu-se à cozinha a fim de inspecionar o almoço e Cláudia tomou a direção do jardim em frente à casa.

 

- Vamos conversar ali no meio daquelas flores. Será uma conversa colorida e perfumada. - brincou conseguindo arrancar um sorriso da outra.

 

Sentaram-se em um banco e tomou as mãos de Júlia nas suas. Olhou-a bem dentro dos olhos e sorriu. Olhou para aquele rosto lindo com o amor de uma mãe e, vendo nele refletido todo o sofrimento que aquela doce menina carregava, percebeu que teria que interferir mais do que pensava.

 

- Como está se sentido agora, querida?

 

Júlia fechou os olhos por alguns segundos e soltou o ar dos pulmões como se tirasse um peso enorme das costas. Em seguida, ergueu lentamente as pálpebras e brindou dona Cláudia com um azul encantadoramente influenciado pela variada tonalidade de cores do jardim. A senhora sorriu, e mais uma vez pode compreender a razão pela qual seu irmão e sua sobrinha haviam perdido completamente a cabeça.

 

Inspirando fundo Júlia confessou:

 

- Vê-la, simplesmente vê-la, faz a vida voltar à minha alma. Só sabê-la por perto, me enche de alegria!

 

Dona Cláudia apertou-lhe as mãos.

 

- Então, está nas suas mãos evitar todo esse sofrimento, minha filha. Volte conosco para casa. Não precisará voltar para a chácara, mas ficar longe demais impõe um sofrimento desnecessário a vocês duas, a Antenor e a mim.

 

Júlia apenas abaixou as vistas.

 

- Não tome isso como chantagem, porque não é. Você tem todo o direito de ficar aqui se quiser, mas quando isso traz sofrimento minha querida... principalmente para você, para seu filho...

 

Júlia levantou-se ao perceber a tia se aproximando e seguiu na direção do filho que vinha ao seu encontro acompanhado da babá. Abaixou-se e o abraçou.

 

- Mamãe, você ainda tá chorando?

 

Ela sorriu e pôs-se a olhá-lo e, só então, ao ver a tristeza naqueles olhos idênticos aos seus, percebeu o quanto o havia relegado a segundo plano.

 

- Não, meu amor. Mamãe não está mais chorando. Vamos almoçar agora?

 

- Cadê a minha rimã? - perguntou se referindo a Sylvia.

 

Todas riram.

 

- Sua rimã está no banho - respondeu dona Dulce, pegando-o pela mão.

 

*******************

 

Desci lentamente as escadas, pois sentia as pernas bambas só de imaginar-me frente a frente com ela de novo. Vê-la depois de tanto tempo e não poder ficar abraçada a ela o tempo todo era torturante! Iria me sentar à mesa para almoçar, mas sabia de antemão que teria que, praticamente, obrigar a comida a descer, pois não sentia fome, apenas um frio na barriga o tempo todo.

 

Quando entrei na sala de jantar, percebi que estavam apenas me esperando.

 

- Desculpem-me se os fiz esperar, mas é que a água estava tão agradável, que me esqueci da hora.

 

- Não demorou nada querida. - Dona Dulce se aproximou me tomando pela mão e me levando até a mesa. - Sente-se, meu bem e vamos ao almoço que tem um rapazinho aqui que está reclamando.

 

Todos olhamos na direção do meu irmão, e ele mais que depressa estendeu o prato para a mãe.

 

- Quero muito feijão e muita carne, mamãe!

 

- Meu Deus! Saiu mesmo ao pai! - observou minha tia, dando uma boa risada. - Antenor era um devorador contumaz de carne. Comia qualquer uma que lhe chegasse ao prato!

 

Eu estava nervosa demais para me descontrair com os comentários da minha tia. A presença de Júlia ali tão perto, aquele perfume exalando do seu corpo, dos cabelos, estava me deixando tonta. O simples gesto dela servir o filho me deixava extasiada. Ela não me olhou nem uma vez, enquanto estávamos sentadas à mesa, acredito que por temer que a tia percebesse. Estava paralisada, olhando-a ajudar Antenor com a comida. Ela, com a maior paciência, tentava convencê-lo a comer verdura. Sua voz chegava aos meus ouvidos e parecia escorrer por todo o meu corpo. Sentia-a como uma carícia por toda a pele. Ver seus lábios, imensamente vermelhos se mexendo, e vez ou outra a ponta da língua surgindo entre uma garfada e outra me tirava o ar. Fechei os olhos e inspirei fundo. Precisava me controlar.

 

A voz de dona Dulce chegou aos meus ouvidos me tirando daquele estado de verdadeira fascinação.

 

- Minha filha, está sem fome? Você ainda não se serviu?

 

Sem graça eu lhe sorri e, sem dizer nada, comecei a colocar pouca comida no meu prato. Apenas um pouquinho de arroz e verdura foi o que tentei comer, mas mesmo assim, foi difícil descer. A comida estava, ao que parecia, saborosa, pois tia Cláudia comia com gosto e não se cansava de tecer elogios.

 

Percebi que Júlia quase não comia, apenas levava uma garfada ou outra até a boca.

 

Um olhar sequer foi dado em minha direção mas, mesmo sabendo o motivo, não deixou de doer.

 

Antenor, depois de devorar sua carne, deixou a mesa e, sem saber, ao me chamar para acompanhá-lo, me salvou do constrangimento de ficar ali às voltas com os talheres, pois vez ou outra, dona Dulce lançava os olhos sobre mim.

 

- Você não está comendo nada, querida. Está sem fome?

 

- Na verdade, meu café foi muito reforçado dona Dulce e eu sempre fui de comer pouco.

 

Pedindo licença fui atender ao meu irmãozinho.

 

- Shylvia vem comigo, me leva pra dormir.

 

- Mas, já? Você acabou de comer. - observando, olhei para Júlia. Ela então me olhou, e sentir aquele azul dentro dos meus olhos me fez estremecer.

 

- Ele sempre faz a sesta, mas..., mas não dorme de... imediato. Você terá que... contar uma historinha. - Seu sorriso me tirou o chão de sob os pés. Firmei uma mão na mesa. - Vou com vocês... escovar os dentes dele.

 

- Vamos, Shylvia!

Ainda sem chão, acompanhei-os. Ela apressou os passos e seguiu na nossa frente. Ele não a acompanhou, continuou de mãos dadas comigo. Subi as escadas sem sentir os degraus e, fui dar por mim, já no quarto dele. Ele soltou minha mão e correu para o banheiro. Sentei-me numa poltrona próxima à cabeceira da cama e fiquei ouvindo a voz dela auxiliando-o na escovação.

 

Depois de alguns minutos que me pareceram horas, eles retornaram ao quarto e ele, mais que depressa, correu até uma cômoda e pegou um livro numa das gavetas. Veio em minha direção com os olhos brilhando e, com um sorriso encantador, me pediu com um olhar suplicante:

 

- Me conta essa historia. Mamãe já contou, mas eu gosto muito.

 

Recebi o livro que me estendia e ele correu para a cama. Virando-se para a mãe que permanecia parada no meio do quarto, disse num tom que, se não fosse obedecido, traria um tempestade de choro:

 

- Mamãe, deita comigo! Minha rimã vai contar historinha pra gente.

 

Júlia me olhou séria, pois sabia que, mesmo com ele ali, o clima se tornaria muito tenso para nós duas.

 

- Meu filho, mamãe não pode ficar. Tenho que dar atenção à sua tia Cláudia!

 

Ele franziu o cenho, e foi mesmo que enxergar meu pai quando de cara séria. Esbocei um sorriso e me pus a encará-la também com os olhos pedindo-lhe para ficar.

 

- Você vai é chorar!

 

Percebi que Júlia fechou os olhos e suspirou. Li nesse gesto, o quão difícil seria para ela ficar comigo no quarto. Mas, para evitar um chororô do filho cedeu. Sentou-se na cama e ele correu para o seu colo. Eu, nervosa, trêmula, comecei a ler a história de Andersen: O patinho feio.

 

Quando minha voz se fez ouvir, ele sorriu e olhou para a mãe e se aconchegou mais aos braços dela. Ela o acomodou melhor no seu colo e depositou um beijo em sua cabecinha e pôs-se a fazer-lhe cafuné.

 

Eu me sentia trêmula cada vez mais. Minhas mãos suavam e pelos cantos dos olhos percebi que ela aproveitava que meus olhos estavam fixados no livro, e me devorava com o olhar. Continuei a ler, mas não conseguia me concentrar na leitura. Se não já conhecesse o conteúdo, não seria capaz de repetir uma palavra depois. Alguns minutos mais tarde, não mais aguentando sentir o seu olhar sobre mim, levantei rapidamente os olhos em sua direção e me deparei com aquela inesquecível ternura que se derramava daquele maravilhoso azul. Ficamos nos encarando, e um sorriso doce se esboçou em seus lábios, mas o encanto foi quebrado por Antenor.

 

- A historinha não acabou...

 

Voltei meus olhos para o livro e continuei. Logo depois ele dormiu e ela o ajeitou sobre a cama. Fiquei esperando ela dar o primeiro passo: me convidar para sair do quarto  ou qualquer outra coisa. Eu não conseguia pensar com clareza.

 

Depois de ajeitá-lo, ela me olhou e disse como que se desculpando:

 

- Estou muito... muito cansada, acho... que vou me deitar um pouco... se... se não se importa.

 

Disse se dirigindo à porta de comunicação com o quarto dela. Eu, mais que de imediato, me coloquei de pé e a segui. Ela parou na porta e me olhou suplicante.

 

- Não faça isso!

 

- Eu não posso mais! Preciso lhe abraçar novamente! Só um abraço. A sua tia não vai aparecer aqui agora. - Disse empurrando-a suavemente para seu quarto e tranquei a porta. Corri e tranquei a principal também e voltei para ela que estava paralisada no mesmo lugar. Aproximei-me e toquei-lhe o rosto com suavidade.

 

- Eu não estou me aguentando de saudades! Durma comigo esta noite! - supliquei enlaçando-a pela cintura e trazendo-a para mim. Senti seu corpo estremecer.

 

- Nem pensar! A minha tia... ela não é boba!

 

- Ela vai para a cidade. - informei a apertando um pouco mais e beijando seu pescoço.

 

- Como sabe disso? Ela... Ela não me disse nada!

 

Tentava se esquivar e, ao mesmo tempo, se aproximava mais de mim. Deixei minhas mãos descerem para suas nádegas e as apertei levemente e isso foi o suficiente para ela me enlaçar o pescoço. Sorri em agradecimento e tomei seus lábios nos meus. Ela não mais opôs resistência. Se amoleceu inteira nos meus braços e eu fui guiando-a, sem soltá-la, em direção à sua cama. Descendo os lábios pelo seu pescoço eu conclui o que estava falando.

 

- Ela me disse enquanto você conversava com minha tia.

 

- Como? - Parecia já ter se esquecido do que eu havia dito.

 

- Sua tia Dulce. Ela me disse que vai para a cidade e me pediu desculpas.

 

Caímos juntas na cama, eu por cima. Ela tentou sair para o lado, mas eu a impedi.

 

- Ela não me disse.

 

- Disse que precisa resolver coisas urgentes. Amanhã estará de volta.

 

Ela me olhou e tomou minha boca com gula. Gemi e engoli seu beijo. Rolei para o lado trazendo para cima de mim e deixei minhas mãos passearem pelo seu corpo, apertando-o, apalpando-o. Queria sentir novamente cada centímetro daquele corpo adorado. À medida que minhas mãos exploravam seu corpo e minha língua saboreava a sua boca, ela gemia. Um gemido baixo e dengoso. Meu corpo ficou em chamas quando ela começou a se mexer sobre mim. Rapidamente suspendi sua saia e apertei suas nádegas, puxando-a mais de encontro a mim. Ela gem*u alto e eu deslizei uma mão para dentro de sua calcinha direcionando a outra para seus seios que eu ansiava tê-los em minha boca. Ao sentir meus dedos em seu sex* ela estremeceu e gem*u mais alto ainda. Estava toda molhadinha e eu fiquei completamente louca. Brinquei com o seu clit*ris  fazendo-a rebol*r sobre mim de um jeito fogoso. Ela estava escorrendo pelos meus dedos e a vontade de tê-la em  minha boca toldou completamente meu raciocício. Rolei sobre ela e quando comecei a tirar a sua roupa, o menino chorou no quarto ao lado. A sensação que tive ao ouvir a voz chorosa do meu irmão é quase impossível de descrever. Fiquei sem chão, vazia, oca. E, mesmo ele sendo uma criança, senti raiva da situação.

 

Ela, mais que depressa, se levantou arrumando a roupa.  No seu semblante crispado vislumbrei um misto de desagrado e alívio. Ela abriu a porta um tanto abruptamente e seu tom de voz com o menino não foi dos mais agradáveis.

 

- O que é agora Antenor? Por que não dorme? Não queria tanto dormir?

 

Eu, voltando à realidade, fui para o meu quarto. Assim que entrei, me joguei na cama tentando me acalmar. Levei a mão ao nariz e aspirei, deliciada, o seu cheiro. Teria que amá-la naquela noite, porque do contrário, saberia Deus quando. Não podia dar a ela tempo de se acostumar com minha presença. Eu não iria aguentar mais tempo sem cometer uma besteira e, sem querer, denunciá-la para a tia. Mais uma vez as lágrimas vieram aos meus olhos e eu chorei. Chorei por não poder viver o amor que sentia por ela, por não saber até quando iria sofrer por ela, pela incerteza de que o meu amor era correspondido.

 

*****************

 

Júlia deitou-se com o filho e deu vazão às lágrimas. Ele, se aconchegando a ela, voltou a dormir tranquilamente. Uma irritação crescente começou a tomar-lhe e ela, afastando-se lentamente do menino para não acordá-lo, pôs-se a caminhar no quarto de um lado para o outro. O corpo ainda sentia os efeitos dos toques de Sylvia e a vontade de estar com ela e não poder, o fato de ter sido interrrompida pelo filho no momento em que matava a sua vontade, sua saudade, transformou-se num emaranhado de emoções turbulentas que tirava-lhe mais e mais o controle sobre a razão. Sentia que ia enlouquecer. Uma vontade de sair correndo e gritar a plenos pulmões que queria ficar em paz, sozinha, livre de toda aquela dor, se insinuou. Levando as duas mãos ao rosto, respirou fundo e sentou-se na poltrona. Recostando a cabeça no espaldar fechou os olhos e, esfregando as mãos sobre as pernas, fechou-as fortemente com o intuito de frear o impulso de gritar.

 

Algum tempo depois, sentindo as mãos de Antenor nas suas, percebeu que terminou por pegar no sono ali mesmo na poltrona. Consultou o relógio e se deu conta de que a tarde já ia avançada.

 

- Mamãe, quero meu lanche!

 

Colocou-o no colo e beijou-lhe a face. Estava mais calma e arrependeu-se de ter falado com ele de forma ríspida.

 

- Que bichinho faminto você tem aqui dentro? - Perguntou tocando na barriga dele.

 

- Tia Dulce me falou o nome. É muito grande! Eu esqueci. - Disse dando uma risada apertando a barriga.

 

- Preciso ter uma conversa séria com esse bichinho. - Pôs-se a fazer cócegas nele - Vai terminar por comer toda a comida da casa.

 

- Pára mamãe! - reclamou se encolhendo e se sacudindo de rir. - Va... Vamos descer. Quero.... - continuava a rir - Quero suco de laranja com... com bolo de cho... chocolate. - Ela continuava com a brincadeira - Mamãe! Eu não aguento! - Com muito esforço, pulou do colo dela e correu para a porta.

 

Ela se levantou e foi atrás dele.

 

- Pensa que vai escapar assim?

 

Ele disparou na frente  e desceu as escadas correndo. Ela deixou-o ir e seguiu atrás a passos lentos. Sentia como se a carne do corpo estivesse solta e um frio no estômago a fazia estremecer. Segurando-se no corrimão, desceu as escadas degrau por degrau.

 

***********

 

Assim que Júlia foi para o quarto de Antenor, eu fui para o meu e me joguei sobre a cama. Não queria ver ninguém. Uma angústia lancinante se arrastava por dentro de mim e meu estômago dava voltas. Tentei me segurar ao máximo, mas o enjoo me fez correr para o banheiro.  Depois de alguns minutos, retornei ao quarto e me deparei com tia Cláudia que acabara de entrar.

 

- Minha filha, o que houve? Enjoo de novo?

 

Fiz um leve aceno com a cabeça e me deitei novamente.

 

- Vim lhe buscar para fazermos um lanche. Não comeu nada no almoço.

 

A simples menção à comida me revoltou novamente o estômago, mas consegui permanecer deitada.

 

- Não, tia. Não quero comer nada.

 

Ela sentou-se ao meu lado e pôs-se a me olhar.

 

- Está muito abatida. - dando um sorriso matreiro, perguntou - Vocês conversaram melhor?

 

Eu fiz uma careta de derrota e as lágrimas voltaram.

 

- Mais ou menos tia. Antenor terminou por nos interromper, mas a noite a tia dela não estará, acredito que ela ficará mais à vontade.

 

- É, inclusive ela já foi. Amanhã estará de volta à tardinha. Vocês terão esta noite e o todo o dia de amanhã livres.

 

Aproximando-se mais de mim e tomando as minhas mãos entre as suas - um hábito que ela tinha quando queria falar mais seriamente - Seja mais firme com ela, querida. Corta-me o coração, mas vejo que ela precisa de, digamos, um choque, uma sacudidela, pois no fundo ela acredita que você estará sempre disponível para ela. Que não há a menor possibilidade de nenhuma outra mulher entrar em sua vida. Ela, de uma certa forma, já se conformou com Augusto, pois sabe que você não o ama e que não terá uma vida conjugal com ele.

 

- Mas tia, será que Júlia é tão complicada assim?

 

- Não se trata de ser complicada, minha querida. Ela ainda é muito conservadora e ainda não consegue aceitar naturalmente a condição de amar outra mulher. Dentro de quatro paredes é uma coisa... mas...

 

- Ela sempre diz que o empecilho é Augusto.

 

- Também. Mas o maior e principal motivo é a falta de autoaceitação. Ela, sabe Deus por qual razão, ainda se prende a velhas convenções.

 

- Sou completamente alucinada por ela, tia. Mas, tenho medo de que um dia eu me canse de lutar.

 

- Não, minha querida. Você não se cansará. Eu lhe conheço. A persistência é uma das suas maiores qualidades.

 

Curvou-se dando-me um beijo na cabeça e ofereceu.

 

- Quer que eu lhe traga um lanche?

 

- Pelo amor de Deus, não!

 

Ela sorriu e me acariciou o rosto.

 

- Tia, faça-me um favor hoje a noite.

 

- O que quiser, minha querida.

 

- Durma com Antenor, pois pretendo ir para o quarto dela. Preciso ficar com ela a sós, sem o risco de sermos interrompidas. Quero conversar com toda a seriedade possível, de uma vez por todas.

 

- Claro, meu bem! Assim que terminar o jantar, vou me encarregar dele. O que não me falta é repertório de estorinhas para contar.

 

Nos abraçamos e ela colocou minha cabeça em seu colo e terminei por dormir.

 

***********

 

Antenor tomava o suco com prazer e deu um sorriso brilhante para a mãe quando ela lhe perguntou:

 

- Gostaria de voltar para casa, meu querido?

 

- Gostaria mamãe! Quero ver tia Lena, brincar com tia Cláudia na piscina.

 

Olhando aquele rostinho que agora esbanjava alegria, continuou indagando.

 

- Não gosta daqui?

 

- Não! Gosto da minha casa. Gosto do jardim da Cháquira.

 

Júlia sorriu da última palavra.

 

- Você gosta muito da cháquira?

 

- Gosto. Que dia a gente vai? Minha rimã veio buscar a gente?

 

Com os olhos já marejados, Júlia confirmou com a cabeça.

 

- Acho que sim, meu querido! Acho que sim!

 

- Oba! Faz logo a minha mala, mamãe! Quero ir agora!

 

Abraçando-o ela suspirou e fechou os olhos.

 

- Agora não é possível, meu anjo. Elas acabaram de chegar. Estão cansadas.

 

Alguns minutos depois, chamou a babá para ficar com ele e se dirigiu para o seu quarto. Precisava ficar sozinha para organizar as ideias. Com a reação do filho à chegada das parentes, percebeu o quanto sua atitude o estava prejudicando. Não tinha o direito de envolvê-lo em seus problemas. Ele não tinha culpa de nada e não era justo afastá-lo daquelas que ele já tanto amava.

 

Teria que voltar para São Paulo por seu filho. Mas, temia a proximidade de Sylvia. Tê-la perto, mesmo que não fosse morar na chácara, coisa que não pretendia fazer de forma nenhuma, seria difícil resistir, aguentar ficar longe. Mas não poderia deixar seu filho sofrer por um problema que era seu e não dele.

 

As imagens das poucas horas atrás assaltaram sua mente fazendo seu coração disparar. O estômago contraiu e ela se encolheu na cama abraçando o travesseiro. Fechou os olhos e se entregou ao enlevo da recordação. Seu corpo, no entanto, começou a reagir, pois segundo especialistas, o cérebro não difere o momento da experiência,  do da recordação dessa mesma experiência. Então, as reações do seu cérebro naquele momento eram as mesmas das sentidas no momento em que literalmente esteve nos braços de Sylvia. Começou a sentir o calor e o sabor de seus lábios, a delícia e o atrevimento de seu toque. Um sorriso aflorou em seus lábios e gem*u baixinho percebendo a umidade lhe inundando.

 

**************

 

Temendo uma resistência por parte de Júlia, não a preveni de que pretendia ir até seu quarto à noite. Ela, tenho quase certeza, trancaria a porta. À medida que a noite se aproximava, pois havia dormido apenas uma hora, embalada pelo cafuné da minha tia, eu ficava mais e mais tensa. Ansiava por ficar a sós com ela, mas, ao mesmo tempo, temia sua rejeição. Mesmo sabendo que ela terminava por ceder, o esforço que ela fazia para resistir, já estava me agastando.

 

Tomei um demorado banho e me vesti com uma calça de algodão creme e uma blusa de um tecido fino verde claro. Quando já estava descendo as escadas, uma empregada já estava indo me chamar.

 

Ao chegar na sala de jantar, Antenor veio correndo em minha direção e abraçou minhas pernas.

 

- Minha rimã, você me conta historinha de novo?

 

Eu me agachei e cochichei em seu ouvido:

 

- Tia Cláudia conta melhor do que eu. E ela está morrendo de vontade de contar uma história legal para você. Mas, não fale nada agora não. É segredo! Quando for dormir, eu subo com você e ela vai atrás da gente, você vai ver. Ela está louquinha para contar.

 

Ele ouvia segurando o riso e olhando sorrateiramente para tia Cláudia que já se dirigia para a mesa.

 

- O que vocês dois estão cochichando?

 

Fiz sinal para ele ficar calado. Ele continuou sorrindo e olhou para ela com uma cara sapeca.

 

- Nada, tia. Estava contando um sonho que tive, não foi querido?

 

Ele apenas confirmou com a cabeça e se sentou do meu lado à mesa.

 

Júlia sorriu e se sentou ao lado de tia Cláudia.

 

Esforcei-me para comer um pouco. Foi servida uma sopa de legumes que estava saborosa.

 

Comemos em silêncio, vez ou outra Antenor ameaçava entregar o nosso segredo. Eu olhava para ele e colocava o dedo nos lábios pedindo-lhe silêncio. Ele se balançava de rir e olhava para tia Cláudia.

 

Minha tia, entrando na brincadeira, anunciou:

 

- Eu vou descobrir o que vocês dois estão tramando. Você tem ideia do que seja, Júlia.

 

Ela olhou para mim e disse com uma voz que traduzia toda a ternura do mundo.

 

- Não, dona Cláudia. Não faço a menor ideia. Mas, acho que podemos descobrir.

 

Antenor ficou de joelhos na cadeira, e dando uma risada alta, olhou de uma para a outra e, depois virando-se para mim, perguntou:

 

- Elas vão descobrir?

 

- De jeito nenhum! Pode ficar tranquilo.

 

*************

 

Assim que terminamos, me pus a montar com Antenor no tapete da sala de estar, o lego que havia levado para ele. Ela conversava ali mesmo com tia Cláudia e, vez ou outra, meus olhos eram puxados em sua direção. A simples visão da imagem dela me causava uma revolução de emoções. Era inebriante o simples ato de olhá-la. Era um deleite para os olhos. A suavidade da voz parecia me percorrer todo o corpo. Sentia como se a melodia da sua voz me tocasse fundo na alma, me causando uma alegria intensa e, ao mesmo tempo, uma tristeza infinda pela indefinição do nosso envolvimento. Em um determinado momento em que nossos olhos se encontraram e ficamos nos encarando por alguns segundos, eu pude ver com clareza, o desejo e a saudade que ela estava sentindo de mim. Uma felicidade me inundou, e tive quase que certeza de que aquela noite seria nossa.

 

*************

 

Pouco mais de uma hora depois, Antenor se levantou do tapete e, abrindo uma boca enorme de sono, anunciou:

 

- Quero dormir. Me leva, Shylvia. Você me conta historinha?

 

Eu, mais que depressa me coloquei de pé e olhei para tia Cláudia, que me piscou o olho. Ele pegou em minha mão e foi me puxando em direção à escada.

 

- Não vai me dar um beijo de boa noite, meu amor?

 

Ela se manifestou abrindo os braços para ele. Envolveu-o num abraço apertado e beijando-lhe as bochechas, abençoou.

 

- Durma com Deus meu anjinho. Vamos escovar os dentes primeiro.

 

Ela se levantou e, pegando-o pela mão, seguiu com ele para quarto.

 

Olhei para tia Cláudia e ela fez um sinal com a mão para eu ter calma.

 

- Vem, Shylvia!

 

Tia Cláudia também se pôs de pé e me acompanhou. Seguimos atrás deles e eu me pus a observá-la seguir em direção ao hall que levava às escadas. O discreto balançar dos seus quadriz naquela saia branca me tirava o fôlego. Quando terminou de subir as escadas, ela seguiu pelo corredor que levava para os quartos e eu continuei bailando as minhas vistas pelo seu corpo. Ela entrou no quarto dele e quando eu fui fazer o mesmo, tia Cláudia me deteve.

 

- Vou para o meu quarto e daqui a pouco volto. Depois que eu chegar, você arruma uma desculpa e vai para o seu e só sai de lá quando eu lhe chamar.

 

- A senhora vai dormir aqui no quarto dele?

 

- Não, vou levá-lo para o meu. Deixe comigo. Fique tranquila.

 

Minha tia seguiu para o quarto dela e eu entrei no do meu irmão e ouvi a voz dela mais uma vez auxiliando-o na escovação.

 

Alguns minutos depois, eu já estava sentada na poltrona e ele se ajeitando na cama, tia Claudia entra, anunciando:

 

- Querido, esta noite quem vai lhe contar histórias sou eu. Você vai adorar.

 

Ele olhou para mim e eu fiz o sinal de silêncio com um dedo. Ele se encolheu segurando o riso.

 

Júlia olhou para mim e para tia Cláudia. Ela não era nenhuma ingênua. Mas, não disse nada. Se desconfiou de alguma coisa, não demonstrou.

 

Tia Cláudia sentou-se na cama e o trouxe para o seu colo e, acomodando-o bem,  alertou:

 

- Você tem que prestar muita atenção nessa história, querido. É sobre o gênio de uma lâmpada.

 

Ela me olhou e eu entendi que já era hora de eu sair.  Não consegui dizer nada e quando fui saindo, ele me chamou:

 

- Shylvia, você não vai ouvi a historinha?

 

Antes que eu respondesse, tia Cláudia me socorreu:

 

- Ela já conhece a historinha, meu querido, mas daqui a pouco ela volta.

 

*************

 

Por volta de quase duas horas depois, quando já estava me agoniando de tanta espera,  ouço uma leve batida na porta do meu quarto. Quando abro me deparo com minha tia.

 

- Ela já foi para o quarto dela e Antenor já está dormindo. Vá agora para o dela que logo em seguida, vou buscá-lo.

 

Trêmula, com o coração na mão, segui para o quarto de Antenor. Não quis me arriscar entrar pelo dela, pois o receio de encontrar a porta trancada me apavorava. Vagarosamente, abri a porta de comunicação e entrei num quarto escuro, levemente iluminado pela claridade da lua que atravessava a janela parcialmente aberta. Pude vê-la deitava de bruços sobre a cama. Tive o cuidado de trancar as duas portas. Quando me aproximei da cama e me sentei, ela sussurrou:

 

- Vi quando você entrou. - Disse virando-se de lado.

 

Aproximei-me dela, abraçando-a por trás.

 

- Estava morrendo de medo de encontrar as portas trancadas. Se você tivesse feito isso, eu nem sei dizer como ficaria.

 

Sem dizer nada, se aconchegou mais a mim. Meu coração disparou.

 

- Precisamos conversar, Júlia. Nos devemos isso.

 

Ela concordou segurando minhas mãos e levando-as aos lábios.

 

- Faltei morrer de saudades, meu bem. Estava completamente desorientada sem você.

Ela se virou de frente para mim e acariciou meu rosto e sem dizer uma palavra sequer, beijou levemente meus lábios. Eu estava transbordando de alegria, mas a incerteza de como ela reagiria depois, no outro dia, me deixava arrasada. Então resolvi arriscar a perder aquela noite.

 

- Você... você tem certeza, Júlia?

 

Ela tomou novamente meus lábios.

 

- Não vai... se arrepender... e me tratar com frieza... depois?

 

Sua língua invadiu minha boca e encaixou o corpo ao meu. Meu coração galopou e minhas mãos, mais que de imediato, a puxou para cima do meu corpo. Quando percebi que ela estava sem calcinha, perdi completamente a razão.

 

-- Meu amor! Que saudade! -- Minhas mãos agiam por conta própria dançando por todo o seu corpo. Senti que ela estava bem mais magra, mas para mim, continuava deliciosa como sempre. Agarrei-a, apalpei-a de todas as formas possíveis .

 

- Shiii! Deixe-me beijar sua boca! - pediu-me silêncio. Eu me entreguei ao beijo e a deixei à vontade para que fizesse o que quisesse comigo.

 

Afastando-se em busca de ar, sentou-se sobre mim e começou a tirar minha blusa. Ajudei-a e, quando senti suas mãos envolvendo meus seios, senti como se tivesse deixado de existir nessa dimensão. Todo o meu corpo estremeceu de prazer. Pus-me a olhá-la. Ela estava linda com os cabelos negros caindo em cascata sobre os ombros, em contraste com a pele clara. Mesmo com ela em cima de mim, consegui tirar o resto de minha roupa. Ela me sorriu lindamente e se encaixou com cuidado e perfeição sobre mim, para dar início a uma deliciosa cavalgada e, ao mesmo tempo, massageava meus seios.

 

- Você é linda, Júlia! Não se afaste de mim, nunca mais! Eu lhe imploro!

 

Ela sem dizer nada, continuou com o movimento de vai e vem e com os olhos presos em mim. Os lábios entreabertos e rubros me davam água na boca.

 

- Você é deliciosa! Eu não aguento ficar sem você! - Minhas mãos a segurava pelas nádegas e a auxiliava nos movimentos que se tornavam mais ousados. E, vez ou outra, sem que eu percebesse, se dirigiam para seus seios.

 

- Ai...! Ah! Que saudade de você! - Sua voz saiu rouca e dengosa - Estava louca por isso! Meu Deus... que delícia, Sylvia!

 

Ouvi-la daquele jeito, me fazia delirar.

 

- Meu amor! Você é linda! Ai... tão gostosa, tão mulher! Eu te amo! Te amo, Júlia!

 

Ela acelerou o ritmo dos movimentos e, antes que ela goz*sse, eu a tirei de cima de mim e me deitei por cima dela. Quando senti seu corpo no meu, arrepiei-me e me estremeci inteira. Todo e qualquer resquício de razão que ainda fazia morada em mim, desapareceu completamente. Tomei novamente a sua boca na minha e sorvi com ardor a sua língua, sua saliva, e em seguida deixei meu instinto me conduzir e meus lábios e mãos possuíram com loucura aquele corpo, aquela alma que havia se entranhado em minhas veias e meus sentidos, como uma viciante e deliciosa droga

 

- Minha vida... deixe-me sentir você, meu amor! - Estava louca de saudades e me afastei um pouco para admirar seu corpo que, mesmo bem mais magro, continuava lindo, perfeito!.

 

Gemi quase chorando quando envolvi nos meus lábios, os bicos dos seus seios. Senti-los durinhos e enrijecendo cada vez mais dentro da minha boca me provocava uma sensação indescritível. A sensação de possuir aquela mulher depois de tanto tempo, depois de tanta saudade, era a maior das delícias. Meu corpo todo tremia e ardia como se estivesse em chamas. Suas unhas me arranhavam as costas e ouvir meu nome ser cantado por seus lábios, entre suspiros e gemidos me deixava ainda mais ensandecida.

 

Quando minha boca atingiu seu ventre, ela começou a chorar.

 

-- Sylvia... ! Fique... fique comigo... meu amor! Eu... eu morro sem... sem você!

 

As lágrimas já desciam em abundância dos meus olhos e sabendo-me tão próxima de sua intimidade tão ansiada por mim, me fazia chorar mais ainda. Aproximei meus lábios de seu sex* e beijei-o com amor e ternura. Em seguida, lentamente, deslizei a língua por toda a sua vagin* e mordisquei com suavidade o clit*ris. Ela estremeceu violentamente e gritou meu nome que, com certeza, atravessou as paredes do quarto.

 

Depois de sentir Júlia se amolecer inteira em meus braços, devido aos incontáveis orgasmos que lhe proporcionei naquela noite, agradeci mais uma vez a Deus por ter a oportunidade, de mesmo com toda a complicação e dificuldade de nossa relação, amar uma mulher como ela. Ela era deslumbrante! Eu não me cansava nunca de admirá-la e, cada momento junto, cada noite de amor, ainda que regada a lágrimas, era única. Cada momento era como se fosse o primeiro. O sabor, sempre inédito, as emoções, sempre avassaladoras. O meu coração nunca disparava da mesma forma, mesmo que ao simples soar de sua voz; as minhas pernas sempre fraquejavam de forma diferente diante da simples percepção de sua presença. O frio na barriga era uma constante, pois eu nunca sabia se no próximo minuto, ela ia me desprezar ou me acolher. Mas, mesmo diante de toda a insegurança e indefinição que ela ostentava, eu, completamente submissa ao amor que sentia, me submetia à espera constante e à esperança de que um dia ainda seríamos plenamente felizes juntas.

 

Na manhã seguinte àquela noite de amor desenfreado, acordei com ela quase parcialmente em cima de mim. Dormia com um sorriso nos lábios. Com o corpo esgotado, se largou à vontade sobre meu corpo e seu cheiro invadia minhas narinas me enchendo de satisfação. O calor do seu corpo me aquecia a alma e, naquele momento, olhando-a dormir tão serena, tão entregue a mim, eu tive a plena certeza de que ela realmente me amava e me resignei caso ela resolvesse - depois que abrisse os olhos e a realidade caísse sobre nós, indiferente aos nossos sonhos - manter distância de mim novamente. Não conseguimos, na noite anterior, ter a conversa que queria, pois a saudade foi maior e tomou conta dos nossos sentidos. Mas, ainda naquele dia, antes que sua tia retornasse, eu teria que conversar com ela.

 

Longos minutos depois, ela abriu os olhos. Eu já estava sentindo o corpo dolorido devido ao seu peso e ao meu estado. Quase cinco meses de gravidez, ficar imóvel por um bom tempo já era quase impossível. Mas, não me mexi para não acordá-la. Ver aquele azul tão próximo aos meus olhos, foi indescritível. Ela sorriu e ficou me encarando. Aproximou mais o rosto e me beijou suavemente os lábios. Eu a beijei de volta e derramei um sorriso - com certeza abobalhado, completamente apaixonado - sobre ela.

 

- Descansou bem, meu anjo? - Perguntou-me com uma voz um tanto quanto maliciosa. Parecia cheia de segundas intenções.

 

- Descansei. E você? - Fiz-me de inocente. Ia deixá-la tomar a iniciativa.

 

- Eu estou nova em folha. - disse acariciando meu rosto e erguendo o corpo para ficar mais próxima ainda do meu rosto, de forma que minha boca ficasse totalmente ao alcance da sua. Olhou fixamente para os meus lábios, e li em seus olhos uma fome que nunca vira antes.

 

- Antes de descermos quero me relembrar da nossa noite de sonho. - Anunciou tomando posse dos meus lábios. Ela estava diferente na cama, e para melhor. Abandonei-me em seus braços.

 

Seus lábios devoravam a minha boca como se quisessem recuperar o tempo perdido. Deixei minha mãos vagarem por seu corpo. Ela começou a beijar meu rosto, pescoço me deixando num estado de loucura que tive que fazer um esforço sobre humano para não gritar. Quando sua boca atingiu uma das minhas orelhas e ouvi as palavras sussurradas, achei que fosse morrer:

 

- Quero dar a você todo o prazer que me deu ontem, meu amor! Vamos aproveitar que minha tia não está.

 

Eu não consegui dizer nada. Apenas concordei num gemido alucinado.

 

Seus lábios começaram a explorar o meu corpo. Desceram novamente para o meu pescoço e foram em direção aos meus seios. Todo o meu corpo se agitou, quando sua boca cobriu com gula um dos mamilos. Pus-me a acariciar com uma mão os seus cabelos e a outra buscou um dos seus seios. Sentí-lo tenro, duro de excitação em minha mão, enquanto sua boca devorava com uma certa força e gula os meus, me arrebatou completamente a razão.

 

- Meu amor! -gemi alucinada - Me amor! Prometa que nunca mais vai me abandonar!

 

Ela, em resposta, gem*u e soltando meus seios, deixou seus lábios se arrastarem em direção à minha barriga, deixando ali caminhos de fogo. Ao sentir seus lábios quentes e úmidos no meu ventre, uma contração começou a mover o meu quadril, à minha revelia. As contrações involuntárias do meu corpo arrancaram um sorriso e um gemido rouco dos seus lábios.

 

- Aii Sylvia! A... assim você... me deixa comple...tamente louca!

 

Dizendo isso seguiu beijando minha virilha, o interior das minhas coxas e passando a dar mordidinhas leves no meu monte de Vênus.

 

Sonhava com o dia em que ela fosse agir assim comigo. Sempre com a postura passiva, se entregava completamente a mim, sem ter a coragem de satisfazer ou demonstrar com mais liberdade os seus desejos.

 

Seus lábios ficaram ensaiando, por torturantes minutos, tomar a posse completa do meu sex*. Com um atrevimento que eu jamais a suspeitava capaz, uniu as minhas pernas, com o intuito de deixar a minha vagin* bem fechadinha e pôs-se a brincar com a língua na abertura da mesma. Por aquela estreita passagem, sua língua acariciava meu clit*ris me levando à extrema alucinação. Minhas mãos emaranhavam em seus cabelos e sua língua continuava, incansável, a dialogar com meu sex* me deixando a cada segundo, mais e mais preste a explodir.

 

- Oh! Júlia! Meu amor! Você vai me matar... Meu Deus! Oh! Desse... jeito!

 

- Quero... quero lhe amar... como você... me amou ontem... minha vida! - declarou com aquela voz deliciosa que tinha e extraordinariamente sensual no momento do sex*. - Estava louca... para fazer...isso! Te amo! Te amo... a cada dia... mais.

 

Não aguentando mais, ela abriu minha vagin* com as mãos e, expondo o clit*ris completamente inchado e vermelho, gem*u antes de abocanhá-lo.

 

- Meus Deus!... Como é lindo!... Que delícia!

 

Quando ela começou a alternar leves ch*padas com a fricção da língua, eu me senti arrebatada para fora do corpo. Minha cabeça pareceu explodir e meu corpo se agitou completamente, num estremecimento alucinante de prazer. Despejei todo o meu êxtase em seus lábios e ela chorando, gritou a plenos pulmões, completamente fora de si.

 

- Sylvia! Sylvia! Minha vida, meu doce amor!

 

*************

 

Ficamos na cama até quase meio dia e tive certeza de que ela percebera a minha armação com tia Cláudia, porque em momento algum falou no filho ou se mostrou preocupada com ele.

 

Ela levantou-se nua e foi para o banheiro, deixando meus olhos deliciados com a visão do seu corpo.

 

- Como você consegue ser tão linda assim?

 

Ela apenas sorriu e desapareceu pela porta. Minutos mais tarde voltou tomada banho e envolta numa toalha. Sentou-se ao meu lado e acariciando meu rosto, perguntou com uma voz dengosa e levemente brincalhona.

 

- Está sem forças para levantar? - Beijou a ponta do meu nariz - Está sem pernas, meu amor?

 

Eu a puxei para mim e beijei-a com intensidade e senti meu corpo se abrasar novamente. Ela sorriu e se afastou suavemente.

 

- Acho que está na hora de descermos, meu amor. - Passou a mão suavemente na minha barriga - Esse anjinho aqui, deve estar exausto, não é? - Curvou-se e beijou levemente meu ventre. - Desculpe-me se me excedi, meu anjinho. Mas prometo que sua mãe terá uma tarde de repouso.

 

Eu me embeveci inteira diante desta manifestação de carinho para com meu filho. Ela percebendo a minha admiração, esclareceu.

 

- Ele é seu filho! Nada mais natural do que eu amá-lo como se fosse meu.

 

Eu me sentei e a abracei. As lágrimas vieram aos meus olhos. Depois tomei seu rosto entre minhas mãos e pedi:

 

- Meu amor, vamos conversar hoje. Vamos tentar, minimamente, resolver nossa situação. - Ela tentou falar, mas a impedi - Deixe-me concluir. Não vou lhe pressionar, mas precisamos, nos devemos um esclarecimento.

 

Ela apenas concordou com um leve balançar de cabeça e me abraçou.

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 22 - Capítulo 21:
cris05
cris05

Em: 16/09/2018

Simplesmente PERFEITO!

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Zizi
Zizi

Em: 16/09/2018

Será que se morre de amor? Cada vez mais apaixonada por esta estória! Parabéns!!!!

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