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Blind por Bruna DX

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Palavras: 5324
Acessos: 3122   |  Postado em: 10/09/2018

Capítulo 16

 

 

 

Sábado! Eu estava sentada na praça de alimentação de um dos maiores e dos mais sofisticados shoppings da cidade. Cheguei ali antes do horário de funcionamento daquele aglomerado de lojas. Estava ansiosa e um tanto nervosa. Passei um tempo sentada do lado de fora aguardando até o momento em que finalmente as portas se abriram, e quando aconteceu, corri para a praça de alimentação.

 

Olhava o celular a todo instante, e Samanta não dava nenhum sinal de vida. Ontem mesmo liguei pra ela e pedia a sua ajuda para escolher uma roupa adequada para aquela festa. Eu não entendia muito de moda, e minha amiga vivia ligada e antenada nesse mundo. Tinha certeza de que tinha pedido ajuda a pessoa certa.

 

O problema é que havíamos combinado de nos encontrar nessa praça de alimentação as 10:30, e ela já estava atrasada mais de 10 minutos. Ela não era de se atrasar, e isso estava me deixando ainda mais temerosa. O tempo estava passando e ele estava ficando escasso pra mim, a festa seria logo mais a noite.

 

Tinha que escolher uma roupa que eu não tinha a mínima ideia de como era, talvez um salto, bijuterias e ainda passar no salão para dar um jeito em meus cabelos e fazer as unhas. Era um pouco assustadora a ideia de entrar no meio daquela gente que não era como eu.

 

Fecheis os olhos e soltei todo o ar de meus pulmões ruidosamente. A minha perna já estava cansada de tanto que ela balançava nervosamente debaixo da mesa.

 

-- Cheguei!

 

Soltei um palavrão nada bonito e levei a mão ao peito. Que susto desgraçado.

 

-- Como foi que você se materializou aqui, do nada, criatura?

 

-- Eu acenei pra você, mas bem que eu percebi que você não tinha me visto. Está tudo bem?

 

-- Estou nervosa.

 

-- Então vamos começar, ainda quero que nos reste um tempo e que você me conte direitinho o que anda acontecendo com você e a Adele.

 

-- Eu não sei nem por onde começar Sam. Nunca fui a uma festa como essa. E, aliás, que diabos é um traje Black tie?

 

Samanta riu com gosto na minha cara. Ela não podia pegar leve comigo não? Era óbvio que eu não sabia que tipo de roupa era aquela já que eu nunca precisei usar uma antes. Meu conhecimento a cerca de moda se restringia apenas em saber que não se devia misturar listras com listras, e já fiquei até sabendo que isso já era mais válido, que havia virado tendência.

 

-- Não se preocupe meu bem, cuidarei muito bem de você. Mas tenho uma pergunta básica pra te fazer antes de começarmos.

 

-- Que pergunta?

 

-- Seu cartão está com o limite livre?

 

-- Está.

 

-- Que bom, porque vamos precisar dele, e, por favor, não me venha com contenção de gastos. Você tem que estar deslumbrante nessa festa.

 

Já conseguia prever o valor exorbitante que viria na minha próxima fatura. Samanta nunca poupou dinheiro quando o assunto era vestuário, e era óbvio, que ela não perderia a oportunidade de me fazer de cobaia, me transformando em uma boneca que ela vestia e arrumava como bem entendia. Do jeito que ela sempre quis fazer.

 

Adentramos algumas lojas e saímos rapidamente sem encontrarmos o que procurávamos. Subimos mais um piso de lojas e adentramos uma loja onde manequins exibiam alguns vestidos com requinte e sofisticação. Pareciam àquelas lojas que aparecem nos filmes, onde a recém riquinha entra e saí com inúmeras sacolas.

 

Uma mulher bem vestida e com um sorriso nos lábios se aproximou de nós oferecendo ajuda. Samanta conversou com ela pedindo alguns modelos específicos e eu fiquei encarando as duas, parecia que elas falavam em outra língua. Era um saco ser leiga em um assunto específico.

 

A mulher se retirou e nós nos sentamos em um dos três sofás brancos – que pareciam caríssimos - que havia próximos aos provadores. Não demorou muito e a vendedora apareceu nos mostrando três modelos de vestidos. Um mais lindo do que o outro, mas três modelos completamente distintos.

 

O primeiro era da cor azul marinho, tinha alguns acabamentos em transparência sobre o busto, era soltinho e seu comprimento era um pouco abaixo do joelho: comportadinho. O segundo era de cor preta, tinha uma alça larga apenas do lado direito, era mais justo e mais curto do que o primeiro: ousadinho. Já o terceiro, ah, o terceiro era espetacular. Era da cor vinho, suas alças eram mais soltas sobre os seios, tinha um decote profundo em forma de “v” revelando o vale entre os seios, era longo e solto com uma fenda generosa sobre a perna esquerda. Esse não tinha nada de “inho”, era arrasador!

 

Olhei para minha amiga e percebi que foi justamente o terceiro modelo que prendeu a sua atenção. O tecido de ambos era um tecido fino e diferente de qualquer peça de roupa que eu tenha em meu guarda roupas.

 

Tinha me apaixonado pelo terceiro modelo, mas fiquei com receio de escolhê-lo e chegar à festa destoando de todos os presentes. Fiquei com medo de estar vestida de forma inadequada. Era uma bela peça de roupa, mas será que não estava provocante demais para a ocasião?

 

Outra coisa que tive medo foi de olhar o preço. Com certeza o preço daquele vestido fazia jus à beleza dele. Ah meu pai, eu faria um rombo na fatura do meu cartão.

 

-- Como eu disse você tem que arrasar nessa festa! Mostrar para todos, a mulher poderosa que você é. – Samanta disse erguendo o vestido diante de seus olhos com uma expressão embevecida.

 

-- Eu não me sinto poderosa. – falei com evidente muxoxo.

 

-- Ah, não começa! Você é sim uma mulher poderosa, é linda, e quando quer coloca qualquer madame no chinelo. Bia, você é linda!

 

-- Não acha que esse vestido é um pouco exagerado para a ocasião não?

 

-- Não! Ele é perfeito, e vai valorizar ainda mais a boa genética que você carrega nesse corpinho aí.

 

-- Tem certeza?

 

-- Confie em mim! Adele vai enfartar quando puser os olhos em você.

 

Sorri torto. Sim! Eu queria impressionar, mas, mais do que as pessoas que estariam naquela festa, eu queria impressionar Adele. Queria que ela visse em mim uma companhia à altura para a noite, e mais que isso, no fundo, eu queria mexer com ela, provocar a sua libido. Aquele vestido era perfeito para isso.

 

-- Tudo bem, eu vou levar esse.

 

Samanta bateu palminhas e nos encaminhamos para o caixa da loja. Como previ, o valor era altíssimo, mas minha amiga me convenceu a encarar isso como um tipo de investimento. Preferi pensar assim, deixando de lado os gastos que ainda viriam.

 

Comprar um sapato que combinasse com o vestido não foi uma tarefa difícil, e isso nos poupou tempo. Sai da loja de sapatos com uma sandália de salto, altíssima, maior do que os que eu costumava usar diariamente. Confesso até que tive um medinho de acabar caindo com elas.

 

Fazer compras com Samanta sempre foi algo que me distraiu, e dessa vez não foi diferente. Andávamos e víamos tanta coisa que mal percebíamos o tempo passar, e quando nos dávamos conta, corríamos para fazer um lanche, no entanto, dessa vez paramos para um bom almoço. Minha amiga tentou me convencer a comermos no fast food, mas dessa vez consegui dissuadi-la e faríamos uma refeição de verdade.

 

-- Então, quer me contar direitinho o que ta rolando entre você e a Adele?

 

-- Sabia que não escaparia de você.

 

-- Não mesmo. Vamos, conte!

 

-- Nós estamos juntas, estamos indo devagar e com o acordo de nos conhecermos mais um pouco. Não estamos namorando oficialmente, mas estamos em uma relação com o título de relacionamento sério.

 

-- Qual a diferença de um namoro, e um relacionamento sério? – perguntou enquanto me encarava de forma séria.

 

-- Acho que o status de namorando tem um peso diferente.

 

-- Ainda tem medo, não é?

 

-- Muito.

 

-- Bia você não pode deixar se afetar pelo que já ficou no passado.

 

-- E o que eu faço com o que aconteceu no presente? – ela arqueou a sobrancelha e me olhou confusa – Daniele era casada Sam. Ela estava fugindo de mim, me evitando e escondendo da esposa a minha existência.

 

-- Ah cachorra! Como descobriu?

 

Contei-lhe detalhadamente tudo o que aconteceu desde o início, desde quando Adele chegou à minha casa pedindo para conversarmos e tudo o que eu senti quando ela disse que estava apaixonada.

 

Relatei também o que rolou quando eu finalmente decidi colocar um ponto final naquela situação ridícula que envolvia Daniele e eu. Sam fazia caras e bocas, mas me escutava sem falar nada. E por fim, contei sobre minha crise de pânico, como Adele me ajudou e cuidou de mim e que tudo tinha resultado nisso, em um relacionamento sério.

 

-- Mas me diga, como você está se sentindo com esse relacionamento de vocês?

 

-- Eu estou feliz. Adele é uma mulher maravilhosa e me faz um bem absurdo. Só que é mais que isso, não é só questão de sentir-se bem, é um turbilhão de sentimentos e sensações que borbulham dentro de mim, sabe?

 

-- Sinto isso por Roberta até hoje! – ela disse sorridente – Eu acho que isso é...

 

-- Paixão. – sussurrei.

 

Sam me encarou com um brilho diferente nos olhos. Os lábios finos se curvavam em um pequeno e discreto sorriso. Confessar aquilo foi a coisa mais fácil que eu havia feito na vida. Eu pensei muito, tentei encontrar outras respostas, mas não havia outra senão: eu estava apaixonada por Adele. Não tinha para onde fugir.

 

Esse sentimento por ela era algo tão leve, tão puro que seria tolice a minha negar o que eu sentia, e mais ainda tentar fugir disso.

 

-- No dia que conheci Adele eu havia erguido uma barreira em volta de mim quando te vi acompanhada dela. Achei que você estava tentando me arranjar mais um encontro. E isso me deixou muito brava com você.

 

-- Mas não foi nada armado. – se defendeu.

 

-- Eu sei que não. Hoje eu sei, mas naquele dia não. Não sei em que momento ela conseguiu, mas ela transpôs a barreira que estava em volta de mim. Quando ela me beijou pela primeira vez Sam, algo mudou, entende?

 

-- Entendo. Não há como não se apaixonar por ela...

 

-- É! Mas tira o olho. – semicerrei os olhos e fiz cara de brava.

 

Samanta riu da minha cara e abanou a mão a minha frente, como quem diz “Ah, deixa disso!”.

 

-- Ah eu me lembro o quanto você é ciumenta. Mas oh, já tenho o amor da minha vida, minha noiva é tudo que eu podia desejar, e um pouco mais. Cuide pra não perder o mulherão que está com os quatro pneus arreados por você.

 

Perder. Essa palavra me causou uma sensação estranha com um leve aperto no peito. Não! Perder Adele não é uma ideia aceitável, eu a quero!

 

-- Quando vai se declarar?

 

-- No momento certo. – suspirei – Tirei um peso enorme dos meus ombros só de exteriorizar isso. Apaixonada. Apaixonada por uma inglesa...

 

-- Uma inglesa maravilhosa! – Sam completou.

 

Sorri em concordância, minha inglesa era realmente maravilhosa, em todos os sentidos e aspectos possíveis da face da terra.

 

-- Vocês já trans*ram?

 

Quase me engasguei com o suco de abacaxi que eu tomava. Isso era pergunta pra se fazer? Certo que Samanta e eu já fomos namoradas, já tivemos a nossa época de intimidade, e ela é a minha melhor amiga, para quem eu conto tudo, no entanto, a pergunta não deixava de ser desconcertante.

 

-- Não, ainda não. – minhas bochechas ardiam.

 

-- Eita, ta devagar hein?

 

-- Também vai rolar no momento certo.

 

-- Hum. – ela fez aquela cara de quem estava maquinando algo.

 

-- Você não ta imaginando Adele e eu trans*ndo, não é?

 

-- Cruzes! É claro que não. Só me dei conta de que precisamos incluir mais um item na nossa lista de compras...

 

-- Ah meu Deus. – reclamei voltando a lembrar da fatura do meu cartão.

 

Após a nossa refeição Sam colocou na cabeça a ideia de que esta noite seria especial, portanto, eu precisava estar vestindo uma lingerie também especial. Senti minhas bochechas corarem ao me dar conta do que ela imaginava que aconteceria ao final da noite. Certo que eu estava morrendo de desejo por Adele, mas sei lá, fiquei com vergonha.

 

Adentramos uma loja de lingerie e minha amiga pareceu ficar maravilhada, eu também fiquei. Samanta escolheu algumas e sentenciou que usaria uma delas para uma noite especial para Roberta. Eu comprei alguns conjuntos, mas foi minha amiga que praticamente escolhei sozinha a calcinha que eu usaria essa noite – o vestido não permitia uso de sutiã. A peça era provocante!

 

Passava-se de 14hs da tarde quando partimos para o salão de beleza. Fiz um corte diferente em minhas madeixas e fiz uma escova, deixando-o um pouco mais ondulado do que era naturalmente. Minha amiga aproveitou retocou a pintura dos cabelos e diminuiu o tamanho dos fios.

 

Corremos para o apartamento da Sam assim que deixamos o salão. O relógio indicava que o tempo estava correndo, e eu ainda tinha que tomar um bom banho e me arrumar devidamente. Samanta me ajudou com tudo, e a todo momento me fazia um elogio, mas a insegurança não me largava.

 

-- Se eu não estivesse noiva e você estivesse completamente livre te pedia outra chance. – Sam brincou quando os trabalhos acabaram – Você está linda!

 

-- Não exagera, você é suspeita. – falei olhando-a pelo reflexo do espelho.

 

-- Não é exagero, você está deslumbrante Bia! Arrasei no meu trabalho.

 

Voltei a olhar a minha imagem no espelho. O resultado realmente estava surpreendente e eu havia adorado aquela mulher que me sorria do outro lado. Esperava do fundo do coração que Adele também aprovasse.

 

Respirei fundo e fechei os olhos tentando juntar toda a coragem possível. Peguei meu aparelho celular para chamar um Uber e vi que havia algumas mensagens da loira. “Tomara que ela não tenha ficado chateada por eu não ter respondido”. Sua última mensagem, enviada há uns 15 minutos atrás dizia:

 

“Meu anjo, eu acabei de chegar à festa. Mas já sinto vontade de voltar, sei que isso aqui sem você vai ser igual a todos os outros anos, sem graça nenhuma. Queria tanto a sua presença...
Te adoro!”

 

Sorri de orelha a orelha, contente com a possibilidade de fazer uma surpresa àquela mulher. Tomara que ela goste de verdade.

 

O Uber que chamei não tardou. Me despedi de Samanta agradecendo-a por ter me ajudado, não sei o que teria feito sem a ajuda dela. Ela me desejou uma noite espetacular e mais uma vez disse: Arrasa!

 

Arrasar, isso não era comigo. Geralmente não sou tão insegura, mas também não era nenhuma mestre na arte da sedução e da conquista. Além disso, eu me sentia extremamente desconfortável com o ambiente que eu sei que encararia logo mais.

 

O coitado do motorista bem que tentou puxar algum assunto comigo, mas eu estava tão dispersa e nervosa que quase não ouvia o que ele dizia, e me limitava apenas a balançar a cabeça em sentido positivo ou falar “Uhum”.

 

O carro estacionou na frente de uma elegante edificação e eu senti minha garganta ficar seca. Do nada minhas mãos começaram a soar. Havia muitos carros e pessoas transitando perto da entrada em forma de arco. O lugar tinha um tom arquitetônico que lembrava construções mais antigas da cidade. Era uma mescla do estilo barroco e do contemporâneo.

 

As luzes brilhantes dançavam pela parte externa do lugar e revelavam algumas pessoas que conversavam e sorriam em lugares mais escuros.

 

Agradeci ao motorista e desci do carro sentindo minhas pernas pesar uma tonelada cada. Aproximei-me de um dos seguranças que vestia um terno elegante e lhe apresentei o meu convite. Ele olhou para o convite e olhou para minha cara, descendo e parando um pouco no decote de meu vestido. Senti minhas bochechas arderem novamente.

 

O homem liberou a minha entrada e abriu a enorme porta me dando passagem. Estanquei assim que passei pela porta. Passei a vista ao redor me sentindo pequenina. O lugar era enorme, estava muito bem decorado e abarrotado de gente que eu não conhecia.

 

Pensei em como encontrar Adele, cogitei ligar para ela ou sair andando por entre as pessoas até avistá-la. A segunda opção me pareceu mais fiel com o significado de uma surpresa. Resolvi tentar encontrá-la, se falhasse, ligaria para que ela me encontrasse.

 

Andei por um tempo, esbarrei em algumas pessoas e pensei ter visto Edson logo mais à frente quando um fotógrafo para a minha frente e tira uma foto, me deixando cega por alguns segundos com o flash de sua câmera.

 

Ainda um pouco atordoada, pisco os olhos algumas vezes para tentar focar em algo. Pisco novamente não acreditando no que vejo. Adele posa para foto ao lado daquela mulherzinha arrogante, a tal de Lívia. As duas sorriem simultaneamente para um fotógrafo que esta ajoelhado diante delas.

 

Sinto minha face esquentar, e dessa vez não é por nenhum constrangimento ou coisa parecida, é por ver que a mulherzinha tem a mão em volta da cintura da minha garota, possessivamente. O fotografo se distancia e agora as duas giram os corpos, ficando de frente uma para a outra. A tal mulher toca a pele desnuda do ombro de Adele enquanto conversam e sorriem.

 

-- É melhor ir logo até lá e mostrar quem é a dona do pedaço.

 

Com o susto, dou um pequeno salto e olho para o lado. Antony sorri pra mim de forma divertida. De maneira espontânea correspondo ao sorriso e comprimento com um pequeno abraço.

 

-- Minha irmã disse que você não viria.

 

-- E não viria mesmo, mas decidi fazer uma surpresa pra ela. – voltei a olhar para as duas e agora a Lívia sussurrava algo no ouvido de Adele.

 

Só faltei sapatear de raiva diante da cena.

 

-- Ela não sabe que você está aqui?

 

-- Não.

 

-- Nossa! Cunhada você está muito gata viu? Quer dizer, está mais gata ainda.

 

-- Obrigada. – respondi sem jeito.

 

-- Posso te ajudar na surpresa? – ele pergunta do nada.

 

Encaro o homem alto ao meu lado. Ajudar? Fiquei meio ressabiada com a proposta, no entanto, Antony era o tipo de cara que te passava confiança, pelo menos eu confiava nele, e seja lá o que se passava na cabeça dele, eu toparia.

 

-- Pode. – digo por fim.

 

-- Vem.

 

Antony segura em minha mão e sai me arrastando na direção contrária de onde Adele estava. Deixei-me ser levada. Andávamos de forma apressada por entre as pessoas, deixando cada vez mais distante a loira e a mulherzinha.

 

Na direção contrária, demos de cara com uma enorme escada, ornamentada por corrimões de madeira entalhada. Subimos rapidamente a escada e caminhamos até parar diante de outra escada. Lá do alto pude ver Adele. Encarei Antony sem entender bem o que ele queria fazer.

 

-- Apenas desce, deixa o resto comigo.

 

-- O que pretende fazer?

 

-- Confia!

 

O meu nervosismo aumentou drasticamente. Lá embaixo Adele ainda conversava e sorria com Lívia, que como um verdadeiro polvo humano não deixava de tocar a loira. Puxei todo o ar que meus pulmões eram capazes de guardar e me posicionei.

 

-- Tudo bem.

 

Antony sorriu largamente e sussurrou “Odeio aquela bruaca”. Dei o primeiro passo sentindo minhas pernas meio bambas. Uma música começou a tocar no lugar da outra que tocava suavemente, essa era mais envolvente e com batidas mais fortes. Engoli a seco e procurei Antony, ele fez sinal de positivo com o polegar e pude ler seus lábios dizerem “Continua”.

 

Olhei para baixo. Algumas pessoas olhavam na minha direção, menos Adele. Lívia cutucou seu ombro e apontou para a escada, então ela me olhou. Senti uma pressão em meu ventre quando encontrei o olhar intenso da minha garota.

 

Sua expressão surpresa logo deu lugar a um sorriso de canto. Nossos olhares permaneciam em contato, e a cada passo que eu dava caminhando na direção dela, eu me sentia mais confiante.

 

Os lances de escada pareciam não acabar. A música entrava em meus ouvidos e faziam meu coração bater com a mesma sincronia. Adele começou a caminhar na direção da escada. Me olhava e caminhava, parecia em transe.

 

O que eu não faço por essa mulher? – pensei.

 

A mão de Adele já estava estendida em minha direção quando finalmente cheguei ao último degrau. Sua mão quente fez meu corpo inteiro arrepiar quando ela me tocou. Sorri pra ela ainda sentindo o frenesi ainda percorrer meu corpo.

 

Ela sorri e logo em seguida morde o lábio inferior. Aquela bendita mordidinha de lábio vai acabar comigo um dia. Vendo-a ali, linda naquele vestido vermelho, justo ao corpo, dando aquela mordidinha foi demais para mim. Senti algo molhar minha calcinha. Ah Adele!

 

Sem dizer uma única palavra ela pega minha mão e leva até o seu peito. Debaixo de minha palma seu coração bate feito um louco e eu sorrio convencida de que causei isso a ela. Pretensão demais? Não sei, mas era bom pensar assim.

 

-- Você sempre me surpreende.

 

-- Que bom.

 

-- Bia você está...está...shit!

 

-- Costuma falar palavrão? – pergunto sorrindo.

 

-- É que me falta palavra pra descrever o quão linda você está. Deus Bia, você está perfeita, deslumbrante.

 

Aproximo-me dela e sinto meu coração descompassar prevendo o que vou fazer. Seguro-a pela nuca e aproximo meus lábios de seu ouvido. Roçando meu próprio rosto em sua bochecha e deixando minha respiração chegar ao seu ouvido antes de falar.

 

-- É tudo pra você.

 

Vi todos os pelinhos de seu pescoço e nuca se arrepiaram. Ela arfou e segurou minha cintura com um toque firme.

 

-- Bia...

 

O modo como ela me apertava junto com o modo como ela sussurrou meu nome deixou o meu corpo febril. Minha boca ficou seca e eu senti uma necessidade enorme de sair daquele lugar com ela. O estado era crítico, e eu tinha necessidade dela.

 

Pensei em lhe fazer a proposta indecente de irmos embora, mas para meu total desagrado, somos interrompidas por Lívia.

 

-- Não sabia que a My Sprinter abriu espaço para funcionários agora. – ela diz com um sorriso cínico nos lábios.

 

-- Ana Beatriz é minha convidada Lívia, a propósito, ela é bem mais que uma funcionária.

 

-- O que quer dizer com isso?

 

-- O que ela quer dizer é que eu sou sim funcionária da revista, hoje sou sua convidada, mas nossa relação não se resume a isso, tem um lado mais íntimo e pessoal, se é que me entende.

 

A mulher pareceu ficar surpresa e encarava Adele demonstrando isso eu sua face. 1x0 pra mim.

 

-- Isso é verdade Adele? – ela pergunta após um tempo.

 

-- Sim, a mais pura verdade.

 

Minha garota responde passando seu braço por minha cintura, reforçando com um gesto o que acabara de falar. Por muito pouco não ronronei junto ao corpo da loira. E não era por ter aquele gostinho de vitória sobre o olhar decepcionado da mulherzinha, era simplesmente porque meu corpo reconhecia os braços da loira como abrigo.

 

Um garçom passa ao nosso lado e Lívia pega uma taça com um líquido de tom rosado e ergue em nossa direção.

 

-- Felicidades! – em seguida ela entorna todo o conteúdo da taça e sai sem dizer mais nenhuma palavra.

 

-- Já vai tarde polvo humano!

 

A loira ao meu lado ri gostosamente antes de me chamar de ciumenta. Em seguida, ela pega minha mão e me guia até outro ambiente, este, sem o som da música e repleto de mesas onde muitas pessoas socializavam em turmas entrosadas.

 

Sentamos em uma mesa onde Jack, Antony, Edson e mais duas mulheres estavam. As mulheres eu não conhecia, mas depois soube que a morena ao lado de Jack era sua namorada, e a outra, era uma “amiga” de Antony.

 

Adele me apresentou devidamente a todos e nos cumprimentamos cordialmente. Debaixo da mesa nossas mãos se entrelaçavam, e seus dedos afoitos não deixavam de fazer carinho no dorso de minha mão um segundo sequer.

 

Conversávamos animadamente, mas no fundo eu estava incomodada com a forma que Edson me olhava. Já havia passado do limite do desconcertante e estava a me incomodar profundamente, principalmente quando ele parava os olhos em meu decote e prendia um sorriso. Todos a mesa estavam alheios, mas eu estava louca pra sair dali.

 

-- Adele onde fica o banheiro? – perguntei me aproximando dela.

 

-- Quer que eu vá com você?

 

-- Não, não precisa. Volto rapidinho.

 

-- Tem certeza?

 

-- Tenho.

 

Pedi licença a todos e caminhei devagar na direção que me foi indicada. Precisava me distanciar daquele homem, assim como precisava protelar a minha volta para a mesa afim de evitar um pouco mais a presença de Edson.

 

O banheiro era enorme, assim como tudo naquele lugar. Algumas mulheres conversavam em um canto, pareciam fofocar sobre algum convidado. Elas cochichavam e riam. Todas, sem tirar nenhuma pareciam esnobe. E quando me aproximei para usar um dos box, elas me encararam com desdém.

 

Rapidamente adentrei em um dos box reservado e tive um pouco de dificuldade pra conseguir arrumar com cuidado todo o vestido e me sentar.

 

Quando sai, o banheiro estava completamente vazio. Tão silencioso que apenas o som dos meus saltos em atrito com o piso era ouvido. Me aproximei da pia, lavei as mãos e coloquei um pouco de água em minha nuca.

 

Certa de que já havia se passado um tempo considerável, resolvi voltar para a mesa. Deixei o banheiro e senti-me enjoada ao enxergar Edson parado, encostado em uma pilastra bem próxima dali. Baixei a cabeça e não consegui dar dois passos. Senti uma mão segurar a minha.

 

-- Você demorou. – ela disse dando um pequeno beijo no canto de minha boca.

 

-- Desculpa.

 

Caminhamos lado a lado de volta para o lugar de onde tínhamos vindo, era o que eu pensava, mas ao invés de irmos nos sentar, fomos para outro lado, onde havia uma pequena porção de gente dançando, sozinhas, e em casais.

 

A loira parou a minha frente com um sorriso imenso e contagiante e me perguntou:

 

-- Dança comigo? – ela me estendeu a mão.

 

-- Não reclame se eu pisar no seu pé.

 

-- De modo algum.

 

Aceitei a sua mão e ela me guiou para o centro daquele espaço. Senti-me observada e imensamente constrangida, as bochechas dando indícios de severo rubor. Adele acenou para alguém e uma música lenta começou no mesmo instante em que ela segurou minha cintura.

 

Aquele azul brilhava intensamente e eu me sentia lisonjeada por poder vê-lo assim, de pertinho. Abracei-a e recostei minha cabeça em seu ombro. Ela deu um pequeno beijo em meus cabelos e depois me presentou com aquela voz, cantando baixinho, junto com a música em meu ouvido.

 

You don't know babe

Você não sabe, amor

When you hold me

Quando você me abraça

And kiss me slowly

E me beija lentamente

It's the sweetest thing

É a coisa mais doce

And it don't change

E não muda

If I had it my way

Se dependesse de mim

You would know that you are

Você saberia que você é

 

 

A cada trecho que ela cantava eu sentia meu coração inundar de um sentimento grande, avassalador e puro. Por ela, somente ela!

 

 

You're the coffee that I need in the morning

Você é o café que eu preciso de manhã

You're my sunshine in the rain when it's pouring

Você é meu raio de sol na chuva quando ela está caindo

Won't you give yourself to me

Você não vai se entregar para mim?

Give it all, oh

Dê tudo, oh

 

 

A música era linda, sua tradução era perfeita, e nas suas entrelinhas ela me dizia muita coisa. Sempre achei que a música diz aquilo que a gente não é capaz de dizer com míseras e poucas palavras.

 

I just wanna see

Eu só quero ver

I just wanna see how beautiful you are

Eu só quero ver o quão bonito você é

You know that I see it

Você sabe que eu vejo isso

I know you're a star

Você sabe que eu vejo isso

Where you go I follow

Onde você for eu sigo

No matter how far

Não importa a distância

If life is a movie

Se a vida é um filme

Oh you're the best part, oh

Oh, você é a melhor parte, oh

You're the best part, oh

Você é a melhor parte, oh

Best part

Melhor parte

 

 

Adele me mantinha junto ao seu corpo, e eu, queria me fundir cada vez mais a ela, queria mais contato, queria sumir com ela. A música me tocava profundamente e eu não mais me sentia envergonhada por estar me olhando ou por não saber dançar da forma correta, nesse momento eu sentia como se flutuasse.

 

Eu definitivamente estava apaixonada por essa mulher que dizia com pequenos, grandes e imensos atos o que eu significava para ela, e eu acreditava, eu acreditava que ela estava apaixonada porque era exatamente assim que eu estava, apaixonada por Adele.

 

A música ainda tocava e ela cantava sutilmente pra mim. Sua voz era gostosa de ouvir e isso ajudava a descompassar meu coração. Eu aspirava o seu cheiro tendo a certeza de que em nenhum outro lugar eu estaria tão bem quanto agora, porque não importava o lugar, tinha certeza de que se ela estivesse presente, era o que me bastaria.

 

Pouco a pouco as pessoas ao nosso redor foram sumindo feito fumaça, eu não ouvia mais a música, apenas a sua voz misturada as batidas de nossos corações. De repente éramos apenas nós duas, e mais ninguém.

 

Ergui meu rosto e a encarei. Aquele brilho intenso me desnorteava. Toquei o seu rosto delicadamente e ela fechou os olhos com uma expressão satisfeita. Coloquei a mão em sua nuca e a trouxe pra mim até que nossos lábios se tocaram delicadamente.

 

Ainda dançávamos, mas eu só conseguia me concentrar nos lábios que estavam em contato com os meus. Adele me abraça e aprofunda o nosso beijo. E nada mais me importava.

 

Nos separamos quando o ar nos faltou. Permanecemos com nossos rostos unidos. Nossos pés se moviam, fazendo nossos corpos irem de um lado para o outro. Eu já não percebia mais nada ao nosso redor.

 

Minhas mãos faziam um carinho delicado em sua nuca. E foi nesse momento que eu precisei colocar tudo para fora.

 

-- Eu me apaixonei por você Adele!

 

 

Continua...

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá meninas. Tudo bem com vocês?

Desculpem, sei que demorei um pouco. Espero recompensar com o capítulo. Ah, logo logo vou trazer mais uma brincadeira pra gente, com a proposta de mais uma maratona. Vamos ver...

Essa capítulo também ficou grandinho, mas já sabem, qualquer coisa é só me dar um feedback. Espero que gostem! 

Beijos e até o próximo. 

 

Música da entrada da Bia: Portishead - Glory Box
https://www.youtube.com/watch?v=6ylDDs3mdJE

Música que Adele canta: Daniel Caesar feat. H.E.R. - Best Part
Daniel Caesar feat. H.E.R. - Best Part


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Comentários para 16 - Capítulo 16:
Mis
Mis

Em: 11/09/2018

Linda sua história, sua escrita e muito boa. 

Parabéns!

A Adele é um sonho! In love por elas

Bjos autora


Resposta do autor:

Olá Mis! Tudo bem com você?

Obrigada pelo comentário! Fico muito contente ao me deparar com palavras como as suas, muito contente mesmo. Fico feliz que esteja curtindo, e espero lhe ver por aqui em outros capítulos!

Adele é mesmo um sonho, mas aposto que ela acha que o sonho na verdade é a Beatriz hahaha

Até o próximo capítulo!

Beijo beijo 

 

Responder

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 11/09/2018

Uaaaaaaau! 

Só isso de comentário depois desse capítulo, benzadeus! hahahaha

Maratona, sim! Apoiamos ;)

Otima semana, beijo!


Resposta do autor:

Kkkkk gostei da reação ao capítulo. Curtiu o capítulo?

Maratona? Bora?!

Uma ótima semana Letícia! Tudo de bom pra você. Até Ja Ja 

Beijos

Responder

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Elizaross
Elizaross

Em: 10/09/2018

proximo proximo proximo pfv..

 

bjs autora


Resposta do autor:

Opa! Ta saindo Elizaross!

Aguarda aí que já vem, não demoro.

Beijos flor!

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