Quando percebeu, Rafaela já estava no quarto, atirada sobre a cama coberta por lençóis gelados; a cama era tão grande que mais parecia um oceano, cujas ondas de seda aderiram ao seu corpo e ao de Elizabeth. Rafaela ouvia um retumbar nos ouvidos; o coração acelerado vibrava violentamente, bombeando o sangue cheio de adrenalina através do corpo.

Elizabeth estava sobre ela, as bocas unidas num beijo doloroso. Repentinamente, Liz interrompe o beijo e a olha com intensidade, se erguendo; delicadamente, num movimento mortalmente sensual, abaixa os ombros e permite que as alças do vestido deslizem por seus braços. O tecido cai como uma cachoeira de águas maravilhosas, revelando um par de volumosos seios formosos, gotas perfeitas recobertas por uma pele alva, tão delicada que assumia uma qualidade cremosa; as aureolas eram de um tom mais escuro que a pele, espalhando-se como um tecido emoldurante; os mamilos estavam rígidos, grossos e libidinosos, encaravam Rafaela, convidando-a a se afogar em seu sabor.

E Rafaela não se conteve. Ergueu-se e estalou num dos seios da moça um beijo suculento, sugando o bico dilatado, pinçando-o entre os dentes, comprimindo-o contra o céu da boca, puxando-o com vontade inexorável; queria devorá-lo, absorvê-lo para si, engoli-lo e se afogar nele. Elizabeth arfou, arqueou as costas para que os seios se avolumassem ainda mais. Rafaela saboreou o outro, tentou colocar todo aquele volume na boca mesmo sabendo ser impossível. Em êxtase, Liz agarra os cabelos de Rafaela, puxando-a contra si, contra o seio entumecido, e gem* alto; o rugido de uma gata desesperada por prazer.

Rafaela perde a noção de si.

Deixa de ser mulher.

Se transforma em uma criatura tomada pelo desejo.

Queria fogo.

Queria o incêndio.

Queria queimar o mundo.

Num movimento veloz, inesperado, ela se vira e joga Elizabeth para baixo de si; as mãos, num movimento desesperado, libertam o corpo da menina do vestido, atirando a peça para a escuridão turbilhonante do quarto. Antes que Liz pudesse esboçar reação, Rafaela lhe beija os lábios e o pescoço, ronrona palavras indecentes ao pé do ouvido, fazendo-a gem*r baixinho, incontida. Deslizando a língua pelo colo da moça, através da pele macia entre as colinas dos seios, Rafa deixa um rastro luminoso naquele tórax delgado, finalmente chegando aonde queria: na borda da calcinha; no tesouro oculto.

Ali, Rafa se detém. Na meia luz do quarto admira deliciada os pequenos pelos dourados emergindo além do pano da calcinha; lentamente, ela se abaixa e enterra o rosto entre as pernas de Liz, sentindo o calor, a umidade, o cheiro do prazer da outra. Assim que ergue os olhos, encontra os olhos de gata de Elizabeth faiscando no lusco fusco, ansiosos, pedindo para ela continuar, para não se demorar... e Rafa obedece. Uma vez livre do empecilho da peça, Elizabeth se abre para Rafaela que desce até sua flor alagada e cheia de volúpia. Rafa experimenta com a língua o caldo de sabor metálico que escorre da vagin* de Liz, fazendo a menina arfar, então, de uma só vez, abocanha-a com voracidade, ch*pando-a, empurrando a língua contra o clítoris dilatado, fazendo Elizabeth arquear o corpo na cama, estonteada.

Por um longo tempo Rafaela fartou-se do prazer da outra, bebendo da água doce daquela inesgotável fonte quente, delirando com os gemidos ora reprimidos, ora libertos, que a menina soltava a cada investida de sua vontade feroz. Ela penetrou Liz com a língua, vezes e mais vezes; queria saciar-se, precisava senti-la dentro de si, sentir o sabor de seu espírito; Rafaela a queria toda. Queria Elizabeth para si até o fim dos tempos.

Com os sentidos anestesiados pelo prazer, Rafaela sentiu, em algum momento, Elizabeth, numa explosão atômica de prazer, soluçar alto ao atingir o orgasmo. Mas Rafaela não quis parar; não conseguiu parar. Ela vira Liz para saborear a carne doce do traseiro da menina, desliza a língua pelas coxas torneadas, pelos pés perfeitos e se põe de joelhos na cama para admirar Elizabeth ainda tremendo sob o efeito do orgasmo titânico.

Mas apenas por uns segundos, pois Liz se senta fitando-a com desejo renovado e partindo para cima dela. Os sentidos estavam tão embaralhados que Rafaela registrou, lá nos meandros entorpecidos da mente racional, Liz arrancando suas roupas, se desfazendo da lingerie, e vorazmente atacando com sua boca carnuda e exploratória seus seios. Rafaela sentiu os mamilos doloridos de desejo e foi com um gemido alto que recebeu ali os dentes de Liz, puxando-os, sugando-os com tamanha vontade que Rafaela teve de se agarrar aos lençóis a fim de se impedir de gritar.

Sem saber como, estava deitada com Elizabeth sobre ela, beijando-a, sugando sua língua, mordendo seus lábios, murmurando em seu ouvido que queria ch*pá-la cem vezes, mil vezes, um milhão de vezes, até ela morrer de tesão. Só o fremido na voz da menina quase fê-la ter um orgasmo. Liz colou-se nela, esmagou o próprio clítoris no de Rafaela e começou a se mover como uma pequena diabinha numa orgia de anjos bêbados. As vagin*s se roçavam com força dolorida, estavam ambas inundadas, o prazer de Rafaela escorria através das coxas, empoçando na cama, mas quando ela gem*u e gritou, Liz parou e rapidamente a puxou para baixo, descendo e introduzindo a língua em sua vagin* túmida.

Rafaela achou que ia morrer.

Desejou morrer.

Ela baixou as mãos e agarrou com força os seios de Liz, precisava sentir ela, e quando o fez, Elizabeth reagiu enfiando a língua ainda mais fundo nela, tão fundo que Rafaela temeu que a menina se enfiasse inteira dentro dela, tornando as duas uma só alma. Liz ergueu as mãos e puxou os mamilos de Rafaela com força, queria-os esticados até o limite da dor, então abriu a boca com voracidade e engoliu a bocet* molhada de Rafaela de uma vez só.

E, com o estertor do orgasmo, o mundo se partiu com a força de um tsunami.

Rafaela sentiu o soluço escapar da garganta e as lágrimas banharem seu rosto. Os ruídos da cidade se transformaram num mero zunido vindo de uma dimensão contígua à realidade dela; a própria luz se fragmentou em estilhaços iridescentes; o cheiro do mundo sumiu, metamorfoseou-se para aquele odor metálico do gozo de ambas esparramado pela seda dos lençóis. O corpo de Rafaela sucumbiu, exausto e desprovido de forças.

Antes de adormecer, Rafaela sentiu quando Elizabeth moveu-se para o seu lado, abraçando-a, aquecendo-a. A menina se aproximou e sussurrou em seu ouvido:

- Rafaela.

E seu nome, dito com tamanha convicção, com astronômica intimidade e satisfação, causou em Rafaela um tremor de prazer, de emoção e de plenitude. Seu nome através da voz cansada e satisfeita de Elizabeth devastou todas as suas defesas e vontades. Ela não queria mais nada, não ligava para mais nada.

Adormeceu na deliciosa companhia de Elizabeth e teve a melhor noite de sono de sua vida.

- Você deveria sair com o Benício.

Rafaela estava distraída, olhando para o pátio recheado de alunos na hora do intervalo entre as aulas matinais. Era verão. Estava quente e ela se impressionou na forma como o sol aquecia sua pele; era um sonho muito real. Compreendeu, então, que não era sonho, apenas mais uma lembrança antiga. Uma lembrança tão real que dava a sensação de ser revivida.

Rafaela virou-se para a moça que tinha falado com ela. Mariana e olhava com o canto dos olhos, sua pele de obsidiana assumindo um brilho bonito sob a manhã cristalina, os cabelos cacheados movendo-se delicadamente no momento em que ela se virou completamente para encarar Rafaela.

- Benício gosta de Andressa - respondeu Rafa sabendo que foi aquilo que ela dissera na ocasião. E, como toda lembrança, ela sabia também o que a amiga diria em seguida.

- Bobagem - fungou Mariana - Todos nós sabemos que ela e Filipe ficarão juntos.

- Diga isso ao Benício, é ele quem não se conforma de não conseguir a Andressa. Aliás, Mari, onde está ele? Já é quarta e ele não apareceu no colégio.

- Não sei - Mariana tinha os olhos ambarinos voltados para o pátio - Mas acho que ele não está bem, pelo que sei foi a uma consulta médica na segunda.

- Outra? - espantou-se Rafa - Ele tem ido ao médico com muita frequência. Benício não comenta nada, mas o que ele está sentindo?

- Poderíamos ir vê-lo depois da aula, o que me diz?

- Pode ser, não tenho compromisso nenhum depois do almoço... Mari, o que está procurando, afinal?

- Ah, o Leo, acho que ele gosta de você também... ali - disse Mariana apontando para um rapaz do outro lado do pátio - É da sala 3. Ele é fofo não? Vive de olho em você.

Rafaela fitou a amiga com certo grau de severidade, há algum tempo vinha percebendo que Mariana desconfiava de que ela preferia garotas, desde então procurava empurrar meninos para cima dela ou vice-versa. Rafa tentava não cair no joguinho de Mariana; se erguendo rapidamente, espanou a sujeira da calça, dizendo:

- Bem, o intervalo está acabando e eu vou para a sala, tente não me meter em nenhum encontro às cegas, é fim de ano e as provas finais estão aí. Não tenho tempo para namoros, obrigada.

Havia um som suave que ela não conseguia identificar, como quando uma janela fica entreaberta e faz a cortina balançar; antes de abrir os olhos sentiu uma luz branca atravessar as pálpebras, em algum lugar de sua mente que voltava do sono e do sonho, ela percebeu que deveria ser manhã. As lembranças da noite passada vieram à tona, o cheiro do corpo de Elizabeth estava nela, em cada poro de sua pele; o sabor da moça se impregnava na sua boca.

Ela abriu os olhos e vasculhou o quarto, Elizabeth não estava ali. Embrulhou-se no lençol e caminhou pelo apartamento para constatar que a menina havia partido; um vazio se instalou em seu peito. Chegando à sala principal, percebeu sobre o aparador um papel dobrado com seu nome, rapidamente abriu o bilhete e leu o conteúdo com o coração aos pulos.

Rafa, eu não pude ficar... tinha um compromisso cedo.

Amei a noite.

Ligo para você depois.

Beijos.

Liz.

O bilhete não aplacou o vazio em Rafaela. Ela imaginava que acordaria ao lado de Liz, a despertaria com beijos, sorririam uma para a outra com cumplicidade, tomariam juntas café da manhã. Mas não. Ela se foi. Escapou antes que a intimidade entre elas fosse selada. Talvez houvesse mesmo um compromisso no mundo da moça que se passava por Elizabeth, talvez um emprego onde ela não pudesse perder a hora. Uma esposa, de repente? Pior! Um namorado? Fosse o que fosse, quase toda a magia da noite passada se desvaneceu e Rafaela ficou ali, sozinha, naquele imenso apartamento, respirando o ar doce, recheado pelo cheiro de Liz, pairando sobre ela como uma nuvem de sonhos e desejos.

Mais tarde, chegou ao próprio apartamento e ligou para Ana avisando que tiraria o dia de folga; aquilo pegou a secretária de surpresa, em anos trabalhando na Andrade, Ana não lembrava de um dia sequer em que Rafaela faltasse ao expediente, costuma trabalhar mesmo doente. Mas para uma sexta-feira daquelas, Rafa não se importou, merecia um descanso.

Quase no fim da manhã, Liz telefonou. Rafaela ficou olhando o visor do celular com o número da moça por um tempo até a ligação cair. Sentia-se terrivelmente contrariada. A primeira vez em anos que fez amor com uma garota e na manhã seguinte acordou sozinha na cama; a sensação de ter criado um vínculo com Elizabeth sumiu, ela percebia que a ligação delas era puramente profissional.

Por outro lado, podia ser que Liz tivesse um compromisso verdadeiro, aliás, era muito provável. Anabela informou isso na primeira vez que Rafa foi na Amare: aquela lista VIP era composta por mulheres que tinham uma vida comum, donas de casa, empresárias, estudantes. Rafa era jovem o suficiente para cursar graduação, talvez tivesse aula na Faculdade! Uma chama de esperança aqueceu o coração de Rafaela. Ela precisava compreender que Liz tem uma vida, outro nome, e que ela tem responsabilidades além do contrato da Amare.

Mas tal pensamento também era desencorajador, pois Liz poderia também ter outra pessoa em sua vida. Uma pessoa que soubesse seu verdadeiro eu.

De qualquer forma, queria ouvir a voz de Elizabeth, procurou espantar o mal estar da partida dela para provar a si mesma que não era uma criatura feita de magoas e rancores como os amigos a culparam de ser no passado. Estava para retornar a ligação de quando a campainha do apartamento tocou.

Rafa ficou momentaneamente sem reação, só podia ser Valquíria.

Ela abriu a porta.

Era Valquíria.

A pequena mulher espalhafatosa entrou no apartamento como um tornado envolto em maquiagem, ouro e um cabelo gritante de tom roxo. Caminhou resoluta até o centro da sala de estar, para só então parar e se virar para Rafaela. Sem nem um bom dia, apontou para a aliança no dedo de Rafaela e, num tom imperioso, disse:

- Explique.

Rafa suspirou, sabia que aquilo seria inevitável. Desde que Valquíria a contratou, que aceitou o talento que havia nela, a tem tratado como uma filha, e Rafa a via como mãe. Seria injusto esconder de Valquíria o que estava acontecendo, então, sem saída, contou tudo o que tinha acontecido até aquela manhã. À medida que relatava o acontecido, o rosto de Valquíria escurecia de descrença e ira. No fim, quando Rafa deixou de falar, Valquíria a fitou por um momento, então inqueriu:

- É isso, você contou tudo?

Rafa aquiesceu timidamente.

- Ficou completamente louca? - disparou Valquíria, lívida.

Rafa deu de ombros.

- Foi você quem me deu a ideia, disse que eu era rica o suficiente para comprar uma namorada.

- Não me teste, Rafaela. Você sabe perfeitamente que aquilo foi da boca para fora. Agora, você resolve implementar um plano desses, uma mentira dessas, apenas para se vingar dos seus amigos de infância?

- Não é vingança - reagiu rapidamente Rafaela.

- Não? O que é então?

- Quero que eles saibam que eu estou bem...

- Você está bem! - gritou Valquíria, em seguida ela tentou se recompor e falou numa voz forçadamente calma - Você está bem. É uma mulher bonita, independente, uma engenheira de renome internacional cuja fama provavelmente eles já conhecem. Rafaela, você não precisava disso.

- Nunca foi carreira ou fama que eles duvidavam de que eu conseguiria, Valquíria - retorquiu Rafaela - Eu era a mais inteligente entre eles, eles sabiam que eu iria longe. Não. Era o amor que eles riram de mim, que disseram para eu mudar, pois caso contrário morreria sozinha. Consegue ver, Val? Eu poderia chegar lá em todo o meu esplendor, com todas as minhas conquistas, toda essa riqueza e essa fama, mas sem alguém ao meu lado eles continuariam estando certos; em todos estes anos eu nunca amei alguém. Eu tinha que fazer isso, provar para eles que estavam errados e...

- Mas eles estão certos, Rafaela! - Valquíria acabou gritando de novo. Para tentar se controlar, acendeu um cigarro com mãos trêmulas - Você não tem ninguém ao seu lado, uma companheira. No fim, de que adianta mentir se eles estão certos?

- Eles não saberão disso.

- Então se trata de vingança. Você quer ir lá para desfilar com uma garota de programa estonteante apenas para que eles digam que estavam errados, mesmo você sabendo a verdade. Irá até eles com uma mentira, Rafaela. Por mágoa os deixou e com mágoa voltará a eles. De que serve isso, no fim?

- Então talvez seja vingança - disse Rafaela sustentando o olhar da outra.

- Isso não fará bem a você, digo isso porque a amo e quero sua felicidade. Voltar lá para mentir, voltar para se vingar, só fará de você uma pessoa pequena, coisa que sei que não é. Tem um coração de ouro, Rafa, mas trilha caminhos duvidosos arriscando se transformar numa mulher triste, assolado pelo remorso. Desceu longe demais, contratar uma prostituta para...

- Elizabeth não é uma prostituta, Valquíria - categorizou Rafaela, subitamente impaciente.

- Ela vende o corpo por dinheiro, como é o nome disso senão prostituição?

- Você não a conhece.

- Conheço o suficiente para saber que você está se iludindo - Valquíria apagou o cigarro num cinzeiro e balançou a cabeça, nervosa - Rafaela, essa moça é uma profissional, certo? Seu trabalho é fazer você gostar dela, ela precisa seduzi-la para ganhar o dinheiro. É claro que ela fará de tudo para você se sentir bem perto dela, para desejá-la, para se aproximar... se apaixonar. Se vai levar esse plano estapafúrdio adiante independentemente dos meus aviso, pelo menos tente não ter intimidade com essa moça; use ela para o que quer, mentiras ou sex*, mas não veja nela algo que não existe. O trabalho dela é esse: seduzir você. Depois do prazer ela fará o que fez hoje, a deixará sozinha numa manhã. Isso não é uma relação de jeito nenhum! Não se engane. Quando duas pessoas estão envolvidas elas compartilham momentos bons, inclusive despertar uma nos braços da outra.

- Eu sei disso - respondeu Rafaela sentindo-se uma adolescente recebendo sermão.

- Sabe mesmo? Você não conhece nada dela, pelo que contou nem pode saber. Ela nem se apresenta com nome verdadeiro. Elizabeth Storm é uma mentira, Rafaela. Sua mentira. Agora, por favor, tenha a integridade de não se iludir e não cair em sua própria armação, pois se isso acontecer, sinto muito, você vai descer num nível baixo demais para conseguir se reerguer.

E dito isso, Valquíria agarra a bolsa e parte, deixando o apartamento numa espécie de silêncio carregado por um zunido agudo pela ausência súbita do som.

Rafaela permaneceu em pé, no mesmo lugar, refletindo sobre tudo o que fora dito, sentiu o celular vibrar na mão. Olhou o visor e viu o nome de Elizabeth piscando na tela. O coração comprimiu. Sentia ainda o cheiro dela no próprio corpo, o peso da aliança falsa na mão direita, as lembranças de tudo o que tinha acontecido na noite passada; mas sabia também que tudo Valquíria dissera era verdade.

Tinha feito aquilo por vingança, na ânsia em magoar os ex-amigos conheceu uma menina que roubou seu coração em menos de uma semana. No fim, a culpa era exclusivamente dela. E Rafaela sabia, lá no fundo, que também fora ela quem causara o fim de sua amizade no passado quando revelou o segredo de Filipe e Andressa ao grupo, no mesmo dia em que Benício morria depois de meses lutando contra o câncer.

Tudo o que ela tocava virava pó.

Desiludida e sentindo-se encurralada numa das encruzilhadas da vida, Rafaela abre a mão permitindo que o celular caia no chão, escuta o aparelho quicar, depois dá uma última olhada para o nome de Elizabeth piscando no visor e fecha os olhos com força.

- Você é apenas mais umas das minhas mentiras, um dos meus tantos erros.

Sozinha, Rafaela segue para a sacada do apartamento; o celular permaneceu ali pelo resto do dia e a noite toda, com dezenas de ligações perdidas e mensagens de voz de Elizabeth que não foram lidas. Pois apesar de o destino ser poderoso, nem sempre tinha força para mudar totalmente o coração de algumas pessoas. O amor pode fazer isso, no entanto, é preciso acreditar em seu poder curativo; pois para o amor não há meias verdades.

Rafaela descobriria isso ainda... mas então já seria tarde demais.

Fim do capítulo