As duas estavam no sofá, voltadas uma para a outra. Liz estava no colo de Rafaela, com as pernas cruzadas ao redor do corpo da outra. Há vários minutos estavam envolvidas num beijo que parecia não ter fim... ou necessidade de um. Rafaela sentia a língua de Liz tocando a sua, os lábios carnudos da menina amaciando os seus; ela tinha as mãos enfiadas por baixo da camiseta de Liz, acariciando as costas nuas e quentes dela. Havia um movimento tácito ali, meio represado, meio desenfreado, mas suave e gentil, do corpo das duas. No meio dos beijos e carícias, Liz acomodou o corpo e a pélvis das duas se encontraram; os clítoris se amassaram. Rafaela sentia-se molhada, alagada, e, dada a quentura do sex* de Elizabeth, ela considerava que a outra também estava excitada.

Obviamente, existia um consenso mútuo de que ambas estavam prontas para trans*r. Mas algo impediu Rafaela, e algo impediu Elizabeth. Nem uma das duas sabia ao certo o porquê, mas por algum motivo lhe pareceu que o momento, apesar de propício, não era o certo. Como se o primeiro encontro não estivesse maduro o suficiente para as duas irem além dos amassos.

Rafaela sabia disso, mas quase já não estava suportando sentir os seios fartos e rígidos de Elizabeth comprimindo os seus. A menina tinha as pernas cruzadas em sua cintura, puxando-a para si, e os braços cruzados ao redor de sua nuca. Se aquele era o começo dos prazeres de Elizabeth... Rafaela mal podia esperar o que apresentaria o pacote todo.

O beijo se desfez aos poucos, com o ritmo diminuindo, as línguas se afastaram, os lábios se tocaram uma última vez num selinho singelo e ambas se afastaram, Rafaela abriu os olhos para contemplar Elizabeth a fitá-la com aqueles desconcertantes olhos sobrenaturais. Sobre a mesa de centro estavam duas taças meio acabadas e duas garrafas de vinho vazias, o rosto de Liz estava corado pela bebida, um efeito que a deixava ainda mais encantadora.

- Eu poderia passar a noite te beijando - comentou Rafaela de súbito.

- Não estou fazendo esforço algum pra te impedir - respondeu Liz puxando-a para outro beijo.

Começou lento, mas aumentou de intensidade, e com o isso o movimento suave de Elizabeth sobre Rafaela também recomeçou. Em dado momento, Rafaela deslizou as mãos pelas coxas de Liz, acariciando a pele macia, subindo os dedos até a calcinha, puxando-a para que o tecido apertasse o sex* da outra; a menina gem*u um pouco na boca de Rafaela e a coisa toda poderia acender um fogo inapagável, mas as duas permaneceram naquela gostosa movimentação acalorada procurando não exceder o limite que nenhuma das duas tinha certeza do motivo para não exceder.

Sem conseguir afastar muito os lábios dos de Liz, Rafaela conseguiu murmurar, entre um beijo e outro:

- Temos que decidir que história contar na nossa pequena farsa.

- Tipo o que? - perguntou Liz mal desgrudando a boca da de Rafaela.

- Como nos conhecemos... o que você faz da vida...

Elizabeth se afastou um pouco, mas manteve os braços cruzados ao redor da nuca de Rafaela.

- Posso ser uma dentista, o que me diz? - perguntou ela.

- Dentista? É algum sonho antigo?

- Acho sexy os jalecos de dentistas - riu Liz e Rafaela achou graça.

- Mas pode ser perigoso, se alguém perguntar algum tratamento para canal? - Rafaela disse, ficando séria, mas Liz passou os dedos pelos cabelos dela, tranquilizando-a.

- Então uma Chef? Eu amo cozinhar e se alguém me pedir um cordeio ao molho de queijos eu fuço no Youtube ou nos episódios do Master Chef.

Rafa riu com vontade.

- Dado o sabor maravilhoso da sua lasanha, não seria má ideia - comentou Rafaela - Apesar de que eu teria que provar uns pratos a mais da sua culinária para aprovar o plano.

Liz fez uma falsa cara de surpresa.

- Isso é alguma tentativa de voltar a me ver essa semana e surrupiar uma boia de graça?

- Pode ser que sim. Mas acho que você seria a Chef mais linda que esse mundo já viu. Agora só resta saber onde nos conhecemos. Que tal uma história romântica envolvendo Paris? - sugeriu Rafaela, mas Elizabeth a encarou com fervor e chacoalhou a cabeça vigorosamente.

- Não. Histórias de amor espalhafatosas não fazem meu tipo... quero alguma coisa mais comum. Algo simples e extremamente fofo.

- Como o que? - questionou uma surpresa Rafaela.

Liz suspirou e se pôs a pensar e Rafa não a incomodou, deixou-se ficar ali, apreciando a visão do rosto pensativo da menina sentada em seu colo, até que, passando um ou dois minutos, Liz voltou a encará-la, dizendo:

- Vamos contar que a gente se conheceu num café, estávamos ambas sob o sol da manhã, longe uma da outra, cruzamos olhares, sentimos aquela eletricidade sobrenatural dos apaixonados, até que eu decidi comer torta de limão e o garçom me informou que você tinha pego o último pedaço, então, muito fofa, você se levanta e senta comigo dizendo que quer dividir a torta e o resto, bem, o resto eles imaginam.

- Bom, essa é quase a história verdadeira - comentou Rafa rindo.

- E não deixa de ser fofa - completou Liz - Agora, o que a gente vai ter que pensar mesmo é em como você me pediu em noivado!

- Verdade! - Rafaela deu um tapa na testa - Eu não sei porque diabos fui inventar mais essa. Mas a gente pensa em alguma coisa. Mas não hoje; hoje não quero pensar em mais nada.

- E o que quer fazer, então - perguntou Liz, mas a menina não aguardou resposta e cravou nos lábios de Rafaela mais um beijo ardente.

A coisa ameaçou novamente e perder o controle. O cheiro de Liz nublava os sentidos de Rafaela, embaralhava seu pensamento; ela perdia a razão e se tornava um ser puramente instintivo. Rafa afagou a coxa da menina novamente, então, como se tomada por vontade própria, sua mão passou pela calcinha, os dedos enfiaram-se por baixo do tecido e ela segurou a carne rígida e macia do traseiro de Liz. A moça suspirou e lhe mordeu o lábio. As mãos de Rafaela já não lhe obedeciam, os dedos desceram mais, ela sentiu quando tocou a vagin* de Liz, quente, altamente lubrificada, ensopada de desejo.

Elizabeth gem*u profundamente.

E, assustada, Rafaela recuou com um pulo, afastando-se de Liz. A menina a olhou com surpresa, sem compreender o motivo pelo rompimento do prazer.

- Acho que... eu preciso ir - disse Rafaela em busca de fôlego - Me desculpe, não é você, sou eu. Passei tanto tempo longe das pessoas que me esqueci como me controlar perto delas...

- Você não precisa se desculpar - Liz lhe tomou as mãos - Está tudo bem. Nós temos todo o tempo do mundo, quando você estiver pronta, então eu estarei aqui.

- Obrigada, Liz.

Elizabeth colheu o rosto de Rafaela entre as mãos, olhou-a com intensidade e disse, muito séria:

- Você precisa aprender a viver, Rafa. Se solte... não tenha medo. Viver com medo é o pior tipo de prisão.

§§§

Já passava da meia-noite e completava uma hora que Rafaela estava na cama, rolando de um lado para o outro, incapaz de pegar no sono. O cheiro de Elizabeth estava impregnado nela; um cheiro doce, floral. Ela o sentia nos cabelos, nos braços, nas roupas. O sabor do beijo da moça não deixava sua boca. A lembrança daquelas olhos impossivelmente azuis também não. Rafaela sentia-se arder numa febre indissolúvel, que não a permitia adormecer, mantendo-a desperta num mundo de vontades e desejos.

Por que eu me afastei? Martirizava-se. Eu poderia tê-la arrastado para o quarto e passar a noite fazendo amor com ela. E ela queria. Por mais que haja um contrato e uma mentira, ela queria, eu a senti quando a toquei; ela estava excitada tanto quanto eu.

E, em meio a devaneios e sonhos luxuriosos, Rafaela, enfim, adormeceu. Mas teve um sono agitado que não fornece descanso e tampouco paz. Despertou com a manhã já avançada, desde sempre depreciava atrasos, mas decidiu que nestes dias loucos ela podia se dar ao luxo de alguns pequenos deslizes. Antes mesmo de sair da cama ligou para Ana, sua secretária, e pediu para limpar a agenda matutina, lembrou-se de algo que precisava fazer.

- Tudo bem - garantiu Ana - À tarde, porém, há a reunião com a diretoria, é indispensável sua presença.

- Às 14 horas, eu sei. Estarei lá. Obrigada, Ana.

Assim que se aprontou, Rafaela saiu, rumou para o centro, diretamente para o shopping e para a joalheira que havia lá, uma que nunca frequentou justamente para que não houvesse especulação sobre o que ela lá compraria. Uma hora e meia depois, voltava para casa com um par de alianças brilhantes de ouro filetadas de prata. Não conseguiu almoçar nada além de um pouco de arroz e um pedaço de salmão grelhado, ficou o tempo todo olhando para o pacote embrulhado sob o aparador da sala, tentando manter distância dos anéis.

Não são de verdade, repetia para si mesma, não são de verdade. São uma mentira, não se empolgue com isso, pelo amor de Deus, Rafaela.

Subitamente, o celular vibrou. Seu coração parou quando ela viu que era uma mensagem de Liz.

"O que está aprontando, gatona?" - dizia a mensagem.

"Almoçando. Tentando almoçar" - respondeu Rafaela - "E você?"

"Tomando sorvete... ;)" - respondeu Liz.

"Como você pode ter esse corpo delicioso comendo desse jeito? Se eu pensar em sorvete engordo dois quilos!"

"Genética e sorte" - respondeu Liz - "Estava pensando em você".

"Verdade?" - Rafaela procurou tentar não se sentir nas nuvens.

"Sim, estava decidindo se estou ou não brava com você"

"Que foi que eu fiz?"

"Saiu ontem feito um furacão e me deixou sozinha naquele apartamento imenso".

Rafaela não se aguentou. Ligou para Liz. Ela atendeu na hora com aquele "alô" em sua voz de menina-mulher.

- Eu não queria te deixar sozinha - disse Rafa - E agora me arrependo disso.

- Basta não fazer isso da próxima vez - disparou Elizabeth.

- Não vou - garantiu Rafaela - Quando será nossa próxima vez?

- Quando você quiser.

- Hoje a noite? Tenho uma coisa pra te mostrar.

- Hoje a noite - disse Liz sem titubear - No mesmo lugar... e não vou te deixar partir até o dia amanhecer, Rafaela.

- Combinado.

Liz deu um de seus risos de fada e desligou.

Rafaela percebeu que Elizabeth tinha roubado seu coração... e não havia o que se fazer quanto a isso no momento.

Logo mais, no escritório, resolveu, assim que chegou, algumas questões rápidas e depois sentou-se para se preparar para a reunião interna, porém, Rafaela sentia-se distraída em tudo o que fazia, como se um pensamento maior estivesse sobrepondo-se aos demais, um pensamento que tinha um nome próprio e um rosto perfeito: Elizabeth.

Virou os olhos para os céus por trás das janelas e deixou o pensamento vagar e sonhar com a menina, então, de súbito, tirou da gaveta a sacola com o par de alianças, o havia trazido junto temendo sair muito tarde do trabalho e ser obrigada a ir direto dali ao encontro com Liz. Cuidadosamente ela abriu uma das caixas e olhou para a aliança que seria dela, maior que a de Liz, pois ela tinha o dedo um tanto mais rotundo; girou o anel na mão, fitou com interesse, até então nunca havia lhe passado pela cabeça segurar uma aliança dourada. Julgou que para ela seria impossível.

Era impossível, pois tratava-se de uma aliança de mentira.

Sem perceber, deslizou o anel pelo dedo e ergueu a mão direita para ver como ficou. Sentiu um calafrio. Achou que o anel ficou bonito instalado ali. A sensação de pertencer a algo a tomou de assalto e ela, mesmo sabendo que não devia, sentiu-se mais completa; mais preenchida e menos vazia.

Neste momento o telefone tocou, um cliente em potencial, trabalho grande, um edifício comercial no centro. Rafaela ficou quase uma hora na ligação e chegou atrasada na reunião, todos já haviam se acomodado ao redor da grande mesa redonda na sala de reuniões. Mas Valquíria não se importou, estava ciente de que a sócia prodígio estava para angariar mais um projeto importante para a Andrade.

Ela deu uma piscadela para Valquíria, cumprimentou os demais membros da diretoria e se acomodou numa cadeira vaga. Fazia apenas cinco minutos que estava ali ouvindo os gracejos iniciais que antecedem a reunião, quando, Beatriz, a coordenadora de finanças, olha para ela com olhos esbugalhados, dizendo:

- Meu Deus, Rafaela, não vai nos atualizar da novidade?

Rafaela não entendeu a pergunta, então sentiu uma pedra de gelo se alojar no estômago no momento em que percebeu o deslize; tinha se esquecido de tirar a aliança.

- Rafaela está noiva! - disse Luiz Antônio, o responsável pelo setor de marketing.

A sala de reuniões entrou em polvorosa. A fama de antissocial de Rafaela era notória, ela costumava participar muito pouco da vida social da Construtura, e muito menos das reuniões e confraternizações de fim de ano. Rafaela fitou a própria mão calculando que o estrago estava feito e, no momento, não havia tempo de elaborar uma explicação minimamente plausível.

- Bem, isso é verdade - disse ela mantendo um ar misterioso - Porém, após esta reunião eu tenho outro compromisso urgente e não posso me demorar, então, vamos com isso, curiosos, deixem minha vida pessoal de lado, por favor.

- Você realmente vai nos manter no escuro? - forçou Beatriz - Não vai nos contar quem é o seu eleito?

- Você não conhecem. E sabem como eu sou, minhas coisas são minhas coisas - Rafaela retorquiu com severidade e o burburinho morreu. Ela podia ser jovem, mas era a estrela da Andrade e a menina dos olhos de Valquíria, além de uma das sócias beneméritas, assim sendo, o assunto retornou para os negócios. No entanto, um olhar avaliativo de Valquíria causou preocupação em Rafaela.

A reunião durou duas horas exaustivas, Rafaela fez o que pode para se concentrar nos assuntos, mas a imagem de Liz sempre surgia para distraí-la. Ao fim do encontro, ela saiu em disparada para evitar especulações impertinentes, voltou para sua sala, juntou suas coisas, avisou Ana que estava indo para outra reunião de negócios e desapareceu do escritório deixando atrás de si um vácuo de perguntas sem respostas.

A segunda reunião do dia, fruto da ligação que recebera no início da tarde, angariaria um aditivo e um cliente extraordinário para a Construtora, mas coisas assim levam tempo e a apresentação de Rafaela durou até praticamente o início da noite; o cliente insistiu para que Rafaela jantasse com ele e sua equipe, mas ela recusou educadamente explicando que já tinha outro compromisso inadiável. Rafa partiu dali e atravessou a cidade rumando para o apartamento do primeiro encontro, lembrou-se de tirar a aliança e só naquele momento percebeu o quão confortável se sentia com o anel. Guardou a aliança no bolso e deixou na sacola apenas a caixinha com a de Liz.

Com o coração acelerado, tocou o interfone. Liz não disse nada e só abriu o portão. Rafa cumprimentou o porteiro e tomou o elevador até o quarto andar. Uma vez lá, se dirigiu até o fim do corredor, mas antes mesmo de pensar em tocar a campainha, Liz abriu a porta... e Rafaela perdeu o fio do pensamento.

Elizabeth Storm estava usando um minivestido azul-celeste, de alcinha, rodado, com a barra muito, muito acima dos joelhos. O cabelo prateado estava trançado e alocado delicadamente sobre o ombro direito, serpenteando libidinosamente por entre os seios fartos e que visivelmente não estavam presos por sutiã nenhum. A maquiagem de Liz era meiga, mas os olhos contornados ficaram ainda mais terrivelmente espectrais. Os lábios carnudos se abriram num sorriso meigo. Como da outra vez, ela estava descalça. Parecia um anjo de luz parado na porta olhando para uma mera mortal embasbacada.

- Oi, Liz - foi a única coisa que Rafa conseguiu dizer.

Elizabeth deu um passo e se atirou nos braços dela lhe remetendo um de seus beijos irresistíveis.

- Como foi seu dia, gatona? - disse ela sorrindo para Rafaela.

- Corrido, mas eu mal me lembro das coisas depois desse beijo.

- Tem mais de onde esse partiu - disse Liz dando uma piscadela e puxando Rafaela pela mão para dentro do apartamento.

- Que cheiro delicioso é esse? - quis saber a engenheira.

- Canelone quentinho.

- Comida italiana de primeira?

- O que eu posso dizer? - Liz deu de ombros e o movimento fez os seios vibrarem contra o tecido diáfano do vestidinho - Não dispenso massa alguma.

Elas foram até o sofá e Liz saltou para o colo de Rafaela, as duas se envolveram num beijo lento e quente. Rafaela pousou a mão na coxa de Liz e o tecido do vestido deslizou por seus dedos até revelar a pele macia da menina; o toque acendeu em Rafaela o fogo que ela represou na noite anterior e que agora não seria capaz de conter.

Porém, repentinamente, ela se desgrudou de Liz.

- Tenho uma coisa para você - disse Rafaela só agora lembrando da sacola jogada ao lado, tirou de dentro a caixinha e a abriu diante de uma Elizabeth cheia de expectativa. A aliança dourada filetada de prata faiscou na meia luz do ambiente. Rafaela pigarreou - Então, senhorita Storm, aceita se casar comigo?

Elizabeth ficou subitamente séria, como se em choque com o pedido. Para todos os efeitos e por sua alma romântica, ela sempre sonhou em ser pedida em casamento, e ali, naquele momento, acomodada no colo de Rafaela, uma mulher tão séria e tão literal, mas sobriamente honesta e amedrontada, ela sentiu sua máscara desvanecer um pouco. Elizabeth desapareceu e Isabela, a garota sonhadora e inabalavelmente otimista, aflorou mesmo contra as regras. Os olhos de Isabela ficaram marejados e quando ela pensou em responder, vacilou, as palavras ficaram úmidas e presas na garganta, então ela apenas fitou Rafaela e anuiu de forma quase imperceptível.

Rafaela deslizou a aliança pelo seu anelar direito e a pele de Isabela se arrepiou. Aquilo não estava nos planos, ela nunca sentira isso por cliente nenhuma. Mas Rafaela era diferente, e ela soube disso no momento em que a viu. Ela foi colocada na vida daquela mulher tão séria por um motivo; o destino havia movimentado suas engrenagens.

Mas era proibido. Ela não podia se apaixonar. Prometeu a si mesma que não o faria.

No entanto, naquele momento, só naquele momento, decidiu se esquecer das regras.

- Onde está a sua? - Isabela perguntou com a voz rouca e Rafaela sacou do bolso o par do anel e colocou na mão.

Isabela afastou a mão direita, admirando-a com espanto. O anel piscou com a promessa de revolução. Por uma vez na vida ela estava noiva. Por uma vez na vida ela resolveu entrar na mentira de Rafaela e fazer de conta que aquilo era real. Isabela virou-se e encarou a outra. Quem é você? Perguntou a si mesma. O que está fazendo com o meu coração? Eu sou proibida de amar. Por que justamente você com esses olhos ambarinos, tão distantes e tão tristes? Por que você me olha desta forma como seu eu fosse o motivo de sua alegria? Nós não podemos! Não devemos!

Mas o que a mente manda, o coração desobedece.

- Você quer fazer amor com a sua noiva? - perguntou ela a Rafaela numa voz baixa, nervosa.

 Rafaela não respondeu, aproximou-se vagarosamente dela e de seus lábios. Sem nem desconfiar de que não era Elizabeth quem estava ali, mas Isabela... uma menina que ela ainda não conhecia, mas com quem estava prestes a fazer amor.

Fim do capítulo