Capítulo 2
Fazia alguns dias que eu tinha conhecido a Rafaela no barzinho que levei a Renata afogar as mágoas, e, diga-se de passagem, ainda bem que a minha amiga tapada resolveu acender um cigarro aquela noite. Há muito tempo que eu não conhecia alguém tão legal.
Nós trocamos telefones aquela noite e passamos a conversar praticamente todos os dias e pude conhecê-la melhor, afinal naquela sexta conversamos sobre coisas de certo modo superficiais. Rafaela é linda, com aqueles cabelos negros até o meio das costas e seus grandes olhos verdes, mas acima disso ela é simpática, atenciosa e espirituosa, estava animada com essa aproximação. Nós marcamos um jantar, queria vê-la de novo.
-- Você já conhecia esse restaurante? – me perguntou.
-- Não, mas estou amando.
-- A companhia ajuda, né.
-- Com certeza a companhia é um dos melhores motivos para esta noite estar sendo maravilhosa. – flertamos.
-- O que acha de sair amanhã, sei que gosta de cinema, que tal?
Naquela pergunta percebi que tinha chegado o momento de contar algo sobre minha vida para ela, que em muitas vezes espantava mulheres interessantes.
-- Não posso ir amanhã, tenho compromisso com um carinha. – falei enquanto achava uma foto no meu celular – e ele vai me matar se eu der o cano. – percebi seu olhar assustado, virei a tela do celular revelando a foto do menininho lindo que tinha meu coração. – esse rapazinho já marcou um horário na minha agenda.
Falei e passei a olhá-la esperando por suas reações, a princípio estava seria, confusa depois abriu um lindo sorriso, posso dizer que era inesperado.
-- Pelos olhos já sei que é seu filho, né.
-- O amor da minha vida. – suspirei – Desculpa não falar antes, acho que quis prolongar o máximo possível essa noite.
-- Como assim?
-- Digamos que é bem comum, as garotas saírem correndo quando descobrem.
-- Não sou uma garotinha, tenho perguntas, é claro, mas não sou do tipo que foge.
-- Que bom. – aqueles olhos dela me hipnotizaram – Mande as perguntas.
-- Você é casado, viúva?
-- Separada.
-- Homem ou mulher?
-- Mulher. – não resisti e soltei uma gargalhada – Me casei com 23 anos, com minha primeira namorada, depois de 5 anos decidimos aumentar a família, foi quando o Miguel nasceu. – tomei um pouco de vinho – Bem, depois as coisas não continuaram como imaginávamos e quando ele tinha 4 anos nos separamos.
-- É estranho eu falar que não sinto muito pela separação? – riu.
-- Acho que não, acho que foi o melhor, nos separamos antes começar a nos odiar. E aí não vai sair correndo mesmo? – perguntei com o pé atrás, afinal não acho que era a intenção dela se envolver com uma mulher separada e com um filho.
-- Como falei para você não sou uma garotinha e eu realmente estou gostando de você, quero tentar algo que possamos ter um futuro, agora eu que pergunto, você vai fugir?
Depois daquilo a única coisa que me restou fazer foi me aproximar de Rafaela e beijá-la. Passamos vários minutos naquele contato gostoso. E tudo isso deixou nossa noite ainda melhor.
Durante o resto da noite contei para ela um pouco mais sobre Miguel e nosso passeio no dia seguinte e acabei convidando ela para ir conosco, talvez fosse precipitado apresentá-la ao meu menino, mas queria algo sério tanto quanto ela, para minha alegria, ela disse sim.
No dia seguinte eu e Miguel estávamos frente da entrada do Monte da Garça, lá tinham um programa muito legal para crianças, com uma trilha kids e um maravilhoso restaurante em meio às árvores.
Era duas da tarde quando vi a Rafa se aproximando, linda com uma baby look branca e uma calça moletom justa, que curvas, minhas amigas que curvas.
-- Oi, estou atrasada?
-- Não. – dei um beijo em sua bochecha – Vem conhecer o homem da minha vida. – a levei para o Miguel. – Filho, essa é a Rafa, amiga da mamãe, ela vai passear com a gente hoje.
-- E aí garotão, tudo beleza? – ela se agachou, ficando na altura – Animado para a trilha.
-- Oi! Sim!!! Vai ter muita plantinha pra ver, será que vai ter passarinho mamãe?
-- Vai filho, com certeza.
Para minha alegria ele encarou tranquilamente ela ali com a gente, nós fomos em direção às outras crianças que iam participar da trilha e os monitores já começaram a animá-las.
Os pais iam acompanhando de longe, Rafaela é extremamente carinhosa, fosse em toques, ao mexer em meu cabelo ou com seus olhares afetuosos.
-- Obrigada por ter vindo, sei que é programa de índio, mas é bom ter sua companhia aqui.
-- Imagina, eu adoro essas coisas na natureza. - ela segurou minha mão e eu cruzei nossos dedos - Queria te ver mais.
Nós passamos a conversar durante a trilha e contei para ela como funcionava a guarda do Miguel, aguarda dele é minha, mas a outra mãe dele sempre ficava com ele.
Depois de várias plantinhas e passarinhos chegamos no restaurante do Monte, como era 4 da tarde optamos por tomar um café, ficamos em um espaço que funcionava como um terraço e o Miguel continuou a brincar com as outras crianças. Cheguei perto da Rafa com duas canecas com café, ela me agradeceu e depois apoiou na madeira.
-- Estou adorando nossa tarde, é bom fazer essas coisa mais tranquilas de vez em quando. - segurou minha mão, fazendo carinho nos meus dedos - Eu sei que pode ser muito cedo, precipitado, mas como disse para você no outro dia, realmente estou gostando de você, quero que tenhamos um futuro.
-- Eu também Rafa, mas não tenho que te alertar que não sou sozinha, carrego um pacote junto.
-- Não tem problema, adoro crianças e todo mundo tem um passado e uma bagagem, a minha pode até não ser assim fisica - falou apontando para o Miguel - Mas ela existe, espero que você não fuja quando percebe-la.
-- Como você disse, eu também não sou mais uma garotinha, não fujo de quem eu gosto. - com um sorriso sincero e percebendo que Miguel não nos olhava a beijei, um beijo doce e singelo, selando nossa vontade mútua de fazer aquilo dar certo.
Ficamos até o início da noite naquele lugar lindo, verde e esperançoso quanto a uma amanhã juntas.
Fim do capítulo
E aí mocinhas, o que estão achando?
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