Capítulo Único
Cheguei no bar as 20 horas como havia combinado com a Marina, o ambiente era claramente voltado ao público LGBT, havia alguns casais nas mesas, outros de pé curtindo a banda que tocava e eu segui para o balcão já que minha companhia não havia chego.
Eu e Marina havíamos voltado a conversar fazia algumas semanas, nutríamos uma amizade colorida, até ela se apaixonar e começar a namorar uma garota de outra cidade, como não queria confusão para o meu lado acabei me afastando, mas agora que ela estava solteira novamente não fazia mal reatar essa “amizade”.
Peguei uma cerveja e encostei no balcão curtindo a música que tocava, tudo muito bom até eu sentir um forte cheiro de cigarro. Não é possível que em pleno 2018 tenha pessoas que ainda fumem em lugares fechados. Tentei ignorar e esperar que algum funcionário conversasse com a sem noção, o tempo foi passando e Marina não chegava, assim como a mulher continuava a fumar desobedecendo o garçom que pediu para ela apagar o cigarro. Dei uma olhada na figura e tratava-se de uma mulher bonita de cabelos curtos negros, vi que seu semblante era desanimado e era acompanhada de um copo de whisky, quando vi que ela iria acender outro cigarro não me segurei.
-- Ei moça, será que você pode fumar lá fora, aqui dentro não é lugar para isso. – falei na boa.
-- Não! – argh.
-- Qual é? Vai ficar fazendo a gente fumar a sua fumaça? – eu realmente não estava querendo arranjar confusão, mas não ia ficar ali sendo defumada, mas parece que a mulher não tinha tanto espírito esportivo e simplesmente baforou na minha cara.
-- Quer mais fumaça ou assim tá bom? – sua voz arrastava denunciou que aquele não devia ser o primeiro copo que ela tomava.
Eu não queria confusão, mas também não tenho sangue de barata, acabei levantando para fazer a abusada apagar aquele cigarro nem que fosse com a língua, mas antes que eu pudesse chegar de fato a encostar na garota, uma negra linda ficou entre nós e gente, pensa numa mulher bonita! Ela era mais ou menos da minha altura, tinha um cabelo cheio de cachos definidos, uma boca carnuda e um olhar forte que chegou a me intimidar.
-- Espera! – me falou a desconhecida, segurando meu ombro – Ela vai apagar o cigarro, não precisa disso, ela tá um pouco alta já.
-- Não dá ideia pra essa garota não Mô! Deixa ela vir – a sem noção de voz arrastada tentou botar banca.
-- Fica quieta Renata e apaga essa merd*! – a bonitona, ralhou com a tal Renata, que abaixou a cabeça e obedeceu – Pronto, assunto resolvido, né? – me perguntou.
-- Beleza, obrigado.
Até eu fiquei na minha depois daquela autoridade toda e voltei para a minha cerveja enquanto conferia o celular para ver se a Marina tinha mandado algum sinal de fumaça... e nada.
Mais alguns minutos e comecei a escutar a conversa das duas mulheres, eu sei que é errado, mas estava ali sem fazer nada mesmo.
-- Você vai ficar bebendo a noite toda mesmo?
-- É um bar, você quer que eu faça o que? E outra, quando eu bebo, não penso nela.
-- Rê, para com isso, não é assim que as coisas vão melhorar, já faz mais de uma semana.
-- Não quero saber, me deixa quieta aqui. – a voz da garota estava cada vez mais arrastada, pelo jeito a desilusão tinha sido grande.
-- Pelo jeito sua amiga não quer conselhos. – me intrometi.
-- Pois é, acho que vou desistir dela – deu um sorriso. – Desculpa pelo cigarro, tá?
-- Tudo bem, tranquilo. – ela sorriu com a minha resposta e quase que eu derreti ali mesmo.
-- Bebendo sozinha? Afogando as magoas também? – não esperava a pergunta e hesitei – Desculpa, não é da minha conta.
-- Relaxa, não estou afogando as magoas, na verdade estou esperando uma amiga que não vejo faz um tempo, mas pelo jeito ela resolveu me dar um bolo. – falei enquanto olhava as horas.
-- Olha que vacilo, estamos mal de amigas, hein. Eu tendo que ser baba e você tomando bolo, resolveram sacanear nossa sexta à noite.
-- Você tem razão, acho que é hora de fazer novos amigos. – larguei minha cerveja e estiquei minha mão – Prazer, Rafaela!
-- Monica, o prazer é meu. – a partir daquele momento engatamos um papo muito gostoso e esquecemos de vez de nossas amigas vacilonas.
Conversamos sobre tudo, gostos musicais, filmes, trabalho e as horas foram passando, vez ou outro a tal Renata atrapalhava a gente com alguma gracinha, mas honestamente ignorei com sucesso. Ali na minha frente tinha uma mulher extremamente interessante, que sabia conversar, que prestava atenção no que eu falava e quero acreditar que a reciproca é verdadeira. Claro que naquela altura não era só a amizade dela que estava chamando minha atenção, até nos assuntos mais banais ela era encantadora e sexy ao falar.
-- Me diz uma coisa, você estava esperando uma amiga hoje mesmo?
-- Bom, ela é realmente minha amiga...
-- Mas...
-- Mas se rolasse algo a mais que isso, não ia ser ruim. – tomei um gole da cerveja sem tirar meus olhos dela – Porém, to cada vez mais convencida que ela não ter vindo foi ótimo. – Monica abriu um sorriso encantador.
-- É, talvez ser baba não tenha sido nada mal.
Depois dessa não pude deixar de sorrir, me aproximei dela, embolei meus dedos no seu cabelo e sorrindo parei com os lábios próximos aos dela, que sem vacilar avançou o espaço que faltava. Nos perdemos num beijo maravilhoso, fazia muito tempo que eu não me deliciava tanto. Ficamos um bom tempo juntas ali, sem praticamente separar nossos lábios.
Em certo momento, Renata percebeu nossa interação.
-- Como assim? Porque você tá beijando essa mina, Mô? – ela estava praticamente dormindo encostada naquele balcão, Monica se manteve perto de mim e rindo respondeu a pobre bêbada.
-- Você veio aqui só pra beber, não achou que eu ia ficar velando defunto, né.
-- Nossa, essa doeu... – a partir daquele momento tivemos que dividir nossa atenção com amiga da Monica, mas sem problema, não impediu que nos aproximasse.
Passado mais algum tempo Monica me falou que tinha que levar Renata embora, que mal parava em pé sozinha. A acompanhei até a saída, ajeitei a menina no banco do carona e fui me despedir da morena.
Trocamos mais um beijo quente e com a promessa de nos vermos novamente gravamos telefones.
Fui para casa levinha naquela sexta, quando me joguei na cama vi que tinha uma mensagem da Marina não lida.
“Desculpa Rafa, mas não pude ir encontrar você, a Joana apareceu aqui para conversarmos”
“Sem problemas, minha noite foi ótima graças ao seu bolo, agradece a Joana por mim ;)”
E com sorriso na cara pude dormir tranquilamente.
Fim do capítulo
E aí moças, qual o veredito?
Comentar este capítulo:
Cristiane Schwinden
Em: 11/09/2018
Bolo melhor que esse só o pão-de-ló da vovó! Adorei!
Resposta do autor:
Olha só a chefe por aqui!
Só bolinho da vó para ser melhor.
Abraços
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Rafa Justi
Em: 24/08/2018
Muito bom! Acho que vc deveria continuar. ;)
Resposta do autor:
Eu continuei, hein!!
Acompanhe o restante da história.
Abraços
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