-- Tenente ela insistiu em vim para cá – Um soldado disse entrando na sala de espera do hospital com Juliana e Clarisse.

--Deia como ele está? - Juliana abraçou Andreia.

--Está em cirurgia – Andreia disse chorando. –Vocês estão bem? Ele te fez algum mal?

--Estamos bem sim – Juliana disse afagando os cabelos de Andreia. – E a Lídia ?

--A Elida foi lá busca-la – Andreia começou a andar de um lado para o outro. –Está demorando demais – Andreia disse e viu JM passar algemado em uma cadeira de roda.--O que houve com ele? – Perguntou para um dos soldados.

--Ele tentou correr e a sargento Andressa atirou na perna dele

-- Era para ter sido na cabeça – Olhou para JM que estava com a cabeça baixa, estavam fazendo o registro para ele entrar para atendimento, ele só levantou a cabeça quando Lídia  entrou gritando em desespero.

--Meu filho, onde ele está Andreia? – Perguntou abraçando-a

-- Está em cirurgia, olha o médico vindo ali – Lídia e Andreia correram até o médico.

--Ele perdeu muito sangue, como o sangue dele é raro não temos nenhuma bolsa de sangue disponível, algum de vocês é O negativo?

-- É o mesmo da Clarisse – Quem falou foi o Junior.

--Você. – Lídia disse correndo até JM, mas foram impedidas de aproximar dele pelos policiais

-- Senhora não aproxime-se

--Você seu infeliz, esse é seu sangue não é? – Ela gritava sendo segurada por um policial.

--Como assim Lídia ? – Andreia perguntou sem entender.

--Me responde seu miserável? Se a Clarisse tem o mesmo sangue que o meu filho é por que eles puxaram de você não foi? – Todos olharam para ela ainda sem entender. – FALA! – JM apenas afirmou com a cabeça. – Você vai doar esse sangue para ele, nem que eu tenha que tirar a força entendeu? Como você pode tentar matar o próprio filho? Você é um desgraçado.

--Como assim ele é o pai do Vitor? – Andreia perguntou surpresa.

-- E o que a Clarisse tem a ver com isso? - Junior perguntou

--Ju é melhor tirar ela daqui – Juliana disse, viu que a menina estava assustada.

--Vem meu amor, vamos lá para a lanchonete. – Pegou a criança nos braços.

--Eu quero ficar com o Vitor padrinho.

--Ele ainda vai demorar, vem, vamos lá e votamos rapidinho- Junior saiu com a menina enquanto Andreia esperava a resposta de Lídia .

--É Andreia eu que sou o pai dele, sou o pai do moleque, ele tem meu sangue correndo pelas veias dele, MEU FILHO- JM disse debochado.

-- Gente ele vai doar? O garoto está entre a vida e a morte – O médico falou.

--JM, por favor, você vai ser responsável pela morte do seu próprio filho – Juliana que falou.

--Eu não atirei nele de proposito Juli, eu queria apenas que fossemos uma família feliz -Ele disse olhando para Juliana.

--Eu entendo você, agora vai lá, não deixa seu filho morrer – Ele apenas concordou com um balançar de cabeça.

-- Venham, tragam ele. – O médico falou e os policiais acompanharam JM junto do médico.

--Que loucura é essa? Como você? – Andreia disse sentando em uma cadeira. – Você teve algo com esse marginal Lídia ?

--Foi apenas uma vez, estávamos em uma festa totalmente bêbada – Lídia  sentou ao lado dela.—Não lembro de muita coisa dessa noite, apenas de acordar na casa dele- Ela respirou fundo – E ele me ameaçou disse que se a Juli soubesse o que houve ele nos matava, foi por isso que nunca falei nada.

--Mas o que a minha afilhada tem a ver com isso?

--Juli quando fui lá falar com ele naquele dia, ele disse que tinha feito o mesmo com a Claudia e que obrigou ela sair daqui e ir para bem longe.

--Então ela é filha dele? – Juliana disse sentando no outro lado de Andreia

--É sim, mas eu nunca vou deixar que ele aproxime-se dele – Lídia  disse esperando Andreia falar alguma coisa. –Andreia fala alguma coisa.

--Esse infeliz nunca vai se aproxima dele entendeu? Mesmo se ele perguntar quero que ele continue pensando que o ele nunca terá pai – Andreia disse erguendo-se

--Mas é isso mesmo que eu quero, nunca quis que o Vitor soubesse da existência dele. – Lídia abraçou Andreia, ficaram ali e depois de mais de uma hora o médico apareceu.

--Ele está estável, depois vamos fazer alguns exames, pois dada a urgência não fizemos nenhum tido de exame no sangue do doador.

--Mas ele está bem? Podemos o ver? – Andreia perguntou

--Ele está dormindo e estável, venham vou leva-las até ele – As três mulheres seguiram o médico e choraram quando viram o menino sem camisa, com o tronco enfaixado e com vários aparelhos, ficaram ali alguns minutos e logo o médico pediu para saírem, na porta da recepção do hospital Amanda e alguns policiais aproximaram para avisar que levaria JM para a delegacia

--Amanda muito obrigada por tudo – Andreia disse apertando a mão dela

--Não tem o que agradecer tenente, depois me manda notícia do seu filho – Ela saiu deixando as mulheres ali, não demorou para Junior aproxima-se com Elida, Lucas e Clarisse, depois de muito relutar conseguiram fazer a menina ir para casa com Junior.

 

-- E você já se alimentou? – Juliana perguntou para Andreia – Andreia apenas balançou a cabeça em negativo – Vamos comer alguma coisa, você precisa comer. – Levantou puxando Andreia pela mão. – Alias as duas – Chamou Lídia

--Eu não estou com fome, vou ficar aqui esperando ele acordar.

--Vai lá Lídia  eu fico aqui, se o médico chamar eu vou lá te chamar – Lucas falou pegando na mão dela.

--O médico disse que ele iria dormir à noite toda. – Juliana puxou Lídia com a outra mão, foram para a lanchonete e com Juliana obrigando-as a comer

-- Agora que estamos todas alimentadinhas posso falar uma coisa? – Junior perguntou e as quatro mulheres que estavam na mesa ficaram esperando – Mulher maravilha acho que você deveria ir para casa, está precisando de um banho querida, até porque você não pode sair desse conceito de mulher bonita gostosa e cheirosa – As mulheres não conseguiram segurar o riso

--Então eu estou fedendo Junior?

--Não só você querida, as duas ai – Ele apontou para Elida.

--Realmente passamos o dia todo com essa roupa no meio do mato.

--E aquele lamaçal onde estávamos não ajudava – Elida completou

-- Vamos fazer assim, eu também preciso de um banho, vamos as três em casa tomamos um banho e descansamos um pouco, Já está quase amanhecendo o que acham?

-- Eu queria ficar aqui quando ele acordar.

--Deia o médico já falou que ele não vai acordar hoje, vamos lá e esse  curativo do seu braço, tem que trocar.

--Mas Juli eu... – Juliana não deixou ela completar

--Nada de” mas Juli”, vamos e você também – Apontou para Elida.

--Credo que mulher brava, sobra até para mim – Elida disse ficando de pé –As amigas arrumam uma mulher mandona e sobra pra mim

--Você não viu nada ainda minha amiga, nada – Andreia passou o braço no pescoço de Elida, mas logo se afastou—Merda você está fedendo demais

--Vamos as duas, sem muita conversa – Juliana distribuindo leves tapas no ombro de Elida.

--Está bem mamãe, vamos – Elida disse fazendo careta, entraram no taxi e foram para o apartamento.

 

 

 

-- Ainda bem que deixei uma roupa aqui Deia – Juliana estava falando enquanto pegava sua roupa que ela tinha deixado ali.

--Você está bem mesmo? – Andreia perguntou aproximando-se dela.

--Estou sim, ele não me machucou- Aproximou-se dela

--Eu tive tanto medo, vocês são tudo para mim, minha razão de viver – Andreia disse aproximando-se dela. – Me desculpa por isso eu prometo que nunca mais vou colocar você em perigo, nunca mais – A puxou para um abraço, nessa hora não aguentou mais segurar o choro.

--Ei você não teve culpa alguma, se tiver que culpar alguém que não seja o JM sou eu, você sempre me alertou que ele não prestava, mas eu sempre acreditei ser ciúmes besta, eu nunca me afastei totalmente dele, então ele tinha esperanças de algum sentimento.– Enxugou o choro de Andreia. –Não chora, estamos bem, em breve o Vitinho vai sair do hospital e tudo vai voltar ao normal, aliás vai ficar melhor, pois aquele crápula foi preso.

-- É vou ficar bem mais aliviada por ele está preso.

--Agora vai lá tomar um banho que vou fazer um café, depois tomo o meu.

--Você sabe onde estão as coisas na cozinha?

-- Sei a Lídia me mostrou tudo – Juliana deu um selinho nela e saiu do quarto, Andreia tomou um banho demorado, para revigorar suas forças, assim que acabou foi a procura da morena na cozinha e só achou Elida sentada a mesa com uma xicara de café nas mãos.

--A sua morena foi tomar banho lá no quarto, ela disse que já voltava, eu adorei o café dela, forte do jeito que gosto – Elida falou mostrando a xicara a Andreia que se serviu. – Você falou para ela sobre o assassinato da mãe dela?

--Não acho melhor deixar essa história para lá.

--O que tem para eu saber? – Juliana perguntou entrando na cozinha.

--Nada demais Juli, vem senta aqui, vem tomar seu cafezinho- Andreia a chamou.

--Se não é nada demais eu quero saber – Ela disse enchendo a xicara.

--Bem eu vou lá para dentro dormir um pouco, mais tarde vou lá no quartel – Elida disse saindo da cozinha

-- Juli não é melhor deixar isso para lá?

--Não, eu quero saber, o que você descobriu?

--Lembra que no dia, falaram que tinha dois homens em uma moto, tentaram pegar a bolsa dela e de repente atiraram nela? – Juliana fez um sinal de positivo com a cabeça. – Bem eu fui atrás do tal Alvaro e ele me confessou que o outro cara era o JM

--Como assim o JM? Eu não estou entendendo

--Ele quem atirou na tia Paula Juli.

--Ele que matou minha mãe? Mas como ele pode? Ele foi bem dizer criado por ela, Deia ele cresceu lá em casa – Juliana andava de um lado para o outro da cozinha- Ele foi ao enterro e chorou – Juliana começou a chorar copiosamente.

--Calma meu amor, vem aqui – Andreia a puxou para um abraço.

--Ele é um monstro Deia, como ele pode?

--Já passou, ele vai pagar pelos crimes dele Juli, ele vai pagar por tudo. – Juliana não falou mais nada, ficaram ali abraçadas por alguns minutos, só separam-se quando o telefone de Andreia tocou. – É a Lídia  – Ela disse atendendo, logo um imenso sorriso se formou- Tá bem Lídia , já vou para ai – Andreia olhou para a morena e falou feliz – O Vitinho acordou, vou me arrumar para ir lá – Ela disse vendo Juliana também se alegrar com aquilo.

--Graças a Deus, ele está bem?

--A Lídia disse que sim, ele está perguntando por mim

--Eu vou com você – Logo as duas estavam a caminho do hospital

 

 

--Mãe Ia – O menino disse feliz assim que viu as mulheres entrarem – Tia Juli a senhora tá bem mesmo? A mãe falou que sim, mas a senhora não tá machucada né?

--Não meu anjinho, graças a você, você é meu herói sabia? Meu e da Clarrise – Juliana abraçou o menino com carinho.

--Eu não fiz nada demais tia – Ele disse envergonhado

--Você foi sim um herói filho – Andreia disse aproximando-se – Estou muito orgulhosa de você. – Beijou-lhe a testa.

--Mãe eu vou ser da policia igual a senhora – Ele disse sorrindo e Andreia apenas retribuiu o sorriso

--Você pode ser o que você quiser meu gatinho

--Tia a Clarisse tá onde?

--Vem depois com o Junior, ela foi para casa dormir um pouco. – Ficaram ali até o horário de visitas acabar, Andreia saiu bem mais aliviada do hospital.

 

--Eu vou ter que ir para casa – Juliana disse assim que entraram no carro de Andreia.

--Queria passar a noite com você – Andreia fez bico.

-- Eu tenho que pegar uma roupa para mim, amanhã volto ao trabalho, então o que acha de irmos lá depois voltamos para a sua casa, assim descansamos um pouco, não dormimos nada, temos que descansar um pouco

--Não gostei da ideia de dormir, mas o resto está tudo maravilhoso. – Juliana sorriu enquanto Andreia dirigia.

 

 

--Bem eu estou mesmo com sono e... – Juliana parou de falar ao entrar no apartamento e ver Elida e Barbara trocando altos amassos no sofá da sala

--Não seria mais confortável fazer isso no quarto? – Andreia perguntou sorrindo das caras envergonhadas das mulheres.

--É melhor eu ir para casa, desculpa por isso Andreia – Barbara disse pegando sua bolsa.

--Sem problemas Barbara, não precisa ir, relaxa mulher – Andreia disse sorrindo

--É que eu vim saber de vocês e, er... – Elas estava gaguejando  -- É melhor eu ir para casa . – Olhou para Elida e saiu quase que correndo

-- Então saiu dos beijinhos foi ? – Andreia jogou a almofada na amiga

--Porr* Andreia não podia aparecer umas duas horas mais tarde, você não sabe o quanto eu estou esperando para ficar com ela, ela tá em um jogo duro que você não imagina, e agora que ela chegou toda preocupadinha eu consigo avançar um pouco o que você faz? Estraga tudo – Elida falava triste.

--Meu Deus minha amiga tá apaixonada mesmo – Andreia começou a gargalhar.

--Eu estou mesmo, não vou negar, mas parece que nunca vai acontecer, ela não me dá chances, sempre escapa pela tangente.- Elida falou com os olhos cheios d’agua enquanto Andreia sorria.

--Deia para de sorrir, ela não está legal – Sentou-se ao lado de Elida – Não fica assim, você já se declarou para ela, disse que gostava dela? – Juliana perguntou pegando na mão de Elida

--Eu estou correndo atrás dela desde que cheguei e só levo patadas, ela não gosta de mim

--Você fica tão estranha apaixonada – Andreia saiu da sala.

--Você realmente está gostando dela? – Juliana perguntou

--Eu acho que estou, eu nunca me sentir assim Juli, só penso nela, eu nem conseguir ficar com outra pessoa – Ela disse de cabeça baixa.

--Não acredito? Você agora é broxa? – Andreia disse entregando uma cerveja para Elida.

--Vai tomar no... – Juliana interrompeu

--Olha a língua, Deia não fala assim, coisa mais machista, ela apenas está apaixonada isso é o que as pessoas apaixonadas fazem- Tomou a garrafa da mão de Andreia.—E espero que seja isso que você esteja fazendo – Tomou um gole da bebida – E outra você ainda não pode beber o comprimido que o medico passou acabou hoje de manhã, não fez vinte quatro horas -tomou mais da bebida –Elida, se declara, fala tudo isso para ela, quem sabe ela não esteja apenas se resguardando, seria isso que eu faria no lugar dela.

--Como assim se resguardar? – Andreia perguntou

--Ela pode estar apenas com medo, Eli você é uma devoradora, não tem relacionamento serio com ninguém, a Barbara quer alguém para casar formar família, se for isso que você quer com ela, vai lá e fala

--Mas casar? Casar casando?

--Não demente, casar descasando, claro né Eli, se está mesmo afim dela chega nela e fala, não adianta ficar assim, bancando uma de durona, de quem nunca se apaixona.

--Mais não é cedo para pedi-la em casamento?

--Não falei para pedi-la em casamento, apenas vai lá e fala o que senti, se ela sentir também você a pedi em namoro.

--Namoro? Será que sei fazer isso? – Tomou um grande gole da cerveja

--Você aprende- Andreia falou puxando a amiga para um abraço – Quem diria que minha amiga um dia poderia se apaixonar

--Andreia se até você se deixou amarrar, por que eu não me deixaria – Elida sorriu.

--É ela agora está bem amarradinha – Tomou o resto da cerveja. – Nossa estava precisando de alguma coisa alcoólica.

-- O médico falou quando o moleque sai do hospital? – Elida mudou de assunto

--Ainda não, mas disse que ele está bem.

--Isso é muito bom, agora vou lá par ao quarto, vou deixar as pombinhas a sós, e sintam-se em casa, façam de conta que a casa está vazia, prometo não sair do quarto, não costumo empatar a foda dos outros- Elida disse sorrindo.

--Palhaça – Andreia jogou uma almofada enquanto ela saia da sala.

--Vocês parecem duas crianças – Juliana disse sorrindo. – Nem se fossem irmãs.

--É assim que a considero, uma irmã. – Andreia disse puxando a morena para sentar em seu colo. –Bem que poderíamos seguir o conselho dela – Andreia disse beijando o pescoço de Juliana

--Sabe que eu gostei da ideia – Juliana disse sorrindo.

--Otimo, então vamos lá para o quarto – Andreia levantou a puxando, saíram caminhando entre beijos quente.

 

 

--Você está tão calada, não gostou?- Juliana estava deitada no ombro de Andreia enquanto sentia os dedos da policial acariciar seus cabelos.

--Não Juli, claro que eu gostei, você foi perfeita e aquele negócio que fez com a perna, nossa foi demais. – Juliana sorriu

--Mas então qual motivo de estar tão calada e pensativa?

--Eu estava aqui pensando em tudo que aconteceu, do medo que sentir.

--Eu também sentir muito medo, não por mim, mas pelas crianças e por você.

--Por mim? Não entendi.

--Eu te conheço Deia, sabia que você iria querer ir atrás da gente, eu os via com aquelas armas todas, fiquei com medo de te acontecer alguma coisa. –Sentou na cama encarando Andreia – Mas ainda bem que nada aconteceu, estamos todos bem, o Vitinho logo terá alta.

--É ainda bem que estamos todos bem – A puxou para um abraço – Agora você não me respondeu onde aprendeu a fazer aquele negocio com a perna – Andreia disse despertando uma gargalhada de Juliana

-- Aprendi no Yoga, fiz mais de um ano, é maravilhoso – Ela disse subindo no corpo de Andreia. – Ganhei muita flexibilidade sabia? – Sentou passando as pernas no abdômen de Andreia.

--Não sei, bem que você poderia me mostrar, o que acha?

--Eu adoraria te mostrar – Juliana disse abaixando o corpo 

Fim do capítulo