Capítulo 13
Girei o corpo sobre os calcanhares e fiquei de frente para ela. Adele me olhava intensamente. Seus olhos percorriam o meu rosto e paravam quase sempre no mesmo lugar: meus lábios. Seu hálito fresco tocava suavemente meu rosto, e sua respiração não estava normal, assim como a minha que estava fora do ritmo.
Uma chance...
-- Você é tão linda Adele. – disse percorrendo a linha de seu maxilar com os dedos indicadores.
Ela me entregou um sorriso tímido e beijou meus dedos quando eles pousaram sobre os seus lábios. Suas mãos desceram por toda a extensão de meus braços até chegar as minhas mãos, segurando-as entre as suas.
-- Eu sei que o que vou dizer pode parecer piegas ou até clichê, mas eu digo de todo o coração. – ela baixou o olhar e suspirou – Nunca senti nada parecido com o que eu sinto por você Bia! Você realmente não sai da minha cabeça, mas, é mais do que isso, eu sinto necessidade de ti. Quero estar contigo de todas as maneiras possíveis. Toda vida que estamos perto uma da outra, ele fica assim – a loira levou minha mão direita até seu peito – Eu sei que isso não é um capricho ou uma vontade passageira, eu me apaixonei de verdade por você, e isso é tão forte...
Deixei minha mão no lugar onde ela tinha deixado. Fechei os olhos e senti as batidas descompassadas de seu coração. Em silêncio podia sentir que ele batia da mesma forma que o meu, em sincronia.
-- Eu não sei o que aconteceu, mas posso sentir que você traz algumas mágoas, e o que eu estou te pedindo é uma chance de mostrar que eu sou diferente, que é de verdade e que...
-- Eu dou! – interrompi-a.
Não precisava dizer mais nada, eu já havia sido convencida de qualquer coisa no instante que ela chegou colando o seu corpo ao meu e ali eu senti que era exatamente onde eu queria estar.
Selei meus lábios antes que ela falasse mais alguma coisa. Nem aqui e em nenhum outro planeta qualquer podia ser errado me entregar ao que eu estava sentindo por aquela mulher. Era incompreensível, era muito novo, mas era muito latente e pedia desesperadamente para ser vivido. Vazão, era disso que estávamos precisando!
Adele pareceu surpresa no primeiro segundo e esse foi o mesmo tempo que ela levou para corresponder na mesma intensidade ao beijo. Minha língua pediu passagem e seus lábios entreabriram me dando liberdade. Sua língua em contato com a minha sempre me despertava um frisson gostoso.
Suas mãos logo se apossaram de minha cintura, trazendo-me para mais perto. O leve aperto que ela dava em meu corpo me fazia perder um pouco da racionalidade e eu só conseguia sentir o corpo dela junto ao meu e reagir às sensações naturais que aos poucos surgiam.
Embrenhei minhas mãos em sua nuca, enroscando meus dedos nos finos fios loiros. Mordisquei seu lábio inferior, ch*pando-o em seguida. Adele gem*u contra meus lábios e meu corpo inteiro se arrepiou, cada lugarzinho e cada cantinho de pele. O gemido rouco me instigou e excitou vergonhosamente.
Não sei como aconteceu, mas com uma força quase sobrenatural, ela me ergueu fazendo com que eu sentasse sobre a bancada da cozinha. Fiquei um pouco mais alta do que ela, no entanto, nada desconfortável. Ela se instalou entre minhas pernas, apoiando suas mãos sobre minhas coxas. Nossas bocas não se desgrudavam e meu corpo ficava cada vez mais quente e mais ébrio.
Suspirei sentindo minha intimidade ficar úmida quando ela escorregou as mãos por dentro das pernas do short folgado que eu usava. Suas curtas unhas me arranhavam, provavelmente deixando marcas por onde passava.
Cruzei minhas pernas em suas costas fazendo com que ela se unisse ainda mais a mim. Venci a barreira da blusa que ela usava e resvalei minha mão para dentro, tocando suas costas, nuas. A pele era macia, era quente e gostosa de ser tocada. Senti quando um arrepio deixou todos os pelinhos de seu corpo arrepiados.
O beijo estava ficando cada vez mais guloso e exigente, e a vontade de continuar com aquilo nos consumia, não queríamos parar.
Quando o ar nos faltou, nos separamos a contra gosto. Adele apoio sua cabeça no meu ombro, bem perto do meu peito e suspirou pesado, talvez puxando o ar que agora lhe faltava. Abracei-a pelo pescoço e beijei seus cabelos.
Não sei precisar quanto tempo ficamos naquela posição, mas pouco me importava, eu estava adorando ter ela perto de mim assim, estava adorando sentir a sua respiração tocar minha pele.
Seus dedos esguios faziam pequenos círculos em minha coxa, ora pequenos e suaves, ora maiores e mais firmes. Sorri ao notar que ela devia estar pensando em algo e aqueles desenhos talvez fossem a forma dela raciocinar ou de simplesmente se distrair.
Ela estava absorta e quieta entre meus braços, e eu aproveitei que ela estava assim pertinho de mim para espirar aquele cheirinho tão gostoso que ela tinha. Tinha certeza de que não era perfume, era natural, era o cheiro dela! Levei minha mão direita até sua nuca e passei a fazer pequenos movimentos com a ponta dos dedos naquela região, de imediato senti a loira amolecer.
-- Isso é verdade? – sua voz era mansinha, talvez até receosa.
-- O quê?
-- Isso! Você e eu.
-- Não sei do que está falando... – brinquei.
Rapidamente Adele se aprumou e se distanciou de mim. Parou a minha frente com alguns poucos centímetros entre nós e me encarou com aqueles azuis repletos de medo. Fiquei séria e tentei não rir, mas confesso que aquela carinha de tristeza que ela estava fazendo estava me enchendo de dó.
-- Eu achei que...é que...nós e...Bia eu... – ela coçava a cabeça e não conseguia pronunciar uma única frase com coerência.
Ela ficava uma gracinha nervosa, gaguejava e ficava com as bochechas levemente rosadas.
-- Vem cá. – estendi minha mão e ela a segurou, incerta.
Quando ela estava próxima o suficiente eu roubei-lhe um selinho rápido e sorri de lado. Suspirei e tentei concatenar as idéias antes de começar a falar.
Apesar de carregar inúmeras mágoas e chagas, quando aquela mulher me olhava eu enxergava e sentia verdades não ditas. Apesar de ter sido enganada e traída várias vezes eu sentia que podia confiar nela, que com ela eu podia me jogar de cabeça.
E talvez essas certezas me assustassem um pouco, afinal tudo aconteceu rapidamente. Um beijo, milhões de pensamentos, a atração fugaz, mais beijos e uma declaração. Chegava a ser difícil entender tudo, mas tinha coisas na vida que era melhor não compreender.
Porém, de nada me adiantaria viver com a incerteza. Do que me valeria me resguardar daquele sentimento que cada vez se tornava maior em meu peito? Talvez, o que aqueles olhos me diziam fosse a verdade absoluta, e talvez não fossem, porém, eu tenho consciência de que brigar com aquilo seria uma batalha perdida porque eu não conseguiria ficar longe daquele cheiro, daquela voz, daquela pele macia, da maciez dos seus lábios. Resistir a Adele era tarefa impossível.
Agora que eu descobri estar sendo enganada mais uma vez talvez eu ficasse mais reticente e arredia, e eu tinha que saber se Adele estava disposta a ter calma comigo e com a situação.
-- Antes de qualquer coisa, tem uma coisa que eu preciso perguntar. – comecei.
-- Pergunte.
-- Por um acaso você não é casada ou tem alguma relação mal resolvida com alguma outra mulher, não é? Se tiver, a hora de me dizer é agora. Me diga tudo porque eu não quero de repente descobrir que você é casada, ou que descobriu que ainda morre de amores por uma ex ou do nada ver surgir uma mulher reclamando a sua “posse”. – disse fazendo aspas no ar.
Ela sorriu e colocou atrás de minha orelha uma mecha de cabelo desarrumada.
-- Estou falando sério.
-- Eu sei Bia, eu sei disso, mas não resisti a sua carinha. – sorriu novamente – Respondendo a sua pergunta: não, eu não sou casada, e nunca fui. Quem sabe num futuro próximo eu me case. – fez graça - Também não tenho nenhuma relação mal resolvida com ninguém, minha última namorada ficou em Londres quando eu vim para cá, e nosso final foi bem claro e definitivo.
-- Não ficou com mais ninguém depois que chegou aqui?
-- Sim, eu fiquei com algumas mulheres, mas não foi nada sério. Não tinha vontade de me envolver de verdade.
Olá monstrinho do ciúmes! Era certo sentir isso?
-- Certo! Não precisa entrar em detalhes. – suspirei – Lembra que eu tinha te pedido um pouquinho de paciência para que eu conseguisse colocar uma ordem na minha cabeça e coração?
-- Lembro. E me desculpe por não ter respeitado o seu pedido.
-- Não, não precisa me pedir desculpas por isso. A questão não é essa, e sim que eu ainda preciso de um tempo, mas dessa vez é um pouco diferente.
-- Diferente?
-- Eu te dou uma chance Adele, aliás, eu nos dou essa chance. – parei de falar ao sentir um imenso alívio explodir em meu peito - Eu também sinto uma coisa muito forte em relação a você, e eu quero ver no que isso vai dar. Eu quero ficar com você, então sim, isso aqui é sério, aliás, muito sério. Só preciso que você tenha paciência comigo porque passei por coisas que ainda estão marcadas em mim, que ainda me magoam.
O sorriso que se desenhou nos lábios de Adele foi esplendoroso, e ela me sorriu não apenas com os lábios, com os olhos também. As minhas safiras ficaram ligeiramente molhadas intensificando ainda mais o brilho natural que elas tinham. Senti meu coração dar um salto no peito. Fiquei maravilhada com a loira a minha frente. Tenho certeza de que não havia mulher no mundo capaz de fazer meu corpo inteiro se rebelar sem um único esforço, sem um único toque.
Adele para mim era a mais pura e linda insensatez!
-- Lembro de já ter comentado que sou uma pessoa paciente. Podemos ir com calma, vamos nos conhecer um pouco mais. Eu vou adorar saber mais de você, seus gostos, suas manias, seus trejeitos... – ela balançou a cabeça em negativa e me sorriu – Eu prometo cuidar de você e te dar sempre o que há de melhor em mim Bia. Caramba! Eu nem acredito que isso está acontecendo!
-- Também prometo te dar o meu melhor. Mas te peço, por favor, seja sempre sincera comigo. Converse comigo sobre qualquer coisa e não me esconda nada.
-- Sinceridade e diálogo sempre, combinado! Para ambas as partes, correto?
-- Vale para as duas.
Adele me abraçou, me apertando entre seus braços. Seu rosto novamente se alojou na curva de meu pescoço e eu me dei conta de que cada vez mais eu adorava sentir a pele dela na minha.
-- Bia? – chamou-me ainda escondendo seu rosto.
-- Hum?
-- E a Daniele? Vocês conversaram?
-- Isso é uma longa história que não vale a pena ser contada, pelo menos não agora. Mas o que posso dizer é que Daniele não era quem demonstrava ser e que eu não tenho absolutamente mais nada com ela.
-- Acho que vocês não combinavam juntas. – comentou com tom jocoso.
-- Jura?
-- Uhum! Eu acho que você combina com uma loira, de naturalidade inglesa, que não tem talento nenhum para a cozinha e que está louca por uma brasileira.
-- É uma loira, de olhos intensamente azuis, alta, com uma boca linda, sorriso charmoso, cheirosa e que tem um beijo capaz de tirar de órbita? É dessa mulher que você ta falando?
-- Esqueceu de dizer que ela é louca por uma brasileira.
Novamente nos beijamos. Um beijo calmo com sabor de conhecimento. Chegava a me espantar a forma como a boca dela se encaixava à minha com uma perfeição sublime. Isso parecia clichê, coisa que a gente lê em romances, mas essa era a minha realidade, era o que eu estava sentindo. Aliás, era algo que eu estava experimentando pela primeira vez, e afirmava isso sem medo algum de errar.
Aquele beijo marcava a minha mente, minha essência e todo o meu ser. Quando se encontrava o beijo certo, você sabia, as sensações eram completas, tudo correspondia – do corpo à mente. Tinha a impressão de que nada me afetaria enquanto nossos lábios estavam unidos. Nunca nenhum outro beijo me fez navegar em um mar calmo, me fez flutuar por entre as nuvens ou simplesmente me trouxe uma paz e uma felicidade absurda.
Aqueles lábios acompanhados daquela língua hábil tinham realmente o poder de me tirar de órbita. Quando ela me beijava eu perdia todos os outros sentidos e deixava de perceber o mundo a minha volta, restando apenas ela e eu. Eu queria aquela boca na minha, muitas vezes, quantas fossem possíveis e todas as que fossem impossíveis também. Eu não queria outro beijo, eu queria o dela, eu queria Adele!
Como um estalo em minha mente, - puff! – as coisas ficaram límpidas, era isso! Com pequenos selinhos parei o beijo, buscando o ar e ordenando minhas descobertas em um simples ato: um beijo.
-- Agora me tira daqui, – falei apontando para o balcão que eu estava sentada - preciso terminar esse almoço antes da hora do jantar.
Depois de um cheiro em meu pescoço – o que me arrepiou inteira – ela me pôs no chão. A loira me olhava com intensidade e praticamente não piscava.
-- O que foi Adele?
-- É que ainda não caiu a ficha. Tô com medo de acordar e constatar que era tudo um sonho, muito bom por sinal.
-- Não é um sonho, boba, eu estou mesmo aqui, no meio da sua cozinha depois de dizer que você e eu agora temos... Como posso chamar? – coloquei a mão abaixo do queixo fingindo pensar – Um relacionamento sério!
-- Um relacionamento sério?
-- Sim. Não gosta?
-- É claro que eu gosto! Mas parece ainda mais surreal. Por via das dúvidas, eu vou aproveitar.
-- Consegue compreender o que eu quero dizer com “relacionamento sério”?
-- Completamente!
Depois de mais alguns minutos Adele tentando tirar de mim toda a certeza que ela poderia sobre o que agora estava acontecendo entre a gente, ela foi para o banho – ela disse que precisava e eu fingi não saber por qual motivo – e me deixou terminar de vez o almoço que estava preparando. Não era nada elaborado ou muito sofisticado, mas era bem melhor do que uma lasanha congelada.
Senti-me satisfeita com o cheiro agradável que se espalhou pela casa, e mais satisfeita ainda quando a inglesa chegou à cozinha, sentou-se junto ao balcão e disse com aqueles olhinhos fechados que o cheiro estava divino.
Adele preparou um suco – e isso eu posso garantir que ela sabia fazer com destreza – enquanto eu nos servia ali mesmo, no balcão. Na primeira garfada ela mais uma vez fechou os olhos e sorriu. Preciso dizer o quanto fiquei boba com a cena?
Depois de inúmeros elogios a respeito da comida, lavamos a louça juntas. Ela bem que protestou e tentou me convencer a ficar quieta enquanto ela dava um jeito nos pratos, mas não deu certo.
Com a cozinha pronta fomos para a sala. Arrumamos as diversas almofadas que havia no espaçoso sofá reclinável e deitamos juntas, porém, um pouco afastadas. Ele me entregou o controle da TV e pediu para que eu escolhesse o que fosse de minha preferência “Quero saber do que você gosta” – ela disse.
Por brincadeira, escolhi o filme (“A incrível história de Adaline”) cujo título lembrava ligeiramente seu nome. Esse eu ainda não havia assistido. Os primeiros minutos do filme se passaram e nós ainda permanecíamos relativamente separadas. Até o momento em que Adele passou seu braço direito por cima de meu ombro e me puxou para junto dela onde eu me aninhei com satisfação.
Já na metade do filme comecei a me sentir sonolenta, meus olhos começavam a arder, e o fato de a loira estar fazendo carinho em meus cabelos não ajudava em nada na minha tarefa de tentar me manter acordada. Dai para me arrematar de vez, a pessoa vem com uma sutileza horrenda e sussurra em meu ouvido com uma voz repleta de carinho “Descansa meu anjo, eu estou aqui.”.
Depois disso eu só me lembro de sentir seus lábios tocarem minha testa e me corpo amolecer completamente em seus braços.
Continua...
Fim do capítulo
Oi meninas! Boa noite!
Resolvi escrever um capítulo mais amorzinho e com uma dose alta de clima bom. O que não significa dizer que tenha pouca importância. Espero que gostem;
Comentem e me digam o que acharam.
Beijinhos!
Comentar este capítulo:
Elizaross
Em: 29/08/2018
É GOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL..................
QUERO ++++++
GO ADELE!!!!!
Resposta do autor:
É gooooooool da Adele! Finalmente!
Tão bonitinho essa duas. Agora bola pra frente nessa relação que promete tudo de bom. Já já vem mais Eliza!
Go, Adele!
Beijos
Socorro
Em: 28/08/2018
Vitória da ADELE!!!
palmas pra vc Bia, vai ser feliz linda.
Agora quero ver esse desenvolvimento dessa relação..
bjs autora capítulo gostoso
Resposta do autor:
Aê Socorro, finalmente a vitória veio!
Vamos torcer pela felicidade desse casal que está se formando. Bora ver como elas vão levar a relação delas?
Beijos!!!
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