Lentes Escuras por EriOli
CapÃtulo 2
Capítulo 2
S
ylvia voltara para casa pensativa remoendo no pensamento todas as recentes descobertas e outras conjunturas. Por mais que tentasse não conseguia afastar seus pensamentos dessa morte misteriosa. Seria mesmo um homicídio ou seria na verdade um homicídio arranjado? Neste caso, era impossível que o assassino não tivesse deixado uma pista, um deslize. Estava deixando passar alguma coisa e isto não lhe saia da cabeça. No decorrer da sua experiência, verificara que, quando uma mulher decide eliminar seu esposo, geralmente não deixa de revelar seu estado de alma que a faz chegar ao passo fatal. Quase sempre quer que o sua obra faça rumor ou age impulsivamente.
Após duas taças de vinho, muitos pensamentos e demasiado cansaço ela adormecera no sofá mesmo. Acordou no meio da noite e não tinha certeza se sonhara ou se realmente ouvira algo, levantou-se um tanto sonolenta, mas logo se pôs alerta, o ruído foi novamente ouvido e já era mais que um pressentimento. Agora havia certeza, alguém invadira sua casa. Com cuidado espreitou-se em direção ao quarto, abriu a porta lentamente e sentiu um arrepio na espinha por conta da brisa fria que entrara pela fresta da janela, as luzes apagadas impediam uma visão mais ampla, apenas um fio de luz vindo da rua invadia o quarto e dava-lhe uma sensação desconfortável de receio. Seguiu para a cama e tateou em baixo do travesseiro e não encontrou o que procurava.
— Procurando por isto?
Sylvia girou sobre os calcanhares abruptamente. Um grito ficara preso em sua garganta. Assustou-se não apenas com o invasor, mas principalmente com a voz. Jamais esqueceria essa voz. Levou alguns segundos mirando o vulto a sua frente sem, contudo articular qualquer palavra.
— O que você quer? — enfim conseguiu perguntar.
— Também senti sua falta — ironizou antes de continuar. — Calma, não estou armada. Pegue.
Saindo da penumbra tirou o capuz que cobria a cabeça e parte do rosto, e estendeu-lhe de volta sua pistola, ficando frente a frente com ela, sorriu torto. Sylvia finalmente pode comtemplar parcialmente aquele rosto que ficara gravado em seu íntimo por muitos anos, estremeceu e precisou de um grande esforço para estender suas mãos, os braços pareciam pesar toneladas e o ar tornou-se rarefeito. Tentou em vão engatilhar ao sentir a arma mais leve que o normal.
— Desculpe, não podia arriscar.
Pronunciou-se outra vez vendo a expressão confusa de Sylvia, mostrou o pente de balas em suas mãos. E continuou a falar.
— Não me olhe assim, sei que vais me indiciar amanhã — soltou de uma vez.
— Então me dê um bom motivo para não te prender aqui e agora.
— Bom, primeiro, porque ainda não fui indiciada. Segundo, não tens como saber se realmente estive na cena do crime, terceiro, porque aquilo era uma missão. — Aproximou-se ainda mais. — E porque, Sylvia, você ainda me ama!
Num ato rápido, Sylvia fora pega totalmente de surpresa, tanto pelas palavras que lhe causaram uma onda de arrepios, quanto pela ação que se seguiu. Sem aviso prévio foi puxada pelo rosto e teve seus lábios esmagados por outros tão conhecidos, uma sensação que pensara não mais existir dentro de si, avolumou-se em seu peito e mente. E no instante em que entreabrira sua boca, externou-se como um vulcão que acaba de acordar. O beijo fora inevitável e durante alguns segundos se entregara, mas logo recobrou a consciência, desvencilhou-se ofegante.
— Você continua boa nisso — constatou com um pouco de sarcasmo ao contornar a própria boa com o polegar.
— Eu não estou brincando, Sylvia, eu realmente preciso de ajuda.
— E por que você precisaria da MINHA ajuda?
— Porque só você pode conseguir algo pra mim.
— E por que você acha que eu te ajudaria? — Sylvia ria com amargura. Os olhares duelavam. — Você matou aquele homem! — vociferou.
— Não! Quer dizer... Eu não sei... eu...
— Como assim, não sabe? Matou ou não matou? Ele era seu marido? — Sylvia interrompeu cada vez mais exaltada.
— Eu não... e-u... não lembro — disse por fim, passando a mão pelos fios compridos e loiros.
— Tem ideia do tamanho do absurdo que é essa sua fala??
Sylvia andou um tanto atordoada até o interruptor e a luz finalmente propagou-se iluminando todo aquele ambiente, sorrateiramente alcançou outro pente carregado de balas em cima de uma cômoda que ficava ao lado da porta, logo abaixo do interruptor. Ainda de costas recarregou e engatilhou a pistola lentamente, virou-se empunhando na direção de sua interlocutora que ao mesmo tempo sacara uma pistola de suas costas.
— Abaixe a arma! — Sylvia ordenou.
— Me escute!— pediu movimentando-se com a arma em riste — Eu sei que parece absurdo, mas realmente não me lembro e... ele não era.
— Não era o quê?
— Não era meu marido, pelo menos não de verdade.
— Tente explicar.
— Tentarei, mas será que podemos baixar as armas?
— Apenas explique-se! — Sylvia esbravejou.
— E eu não lembro se o matei, pois fizeram algo comigo... eu simplesmente não lembro das últimas 24h que antecederam a morte de Bruno. Apesar de não encontrar motivos para tal ato, a verdade é que eu não sei.
— Então como explicas ele ser seu marido?
— Eu... quer dizer, nós éramos agentes infiltrados. Estávamos prestes a descobrir algo grande, mas fomos traídos. É a última coisa de que me recordo.
— Como confiar em você, Helena? Você simplesmente sumiu, sem sequer se despedir, agora reaparece do nada pedindo minha ajuda?!
— Eu entendo sua posição, mas... Naquela época meus pais morreram e eu havia passado no concurso da Policia Federal, me tornei agente, principalmente pra fugir da tristeza. Treinei pra ser uma infiltrada, por isso foi imprescindível sumir do mapa — fez uma pausa e abaixou a arma lentamente — Eu nunca quis te magoar.
Helena pausou sua fala consternada, mas nem assim Sylvia abaixara sua arma.
— Eu não sei em quem confiar Sylvia.
— Por que eu?
— Porque eu preciso de algo que só você pode conseguir — Helena enfi*ra novamente a pistola na cintura e tentou se aproximar.
— Não se aproxime!
— Ok! — levantou as duas mãos em posição de rendição. — Calma, vou mover minhas mãos devagar, não irei tentar nada, prometo. Quero apenas te mostrar uma coisa.
Com a ponta dos dedos Helena abriu vagarosamente a jaqueta escura, tirando de lá uma espécie de carteira e estendeu para Sylvia.
— O que é isso?
— Minha identificação da PF, e sei que você tem como verificar. Pegue, eu não estou mentindo.
Após alguns segundos de ponderações, Sylvia resolvera baixar a arma. Agarrou-a pela jaqueta e fez pressão com o cano da pistola no encontro do ombro com o peitoral.
— Se você tentar qualquer gracinha que seja juro que enfio uma bala em você — ameaçou e Helena fizera uma careta de dor concordando com um balançar de cabeça.
Helena esfregava o local em que fora pressionada, enquanto Sylvia fazia uma rápida ligação sem tirar os olhos dela.
— Ok, você ganhou mais uma chance, diga o que quer de uma vez.
— Tudo bem, eu preciso do cartão de visitas do Bruno, sei que foi encontrado no carro e sei que deve estar entre as provas. Sei que você é a responsável pela investigação e tem total acesso, preciso desse cartão, é muito importante.
— Nem vou perguntar como você sabe de tudo isso, mas o que diabos têm nesse cartão, pra que ele seja tão importante?
— Códigos QTH!
— Códigos de Localização? Localização do quê?
— É ultrassecreto!
— Sério?! — perguntou com ironia.
Helena caminhou em direção a janela e respirou profundamente antes de voltar a falar.
— Eu estou falando a verdade, eu não tenho muito tempo e preciso sair daqui, sei que você chamou a cavalaria. Pesquise pela operação Lentes Escuras. Te espero amanhã as 9h, na Av. Principal, km 5, Café Donnato, leve o cartão. O caso é de vida ou morte!
— Espera! — Sylvia gritara, mas Helena já havia saltado para fora e sumido na escuridão.
Ainda ficou um tempo ao pé da janela, fitando o escuro com uma nova indagação. O que deveria fazer agora?
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
zilla
Em: 27/08/2018
Tô adorando essa nova história senhorita Reis hehe!!
Ansiosa por mais capítulos!
P.s volte logo tá rs
Resposta do autor:
Valeu mesmo zilla....tô fazendo o que posso pra não demorar muito.
Obrigada....é sempre bom receber os comentários de vcs e saber que estão curtindo.
Bjs...há braços linda
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Rosangela451
Em: 27/08/2018
O que sylvia vai fazer agora?
Suspense alto...
Helena parece ser quenteeeeee !
Num vai ter mais mortes não né?
Ansiosa pelo proximo
Beijos
Resposta do autor:
Tu...eu não vou responder não...
Sacanagem....kkkkkkkkk
Hmmmmm...ficou animadinha com a Helena foi? Marnuntodizeno Mermo!
Mortes? não prometo nada huahuahuahua (risada macabra)
Afinal é sempre bom amar o próximo neh? kkkk
Beijos linda
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NovaAqui
Em: 27/08/2018
O reencontro não foi tão amigável assim
Será que Helena está falando a verdade? Suspense
Gostando bastante desse suspense
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Pois é...e o suspense só aumenta....(musica de suspense) kkk
Desculpe a demora de responder...mas obrigda por lê e por comentar
bjs
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