POV Nanda

            — Sério, Fernando? Você não acha que passou dos limites? – minha menina fala com raiva enquanto aperta a minha mão com força.

— O que esse mal elemento tá fazendo aqui? – padrinho aparece com o Sabrino no colo.

— Ai seu Cadu... desculpe... vou lá dizer para eles irem embora. – Fê viu que fez merd* e estava tentando consertar.

— Deixe, mas ele que fique longe dos meus filhos. – nesse momento vejo Jõao abraçando o Vitor como se fossem melhores amigos.

— MASQUEPORRA! – Clarinha começa a ir até eles e a sigo resignada.

— Boa tarde. – Sol diz enquanto coloca o marido sentado em uma mesa.

— Oi minhas queridas. – dona Theodora nos abraça com um olhar preocupado.

— Nanda. Clarinha... quanto tempo. A última vez que eu lembro de ver vocês foi nas férias do segundo ano do colegial... – Vitor fala hesitante. – Mamãe me contou que vocês casaram... parabéns.

— Tio Vitor me contou de quando vocês iam para os campeonatos, Mainha. -João diz. – E que você pegava todas as meninas, mas ninguém sabia. – meu filho parecia o antigo João. O que levou a ter sentimentos contraditórios em relação a toda situação.

Eu queria gritar e escorraçar aquele estuprador de merd* despirocado da minha casa. Mas ao mesmo tempo eu via como meu filho estava interagindo com ele, e como parecia estar feliz. Olhando para os dois juntos, lado a lado, eu percebia como eram parecidos fisicamente.

— Filho, vai dar um beijo na sua bisa que estava te procurando. – vejo meu primogênito sair dizendo que voltaria depois. Um silencio desagradável toma conta da mesa.

— Se precisar de algo é só chamar um garçom. – digo para dona Theodora.

— Obrigada filha. Vou lá dar um beijo na AnaBea, já volto.

— Vamos com a senhora. – pego minha esposa pela mão que estava completamente muda. No caminho vejo Carlão e trocamos um olhar que dizia tudo. Com um aceno de cabeça meu amigo e sócio fala algo no intercomunicador. Agora, com a certeza de que vários seguranças ficarão de olho no Vitor, eu consigo relaxar um pouco.

Clarinha tremia muito e ainda segurava a minha mão. Deixo dona Theodora seguir em frente e abraço a minha esposa. A apertando forte. Um abraço que diz: “Calma, princesa, eu to aqui”. Um abraço que mostra todo meu amor e proteção. Que mostra que somos uma e nada vai nos separar. O que aconteceu no passado, ficou no passado. Não tem nada e nem ninguém que trará todo o terror de volta. Pego seu rosto entre as mãos e dou um longo selinho nos seus lábios.

— Por isso que Ana Luiza é uma transviada! As mães ficam de agarramento por ai. – Lu chega e nos abraça. – Tudo bem? – pergunta preocupada.

— Tudo. – ela olhava para a mesa onde o Vitor estava com a esposa. – A gente tá de olho nele.

POV Sabrino

Eu tava cansadão. Vovô só queria dançar. Fugi dele e me escondi embaixo de uma mesa. Fiquei ali por um tempo, esperando cair algum pedacinho de comida e doce.

— Ai que coisinha linda vem cá. – uma mulher me pega no colo.

— Larga esse bicho feio. Vai te encher de pulgas. – o homem fala mas ela nem deu bola e ficou me fazendo carinho na orelha.

— Deixa ele, Vi. – isso, na outra orelha também... ahmm que delícia cara! – O velho tá uma planta, né?

— Bem feito pra esse filha da puta. Cagou tudo! Se tivesse ficado fora do radar a piranha sapata não tinha pego ele.

— Mas ela também te pegou.

— Mas isso não vai ficar assim. Vou infernizar a vidinha perfeita dela. Quando fica pronto o exame de DNA?

— Acho que na próxima semana.

— O garoto já tá no papo. Influenciável, tadinho. Criado a nescau. Sabe nada da vida.

— Cuidado com o que você vai fazer. Não quero que a Summer saia ferida disso tudo.

— Vai dar uma de mãe, agora? Eu vou fazer o que eu quiser e você não vai me impedir.

POV Ana Clara

            Finalmente após algumas horas eu estava conseguindo aproveitar a festa que já se estendia pela tarde e com certeza iria até a noite. Vitor e família já haviam ido embora e apenas depois disso eu consegui relaxar. AnaLu e sua banda já havia parado de tocar e um DJ animava o ambiente. Estávamos sentadas em uma mesa próxima a pista de dança vendo o movimento.

— Vai dançar, amor. Eu fico aqui com as meninas – Alex fala para Luiza que estava ao seu lado.

— Depois, Lexy. – seus olhos estavam fixos nas minhas filhas dançando com os amigos. AnaBea e AnaLu faziam passos de dança e brincavam com isso. Começou uma música e as meninas vieram para perto da mesa.

— Vem dançar, dinda! – AnaBea pede.

— Vem, titia Luuuu – AnaLu a puxa e elas começam a dançar.

(N/A: Don’t Cha – The Pussycat Dolls https://www.youtube.com/watch?v=YNSxNsr4wmA )

Ainda bem que a Nanda estava conversando com a Sônia e não prestava atenção. AnaLu estava passando dos limites e dançava sensualmente para sua madrinha que estava completamente sem ação. Minha filha fazia caras e bocas e se roçava no corpo da Lu.

♬ I know you like me

Eu sei que você gosta de mim
I know you do

Eu sei que gosta
That's why whenever I come around

E é por essa razão que toda vez que chego perto
She's all over you

Ela está a sua volta
And I know you want it

E sei que você quer isso
It's easy to see

É fácil de ver
And in the back of your mind I know

E dentro da sua mente eu sei
You should be on with me

Você queria estar comigo

Don't cha wish your girlfriend was hot like me?

Você não gostaria que sua namorada fosse gostosa como eu?
Don't cha wish your girlfriend was a freak like me?

Você não gostaria que a sua namorada fosse louca como eu?

      Olho preocupada para a Alex que ria sem parar. “Que loucura isso!”.

—  Só depois que eu morrer, AnaLu! – Alex grita e ri novamente. AnaLu chega e a pega no colo dançando. Minha amiga estava tão debilitada que não pesava nada! Ficaram dançando daquele jeito torto, com a Alex no colo... AnaLu, Lu e AnaBea. E eu tive que rir porque realmente estava engraçado.

Don't cha?

Não gostaria?
Don't cha wish your girlfriend was raw like me?

Você não gostaria que sua namorada fosse errada como eu?
Don't cha wish your girlfriend was fun like me?

Você não gostaria que sua namorada fosse divertida como eu?
Don't cha?
Não gostaria? ♬

—  Você não vai me dar um beijo de oi? – uma voz grave faz com que eu vire a cabeça e veja quem há muito tempo não via.

—  Leo!!! – me atiro nos seus braços e ele me abraça fortemente e beija meu rosto perto demais da boca. Meu ex-namorado continuava bonitão.

—  Continua gostosa, Clarinha... desculpe a ousadia. – ele fala rindo.

—  Para! Deixa de ser bobo. Depois da gente ser mãe a gordura toma conta do nosso ser.

—  Mas você tá ótima. – ele olha nos meus olhos e segura as minhas mãos. “Constrangedor!”.

—  E você, o que tem feito? – falo tentando soltar as mãos que ele insistia em ficar segurando.

—  Voltei pro Brasil depois de ficar alguns anos em Londres. Meus pais pediram que eu voltasse porque depois que meu pai teve o AVC ele precisava se afastar da empresa. Então, tô aqui. Fernando me encontrou esses dias e me convidou.

—  João... – puxo meu filho que passava. – Esse é um amigo das mamães. É da época da escola. Leo morava em Londres, quem sabe dá umas dicas para o meu filho. João quer fazer um intercâmbio depois de se formar na escola.

—  Opa! Beleza? – João fala e após algumas palavras começaram uma conversa animada sobre a Inglaterra. Leo ainda segurava uma das minhas mãos e aquilo já estava me dando nos nervos. Quando olho por sobre o ombro do meu filho e vejo a minha esposa vindo com um olhar predatório, dentes trincados e punhos fechados. “OMG! Como ela mesmo diz: Fudeu!”.

Fim do capítulo