POV Nanda

            — Nós amamos vocês mamães. Infinito. – eu chorava como uma criança que perdeu o dente. Minhas meninas. As mulheres da minha vida. Todas aqui ao meu lado. Todas juntas dando carinho, abraçando, acarinhando.... o coração chega errar uma batida. A quantidade de amor envolvido naquele momento me faz sentir invencível e que tudo será melhor.

— Ai Deus! Também quero! – Fê entra no quarto e se atira na nossa cama sendo abraçado pelas filhas.

— Agora virou putaria isso aqui. Qualquer um pode entrar no nosso quarto agora? – finjo que estou indignada, mas sorrio.

— Quem disse que sou qualquer um? Sou o Papy mais lindo do mundo. E Mazé que me deixou subir... Escuta, vocês não tinham que estar organizando o MEU churras de niver?

— Tá tudo organizado Fê! Até contratamos um churrasqueiro pra não dar problema com a carne. Papai ficou meio chateado, mas vocês sabem como ele fica depois de umas caipirinhas? Então melhor prevenir. – Clarinha se pronuncia tranquilizando nosso amigo. Nós fizemos questão em comemorar o aniversário do Fê. Afinal ele merece!

— Papy, eu e os meninos ensaiamos as músicas que você pediu! – AnaLu fala para o pai.

— AI QUE MARA! Tô me sentindo com 15 anos. Uma debutante!

— Eu vou descer para receber a galera da banda. Jorge e os meninos irão trazer os equipamentos. Hoje a banda está completa Papy! Só por sua causa!

— AI DEUS QUE HONRA! “The Sunshines” tocando em primeira mão no meu aniversário! Vou... MORRI! – Fê se atira em cima das meninas que começam a rir.

POV Ana Clara

            Os convidados não haviam chegado ainda e estávamos, eu e as minhas amigas, vendo a movimentação do pessoal do buffet e da banda da AnaLu. Eu morria de orgulho em ver minha filha tão focada. Minha caçula estava séria e compenetrada organizando um emaranhado de cabos, fios e tralhas que eu não tenho a mínima para que servem. Summer ao seu lado a ajudava e AnaBea estava sentada na frente do palco improvisado lendo um livro como se o barulho em volta não estivesse incomodando. AnaBea sendo AnaBea.

— Cadê a Nanda loira? – Lu me pergunta sentada no colo de sua esposa. – Tá pesado amor? Quer que eu saia?

— Ainda não, deixa eu ficar aqui mais um pouquinho sentindo teu perfume. – Fofas. Alex não podia fazer muito esforço e Lu estava sempre atenta aos mínimos desejos da menor.

— Nanda foi chamar papai e mamãe, logo tá aqui. – nesse momento Jorge entra carregando uma das caixas da bateria e AnaLu vai ao seu encontro ajuda-lo, assim que coloca o objeto no chão o garoto a puxa quase engolindo sua boca em um beijo molhado, quente e com direito a mão boba.

— MASQUEPORRA! Eu vou lá, que pouca vergonha. – Luiza tenta levantar, mas a esposa não deixa.

— Deixa eles amor. São jovens.

— Mas isso não pode... Clarinha!

— O que? Ele a pediu em namoro e depois de enrolar o pobre garoto por um tempão ela aceitou.

— Mas não pode... olha lá! Ele tá com a barraca armada!

— É, e pelo jeito é grande né? – Alex fala calmamente. – Sempre achei que a AnaLu gostasse só de garotas.

— AnaLu gosta de gente. – enfim eles se separam Nanda aparece com meus pais a tiracolo.

— Ainda acho uma pouca vergonha... aquele homenzarrão quase engolindo a Ju.

— O que tá rolando? – Nanda pergunta.

— Luiza está inconformada com o namoro da AnaLu com Jorge.

— Mas por que? O muleque é gente boa pra caralh*. – minha esposa fica sem entender. Na verdade eu também estava achando um pouco exagerada aquela reação da Lu.

            — MIGAAAAAASS – Fê aparece. – Tô nervouser. Que emoção!

— Fernando você sabia que a sua filha tá namorando aquele indivíduo ali? – Luiza ainda estava na mesma tecla.

— Quem? O Jorge? Sabia!! Gato né? Chega dá um calor! – todo mundo ri do meu amigo se abanando menos a Lu – Por que a cara de quem comeu jiló diva?

— Não sei se gosto disso não. Olha lá... tão se agarrando de novo! Ah, não isso é falta de respeito com os mais velhos. Olha tua mãe, teu pai, Mazé.... fora os empregados.

— Lu a gente fazia pior na idade deles. – Nanda fala calmamente rindo, o que faz com que Luiza ficasse mais braba ainda.

— Não falo mais nada! – enquanto ríamos a minha amiga resmungava ainda.

POV Nanda

Os convidados já haviam chegado, faltavam apenas a Summer e a dona Theodora, e meu filho aparece com a cara mais deslavada do mundo.

— Onde você tava João. – falo baixinho para não dar muita bandeira e não fazer escândalo.

— Por ai, vendo umas paradas. – ele fala todo cheio de si.

— Filho, avisa que não vem dormir em casa. Sua mãe fica transtornada, você sabe disso.

— Aham tá.

— João... responde direto. – eu iria perder a paciência.

— Nanda, depois da festa a gente conversa com ele. – Clarinha chega e beija o rosto do meu filho. – Toma um banho e vem pra festa do seu pai.

— Pai... aham... tá... – ele sai sem se despedir e ficamos nos olhando sem entender.

— Amor calma, a gente vai conversar mais tarde com ele. Vargas sabe onde anda. Tem dormido na casa de uma garota, não se preocupa.

— Mas e aquela turma que ele sai sempre.

— Hoje eu tive um relatório, João não ta metido em nada não. Ele tem ficado muito tempo na casa da Summer e dessa garota. Algumas vezes sai com essa turma, mas só.

— Então o que tá rolando? Eu não entendo Nanda. Por que ele tá tão agressivo?

— Eu não sei amor, mas isso a gente vai ter que descobrir.

— Muito boa tarde gente – AnaLu fala. – Nós somos os “The Sunshines” e estamos muito felizes pela oportunidade em homenagear esse homem maravilhoso que é o meu pai. Papy, se não fosse por você, eu e meus irmãos, não teríamos as mães tão maravilhosas que nós temos. Nós te amamos!

— OMG! Paráaa! Vou borrar a maquiagem! – Fê grita todo orgulhoso. – Eles são lindos né? Meus filhos! – ele falava para as pessoas em volta.

— Vamos começar então com a playlist que o Papy escolheu! Essa versão é de um grupo de rock chamado Cake e eu amo demais! Papy para vc: I Will Survive.

 (N/A: Ouça I will Survive – Cake https://www.youtube.com/watch?v=f9rCUQjmkxU )

Meu amigo começa a dançar no meio do salão junto a vários de seus amigos. AnaBea dançava com um garoto que eu não conhecia, sua cara rosada indicava que ela estava com vergonha. “Que linda, meu xerox de Clarinha!”. Meu padrinho dançava com Sabrino, Dóris e Valdir tirando muitas risadas dos presentes. Lógico que Sabrino era o mais aplicado na dança, até parecia que era o mesmo Sabrino da minha adolescência. Era impressionante como ele já sabia todos os truques que meu sogro ensinava.

Luiza e Alex dançavam. A loira segurando um tipo de andador, caso se desiquilibrasse era mais fácil para ela. Sorrio ao ver que mesmo com todas as dificuldades elas continuavam juntas e se amando. Pego a mão da minha esposa e a abraço fortemente nos meus braços. Beijo seu pescoço a fazendo arrepiar.

— Eu amo você. – sussurro ao seu ouvido, e sinto seu perfume único me trazer paz.

— Eu mais. – ela coloca sua cabeça no meu peito e ficamos nos mexendo lentamente, fora do ritmo da música, mas quem se importa com isso?

— Desculpa desculpa desculpa. - Subitamente Fê chega perto da gente e nos puxa para um canto.

— Por que maluco? O que houve.

— Ele não podia ficar sozinho em casa. Mamãe me pediu... por favor não fiquem bravas comigo. Ele não tem memória de nada, é como se tivesse nascido ontem...

Olho para a porta e vejo entrar no recinto dona Theodora, Summer, Sol e, quem eu nunca mais achei que veria na minha frente, de muletas Vitor.

Fim do capítulo