Capítulo 10
Até o presente momento eu não consigo compreender com clareza o que diabos aconteceu ontem. Roger e eu havíamos nos empenhado tanto em fazer uma coisa especial para Pedro, e ai me vem o Diego, pra estragar tudo?
O que ele me disse ontem martelava em minha cabeça a cada segundo depois que ele reverberou. Tudo bem que meu irmão e eu nunca tivemos uma relação de irmão invejável, daquele tipo cheio de cumplicidade que as pessoas admiram e acham fofinho, mas nunca, nunca em toda minha vida ele havia falado comigo daquela maneira, ou havia tentado me agredir.
Não sei o que teria acontecido comigo se não fosse Roger e Pedro para segurarem ele. Meu irmão estava possesso, seus olhos estavam injetados e inflamados por uma raiva que eu nunca vi antes. Não parava de me questionar “O que eu fiz para deixa-lo assim?”. Preferi colocar a culpa na bebida, era melhor do que acreditar que ele havia tentado me machucar gratuitamente e goz*ndo de sua mais perfeita sanidade.
Eu fiquei tão surpresa e sem reação que foi necessário que Samanta praticamente me rebocasse daquela casa. Se fosse por mim, eu teria ficado ali, plantada, de olhos esbugalhados e boca aberta, estudando e tentando entender a cena que se desenrolou bem diante de mim. Sam me levou para sua casa e cuidou de mim quando eu finalmente saí de minha catatonia e senti uma espécie de medo e nervosismo poderoso envolver cada célula do meu corpo. Chorei me sentindo atordoada e vulnerável.
Desde que Samanta e Roberta me deixaram em casa, o que havia acontecido há poucas horas, eu havia me trancado em meu quarto, com medo de encontrar meu irmão pela casa e tudo acontecer novamente. Também tinha medo de encontrar os olhos atentos e sagazes de minha mãe, e ela perceber que algo de errado tinha acontecido. Eu não tinha coragem de contar a ela, e se ela me perguntasse, eu não saberia mentir. Era melhor dar tempo ao tempo e deixar para trás o que aconteceu, o tempo se encarregaria de baixar a poeira, e fazer com que tudo fosse esquecido.
Não contaria nada daquilo a minha mãe, ia feri-la tanto ou mais do que estava me ferindo.
Receosas – o que eu compreendia perfeitamente, porque eu também me sentia assim – as meninas tentaram me convencer de que o melhor seria contar a minha mãe o que havia ocorrido, talvez assim, ela pudesse ajudar a entender o que havia sido o estopim para Diego, e de alguma forma evitasse situação parecida futuramente. Mas não, eu guardaria aquilo comigo!
Outra coisa que martelava constantemente em minha cabeça foi a saída intempestiva de Adele. Eu queria muito ter ido atrás dela, meu íntimo pedia aquilo e eu estava louca para tirar daquele rosto a expressão magoada. Claro, eu não sabia o que fazer ou o que falar quando estivesse diante dela, mas mesmo assim, eu não conseguia me conformar com o fato de ela ter ido embora sem que eu explicasse o que aconteceu, sem que eu dissesse que eu não queria aquele beijo.
Bem que eu disse, aquela brincadeira associada a álcool nunca terminava bem. Eu não sei o que Adele sentiu, não sei o que se passou por sua cabeça quando Roger me beijou, mas quando não a vi, senti meu coração dar um solavanco e uma estranha angustia me dominar. E cheguei a conclusão de que se a situação fosse inversa, eu não gostaria nem um pouco de ver outra pessoa beijá-la.
Nunca imaginei que Roger em algum momento pudesse ter gostado de mim. Éramos amigos, ele sempre me respeito e jamais demonstrou ter algum outro tipo de interesse por minha pessoa. Saber disse na noite passada, me pegou de surpresa, assim como o beijo que ele me deu.
Eu precisava conversar com ele, precisava conversar com Adele. Ah Deus, minha cabeça estava tão confusa, estava tudo tão louco dentro de mim! Era uma avalanche devastadora e incontrolável.
Definitivamente essa semana não estava sendo boa para mim, tudo de ruim estava acontecendo. E só para completar, para me maltratar mais um pouquinho, as horas estavam passando rapidamente, diminuindo o tempo que eu teria com Pedro, e acelerando a sua partida.
Puxei o meu travesseiro e cobri o meu rosto apertando os olhos com firmeza e fiquei quieta, praticamente sem respirar. Fiquei ali, esperando que o mundo, os deuses e o universo inteiro, esquecessem a minha existência por alguns míseros segundos. Eu queria apenas a paz.
Quando achei que minha tática havia funcionado, a campainha soou, rompendo o silêncio atípico da casa. Apertei o travesseiro contra meus ouvidos quando a campainha soou pela segunda vez. Virei o rosto na direção contrária e fique estática. Lá fora a campainha ainda tocava e eu me perguntava o porquê ninguém abria o bendito portão. O som ainda irrompia a casa insistentemente e eu me dava conta de que não havia ninguém em casa.
Peguei os meus óculos de grau que jaziam ao lado da cama e bufei antes de jogar o lençol junto com o travesseiro para o canto e levantar em um pulo. O som estridente ainda estava lá, insistente e me tirando a paciência. Puta que pariu!
No meio corredor que levava para a sala, chamei o nome de todos os moradores daquela casa, e ninguém respondeu. Que ótimo, eu estava sozinha em casa. Aproximei-me do portão de ferro da casa torcendo para que não fosse nenhuma vizinha abelhuda que procurava minha mãe para pedir algum ‘ingrediente’ que propositalmente havia faltado enquanto ela fazia um bolo – desculpa para fofocar sobre a vida alheia.
Não queria nem imaginar o que elas falavam de mim pela rua.
Estava decidida a ralhar com quem quer que fosse, afinal, ninguém toca a campainha da casa de alguém assim. Mas, quando olhei no olho mágico do portão, senti o sangue abandonar meu corpo rapidamente, trazendo junto um pequeno arrepio. Meus pensamentos deviam ser muito poderosos e eu acabei materializando o objeto de meus pensamentos bem ali, do outro lado do meu portão.
Fechei os olhos sentindo minha mão tremer ao puxar o trinco que mantinha o portão fechado. Quando encontrei com aqueles olhos, senti que poderia desfalecer a qualquer momento, mas não me peça para explicar tal reação do meu corpo, porque eu simplesmente não entendia, e sinceramente estava desistindo.
-- O que você está fazendo aqui? – minha voz quase sumia.
-- Como você está? – perguntou docemente.
-- Eu estou bem. O que você está fazendo aqui? – tornei a perguntar.
-- Será que podemos conversar um pouco?
Aqueles olhos azuis brilhavam e demonstravam o quão incerta ela estava ao me fazer aquela pergunta. Fiquei parada, sem nada falar, e ela, a me encarar. Só então me dei conta de que ainda estávamos paradas na calçada da minha rua, e uma vizinha do outro lado da rua olhava despretensiosamente em nossa direção.
-- Vem. – segurei em sua mão – Entra.
A mão de Adele estava molhada, ou melhor, dizendo, suada. Sei que a minha não estava diferente. Tive medo do teor da conversa ao me dar conta de que ela havia “batido à minha porta” completamente nervosa.
Quando chegamos à sala, olhei para Adele incerta, não sabia se o melhor lugar para conversarmos seria a sala – onde seria mais seguro levando em conta a atração que eu sentia por ela -, ou se deveria levar ao meu quarto onde poderíamos conversar sem interrupções e sem resguardos. Quarto!
-- Senta. – indiquei a minha cama.
Peguei a cadeira da escrivaninha e posicionei a sua frente, me sentando logo em seguida. Os olhos azuis continuavam a me encarar com intensidade, e isso realmente estava mexendo comigo.
-- E então? – optei por iniciar de vez a conversa que ela queria ter.
-- Roberta me contou o que aconteceu ontem depois que...depois...que eu sai de lá. Você está bem mesmo? Ele te machucou?
-- Estou bem, não se preocupe. Ele não conseguiu encostar um dedo em mim, a não ser pelo empurrão.
Os olhos claros eram claros não apenas no tom azul, mas também porque deixava transparecer emoções, e isso eu havia me dado conta ontem. As emoções de Adele ficam expostas em seus olhos, eles não mentiam, e eu sabia que o que quer que seja que ela fale, eu poderia confirmar dando atenção a eles. Isso fazia com que eu me sentisse bem diante dela, era bom poder ler alguém sem que essa pessoa soubesse ou precisasse dizer alguma palavra.
Agora por exemplo, eles deixavam transparecer a sua irritação depois que mencionei o empurrão.
-- Isso costuma acontecer?
Balancei a cabeça negando.
-- Mas não vamos mais falar disso. O que te trouxe aqui?
-- Eu precisava conversar com você. Juro que estava com tudo prontinho na minha cabeça, da palavra que eu queria dizer, mas, quanto mais eu me aproximava da sua casa mais as palavras iam fugindo, sumindo...
Eu um gesto de nervosismo, Adele levou as mãos à cabeça, deixando seu cabelo levemente bagunçado. Seu rosto estava tenso, e eu podia jurar que via seu corpo ser sacudido por pequenos tremores.
-- Sobre o quê queria falar? – estimulei.
-- Sobre nós. Quer dizer, sobre você. Não! Sobre mim, queria falar sobre mim.
Senti meu coração começar a dar pulinhos dentro do meu peito. Eu sabia que era isso! O frio na barriga começou a se alastrar me dando a impressão de que tudo dentro de mim começava a congelar.
Adele se calou, encarou as mãos sobre o colo e em seguida levantou em um rompante.
-- Você está apaixonada? Está apaixonada por Daniele? – perguntou de costas para mim.
A loira se mantinha de costas para mim, encarando o mural de fotos que havia sobre a cabeceira da minha cama, e onde tinha uma foto minha e de Daniele em um dia que fomos à praia.
Mordi o canto da boca sem saber o que falar. A conversa começava a se tornar perigosa para mim.
-- Adele eu não acho que isso...
-- Por favor. – me interrompeu – Por hoje, apenas hoje, seja sincera comigo, me responde, seja clara e não fuja de mim.
Ela me encarou com os olhos levemente avermelhados.
Abruptamente soltei todo o ar que tinha em meus pulmões, e vi que não tinha saída. Era melhor falar a verdade. Sem falar que aqueles olhos chorosos se tingindo de vermelho me tiraram toda a resistência, toda a vontade que eu tinha de fugir da sensação louca que Adele me causava.
-- Não. – disse.
-- Você a ama? – sua voz era trêmula.
-- Não Adele, eu não a amo.
Ela voltou a sentar na cama, diante de mim, e com uma força que eu não sabia de onde ela tirou, puxou a cadeira que eu estava para mais perto, diminuindo a distância que antes existia entre a gente.
-- O que sente por ela?
-- Eu gosto dela.
-- E por mim? O que sente por mim, Bia?
Me perdi dentro daqueles olhos, sentindo algo remexer em meu interior.
-- Sinceramente? Eu ainda não sei dizer, mas você mexe comigo. Tudo em você me atrai. Sua voz, seus olhos, sua boca, seu jeito, tudo me atrai.
-- Eu não consigo te tirar da cabeça Bia. E pode ter certeza de que hoje eu briguei com umas mil Adele para estar aqui. Eu tentei me afastar de você porque eu queria respeitar a sua relação com a sua...com a Daniele, e perto de você eu não conseguiria.
-- O que mudou?
-- Eu não consigo. – suspirou – Nunca fiz isso na minha vida, nunca insisti em uma pessoa que claramente está em outra, que tem uma pessoa, mas não consigo evitar, eu te quero, e quero lutar por você.
Sorri de lado levando minha mão ao seu rosto. Sua expressão suavizou quando minha mão passeou por seu rosto sentindo a maciez da pele alva.
-- Sabe o que é mais louco? – capturei a sua atenção – Quando te vi no shopping ao lado da Samanta, achei que ela novamente estava tentando me apresentar alguém, fiquei irada com isso e me aproximei de vocês fechada para qualquer possibilidade que se assemelhasse a um encontro. Eu não queria que ela me apresentasse ninguém, só queria que ela respeitasse o que eu estava sentindo. Mas dai veio Daniele, com suavidade, me trazendo um sopro de ânimo e diminuindo o peso do que eu estava sentindo. Talvez se eu tivesse te conhecido de outra maneira, as coisas fossem bem diferentes.
-- Eu cheguei tarde, não é mesmo? – ela baixou a cabeça, mas eu pude ver que uma lágrima descia silenciosa por seu rosto.
-- Não acho que você tenha chegado tarde, afinal, as coisas acontecem quando tem que acontecer. Tudo tem o momento certo. Adele – ergui seu rosto com um toque – você realmente mexe comigo, mas eu ainda não sei exatamente o que é...
-- Eu me encantei por você no instante em que te vi. – sorriu fraco – Mas hoje, hoje é diferente, não é mais só um encantamento, eu me apaixonei por você. Me apaixonei e agora não sei o que fazer.
Daniele já havia me dito a mesma frase, já tinha se declarado apaixonada, mas dessa vez, ao ouvir a loira pronunciar as mesmas palavras, o efeito foi completamente diferente. Senti um solavanco em meu peito, frio na barriga e um movimento estranho em meu interior. Uma súbita felicidade eclodiu em mim.
Não pensei duas vezes antes de sair do meu lugar e me jogar sobre Adele, procurando sua boca. Mesmo surpresa com minha atitude, seus lábios me receberam prontamente e eu sorri com isso.
O beijo começou em meio ao susto, meio incerto, mas logo ganhou forma. Sua língua procurava a minha enquanto suas mãos apertavam com firmeza a minha cintura. Meu corpo inteiro reagiu e meu coração resolveu surtar, pulando freneticamente dentro de meu peito.
A boca dela se encaixava com a minha de uma forma surpreendente. Seus lábios pareciam conhecer os meus e era recíproco. O beijo tinha gosto de reconhecimento, tinha gosto de felicidade, tinha gosto de algo que eu não sabia dar nome, mas me acalentava com um sabor único de “abrigo”.
Seu hálito fresco somado com a temperatura de seu corpo abaixo do meu me inebriava e tudo o que queria era sentir mais, sentir um pouco mais. Quando o ar começou a ficar escasso, nos separamos com pequenos beijos distribuídos nos lábios e nos cantos da boca.
Ergui um pouco o rosto e olhei bem para cada traço daquele rosto alvo, tingido de pequenas sardas próximas ao nariz e espalhadas por suas bochechas. A boca avermelhada por nosso recente beijo era perfeita, os lábios levemente volumosos e que se abriam em um sorriso no mínimo pecaminoso. O nariz afilado. As sobrancelhas aloiradas e bem feitas. Os olhos, ah, esses eram a minha perdição. Deus, ela era linda!
Adele se mantinha de olhos fechados e com um pequeno sorriso escapando por seus charmosos lábios. Seu rosto tinha uma feição suave, e eu não conseguia esconder aquele sorriso que enfeitava meus lábios. Também não conseguia conter minhas sensações.
Suas mãos apertando novamente a minha cintura me chamar atenção.
-- O que foi? – perguntei lhe dando um selinho.
-- Estava checando se isso estava mesmo acontecendo e se você está mesmo em cima de mim.
-- Ah desculpa. – disse tentando sair de cima dela, o que ela conteve.
-- Não! Fica. Se for sonho, eu não quero acordar agora.
Me movi novamente sobre ela, encontrando uma melhor posição e voltei a capturar seus lábios. Dessa vez beijei-a devagar, sem surpresas, com carinho e sem pressa alguma. Suas mãos abandonaram minha cintura e uma se posicionou em minhas costas – acima de meu bumbum - e a outra encontrou abrigo certo ao se posicionar em minha nuca.
Suspirei e segurei um gemido quando ela enroscou seus dedos nos cabelos de minha nuca. Parei o beijo antes que fosse tarde demais e eu não conseguisse mais controlar meu corpo.
-- Não é um sonho. – falei próximo aos seus lábios – Me deixa ver seus olhos.
Lentamente ela abriu os olhos, e me sorriu. O azul tinha assumido uma tonalidade mais escura, foi fácil ler: desejo. Eles brilhavam tão intensamente.
-- Bia...
-- Seja paciente comigo, me dê um tempo pra colocar as coisas no lugar, pra me entender. Por favor, só um pouquinho de paciência.
Sim, eu tina inúmeros pontos para colocar nos “is”. Mesmo ali, beijando aquela boca maravilhosa e praticamente esquecendo todo o mundo lá fora, eu lembrei que antes de qualquer coisa, eu tinha que ter uma conversa franca e esclarecedora com Daniele. Primeiro precisava entender o que tinha acontecido.
E não, eu não ia mais lutar contra, não ia mais me privar. Meu coração reagia a Adele de uma forma que nunca reagiu à Daniele, portanto, não havia sentido permanecer naquela situação. Duvidava até de que em algum dia ele reagiu a alguém dessa maneira. Se eu estava apaixonada pela loira? Preferia não responder isso agora e simplesmente viver as sensações até que a resposta viesse à ponta da minha língua de forma natural.
-- Isso quer dizer que...
-- Quer dizer que logo logo a gente conversa novamente.
Eu também a queria, mas precisava realmente de um tempo para me compreender e sentir os efeitos de Adele de forma plena.
-- Eu sei ser paciente. – sorriu – Te darei todo o tempo do mundo, terá o tempo que precisar, e quando estiver pronta para a nossa conversa, eu estarei pronta, esperando ansiosamente.
A loira capturou meus lábios e o mordiscou. Dessa vez não consegui evitar o pequeno gemido que antes ficou preso em minha garganta. Suas mãos quentes entraram sorrateiramente debaixo do tecido de minha blusa, tocando minha cintura e minhas costas. Arrepiei inteira e novamente tive que parar o beijo.
-- Bia você tem mesmo certeza de que eu não estou sonhando?
-- Para de ser boba!
-- É que é difícil de acreditar que até ontem eu achava que não teria chance alguma com você, e agora...
A porta da sala bateu estrondosamente e nos assustou. Sai de cima de Adele sentindo meu coração bater na boca. Adele tinha a expressão assustada e já tinha sentado novamente na beirada da cama.
Fiquei parada ao lado da cama, esperando para ouvir a voz de alguém, mas tudo o que eu conseguia ouvir era silêncio. Apurei os ouvidos e nada. Silêncio absoluto. Quase tive uma síncope quando a porta do meu quarto abriu repentinamente. Era Pedro que colocava a cabeça para dentro do cômodo.
-- Droga Pedro! – disse levando a mão ao peito.
-- Que foi?
-- Me assustou.
-- Estava fazendo o quê de errado hein? – entrou um pouco mais em meu quarto - Ah, não sabia que tínhamos visitas. – disse enxergando pela primeira vez Adele, e lhe lançando um olhar sugestivo.
Apesar do tom que ele havia usado, sabia que assim que Adele deixasse a minha casa ele tiraria sarro da minha cara.
-- Já estou de saída. – a loira disse afobada e com os as bochechas vermelhas.
-- Ah não, não precisa sair só porque cheguei, podem continuar. – falou de forma jocosa.
Encarei Pedro com cara feia e vi a mulher ao meu lado ficar ainda mais vermelha. Ficou tão fofinha! Voltei a minha atenção para meu primo e olhei de forma recriminadora. Ah Pedro, você me paga!
-- Estou indo para o meu quarto. E a título de informação, ficarei com a porta trancada. Sugiro que você feche a sua também, com a chave, de preferência. – disse balançando as sobrancelhas – Prazer te ver de novo Adele.
Pedro saiu de meu quarto sorrindo e deixando uma Adele completamente vermelha e constrangida. Tadinha! Já nem ligava mais para as brincadeiras e comentários do meu primo, apesar de às vezes constranger, era brincadeira. Para quem não o conhecia bem, podia ser uma saia justa.
-- Será que ele viu alguma coisa? – ela perguntou.
-- Não. – sorri – Ele só estava brincando, não liga pra ele.
-- Acho que já vou indo.
-- Tem certeza?
-- Tenho. Sei que seu primo embarca hoje para Curitiba, não quero roubar o seu tempo.
-- É um prazer ser roubada por você. Você fica linda vermelhinha assim.
-- E você fica linda de óculos de grau. – disse e me puxou pela cintura.
Ela me encarava com atenção, de forma perscrutadora e posso até dizer que com certa devoção. Um olhar apaixonado!
-- Para de me olhar e me beija.
********************
Fazia pouco tempo que eu havia entrado em casa acompanhada de minha mãe. Voltávamos do aeroporto em silêncio, ela com os pensamentos dela, e eu, com os meus. Meus olhos ardiam e meu coração ainda apertava. Meu corpo ainda sentia o abraço demorado e reconfortante de Pedro. Há menos de meia hora ele havia embarcado no avião com destino a Curitiba.
Achei que me desmancharia em lágrimas quando o voo dele foi anunciado. Não era um adeus, era um até logo, sei que ele poderia vir quando quisesse, e eu poderia ir da mesma forma, no entanto, despedidas eram sempre tão dolorosas. Sei que sentiria uma falta enorme dele.
Depois de um banho me joguei em minha cama fechando os olhos. Os dias nessa casa não seriam mais os mesmos. Pedro levou com ele um pedacinho meu e eu me sentia arrasada mesmo sabendo que não deveria me sentir assim. Sendo exagero ou não, era assim que eu me sentia.
Quem mandou ser tão intensa, não é mesmo?
Apaguei a luz do quarto e puxei o lençol para cobrir meu corpo. Rolei de um lado para o outro sem conseguir acalmar os pensamentos pulsantes dentro de minha cabeça. Acabei desistindo de dormir e peguei meu celular na esperança de que ele me distraísse o suficiente e assim pudesse dormir o sono dos justos.
Abri o aplicativo de mensagens somente para constatar o que eu já imaginava, Daniele ainda não havia dado sinal de vida. Respondi mensagens de Roberta e mais abaixo, uma mensagem de Adele. Sorri e abri rapidamente. Era uma música. Alcancei os fones e dei play na música, fechando os olhos para senti-la com mais intensidade.
Balancei a cabeça negativamente. As batidas e a tradução da música se repetindo várias e várias vezes em minha mente.
“Adorei a música!”
“Eu adoro essa cantora, e essa música é uma das minhas favoritas, agora achei um sentido para ela. Como você está?”
“Estou bem, me sentindo um pouco triste, mas logo passa. Pelo menos assim eu espero.”
“When you need a little love, I got a little love to share (Quando você precisar de um pouco de amor, eu tenho esse amor para dar). Se quiser conversar, se quiser uma companhia, eu estou aqui.”
Ela me mandou um trecho da música que havia acabado de me enviar. Sorri sentindo meu coração aquecer. Até parecia que ela compreendia perfeitamente como eu estava me sentindo nesse momento.
Passamos horas conversando por mensagem. Deixei de me importar com o adiantar das horas e mergulhei na conversa com a loira. Vez ou outra ela tentava me provocar com algumas mensagens e em algumas ela até conseguia.
Falamos sobre tudo e sobre nada, e assim, acabei dormindo.
Continua...
Fim do capítulo
Olá meninas! Boa noite!
Como prometido, mais um capítulo para vocês.
O que acharam da conversa? Depois da conversa toda entre Adele e Beatriz, o que vocês acham que vai acontecer a partir de agora? E Daniele que ainda continua tomando chá de sumiço hein?
Música do capítulo: Jess Glynne - I'll Be There
https://www.youtube.com/watch?v=PdNANyOyT5g
Beijos!!!
Comentar este capítulo:
SaraSouza
Em: 18/08/2018
É isso Adele, palmas pra vc ... E pelo jeito ganhou mtos pontos com a Bea.
Bea, agora é com vc viu, espero que faça tudo certo e der realmente uma chance a Adele.
mistério esse sumiço da Dani, coisa boa nao deve ser.
Resposta do autor:
Ganhar uns potinhos com o crush sempre é bom né? Adele quando quer, consegue agir, tomara que seja sempre assim. Tem que correr atrás do que quer oxe!
Ana Beatriz, vou lhe dizer uma coisa: Adele merece uma chance!
Dani é o mistério em pessoa!
eijos
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